— Não mova um musculo – Um garoto falou, ele tinha cabelos negros e olhos azuis, sem vida. Não devia ter mais de 18 anos. Estava com uma espingarda apontada para mim — E diga para seu amigo parar de roubar — Sua voz me assustava
— I-Irmão... — Gaguejei e o chamei. Ele me olhou e logo entendeu, deixou os milhos no chão e foi até mim. Charlie começou a chorar e V grunhia.
— Os faça parar! — O garoto berrou, irritado. Sua mão tremia, enquanto mirava na minha cabeça.
— Se acalma amigo... — Meu irmão tentava se aproximar dele, devagar. Comecei a tentar ninar Charlie e olhei para V, tentando fazê-la entender que era para ficar quieta.
— Não sou seu amigo! Agora, fica longe!
— Calma, não vou te machucar...
— Estou avisando... Fica longe! — Meu irmão pulou em cima dele, tirando a arma de suas mãos.
— Tsc, mais fácil que tirar doce de dente de bebê — Olhou para Charlie — Er, desculpa, homenzinho.
— Irmão... — Uma garota havia aparecido, estava com uma pistola apontada para a cabeça do meu irmão. Seus cabelos eram loiros, presos em um rabo de cavalo mal feito. Seus olhos azuis tinham vida, diferente dos do garoto.
— Se afasta, não quero te matar — Sua voz carregava certeza, sabia o que estava fazendo.
— Ok, ok. — Se afastou e colocou a espingarda no chão
A garota ajudou o garoto a se levantar.
— Está bem? – Sussurrou para ele que assentiu. Olhou para nos e antes, que pudesse dizer alguma coisa, alguém tirou.
O tirou quebrou uma janela e me fez soltar um grito, fazendo Charlie voltar a chorar. V começou a latir.
— Merda... — Meu irmão olhou para a janela, vendo eles, os militares — Alyce, temos que ir.
— Não...
— Como assim?!
— Nos atraímos esses caras para a casa deles! Temos que ajuda-los!
—... Um dia, eu vou morrer e a culpa vai ser sua.
— Eu sei.
Victor olhou para eles. Pegou a espingarda e jogou para a garoto, tirou uma sniper (que eu nem sabia que ele tinha) da mochila e deu para mim:
— Sei o quanto queria uma dessas — Voltou sua atenção para aqueles dois — Sem ressentimentos? — Estendeu a mão para o garoto, que apertou.
— Claro!
Outro tiro foi ouvido, dessa vez, furou a parede e raspou na minha perna. Fingi que não estava doendo e me segurei para não fazer uma careta.
— Ana e... Alyce — O garoto disse, com certa dúvida — Rápido, vão para o terraço! Tem munição no quarto a direita, vai, vai!
Eu e a tal de Ana corremos, subimos as escadas de dois em dois. Fui direto para o terraço, arrumando minha sniper. Ana foi para o tal quarto e pegou algumas munições, depois, já estava pronta ao meu lado.
— Já fez isso? — Ana perguntou, mordendo o lábio inferior.
— Com uma sniper, nunca — Sorri, começando a atirar.
Victor e o garoto estavam fazendo um bom trabalho também, além que V parecia chamar a atenção deles.
E Charlie? Por incrível que pareça, ele estava quieto. Acho que, eu não conseguiria ficar tão calma assim. Quero dizer... A qualquer momento, alguém pode vir e nos matar por trás. Mas, eu confiava em Victor, sabia que ele nunca deixaria ninguém me fazer mal. Eu também não deixaria.
Isso me lembra duma coisa...
10 Anos Atrás
— Você é o garoto novo? – Um grupo de grandalhões se aproximou do meu irmão, que estava comendo pão.
— Sim... — Não olhou para eles.
— Vimos o que você pode fazer — Se referia à aula de jiu jitsu que meu irmão havia tido mais cedo — E queremos saber... Quer fazer parte da nossa turma?
— O que quer dizer com isso? — Levantou o olhar, limpando a boca — Eu não quero me meter em confusão...
— Olha... Aquela ruivinha é sua irmã, não é?
— O que ela tem haver com isso?! — Seu tom carregava um pouco de irritação, odiava quando me envolviam nesse tipo de coisa.
— Calma... — Riu — Nos não queremos nada, mas... — Outro continuou — Vimos alguns garotos mais velhos olhando para ela... Não dá pra saber o que querem, mas se eu fosse você... Tomaria cuidado.
— E o que entrar para sua turma tem haver com isso?
— Apesar de sermos mais novos... Os caras mais velhos sabem que não podem com a gente... Se você vier conosco, não vão incomodar sua irmã, confia em mim.
Ele aceitou, para me proteger dos mais velhos.
Depois disso, ele foi obrigado a roubar e fazer coisas que não queria. Tudo para me manter longe de confusão. Ele sabia que, naquela época, eu não tinha força física para nada. Sabia muito bem disso.
Ele podia, simplesmente, ter deixado aqueles garotos fazerem o que bem entendiam comigo. Mas, não. Ele me protegeu.
Agora
Não é hora para pensar no passado, Alyce! Se concentre em explodir as cabeças desses caras!
Depois de algum tempo, finalmente terminamos. Todos estavam mortos. Meu irmão e o garoto comemoravam, Ana rezava.
E eu?... Acho que a ferida na minha perna foi mais seria do que eu pensava... Pois eu desmaiei.
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