História Life - Conhecendo A

No final de Novembro de 2009, meus pais receberam a triste notícia: A filha deles havia reprovado em uma das escolas mais caras da cidade. Após muitas brigas e sermões, meu pai e eu saímos se carro para uma jornada de entrevistas sem fim em diversas escolas, mas naquela época ninguém gostaria de aceitar uma aluna reprovada. Fui rejeitada por diversas instituições até que uma resolveu me aceitar. Era um colégio grande e que nunca tinha ouvido falar antes, parecia ter um bom acompanhamento e uma boa coordenação. Estava matriculada.

Em Fevereiro de 2010 eu acordei bem cedo e fui levada por minha mãe para o meu primeiro dia de aula no colégio novo. Lógico que estava nervosa, não conhecia ninguém além da coordenadora. Passei pela porta de entrada e vi muita gente, alguns de farda e outros com roupas normais. No fim do corredor avistei 3 garotas andando juntas como se fossem as donas do pedaço, parecia um filme colegial norte americano onde havia um grupo de patricinhas que saíam juntas para as compras e debochavam dos outros. A mais alta, talvez a que mandasse no grupinho, era ruiva, magra e bonita, usava uma calça jeans azul rasgada nos joelhos e a blusa do colégio. A segunda garota tinha a minha altura, mediana, morena com cabelos castanhos crespo alisado, muito magra, estava vestida igual a ruiva. A última garota era a mais baixa, batia no meu ombro, tinha cabelos cor de mel, era a unica que estava com a farda completa e usando fones de ouvido.

Me direcionei a sala de aula e sentei na primeira carteira, que estúpida, nem sou CDF, porque sentei aqui? Passaram-se 3 fucking horários com uma garota novata desconfortável sentada na frente, até que chegou o intervalo. Comprei meu enrolado de salsicha , coloquei meus fones e comecei meu próprio show dentro de meus ouvidos, até alguém me cutucar. Era a coordenadora, me obrigando a sair do meu mundinho.

- Oi. E ai, ta gostando da escola?

- É legal. -  Eu respondi tentando não prolongar muito aquele diálogo.

- Ainda não fez nenhum amigo? - Após a pergunta, balancei a cabeça em negação.

- Vem comigo. - Que droga senhora, me deixa no meu canto, cão. Eu revirei os olhos e a segui.

Ela me levou na direção do trio de meninas que avistei mais cedo. Não sei porque, mas sentia que eu ia quebrar a cara hoje.

- Oi meninas. - A coordenadora se dirigiu a elas, todas olharam menos a baixinha - Essa é V, é novata. Ela pode sentar com vocês?

- Pode. - A ruiva disse abrindo um sorriso. A coordenadora me abandonou la enquanto a garota morena me puxou para sentar entre ela e a baixinha. - Então, meu nome é B, ela é VB e AQUELA ALI COM FONE é A.

- Prazer. - Mesmo com o grito que B deu pra A, ela não tirou os fones. Apenas olhou pra mim, fez um aceno curto e continuou a mexer no celular. 

Conversamos até o intervalo acabar e então voltamos para a sala. Não consegui falar muito com A, mas as outras garotas são muito legais e meio doidas. Assistimos mais 3 horários e quando saímos da sala minha mãe já me esperava na porta do colégio. Fui pra casa e o resto do dia fiquei martelando em minha cabeça sobre como conseguir conversar com A... não que seja importante.

Passaram-se alguns dias e eu já havia conseguido trocar algumas palavras com A, mas agora parecia que era só eu e ela, B e VB tinham seu próprio grupo deixando-me o tempo todo com aquela garota que, sem eu saber, estava me conquistando. Agora eu e A éramos melhores amigas (pelo menos era o que eu pensava).

***

Hoje eu tenho certeza do que sinto. De certo modo a loucura silenciosa dela combinava com a minha loucura extrovertida. A verdade é que eu não quero que você saiba. Não quero que descubra que existem fotos suas em uma pasta específica do meu computador, que tenho uma lista de reprodução com músicas apenas dedicadas a você. Não queria que meu amor fosse revelado, ainda temia a rejeição. Tudo que eu guardava em meu coração era a explicação de tantos anos aturando suas chatices hilárias. No meu leito de morte eu te conto.