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História Liberté: Sangue do meu sangue - Primeiros Passos.


Escrita por: Alexiel_LaRoux

Notas do Autor


Depois de um longo tempo de ausência, eu voltei! Na verdade eu estive um bom tempo sem internet, um monte de coisas acontecendo de uma vez na minha vida! Eu não tinha a menor cabeça pra betar a fic e definitivamente tb não teria coragem de posta-la para vocês, que sempre me tratam com maior carinho, sem um trabalho bem cuidado. Espero que gostem do capitulo e muito obrigada aos comentários, ainda irei responder um a um com todo carinho do mundo. Bjjj mil e boa leitura.

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Sobre a capa de hoje, a obra é minha, mas não saiu boa como queria, relevem!

Capítulo 25 - Primeiros Passos.


Fanfic / Fanfiction Liberté: Sangue do meu sangue - Primeiros Passos.

Durante as próximas semanas, Milo percebeu que Camus demonstrava alguns momentos mais lúcidos a cada dia. Por mais que ele ainda se mantivesse naquela realidade estranha que havia criado, em alguns momentos o loiro via-o observando o filho a distância, já saia para o jardim e aceitava a aproximação de outros, porém na mesma hora que isso acontecia ele se perdia por completo novamente e se isolava dentro de seu quarto.

Naquele momento, Camus havia ido para o jardim, não ouvia a voz de Agatha a um bom tempo e realizou a vontade de finalmente ir lá para fora. Pegou um dos seus livros e se sentou embaixo de uma árvore, sentindo aquela brisa deliciosa realmente encantado com o clima gostoso que não experimentava a muito tempo, e em sua mente atormentada acreditava jamais ter conhecido.

Quando Milo descobriu aquele fato inusitado, resolveu aproveitar para além de observar o namorado naquele instante raro e poder brincar com o filho. Milo havia observado que Hyoga era um dos responsáveis por muitas das vezes em que acabava trazendo seu pai momentaneamente a realidade. Pegou o menino o levando com vários de seus brinquedos para fora de casa e sorria conversando com o namorado.

- Sabe Camus, - Milo dizia sentado no gramado com Hyoga próximo a ele. – Daqui a pouco tempo e aniversário desse toquinho de gente.

- Aniversário? – Ele ficava meio confuso – acho que já ouvi falar disso em um dos meus livros. – O olhar dele se perdia em pensamentos, Milo tinha a certeza de que ele estava novamente travado naquela realidade onde ele não conhecia nada do mundo exterior.

- Sim, ele vai fazer um aninho, vamos ter festinha para ele e eu queria que você estivesse lá. – Milo tentava puxar um pouco o namorado a realidade, pacientemente.

- Sei não, vai ter muita gente, eu não quero, eles podem fazer mal para o meu neném. – Camus passava a mão na barriga – Olha cuidado, ele vai cair!

O ruivo se assustou e nesse momento Milo observou o filho, espantado. Hyoga havia colocado as mãozinhas no chão e fazia esforço para se equilibrar naquela posição. Caiu na primeira tentativa de se levantar, mas logo em seguida fez um esforço enorme para seu tamanho diminuto e conseguiu ficar de pé se equilibrando com dificuldade.

Camus estava de joelhos, assustado com medo do menino cair e Milo observa a cena pronto para aparar o filho caso ele se desequilibrasse.  Um passinho incerto, outro e quase uma queda e Hyoga abria os bracinhos indo à direção de Camus.

- Papa! – O menino dizia acelerando os passinhos – Papa!

O loirinho seguiu dando seus primeiros passos até que chegou ao pai e batendo as mãozinhas em sua barriga, sendo amparado pelo mesmo. Nesse momento os olhos de Camus brilharam e ele sorriu para o filho passando a mão em seus cabelos loirinhos.

- Meu neném deu seus primeiros passinhos. Meu neném lindo! – Camus sorriu para o filho – Papai tem muito orgulho do filhinho dele, viu Hyoga!

As lágrimas verteram impiedosas dos olhos de Milo. Aquela cena aqueceu seu coração de tal forma, que ele sentia suas esperanças renovadas a cada uma daquelas fugas rápidas que Camus tinha. O olhava abismado a acariciar o filhinho deles, que parecia animado tocando as madeixas longas do pai e sua grande barriga de seis meses de gestação.

