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História Liberté: Sangue do meu sangue - Despertar


Escrita por: Alexiel_LaRoux

Notas do Autor


Demorei mas cheguei!

Gente eu ando meio enrolada, então perdão pela demora e pela falta de respostas aos comentários, logo os responderei com carinho, assim que o pandemônio passar aqui.
Obrigada pelo carinho de todos com essa fic e o amor que foram os comentários do capitulo passado, me deixaram extremamente feliz.
Bjjj mil a todos!

Capa:
【腐】せいんと まとめ
Pixiv ID: 60438760
Member: かき

Capítulo 26 - Despertar


Fanfic / Fanfiction Liberté: Sangue do meu sangue - Despertar

 

O dia da festa de aniversário de Hyoga amanheceu com a casa em um verdadeiro pandemônio. Pessoas para todos os lados do jardim, preparativos a todo vapor pelos funcionários da mansão. Milo havia pedido algo simples aos pais, e eles assim o fariam, mas até a mais singela festa de aniversário para uma criança gerava trabalho, e os avôs não queriam negar nenhuma diversão ao seu primeiro netinho.

Camus se encontrava encolhido em seu quarto desde avistou toda a movimentação pela janela. Estava em pânico com tanta gente entrando e saindo dos jardins, apavorado só de imaginar que algum deles poderia invadir o seu quarto. Ficava na janela observando tudo, retraído, passando incessantemente a mão na barriga, como se pudesse protegê-la assim.

- Eu disse para não confiar, eles vão aproveitar que está perto do neném nascer e arrancá-lo de você, Camus. – Agatha sentenciou, sentada sobre a cama.

- Não vão não, as pessoas aqui são boas, me tratam bem. – Camus retrucou, mesmo em meio ao pavor – É só a festinha daquele menininho lindo, o loirinho.

- Camus, não seja tão inocente, não existem pessoas boas aqui. Eles só querem te enganar. – Pontuou de maneira séria - Eu já menti pra você?

- Não. – Ele afirmou com o olhar perdido no nada – Você sempre cuidou de mim, me protegeu.

O toque na porta o fez se assustar, e quando procurou Agatha novamente na cama, ela havia desaparecido. A voz de Milo se fez ouvir enquanto ele pedia licença para entrar no quarto.

- Tá tudo bem com você hoje, Camus? – perguntou, entrando com algo nas mãos.

- Que tanto de gente é esse aí fora? – Ele recuou.

- São só as pessoas que estão montando os brinquedos para a festinha do Hyoga. As crianças do orfanato onde nós crescemos vão vir.

- Orfanato? Mas eu não lembro de orfanato nenhum, eu cresci no laboratório. Eu era a única criança lá e somente a Agatha cuidava de mim. – o ruivo disse confuso – Milo, eu não vou descer. Quero ficar trancado aqui, seguro com meu bebê.

- O Hyoga vai ficar triste se você não descer Camus, ele ia querer ver o pa... ia querer te ver na festa. – Milo entristeceu-se, era a primeira festa do filho e ele não teria o pai que o gerou ao seu lado, comemorando aquilo, mesmo ele estando tão próximo.

- O Hyoguinha, triste? Eu não quero deixar o loirinho triste, mas tenho medo... – se perdeu novamente em suas confusões mentais.

- Tudo bem Camus, só desça se você estiver bem, eu vou entender – Milo segurava a angústia. – Mas eu vim aqui para trazer uma coisa pra você, um presente.

- Presente? Eu nunca ganhei nada antes. – Divagou, se abrindo um pouco mais a Milo.

- Na verdade ele já é seu. Você o  ganhou há muito tempo, mas estava comigo e eu quero te devolver. _ Milo estendeu o Livro que era a paixão de Camus a ele. – Toma, é seu, era o seu favorito.

Camus pegou o livro ainda com certa estranheza. Caminhou até sua cama, e se sentou ali observando a capa, os detalhes do desenho. Sentia algo estranho tendo aquele livro em mãos.

- Se quiser descer para a festa, tem uma roupa que eu deixei arrumada pra você no closet, Camus. O Hyoga adoraria te ter na festinha dele.

Milo saiu, deixando Camus dentro do quarto observando aquele livro. Com cuidado, o ruivo abriu o mesmo e leu a mensagem na letrinha pequena e desenhada no canto interior da capa:

 

“Liberté, o nome desse livro, significa liberdade em francês, língua do antigo país onde nasci. Espero um dia te dar a liberdade além das simples páginas desse livro. Sempre te amarei, meu pequeno. ”

 

Camus passava a mão sobre aquela caligrafia caprichada e sentia que sua mente revirava em lembranças de sua infância. Decidido, ele começou a ler com atenção página por página daquele livro infantil.

