Jungkook Pov
-Jimin? - ouvi a voz de Jin e virei-me tal como Jimin.
-Jin...
-Oh graças a Deus você está bem!!- Jin foi até Jimin e abraçou-o desesperadamente. - Estava tão preocupado.
Enquanto Jin abraçava Jimin, eu vi que não éramos os únicos presos dentro daquela carrinha. Estavam lá todos. Jin...Namjoon...Taehyung...
- O que estão aqui a fazer? - Taehyung perguntou. Jimin deixou Jin e abraçou Taehyung começando a chorar.
-Desculpa, Tae!- ele falou. Engoli em seco. Eu sabia porquê que Jimin se estava a desculpar. Era difícil ver Taehyung sabendo que Hoseok não estava ali por nossa causa.
-Nós sabíamos que era algo que podia acontecer- Taehyung falou, sério. Ele afastou Jimin. O seu aspecto era horrível. O cabelo estava longo e sujo, o rosto tinha várias manchas negras, para não falar do seu olhar abatido.
- Ele morreu mesmo, não morreu? - Jimin perguntou entre soluços.
- Os polícias deixaram-no para morrer naquele chão gelado - Taehyung respondeu nostálgico.
- Nós lamentamos muito a sua perda. Hoseok era um moço de ouro.- Mark falou.
- Era não era?- Taehyung questionou enquanto me olhava sério e frio. Aquilo me perturbou, por isso decidi mudar de assunto. Afinal, estávamos todos fechados numa carrinha.
-Hm... alguém sabe o que está a acontecer? - perguntei. - Nós vínhamos vesitar-vos quando ouvimos umas explosões e depois apareceram uns homens de máscara que nos trouxeram para aqui.
Taehyung suspirou e sentou-se no chão da carrinha ao lado de Namjoon que permanecia em silêncio.
- A nós foi o mesmo. Eles apareceram do nada e trouxeram-nos para...- De repente a carrinha começou a andar.
- É melhor nos sentarmos, se ficarmos em pé podemos-nos magoar- Yugyeom falou se sentando. Mark, Jimin e Jin fizeram o mesmo. Bufei. Não queria ficar preso naquela carrinha enquanto nos levavam para sei lá onde.
Andei cambaleando até chegar ao vidro escuro que separava a parte de trás da carrinha com a da frente. Dei um soco no vidro, mas de nada valeu. O material do vidro era demasiado forte para ser quebrado com o meu punho.
Suspirei, frustrado. Não sabia o que fazer. Fui apanhado de surpresa por toda aquela situação.
-Jungkook...-ouvi Jimin. Virei-me e encarei-o. - É melhor sentar-se.
- Mas nós temos de sair daqui!! - falei, elevando o tom de voz. Jimin ia falar, mas apenas suspirou e fitou as próprias mãos. Ele não estava bem. Eles todos não estavam bem.
Suspirei e então sentei-me ao lado de Jimin. Ele me encarou e depois encostou sua cabeça no meu ombro. Peguei sua mão e entrelacei nossos dedos.
- Desculpe...- falei, enquanto acariciava sua mão. Jimin não disse nada.
A tensão naquela carrinha era palpável. Taehyung parecia um tanto perturbado, mas não o julgava. Eu tinha uma ideia de tudo o que ele estava a sentir, e...não devia ser agradável. A dor de perder alguém que amamos pode apagar a nossa identidade e pode causar muitos estragos psicológicos. No entanto, ficarmos presos naquela carrinha estava a ser esgotante. Segundo os nossos celulares, já estávamos em andamento à 6 horas. Seis horas sem comer, seis horas sem respirar ar puro, seis horas sem ir no banheiro. Já tentámos usar nossos celulares para chamar ajuda, mas não tínhamos rede suficiente, o que era estranho. Por isso, todos nós estávamos desesperando.
- Abram esta porra!!- Namjoon bateu no vidro pela quinta vez.
Suspirei.
Já todos tentámos a nossa sorte, mas nada. A carrinha não parava tal como a nossa impaciência para sair dali.
De repente, a carrinha parou. Levantamo-nos ansiosos para sair dali.
-Jungkook, algum plano? - Taehyung perguntou com um sorriso um tanto assustador no rosto.
Ah...eu tinha mesmo de nos tirar dali.
-Fazemos assim...Hm...- Pensei...pensei...e pensei... até que tive uma ideia.- Já sei! Assim que eles abrirem a porta, eu ataco-os e vocês tentam fugir.