- Olá Milo. – Camus dizia com a voz naquele tom levemente sério, forte e cheio de amor de que Milo tanto sentia saudades. Não lembrava o jeito infantil que ele tinha quando privado de seu juízo normal e até mesmo sua postura mais firme de outrora estava ali. – Eu sinto sua falta, mas minha mente anda tão confusa.

- Ah meu amor, você não sabe o quanto eu também sinto, nos dois sentimos. – Ele ia se aproximando de Camus como para beija-lo quando sentiu a mão do namorado o impedir em um gesto simples.

- Não Milo, não faz isso. – Ele o olhava com aquele vermelho vivido de seus olhos brilhando tristes, mas mesmo assim eles tinham vida que a muito Milo não via.

- Porque meu amor, eu tenho tanta saudade. – Milo dizia próximo a ele, mas estranhando a ação do namorado finalmente sobreo.

- Eu tenho vergonha, muita vergonha, não sou digno de que encoste ou cuide de mim.

- Mas porque não? Você é meu namorado, o amor da minha vida, e tudo que juramos um por outro?

- Por causa dele Milo – Camus pôs sua mão sobre a barriga e com a outra acariciava Hyoga sentado sobre seu colo. – Eu to esperando um filho que não é seu, isso é uma traição, não sou mais digno de você, mesmo que a escolha não tenha sido minha.

- Que bobagem meu amor, eu amo essa criança do mesmo jeito que amo nosso filho, ele é um pedacinho seu e eu o amo mais que tudo por isso. – Milo se via as lágrimas se aproximando de Camus devagar – eu vou amar essa criança como se fosse minha, ela é minha.

Milo tocou de leve os lábios de seu amado e o beijou com carinho. Demoraram alguns minutos breves naquele beijo e quando Milo afastou os lábios dos de seu amado ele ficou de olhos fechados por um tempo. O loiro estranhou totalmente aquilo, mas logo que o seu ruivo abriu novamente os olhos, Milo notou que ele havia se perdido novamente.

- A Agatha... ela está me chamando. – Camus colocava o pequeno Hyoga sentadinho no chão se levantando apressado – Ela não vai gostar de me ver aqui fora, eu tenho eu voltar para o meu quarto. Meu neném precisa que ela nos proteja.

Camus saiu correndo dali para dentro de casa. Milo o observou a distância e abraçou o filhinho com força, sentindo a dor de não ter seu amado definitivamente de volta. Sentia ódio de quem havia feito isso com ele, sentia tanta dor em seu peito. Resolveu ficar ali com Hyoga mais um tempo e não ir atrás do ruivo, precisava dar espaço a ele e principalmente, precisava de espaço. Seus pais não aguentariam mais ficar vendo-o chorando.

Da varanda da grande mansão, duas pessoas observavam aquela cena, recém-chegados dos laboratórios de Dégel.  Shun havia aproveitado que teria de resolver algumas documentações sobre a bolsa de estudo patrocinada pelo pai do amigo a ele e acabou vindo com o mesmo resolver esse assunto. Também era Shun o responsável direto na ajuda a Dégel em monitorar os avanços de Camus e os dois ali observavam o acontecido a distância.

- Eu não compreendo o Camus. - Shun dizia olhando o ruivo que vinha em direção deles e passava, adentrando a casa como um furacão apressado.

- O que quer dizer com isso Shun? – Dégel perguntava enquanto eles iam entrando e indo para o escritório.

- Camus tem apresentado bons resultados na desintoxicação pelo que eu li nos últimos relatórios e exames dele. Mas parece que ele ainda se nega a sair desse mundo que o aprisiona.

- Eu também não compreendo isso Shun. Na última amostra de sangue que a muito custo conseguimos dele, ele praticamente não tem mais vestígios da substancia no organismo, já era para ele ter parado de alucinar. – Dégel dizia intrigado enquanto mexia em alguns papeis que queria deixar a cargo de Shun para estudos aquele dia. – tem alguma teoria sobre isso Shun?

- Medo, vergonha. – Dégel olhou intrigado para o oriental – Eu conheci Camus a fundo nos sete meses em que praticamente vivemos juntos. Ele é um homem com um senso de moral inabalável, ético e sério, mas principalmente apaixonado. Nos poucos momentos de lucides, quando Camus se vê grávido, ele deve se sentir traindo Milo. Às vezes acho que Camus não se prende mais pela droga em si, mas por medo de enfrentar essa realidade.

