1. Spirit Fanfics >
  2. Life and Death (Laucy) >
  3. :Malibu:

História Life and Death (Laucy) - :Malibu:


Escrita por: fckgcamz

Notas do Autor


Lauren e Lucy version Life and Death haha > espero q curtam!

Capítulo 1 - :Malibu:


 

 

27 horas antes: - Malibu, Califórnia.

 

O livre-arbítrio.

Alguns o chamam de o maior presente dado à humanidade. É a nossa capacidade de controlar o que acontece com a gente e exatamente como isso acontece. Nós somos os mestres de nosso destino e ninguém pode impor sua vontade sobre nós, se não o permitimos é claro.

Outros dizem que o livre arbítrio é a porcaria de um mito. Nós temos um destino predeterminado e não importa o que fazemos ou como duramente nós a combatemos, nossa vida vai acontecer exatamente como foi programada para acontecer. Somos apenas peões a um poder superior que nossos cérebros humanos e magros não pode sequer começar a entender ou compreender.

Minha melhor amiga, Alexa, me explicou algo uma vez, maios ou menos desse jeito; o destino é um trem de carga rolando em um curso conjunto que apenas o condutor sabe. Quando chegarmos ao cruzamento de via férrea em nosso carro, podemos optar por parar e esperar que o trem passe, ou tentar passar na frente dele e enfrentar a sorte.

Essa escolha é o nosso livre-arbítrio.

Se optar por correr na frente, o carro em que estamos pode parar sobre os trilhos. Podemos então escolher tentar ligar o carro ou esperar que o trem passe por cima de nós. Ou podemos sair para correr, e lutar contra o destino do trem bater em nós e nos matar exatamente onde estamos. Se optar por fazê-lo porém, pode acabar com o pé preso nos trilhos ou poderíamos escorregar e cair.

Poderíamos até dizer a nós mesmos, "não há nenhuma maneira possível que eu seja burra o suficiente para enfrentar o trem" e ficar para trás para esperar em segurança. Então, a próxima coisa que sabemos, é que um caminhão nos força por trás, nos jogando diretamente no caminho do trem.

Se o nosso destino a ser atingido pelo trem, seremos atingidos pelo trem. A única coisa que podemos mudar é a forma como o trem nos transforma em hambúrguer.

Eu, pessoalmente, não acredito nessa porcaria. Eu digo que controlo o meu destino e minha vida.

E é por isso mesmo que hoje me encontro nesse estado. Não vou negar que tomei umas decisões erradas – okay, muitas decisões erradas. Mas a pior delas talvez, tenha sido aquela que precisei fazer no verão passado, quando cometi o erro de entrar naquele avião.

Meu pai, um formidável mecânico – diga-se de passagem, se ofereceu para me levar ao aeroporto internacional de Nova York naquela manhã nublada de Agosto. E ele, de todas as pessoa, sabia  mais do que ninguém sobre o meu histórico de decisões tomadas de última hora.

— Lauren. — disse ele, tentando me convencer a ficar em Nova York pela milésima vez antes de eu entrar no avião — Sabe que pode mudar de ideia, não sabe?

Papai se parece comigo, exceto pelo cabelo curto espetado e pelo rosto sarcástico. Senti um espasmo ao encarar os olhos inchados e bem abertos dele. Como poderia deixar meu alcoólatra, errático e ingênuo pai para se cuidar sozinho? Claro, ele tinha a nova namorada executiva, então as contas provavelmente seriam pagas, haveria comida na geladeira, gasolina no carro, e alguém pra ligar quando ele se desmaiasse em barzinhos desconhecidos. Mas ainda sim...

— Eu quero ir. — Menti.

Posso dizer que sempre fui uma péssima mentirosa, mas já estava contando essa mentira tão frequentemente por esses dias que agora já soava quase convincente para os meus amigos. Claro, meu pai era outra coisa.

— Tudo bem... — ele encheu os pulmões de ar. — Diga a sua mãe que mandei lembranças.