 

*******

 

- Achei que o aniversariante não ia descer nunca! – Aiolia sorriu indo em direção à Milo e tomando Hyoga das mãos dele. O menino estava lindinho, vestido em um conjuntinho azul, bem clarinho, e branco. – Você está enorme, menino! E bem mais bonito do que o seu pai! – Milo torceu o nariz.

- E desde quando tu acha homem bonito, Aiolia? - Dite, que vinha ao lado de Shun, provocou. A criançada do orfanato já estava a mil, se divertindo na festa. – Aqui – entregou um pacote a Milo – a galera fez uma vaquinha pra comprar uma lembrancinha para o seu filho!

- Lembrancinha nada, é um presentão Dite. A gente não tem muita grana, mas o Hyoguinha merece! – Aiolia corrigiu, brincando com o menino que dava muitas risadas – E eu não acho macho fedido como o Milo bonito, mas um rapazinho fofo cheiroso e alegre igual o Hyoguinha, é outra história, né neném fofo!

- Ah, mas esse neném fofo é o meu afilhado – Shun disse, indo para cima de Aiolia e sorrindo – Me dá ele aqui.

- Vem pegar, ex-ceguinho. – O amigo zombou e saíram correndo em perseguição um ao outro, com o neném rindo muito com a brincadeira que faziam.

- Eu disse que não precisavam trazer nada, a festa não é só para o Hyoga. É um presente meu para os menores do orfanato! – Milo comentou, feliz em ver os meninos todos reunidos ali, assistindo Shun brincar com Hyoga e Aiolia. – O Shun parece mais feliz depois da cirurgia.

- Ele se sente livre. Ver meu japinha rindo alegre e totalmente independente é a melhor coisa do mundo. Eu nunca vou saber ser grato o suficiente  a você, Milo.

- Nem eu a vocês, Dite! – Ele sorriu, observando tudo e sentindo falta do principal ali, o pai de seu filho. – E quando sai casamento desse namoro de vocês, hein? – Gracejou.

- Assim que nós iniciarmos a faculdade! – Milo o olhou surpreso – Isso mesmo, Shun vai começar na universidade, graças a ajuda do seu pai, agora no início do ano. E eu consegui uma bolsa para estudar moda.

- Então aquele dia não era brincadeira! Essa é a melhor notícia que eu poderia receber, meu amigo! – Ele comemorou, realmente feliz. – Espero não esquecerem do meu convite!

- Nunca! Você é um dos padrinhos, esqueceu? Se não fosse por essa sua cabecinha desmiolada, nós nunca teríamos nos conhecido! – Brincou, mas logo ficou triste e engoliu em seco. – Milo, e o Camus? Nada ainda? Nenhuma melhora?

- É complicado, Dite. – Milo suspirou cansado – Às vezes ele demonstra sinais de que vai ficar bem, reconhece o Hyoga. Esses dias o ninou e até mesmo falou comigo como antigamente. Mas do nada ele começa a alucinar, eu sinto meu ruivo cada vez mais distante.

- Queria tanto fazer algo por vocês... Se o Camus ao menos deixasse a gente se aproximar. Me dói ver meu amigo desse jeito. – revelou chateado - E o bebê que ele espera?

- Ao que tudo indica, se desenvolvendo bem. – Milo declarou - Mas ele não deixa que façamos nenhum exame, ninguém além de mim se aproxima dele. Camus criou um pânico gigantesco de médicos ou qualquer pessoa semelhante, temo como ele vai lidar com o nascimento dessa criança. Eu rezo pra que ele retorne antes disso.

- E quanto a você Milo, como se sente a respeito dessa criança? – Dite perguntou de maneira séria.

- Ele é meu filho, assim como o Hyoga, simples. – Milo olhou-o, e Afrodite pode ver a exaustão no semblante do amigo. – Camus não escolheu ter essa criança, ele não pediu por nada do que aconteceu, e espero que o infeliz que fez isso com ele esteja queimando no inferno agora! Por isso eu vou ficar ao lado dele. Vou amar esse pedacinho dele que está vindo ao mundo do mesmo jeito que eu o amo, independente de qualquer coisa.

- O amor de vocês é lindo, e vai ajudar a superar tudo. – Confortou – Tem algo que eu possa fazer por vocês?

- Você me apoia, isso já é o bastante. – Milo sorriu, tentando esquecer aquilo. – Mas agora vamos, esse dia é alegre! Quero ver meu filho feliz, isso vai nos dar forças pra lutar!