- Mas o que nós podemos fazer para mudar isso Shun? O que eu podia fazer para reverter essa loucura do Camus eu já fiz. – Dégel suspirava cansado. É tanta coisa acontecendo de uma vez que eu por mais que tente as vezes me sinto de mãos atadas.

- Fazer a única coisa que todos os pais podem fazer nesses momentos. Ter paciência. Camus precisa ver que Milo o aceita independente do que aconteceu – Shun dizia com uma maturidade enorme para pouca idade que tinha – Eu poderia dizer isso a ele, mas nada melhor do que receber esse conselho de um de seus pais. Dégel me perdoe um comentário meio que... invasivo, mas claramente dá para ver quem é o pai biológico de Milo. Creio que em algum tempo Camus vai precisar de você também, para ajudá-lo a entender o lado de Milo. – Aquilo deixou Dégel pensativo por algum tempo.

- Já sei o que fazer Shun obrigado, - ele sorriu para o garoto já tendo uma luz de como agir naquele instante - como você consegue ser tão maduro para tão pouca idade? – Ele deu um leve sorriso com o que o jovem disse e Shun o correspondeu.

- Talvez porque eu tive que crescer rápido demais! Perder meus pais, a cegueira me fez ver os detalhes do mundo, aprender a observar mais atentamente tudo. Não sei talvez seja isso, eu só quero ser útil.

- E você é menino. Vou pensar no que disse, pode ter certeza. Obrigada.

Os dois sorriram e então voltaram a se entregar ao trabalho com afinco.

 

************

 

Milo vinha rápido pelo corredor, atrasado, os pais pediram que ele os encontrasse antes do jantar no escritório, mas havia tido alguns problemas com Camus um pouco mais cedo e sabia que os dois já deviam estar o esperando. Um dos empregados da casa, sem querer enquanto Camus tomava banho de sol, acabou mexendo na ordem dos livros do ruivo e isso iniciou a angustia do mesmo, acreditando que alguém havia invadido seu quarto e estava oculto ali para lhe fazer mal.

Depois de uma negativa de aproximação de Milo por parte do ruivo, dele ter gritado desesperado que iam invadir o quarto e lhe voltar a fazer testes, lhe roubarem o neném Milo conseguiu acalmar seu amado, que depois e uma série sem fim de alucinações, de conversas com Agatha, acabou dormindo exausto dando um pouco de paz a seu namorado. Com Camus, a cada passo dado em sua recuperação, eram dois em regressão por mínimas coisas.

Milo agora entrava no escritório dos pais, os encontrando com caras não muito agradáveis, parecia que mais uma bomba estava prestes a cair na cabeça do loiro e ele não estava mais aguentando suportar tanto peso em seus ombros.

- Os senhores me chamaram? – Milo se sentava os olhando de forma intrigada e curiosa.

- Filho nós queríamos te contar tudo antes que a bomba estoure na imprensa. – Kárdia dizia tentando manter a calma.

- Outra bomba na família pai? – Milo suspirava cansado. - Qual dessa vez?

- Nós descobrimos algo sobre o seu sequestro na infância? – Dégel dizia pausadamente dando tempo ao filho digerir a notícia.

- Que? – Ele olhava com expressão de espanto para os pais – mas isso já não estava resolvido, ou melhor, não resolvido e enterrado já que não se tinha nada que indicasse quem fez aquilo comigo?

- Você disse bem. – Kárdia completava – nós também achávamos que estava tudo solucionado até que encontramos algo meio perturbador. – Kárdia suspirava e via a expressão de vergonha que Dégel tinha. – Encontramos algumas provas que passamos as últimas semanas investigando, foi um trabalho árduo mas chegamos a pessoa que te sequestrou, ou melhor ao paradeiro dela.

- Como assim pai? Por favor, não enrola! – Milo já ficava sem paciência – É melhor saber de uma vez.

- Encontramos um diário de uma pessoa próxima a seu pai Dégel e ela tinha relatos surpreendentes e provas reveladoras transcritas ali – ele suspirava cansado e então continuava - Encontramos o paradeiro da pessoa que te sequestrou, por meio desse diário, ao menos o chefe do grupo, ele se encontra internado em estado terminal em um hospital de uma vila longe daqui, devido à falta de esperanças e pouco tempo de vida ele nos revelou toda a verdade.

