História Lie {JiKooK} - Obrigado a mudar...

Taehyung Pov 

Estávamos  esperando por Jimin. Tínhamos combinado encontrarmo-nos há porta do cinema depois das aulas. 

 Hoje era sexta. Desde que Jungkook partiu nós combinámos fazer algo divertido todas as semanas á sexta feira, tudo por Jimin.  

Uma coisa boa que aconteceu foi que ele parecia ter superado o que tinha acontecido, mesmo eu sabendo que ele não tinha.  

Ele não chorava mais, mas também não era mais o Jimin  que conhecíamos. Ele parecia um robô. Sempre direito e tenso, não sorria, não ria, falava pouco e quando falava era sempre sério.  

Nós continuávamos a lutar por ele mesmo sendo difícil. Já há 4 meses que tentávamos recuperar o nosso Jimin e até agora nossa missão não estava sendo bem sucedida. 

-Ele ainda demora muito?- Jin perguntou. Olhei as horas. Ele já cá devia estar á 15 min. 

-Eu não sei- suspirei.  

-O filme deve estar começando- Namjoon falou agarrando o namorado.  

-Tae...-Hobi pegou em minha mão e suspirou- Acho melhor entrarmos, ele não deve vir- ele acariciou minha mão.  

-Eu vou telefonar-lhe- sorri forçadamente. Peguei o celular e liguei-lhe. Jimin atendeu. 

-Sim?-ouvi sua voz.  

-Jimin, nós estamos esperando você- falei calmo.  

-Eu não vou- falou normalmente como se aquilo não fosse nada de mais.  

-Porquê? 

-Tenho de estudar. O cinema só me vai distrair dos meus objetivos.  

-Mas vai fazer-lhe bem. 

-Taehyung, eu não vou. Adeus- desligou. Olhei para a tela do celular e senti meus olhos marejarem.  

-Ele não vem- falei.  

-Eu acho que temos de deixar Jimin um pouco sozinho. Se continuarmos atrás dele ele vai acabar por se cansar e vai ser pior. Vamos deixar que seja ele a tomar a iniciativa de nos procurar- Namjoon falou. Todos assentimos.  

Eu apenas tinha receio de deixar Jimin demasiado sozinho. Se lhe dermos espaço demais ele vai acabar por nunca mais nos procurar, principalmente como ele está agora. 

Jimin Pov 

Assim que desliguei o celular suspirei. Custava-me tratar meus amigos daquela maneira. Mas se eu fosse o Jimin que eles esperam todo o meu esforço ia por água a baixo. Todas as emoções que consegui trancar nestes meses iam se soltar e tornar-me vulnerável e fraco novamente. Não podia correr tais riscos.  

Preferia ficar em minha casa escrevendo minhas músicas e estudando para a escola. Isso me distraía e me deixava mais culto. Sair com os meus amigos me distraía, mas não trazia nada para a minha vida a não ser frustração.  

A única pessoa com quem eu falava abertamente era Dora. A mesma insistiu em vir todos sábados limpar minha casa. Aquilo não era necessário visto que eu sabia desenrascar-me mas acho que ela queria arranjar uma forma de estar presente em minha vida.  

Dora era a única pessoa que sabia como eu tinha saudades da minha omma. Como eu ainda sofria com a sua morte. Ela ás vezes tentava falar de Jungkook mas eu sempre evitava esse assunto. Com o tempo eu fui convertendo minha dor em indiferença. Eu não queria sofrer mais por Jungkook visto que ele nunca mais voltaria a entrar em minha vida.  

Se tinha saudades dele?  

Tinha.  

Se sentia falta das nossas conversas?  

Sentia. 

Se sentia falta de tudo o que ele me fazia sentir?  

Obviamente. Jungkook foi meu primeiro e grande amor, mas eu coloquei em minha cabeça que não seria o último. Por muito que sentisse sua falta, eu sentia mais falta da vida que tinha antes de o conhecer. Podia não ter um companheiro e toda aquela paixão mas tinha estabilidade e segurança, e mais importante, tinha minha omma.  

… 

-Menino, você quer que eu faça o seu almoço?- Dora perguntou enquanto eu estava sentado no sofá escrevendo a letra da minha nova música.  

-Se não se importar- sorri levemente- Eu estou um pouco ocupado.  

-Claro que não me importo- sorriu- Já vai em que música?-perguntou curiosa.  

-Quarta- sorri orgulhoso.  

-Depois quando você for famoso eu  vou querer um autografo, está a ouvir?-perguntou divertida.  

-Obviamente- sorri.  