-Você ficou burro?- Namjoon perguntou. - Acha que isso vai adiantar de alguma coisa?
-Eu não sei. Mas vale a pena tentar!- falei.
- Jungkook, você ainda leva um tiro. Não podemos arriscar- Jin falou.
- Acho que afinal o plano de Jungkook até é bom. Vá em frente, Jungkook! - Taehyung falou. Olhei-o confuso. Algo me dizia que ele queria que eu levasse um tiro.
- Tae... não diga essas coisas. Jungkook não os vai enfrentar sozinho. - Jimin falou, sério.
Do nada, a porta da carrinha é aberta e somos puxados um por um. Andámos todos em fila até uma pequena casa. Queria fazer alguma coisa, mas todos os homens estavam armados. Era uma luta perdida que podia trazer graves consequências.
Assim que entrámos na casa, fomos direcionados para um quarto. Lá dentro haviam 3 colchões grandes espalhados pelo chão. Havia também uma mesa com comida e água.
Quando já nos encontrávamos todos lá dentro, a porta foi trancada.
- O que é que está a acontecer? Porquê que somos só nós aqui?- perguntei andando pelo espaço não muito grande.
- Talvez seja aquele teu amigo James a querer lixar a nossa vida outra vez...ou melhor...a tentar destruir o resto que falta dela!!!- Taehyung respondeu agressivamente, nos alarmando.
-Hey... Taehyung...calma.- Jin falou.
-Calma o quê??? Não me peça para ter calma porque eu não consigo ter!!! Estávamos presos e agora fomos raptados da prisão? Onde é que isto faz sentido?? Alguém me responda!!- ele gritou enquanto lágrimas já escorriam pelo seu rosto. Ia falar quando ele me interrompe. - Você nem abra a boca, isto é tudo culpa sua!
-Taehyung!- Jimin falou surpreendido. - Eu sei do que o está a culpar e não é de estarmos aqui fechados! A culpa de Hoseok ter morrido não é de Jungkook! O alvo era eu!! Culpe-me a mim! Grite comigo! - Jimin falou exaltado.
-Não...a culpa é dele...- Taehyung limpou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto. - E tanto eu como você sabemos disso.
Taehyung virou costas e foi-se deitar virado para a pequena janela. Suspirei. Por um lado ele tinha razão...a culpa era minha.
- É melhor comermos e descansarmos da viagem- Jin falou cansado.
Eles afastaram-se e foram comer. Jimin estava ali ainda e logo se colocou à minha frente.
- Você não teve a culpa- ele sussurrou.
- Eu tive...
-Não.- Jimin agarrou meu rosto com ambas as mãos e olhou profundamente em meus olhos. - Você não teve. Taehyung está magoado...muito magoado...ele precisa de alguém para descarregar a sua dor, ele precisa de alguém para culpar.
Suspirei.
- Eu não sei o que fazer agora, Jimin - falei sentindo os meus olhos marejarem.
- Nós vamos arranjar alguma coisa. Não se esqueça que já estivemos em situações bastante piores. Nós daremos um jeito. - Jimin sorriu forçadamente.
- Amo você - falei.
- Eu sei. Eu também amo você - Jimin plantou um selinho em meus lábios.
Mais tarde fomos comer e descansar. Acabámos adormecendo, aconhegados num dos colchões.
Acordei durante a noite ouvindo um barulho estranho. Sentei-me no colchão e esfreguei os olhos. Estava escuro. Apenas a janela iluminava levemente o local. Vi Taehyung sentado no seu colchão olhando para a janela, ele chorava. Suspirei. Tinha de fazer alguma coisa.
Levantei-me com cuidado para não acordar Jimin e andei até onde Taehyung estava. Sentei-me ao seu lado. Ele não olhou para mim mesmo tendo notado a minha presença.