- Foi por isso que vocês andavam tão sumidos nas últimas semanas? – Milo perguntava ansioso.

- Sim filho, mas deixe seu pai terminar. – Dégel dizia observando os dois.

- Sem ter o que perder, ela nos contou que foi paga para te tirar de nossa casa, levar para longe da Capital e dar fim a sua vida filho. – Kárdia engoliu em seco com aquela possibilidade e via a angustia do filho. – Só que quando isso aconteceu, eles não cumpriram a ordem de imediato, ao saberem que éramos nós os seus pais, ele pensou em ganhar ainda mais dinheiro com o seu sequestro pedindo um resgate.

- E porque eles não fizeram isso? – Milo perguntava confuso.

- Com a repercussão na mídia de seu sequestro e as investigações, eles se viram com o cerco começando a se acirrar para o lado deles e com medo de serem pegos, resolveram cumprir a ordem inicial e receber somente o dinheiro do mandante do sequestro.

- Só que eles não tiveram coragem de matar uma criança de um modo rápido e definitivo – Dégel continuava – não eram profissionais, eram apenas bandidinhos de quinta que ao verem a alta quantia de dinheiro aceitaram o trabalho. – O ruivo suspirava cansado e era Kárdia quem continuava.

- Nisso, para não sujar as mãos diretamente, eles te deram uma quantidade grande de remédios, e te jogaram em um beco qualquer de uma vila para morrer ali, acreditando que a dose que lhe deram seria potencialmente fatal.

- Mas não foi – Milo dizia abismado e com ódio – Eu fui encontrado a tempo, levado para um hospital e acabei parando no orfanato.

- Exatamente filho. Você escapou por um milagre. – Kárdia dizia – O maldito entregou cada um dos comparsas de seu grupo, dizia que era um meio de redenção a sua morte próxima assim como nos deu provas de quem era o mandante desse crime.

- E quem mandou eles fazerem isso pai? – Milo tinha medo da resposta – Isso foi só uma retaliação política ne?

- Foi minha mãe. – Dégel disse de uma vez e o queixo de Milo foi ao chão. – Minha mãe E minha tia foram as mandantes desse crime Milo, elas com a ajuda de meu pai, quando ainda vivo. – Dégel queria que o chão abrisse para ele se enfiar dentro – Eu sinto muito filho, mas foi minha família que te feriu mais uma vez.

- Velhos malditos! – Milo se levantava bufando em ódio e quase aos gritos, Dégel estava encolhido em sua cadeira com vergonha do filho, mesmo sem ter a menor culpa – Eles acabaram com minha família mais de uma vez! Primeiro destruíram a vida do Camus, ele está louco daquele jeito por causa da maldita ambição dessa família. Agora eles também são os responsáveis pelo meu sequestro. Malditos, malditos, malditos eu quero o couro daqueles infelizes!

- Eles vão pagar filho. – Kárdia dizia aquilo sem saber se acalmava o filho ou se amparava o marido. – A polícia já tem as provas que conseguimos em mãos e eles devem estar sendo presos ainda essa noite, amanhã mais um escândalo vai pipocar com o nome das nossas famílias, mas ao menos todos os culpados pelo seu sequestro vão ter o que merecem.

- Pai eu não entendo é o porquê de eles fazerem isso! – Milo dizia furioso, mas ao olhar Dégel, sua expressão mudou.

- É por minha causa. – O ruivo dizia de cabeça baixa – você sofreu por minha causa, eles não aceitam minhas escolhas, eles não aceitam quem eu sou. Eles fizeram isso simplesmente porque eu escolhi amar e viver ao lado do homem que eu amo. Me perdoa filho.

- Dégel, não fala assim. – Kárdia dizia tentando acalmar o marido que estava desolado com tudo. – Não foi só com você que eles aprontaram, você leu o início do diário o que eles fizeram com a sua irmã, o que ela desconfia que eles fizeram ao filhinho dela. Eles são cruéis por natureza, monstros em pele de cordeiros. Você só foi uma joia em meio a lama, que teve a sorte de ser resgatada antes, você não tem culpa da maldade de seus pais.

- Mas foi por minhas escolhas que meu filho sofreu, que você sofreu – aquilo era doloroso para ele.