Dora foi tratar de meu almoço e passado um tempo me chamou para comer. Convidei-a a comer comigo.  

-Ontem seu pai foi à esquadra- Dora falou seriamente. Encarei-a.  

-Fazer o quê?-perguntei um pouco serio demais.  

-Saber se já haviam encontrado o paradeiro de Jungkook. Ele está muito empenhado em encontrá-lo- suspirou.  

-Ele...hm...-fitei o prato- Ele descobriu alguma coisa? 

-Não, não existem quaisquer novidades.  

Suspirei de alívio.  

-Porquê que eu acho que você não quer que ele seja encontrado?-ela perguntou.  

-Porque eu não quero- encarei-a.  

-Você acha que vai voltar a vê-lo?- perguntou seriamente. 

-Não- respondi sinceramente.  

-Você gostava?- sua voz suavizou. Suspirei e ri fraco. Era uma pergunta díficil. Se eu gostava de voltar a ver Jungkook? Se eu gostava de voltar a ver aquele ser lindo, com uns olhos que conseguiam ver minha alma, com uns lábios viciantes que me levavam à loucura?  

-Eu gostava sim- admiti- Mas não o quero ver. Ele ainda me afeta e tenho medo de cair no erro de o perdoar, porque o que ele fez não tem perdão possível.  

-Você ainda está magoado com ele, é normal não o querer ver.  

-Eu não estou magoado- falei tentando me convencer mais a mim do que a Dora- Ele é me indiferente a nível emocional e assim, mas a atração é algo que sempre existiu e sempre vai existir. Jungkook era muito bonito- falei seriamente.  

-Percebo- ela riu fraco- Acho bom que ao menos você esteja descartando a ideia de voltar a ter Jungkook, ele fez muito mal a você e outras pessoas, não seria bom para você ficar com alguém como ele. Se bem que o seu pai também não o iria permitir.   

-Eu não planeio ter Jungkook de volta na minha vida. Neste momento apenas minha carreira me importa.  

Jungkook Pov 

Já haviam passado 4 meses desde que estava com os rapazes. Mark arranjou-me emprego em sua loja de desporto. Infelizmente eu tinha de estar sempre com óculos  e uma touca  para parecer mais diferente da foto que circulava de mim. Felizmente, meu caso estava sendo esquecido. 

Estes últimos quatro meses foram os mais difíceis de toda a minha vida. Cada vez tinha mais vontade de estar com Jimin, de  sentir o seu corpo, de ouvir a sua voz, de sentir seu cheiro... 

Suspirei. 

-Qual é a razão desse suspiro?- Mark apareceu ao meu lado. Eu e Mark estávamos arrumando as coisas para fechar a loja.  

-Nada...- terminei de arrumar a minha parte.  

-Jungkook eu conheço você á quatro meses, não me tente enganar por favor- riu. Revirei os olhos. Mark era daqueles amigos chatos que quer sempre saber se você está bem e  que, verdade seja dita, nunca nos larga. Yugyeom já não era tão assim, ele sabia respeitar o meu espaço e compreendia-me bastante, ao contrário de Mark que questionava tudo e tentava arranjar sempre outras perspetivas das coisas.  

-Você sabe qual é a razão- encostei-me ao balcão.  

-Pois sei, mas quero que você me diga- ele insistiu.  

-Estava a pensar em Jimin e em como tenho saudades dele, satisfeito? 

-Bastante- ele riu mas logo ficou com uma expressão séria- Porquê que você não tenta lhe ligar? Nem que seja para ouvir sua voz.  

-Ele tem  meu numero, o mais provável é ele nem atender. 

-Você pode ligar do meu celular, isso se quiser, é claro- riu. Fitei o chão. Estava um pouco receoso. Já passaram quatro meses e tinha medo de fazer Jimin sofrer ainda mais do que ele deve ter sofrido pelo que eu fiz- Bom, vamos para casa. Assim você tem tempo para pensar no que quer fazer. 

Assenti.  

Quando chegámos a casa, Yugyeom já lá estava.  

-Já preparou o jantar?- Mark perguntou.  

-Era para preparar?- Yugyeom perguntou. Mark bufou.  

-Eu não sou seu empregado Yugyeom, você tem de ajudar de vez em quando- Mark falou aborrecido. 

Subi as escadas e fui para o meu quarto. Não queria ouvir mais uma discussão daqueles dois. Eu ás vezes achava que eles gostavam um do outro, sinceramente. Eu comecei a pensar isto pela forma como Mark ficava todo afetadinho por algumas coisas que Yugyeom fazia. Mas eles que se entendessem, eu não me ia meter.  