 

*****

 

 

- O que você vai fazer, Camus? – Agatha questionou, enquanto o ruivo tirava sua roupa. Ele havia terminado de ler o livro.

- Tomar banho, o que mais poderia ser? – Respondeu, entrando no banheiro, continuando a ouvir a voz dela.

- Eu te conheço, você vai me desobedecer, vai descer naquela festa. Você não pode fazer isso!

O ruivo a ignorava, continuando o banho e a deixando berrar do lado de fora. Sentindo a água escorrer pelo seu corpo, fechou os olhos e se viu em outro lugar. Mesmo a água morna banhando-lhe o corpo, era como se estivesse fria, e mesmo assim isso o deixava muito feliz. Viu-se na simplicidade de um banheiro, sentindo o toque de mãos amorenadas em sua barriga em uma carícia doce, enquanto a ensaboava e a enchia de beijinhos carinhosos. Tudo remetia a uma lembrança doce de tempos difíceis, mas regados a amor. 

Abriu os olhos, e estava novamente naquele banheiro luxuoso e muito bem cuidado. Só que dessa vez, ao contrário das outras, as lembranças não se apagaram nem sua mente voltou a ser uma folha em branco. Ao contrário, elas se fixaram mais do que nunca. Terminou a ducha ainda ouvindo Agatha tentando lhe trazer à prisão novamente. Evitou-a firmemente, se vestindo com zelo, decidido a descer para aquela festa.

- Você não pode descer, é perigoso! Eles vão querer fazer mal ao seu bebê! – Ela insistiu em impedi-lo.

- O Milo gosta de mim, ele não vai deixar me fazerem mal! – Camus disse com convicção. – Eu vou descer sim.

Ela começou a despejar vários argumentos para que ele a obedecesse e ficasse, mas Camus parecia desligado enquanto vestia a bela bata em tom de azul escuro, que deixava sua grande barriga bem confortável. Passou a mão no tecido e se lembrou das risadas de seu amigo, quando este lhe ajustava as medidas das batas que lhe dera de presente. As piadinhas enquanto preparavam o jantar e os flertes do loirinho com o pequeno oriental. A arrumação da casa, a diversão do dia e as roupinhas novas de bebê, indo cada uma para o lugar depois de cada pacote de presente ser aberto.

- Você precisa me ouvir Camus, eles só querem o seu mal!

- Para, para, para! - Ele gritou colocando as mãos na cabeça – Chega, eu quero paz! Eu não quero mais isso, chega!

Enquanto a voz dela ecoava, a mente de Camus pareceu explodir de uma vez.  O ruivo se abaixou com a cabeça entre mãos, enquanto uma corrente de lembranças ia tomando sua memória. Uma criança perdida chegando assustada no orfanato, a visão dos olhos azuis de Milo se encontrando com os dele. As brigas na escola, os livros lidos, os coleguinhas, o dia em que Afrodite apanhou das outras crianças por ter se assumido gay. O abraço gostoso de Milo quando ele tinha medo!

- Eu sou a única que te ama de verdade aqui, você precisa tomar cuidado. Eu te criei, eu cuidei de você. – Ela ainda tentou persuadi-lo.

- Cala a boca, Agatha! Cala a boca! - Berrou com ela – Você também não me ama, você não me deixa viver!

- Acorda Camus, você tem de voltar à sua realidade!

- Que realidade? A solidão? Eu só vivo sozinho, eu não quero mais ser sozinho! Chega, chega! Quero ter lembranças! – Ele se levantou e andou de um lado para outro, angustiado – Eu quero viver, quero ser livre! Eu vou fazer o que eu quiser agora!

Saiu do quarto e caminhou pelo corredor, sendo seguido por ela. Em dado momento encostou-se na parede do mesmo. Ao sentir seu filhinho mexer no ventre, seu olhar se perdeu por um instante e ele levou a mão à barriga, sorrindo de leve.

- Hyoga... meu filho...

Lembrou-se da primeira vez que viu a imagem do filho, ainda naquele exame e no desespero de se descobrir grávido. De como sua barriga crescia devagar e ele observava centímetro a centímetro disso acontecendo, encantado. Os primeiros movimentos, a felicidade só em imaginar aquele rostinho. O som do chorinho dele assim que nasceu, dando-lhe luz em meio à escuridão daquela sala cirúrgica. Viu os olhinhos do mesmo, de braços abertos lhe chamando de pai em seus primeiros passos.

- Eu preciso voltar para o meu filho. – A voz de Agatha ia ficando cada vez mais fraca e ele escorregou pela parede, tirando a franja do rosto. – Você não quer meu bem Agatha, não quer. Eu quero minha vida de volta!