- Não diz isso pai! – Milo ia até o pai lhe fazendo carinho – o senhor é melhor do que eles! Não escolheu nascer onde nasceu. Eu tenho ódio deles, tenho, por mim eu quebrava aqueles velhos em mil pedacinhos, mas eu te amo pai, se não fossem suas escolhas eu não estaria aqui. Sua família somos nós, não eles. Não fica assim, eles vão pagar pelo que fizeram e eu quero ver de camarote, ah se quero.

Os três se abraçaram ali. Como família que eram superariam tudo, e como uma família que se reencontrou, construiriam uma nova vida que lhes foi roubada a partir dali.

 

 

O resto daquela noite estava tranquilo, Camus, após se acalmar dormiu bem e assim que Hyoga se entregou ao sono dos anjinhos deu oportunidade de seu pai finalmente descansar e se preparar para o próximo dia, que com a informação dada por seu pai, ainda havia de ser bem longo.

Naquele instante, no quarto principal da mansão os pais se preparavam para também descansar depois da tensão daquele dia longo. Kárdia estava dentro do box terminando seu banho, enquanto seu marido parecia extremamente distraído penteando e trançando os longos cabelos vermelhos. O loiro, após findo seu banho e já envolto no roupão, o abraçou com carinho para o traz tomando suas mãos e lhe beijando levemente o pescoço.

- Tenta relaxar um pouco. – Kárdia dizia olhando o esposo pelo espelho. – Nosso filho reagiu melhor do que nós esperávamos.

- Não é isso, mesmo que o Milo tivesse feito uma quarta guerra mundial eu já estaria preparado para isso. – Ele se virava e olhava Kárdia nos olhos com um sorriso triste. – Eu já fiz estágio com a bomba relógio humana ambulante do pai dele, lidar com o Milo agora é moleza.

- Engraçadinho. – Roubava um selinho do esposo e os dois iam para a cama, Kárdia dormindo sem nada como sempre, onde se ajeitavam para dormir. – Você está mal com o que sua família fez, não é?

- Envergonhado seria a apalavra certa. – Dégel se deitou olhando para o esposo ao seu lado. – É difícil entender até onde o preconceito deles vai, matar nosso filho? Nós dois somos tão nojentos assim que eles não podiam nos aceitar vivendo longe e em paz?

- Não querido, nojentos não somos nós, são eles e esse pensamento nojento. – Kárdia suspirava enquanto brincava com uma mecha teimosa solta do cabelo vermelho do marido. – Eu não entendo esse pensamento arcaico deles de uma moral baseada simplesmente em aparência sendo que são tão podres.

- Mas ainda assim, mesmo sabendo que eles merecem o que vai acontecer, a prisão e tudo mais, são meus pais, me colocaram nesse mundo – Dégel mordia o lábio de leve. – Será que eles não pensaram em mim, não me amaram e a meu filho sequer um segundo? É doloroso pensar nisso.

- Então não pense. – Kárdia o abraçava com carinho – Você tem um marido que te ama, um filho lindo e terrível ao nosso lado e agora netinhos. Eu sei que dói, mas você não precisa do amor deles, só que a justiça seja feita. Tenta pensar nisso.

- Eu vou tentar Kárdia, juro que eu vou tentar pensar nisso.- Ele sorria se ajeitando sobre o peito do marido.

- Isso mesmo, e agora descanse, nós temos muito o que fazer amanhã e te quero feliz. Daqui a poucas semanas é o primeiro aniversário do nosso neto e não vai  querer parecer um velho nesse dia.

- Kárdia nós estamos ficando velhos! – Ele ria fechando os olhos.

- Não estamos não, nosso filho que abriu a fábrica cedo demais! – Ele ria – Milo inventar de ter um filho com quase dezoito só vai fazer de nós dois vovôs muito dos gostosos!

- Seu louco!

- Louco por você! Agora descansa, nosso dia vai ser longo.

Os dois ficaram ali agarradinhos por algum tempo. Não tardou Kárdia estar dormindo como uma pedra, mas para Dégel aquela noite não estava sendo muito fácil pregar o olho. Por mais que tentasse não pensar, lhe doía os últimos atos de sua família. Se movendo na cama acabou se virando e observando o diário na cabeceira de sua cama. Com a descoberta sobre sua família acabou não dando tanta atenção a ele.

- É maninha, já que eu não durmo, vamos ver o que mais você tem a nos contar sobre essa nossa família podre...

E Dégel, após por seus óculos continuou a leitura daquele diário.

 



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