Peguei minha toalha que estava espalhada algures em meu quarto e fui até ao banheiro onde tomei banho.  

Mais tarde estava na sala jogando em meu celular enquanto que Yugyeom assistia TV completamente em silêncio, o que era raro. Mark estava na cozinha preparando o jantar.  

-Está tudo bem?- perguntei para Yugyeom. Ele suspirou.  

-Mais ou menos.Estas discussões com Mark deixam-me chateado. Não havia necessidade de discutir.  

-Você sabe que Mark se esforça bastante por nós. Ele faz o possível e o impossível. Eu acho que ele apenas queria que você contribuísse.  

-Jungkook!?-ouvi Mark me chamar.  

-Já volto- Yugyeom assentiu. Levantei-me e fui ter com Mark.  

-Com tudo aquilo do jantar esqueci-me da razão do seu suspiro. Você já pensou no vai fazer?- ele perguntou enquanto terminava de fazer o jantar.  

-Você me chamou por causa disso?- ri levemente. 

-Sim- ele respondeu simplesmente.  

-Tá. Sinceramente eu ainda não sei o que fazer. 

-O que é que o está a impedir?- ele encarou-me.  

-Tenho medo de piorar a situação.  

-Mas se você tem saudade dele, não vejo porque não.  

-Mark, não é tão simples assim. Eu matei uma das pessoas mais importantes da vida dele.  Nem imagino a dor que ele sentiu com o que eu fiz e estar a aparecer na vida dele novamente só vai fazer com que sua dor ainda seja maior.  

-Você não tem de falar, meta seu numero em privado.  

-Você acha?- perguntei receoso. 

-Tenho a certeza- sorriu.  

-É talvez eu tente... 

-Vá agora enquanto eu termino o jantar.  

-Tá...-saí da cozinha e fui diretamente para o meu quarto. Deitei-me na cama de barriga para cima. Coloquei meu celular em privado e fiquei olhando para o contacto de Jimin mesmo ali.  

Ganhei coragem e coloquei a chamar.  

Já pensava que ele não ia atender quando oiço sua voz. 

-Estou?- sorri involuntariamente- Quem fala?- Jimin parecia sério. Ouvi um suspiro- Isto é alguma brincadeira?- não respondi. Tinha tantas saudades dele. Meu sorriso desapareceu- Quem é que está aí?- Jimin perguntou. Senti meus olhos marejarem. Jimin suspirou novamente- Jungkook?- assim que ele disse meu nome senti minhas bochechas aquecerem. Ele esperava que fosse eu?  

-Jimin...-falei sentindo um nó na garganta.  

-Porquê que está a ligar?- perguntou friamente.  

-Eu sinto sua falta- falei tentando me controlar para não chorar.  

-Eu estou namorando, Jungkook. Não me ligue mais- ele falou firmemente. Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto.  

Jimin já havia me substituído? Não...não pode. Ele está mentindo. 

-Você está mentindo- falei com a voz trêmula.  

-Você achava mesmo que eu ia continuar a gostar de você depois do que você fez?- ele riu- Eu não ia ficar por aí chorando pelos cantos por causa de você. Você é um assassino, nada mais. 

-É mesmo isso que você pensa?-perguntei magoado. 

-Adeus, Jungkook- ele desligou.  

Apertei o celular em minha mão e atirei-o contra a parede. Virei-me para baixo e comecei a chorar não conseguindo controlar minhas emoções.  

Porquê que Jimin estava falando aquelas coisas? Ele sempre soube o que eu era. Eu pensava que ele me amava mesmo assim. Porquê que ele está me chamando de assassino quando eu salvei sua vida? Eu tinha de fazer uma escolha! Eu matei sua mãe para ele viver. Ele não compreende isso? 

Ouvi batidas na porta.  

-Jungkook, o jantar está...-Mark calou-se- O que é que aconteceu?- senti seu peso sobre a cama. Suas mãos começaram a acariciar minhas costas- Jungkook... 

-Ele soube que era eu...- funguei.  

-Vocês falaram? 

-Sim...- sentei-me e encarei-o- Ele falou que estava namorando- limpei as lágrimas que teimavam em cair.  

-Wow, ele esqueceu você assim tão rápido? 

-Não. Eu sei que ele ainda me ama. Eu sinto- funguei- Jimin não é pessoa de amar qualquer um... Eu acho que ele apenas me queria magoar... 

-Lamento imenso, Jungkook- Mark me abraçou. Correspondi ao abraço.  

-Eu também, Mark. Talvez esteja na hora de seguir em frente...