Em sua mente vieram as imagens do primeiro beijo, do carinho de Milo e das descobertas da primeira vez. Milo lhe contando piadas bobas e a risada gostosa dele. A luta do amado em protegê-lo, o cuidado e desespero em defender o filho deles, a família.

- Preciso voltar para o meu amor... – Camus sorriu para Agatha – Eu não preciso mais me prender a você.

As lágrimas desciam pelos olhos do ruivo, que ao ver a imagem de Agatha desaparecendo lembrou-se de seu último pedido em seu instante de morte. Seu olhar de carinho para ele, pedindo que fosse livre. Todas as imagens da afeição e cuidado que ela tinha com ele voltaram à sua mente, e naquele instante soube que ela havia lhe devolvido o que custara a própria vida, a liberdade.

Erguendo-se, Camus respirou fundo, ajeitando a roupa e os cabelos. Sua consciência parecia ter voltado ao lugar, como nunca antes havia estado. Caminhou devagar, descendo as escadas. Coisas boas lhe preenchiam os pensamentos, momentos bons de memórias recuperadas. Ao sair, notou o jardim cheio de crianças, e sorriu ao reconhecer cada uma delas do orfanato. A movimentação já era grande em determinado ponto da festa.

Todos estavam animados, já se reunindo para cantarem os parabéns para Hyoga. Milo tinha o filho nos braços e ria junto aos pais, enquanto tudo era ajeitado para o auge da comemoração. De repente, o loiro simplesmente travou o olhar em um ponto, na direção da saída da casa. Camus vinha caminhando na direção deles, sorrindo, e Milo sentiu seu coração se aquecer no mesmo instante.

O loiro deixou os pais e amigos e saiu de perto do bolo, enquanto as pessoas ao redor ficaram curiosas com a reação de Milo. Deu alguns passos e Hyoga começou a pular em seu colo, querendo a todo custo ir para o chão. Abismado, Milo colocou o menino no chão e Camus se abaixou, abrindo os braços para o filho, que começou a andar na direção do pai aos risinhos.

- Vem, meu bebê. – Camus sorriu para o filho, com os olhos brilhando como nunca – Papai voltou.

Hyoguinha abraçou o pai, que com todo o amor do mundo o pegou nos braços, beijando sua testa com carinho. Camus sentia uma saudade monstruosa do filho, o segurava como se fosse perdê-lo novamente. O olhou bem, observou o quanto havia crescido desde que foi arrancado de seus braços, e notou a criança linda que ele havia colocado no mundo. Seu sangue, sua vida, seu mundo, um amor totalmente diferente do que sentia pelo homem que o olhava abismado naquele momento, mas igualmente forte.

- Feliz aniversário, meu anjinho. Desculpa ter demorado. – Murmurou e se  aproximou de Milo, que vinha ao encontro deles com uma expressão de choque.

- É você mesmo? O meu Camus? – As lágrimas verteram de seus olhos emocionados – Você voltou, meu amor?

- Minha mente ainda está meio embaralhada, confusa. – Ele admitiu. – Mas sou eu sim meu amor, eu voltei pra nossa família. Você me chamou! Nosso filho me chamou!

Milo não aguentou, saltou nos braços de Camus tomando sua boca em um beijo cheio de paixão, saudade e ansiedade. Sentia seu coração a ponto de explodir de tanta felicidade. Era seu Camus ali naquele beijo, o beijo pelo qual ansiou tantos meses. Era o fim de seu sofrimento, era o fim de sua dor, seu amado estava de volta. Os pais de Milo e os amigos ao redor viam a cena boquiabertos, mas felizes por aquele tão tardio reencontro de almas.

- Eu te amo Camus! Eu te amo tanto! – Milo disse, as testas grudadas. – Nunca mais me deixe, eu estava morto em vida sem você.

- Também te amo mais do que tudo, Milo. – Ele sorriu, entregando o filhinho para o loiro – Ele está pesado, e com essa barriga é difícil segurar. – Milo notou o tom triste nos olhos de Camus ao falar no outro filho que ele esperava. – Vem, vamos cantar parabéns para o nosso filho.

E eles foram curtir o resto da festa, agora como uma família completa, como deveria ter sido desde sempre.

 

*******

 

As crianças estavam acabadas de tanto brincar, mas pareciam ter energia para mais um dia inteiro de festa no fim daquela tarde. Hyoguinha já havia pedido arrego há muito tempo, depois que o pai ruivo chegou não desgrudou dele nenhum minuto, e agora estava dormindo profundamente no colo do mesmo, que observava as crianças. Milo se aproximou, com Dite ao lado, e roubou um selinho do namorado. Estava radiante por ele estar aparentemente bem.