- Eu sei como dói, Taehyung. - falei baixo. Ele continuou calado. - Sei exatamente como é perder alguém que amamos. - Lembrei-me de Yoongi e de quando quase perdi Jimin. - A dor é insuportável e arde no nosso peito nos deixando desesperados. Desejamos ouvir a voz da pessoa amada, desejamos ver o sorriso, o olhar, as expressões da pessoa amada, desejamos sentir o toque e o cheiro da pessoa amada, desejamos tudo o que já não podemos ter da pessoa amada. Todo o amor que antes se sentia, transforma-se em dor. Tudo a nosso redor deixa de importar. Na nossa mente só existe a pessoa que partiu e a dor que deixou. - Ouvi Taehyung fungar. O seu choro tornava-se mais audível. - Eu sei o que está a sentir, Taehyung. Não se esqueça que eu já perdi pessoas muito importantes na minha vida, e também já fiz outras pessoas perderem. Ninguém sabe como isso me magoa. Saber que Jimin perdeu os pais por minha causa, saber que Yoongi morreu por minha causa, saber que muitas pessoas inocentes morreram por minha causa, saber que...Hoseok morreu por minha causa. - Senti uma lágrima teimosa escorrer por meu rosto. - As coisas não são fáceis, nunca foram e nem nunca vão ser. Mas vai sempre haver alguma coisa que nos vai fazer levantar. Há sempre algo pelo que lutar. Você não tem Hoseok, mas tem família e amigos que o amam, lute por eles, seja o seu melhor por eles. Mas se não o quiser fazer pelos outros, faça-o por si. Faça pelo Tae que existe algures dentro de você. Liberte-o da dor e deixe-o viver de novo. - Taehyung encarou-me com os olhos completamente inchados e suspirei. - Você terá sempre alguém que o ama e que se preocupa consigo. Você pode sempre contar connosco para se libertar dessa dor. Nós...
- Jungkook, chega...- ele falou com a voz trémula.
-Nós estaremos sempre aqui para si - terminei o que antes ia dizer.
- Eu...-ele limpou as lágrimas que insistiam em escorrer pelo seu rosto.- Tem sido tão difícil. Estes meses foram os piores da minha vida. Eu já pensei em...em partir. Já pensei em acabar com a minha vida. Na prisão deve haver muita gente que quer isso, e muitas vezes eu pensava "Porque não lhes dar esse gostinho?" ainda assim, eu nunca consegui. Mas...é tão difícil, Jungkook.
Olhei-o atentamente enquanto ele chorava. Um pouco hesitante, puxei-o para um abraço apertado que foi correspondido de imediato, me surpreendendo. Talvez Taehyung só precisasse de um ombro para chorar e de uns braços para o abraçar.
-Desculpe por o ter atacado à bocado. Eu estava fora de mim naquele momento.
Afastei-me de Taehyung e sorri levemente.
- Não tem problema, eu compreendo. Mas...isso quer dizer que estamos bem?
- Sim, penso que sim- ele falou mais calmo. Sorri, satisfeito.
- Nós vamos conseguir sair daqui.
- Sinceramente, é melhor aqui do que na prisão- ele riu fraco.
- Sim, acredito.
- Enfim...eu devia descansar. Minha cabeça dói.
-Nós deixámos um pouco de comida para você. A dor pode ser fome.
- Ok. Obrigado. Acho que vou comer e depois dormir um pouco.
- Parece-me bem. Eu vou voltar a dormir, se não daqui a bocado Jimin acorda sobressaltado por não me sentir ao seu lado. - ri fraco.
- Obrigado, Jungkook- ele falou serenamente.
- Ora essa. Eu só fiz o que achei que tinha de fazer - sorri e levantei-me indo até Jimin. Aconcheguei-me de novo e suspirei me sentindo realizado e de consciência mais tranquila.
No dia seguinte, acordamos com o estrondo da porta a ser aberta. Fomos novamente arrastados para a carrinha. Mal tivemos tempo de reagir devido à sonolência. Na carrinha, todos estavam cansados demais para falar ou fazer alguma coisa. Felizmente a viagem foi curta. Quando nos tiraram da carrinha vi que estávamos numa pista de aviões e havia um não muito grande no local.
Fomos arrastados até ao mesmo.
-Mas para onde é que vamos? -Mark perguntou atrás de mim.
-Não faço a mínima ideia- falei focado no avião que estava mesmo à nossa frente.
Os homens levaram-nos até ao interior do mesmo. Dois homens sem armas entraram noutra divisão chamando a minha atenção e atiçando a minha curiosidade. E se do outro lado estivesse quem estava por detrás deste esquema todo? Foi naquele momento que, impulsivamente, empurrei o homem que me segurava e corri até à porta da outra divisão abrindo mesma e entrando. Assim que vi quem estava ali, os meus olhos não queriam acreditar.
- Tu...
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