- Esse sapequinha nem tomou um banho antes de capotar! – Milo constatou, passando a mão nos cabelos do filho.

- Também pudera, brincou feito um louco nessa festa. – Dite riu, se sentando ao lado de Camus- Ele é pequenininho mas tem energia por três. Duvido que acorde hoje!

- Leva ele lá para dentro amor - Camus viu um sorriso de canto a canto surgir no rosto de Milo. O loiro sentiu tanta saudade do seu ruivo falando assim com ele. – Depois, se ele acordar, eu dou um banho nele.

Camus contemplava Milo enquanto ajeitava Hyoga no colo e ia acomodar o filho dos dois. O ruivo se acomodou melhor no lugar, vendo Aiolia, Shun e Amy tentarem juntar as crianças para voltarem para casa, uma árdua tarefa em meio a tantos brinquedos.

- Quer dizer que o senhor conseguiu conquistar o Shun? – Camus interrogou o amigo  – Achei que o último dos solteiros não desencalharia nunca.

- Na verdade foi ele quem tomou a iniciativa. – Dite confessou com um olhar apaixonado para o namorado, que tentava inutilmente fazer alguns meninos descerem do carrossel.

- Ele ainda estava cego, né? Porque só assim! – Camus brincou, dando uma risada leve.

- Você brincando? Que milagre é esse? – Dite gracejou, observando o outro que o encarava, com uma mão descansando sobre a barriga. – Senti sua falta meu amigo, muita mesmo!

- Gostaria de ter mais lembranças para dizer o mesmo. Ainda está tudo muito confuso, mas sei que também senti falta de vocês. – Camus mordeu o lábio – Eu fiquei tão louco assim, Dite? Seja sincero, como eu estava? Eu só consigo lembrar daquele lugar maldito até me tirarem o Hyoga, depois é como um grande borrão. Minha mente parece uma baderna, as memórias estão confusas.

- Você era outro Camus. Quando Shun me contou, eu quase não acreditei, até ver com meus próprios olhos. – Ele suspirou- Foi o Shun que ajudou Dégel a monitorar o seu progresso. Eles estão trabalhando juntos agora, ele deu uma bolsa de estudos para o Shun fazer medicina, mas isso eu te conto outra hora. – Olhou para o amigo e continuou – Quando eu te vi a primeira vez, desde que o Milo te resgatou com os pais dele, você não se lembrava de ninguém, não me deixou encostar. Era como se você nunca tivesse saído daquele laboratório, você não nos reconhecia.

- Eu fiz o Milo sofrer tanto. – Ele fechou os olhos. – Essa minha cabeça tinha que me trair desse jeito, me deixar louco! Fico tonto só de tentar entender isso, o que aconteceu, como eu fui parar nesse estado tão terrível como estava. Eu só desci para essa festa por causa do Hyoga, era como se ele gritasse por mim, pela minha sanidade de volta.

- Não foi sua culpa, Camus. Eles te medicaram, a desintoxicação foi difícil. – Afrodite tentou consolá-lo.

- Eu imagino. Não sei o que aconteceu, mas eu não estaria em meu estado normal para aceitar terem feito isso – passou a mão na barriga indicado ao que se referia – comigo. Eu teria lutado, teria brigado, tentado impedir. Agora, quando eu despertei, que me vi grávido de novo nos raros momentos de lucidez que tive, me pergunto como vou encarar o Milo. Estou esperando um filho que nem faço ideia de como foi gerado.

- Camus, sendo sincero, vocês enfrentaram coisas muito piores. Esse bebezinho não tem culpa do que aconteceu a vocês, ele não pediu para estar aqui e é tão vítima como todos vocês. O Milo sabe disso. – Sorriu, encorajando o amigo e passando a mão em sua grande barriga. – Descanse essa noite, tente por sua mente no lugar, ela ainda está bagunçada. Depois converse com o Milo, deixe ele te contar o que aconteceu na sua “ausência mental”.

- Vou pensar no que está me dizendo Dite, vou pensar. – falou entristecido, ponderando as palavras do amigo.

- Agora eu tenho que ir, acho que já juntaram a meninada. – Se levantou – Vem se despedir dos rapazes e dos meninos, eles sentiram muito a sua falta! Agradeça aos seus sogros pela festa, ela foi linda!

- Meus sogros... nossa eu perdi muita coisa mesmo. Caramba e a semelhança do Degel comigo, que esquisito! – Ele murmurou.

- De tempo ao tempo, logo tudo se encaixa, Camus!

 



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