— Pode deixar. — pisquei.

— Verei você logo — ele insistiu.  — Sabe que pode voltar pra casa quando quiser. Virei assim que você precisar.

Meu coração apertou por um segundo, mas pude perceber o sacrifício em seus olhos por trás da promessa.

— Não se preocupe comigo — eu pedi — Vai ser ótimo. Amo você, papai.

Ele me abraçou apertado por um tempo considerado, e então desapareceu entre os outros passageiros quando entrei no avião.

De Nova York para o Colorado o voo dura seis horas, mais uma hora num pequeno avião até Los Angeles, e então uma hora de carro até Malibu. O voo não me incomodava; ate porque eles me disseram que a vista era deslumbrante. E que eu veria palmeiras quando chegasse.

Claro que eu não acreditei neles, mas foi o que me disseram. Me disseram que eu seria capaz de vê-las do avião.

Oh, eu sei que eles têm palmeiras no norte da Califórnia. Quer dizer, não sou uma idiota completa. Assisti a série 90210, e tudo mais. Mas eu estava indo para o sul da Califórnia. Não esperava ver palmeiras no sul da Califórnia. Não depois que minha mãe me impediu de doar todas as minhas blusas.

— Oh, não. — ela tinha dito. — Você vai precisar delas. Suas capas também. Pode ficar frio lá. Talvez não tão frio quanto em Nova York, mas bem friozinho.

E era por isso que eu usava minha jaqueta preta de couro de motociclista no avião. Poderia ter enviado, acho, com o resto da bagagem, mas a conversa de me fez sentir que era melhor usá-la.

Lá estava eu naquele avião, com uma jaqueta de motociclista, vendo as palmeiras pela janela ao aterrissar. E pensei: genial. Jaqueta de couro e palmeiras. Não podia ter sido melhor, exatamente como eu achava que seria...

... Não.

Minha mãe não gosta muito da minha jaqueta de couro – ela achava meio lésbico -  mas juro que não a vesti para deixá-la furiosa, ou algo assim. Não fiquei aborrecida com o fato de ela ter decidido casar com um sujeito que vive a 4.800 quilômetros de distância, me obrigando a sair do colégio no meio do primeiro ano; a abandonar o meu pai e a melhor – no fundo, a única – amiga que tive desde o jardim de infância; além de deixar a cidade onde vivi todos os meus 16 anos.

Não mesmo. Não fiquei nada aborrecida.

Pois o fato é que eu realmente gosto do Michael, meu novo padrasto. Ele é bom para a minha mãe. Ele a deixa feliz. E é superbonzinho comigo.

Essa história de mudar para a Califórnia é que me deixou meio fora de esquadro.

No entanto, mamãe parecia genuinamente feliz que eu iria morar com ela quase que permanentemente pela primeira vez. Ela já tinha me matriculado na escola e ia me ajudar a arranjar um carro para que eu não precisasse dividir o jipe com Chris.

Oh, já mencionei os dois filhos de Michael?

Estavam todos lá para me receber quando o avião pousou em Los Angeles debaixo de um sol escaldante de 32°C. Minha mãe, Michael e os dois filhos dele. Chris e Taylor. Meus novos meios-irmãos. Todos eles pareciam brilhar com a tamanha luminosidade no saguão de desembarque. Não achei que fosse um mal pressagio, só era inevitável. Eu já tinha me despedido do céu acinzentado de Nova Iorque há um tempo.

— Lauren! Lo!

Mesmo que eu não tivesse ouvido minha mãe berrando meu nome quando passei pelo portão, não tinha como deixar de vê-los – minha nova família. Michael fazia o filho mais velho segurar aquele enorme cartaz dizendo “Bem-vinda ao lar, Lauren!”.

Todos os passageiros que saíam do avião passavam por ali e ficavam dizendo “Olha só que gracinha!” e sorrindo para mim com aquele olhar enjoativo.

É isso aí. Não podia mesmo ter escolhido melhor. Estou acertando horrores.

— Tudo bem — fui dizendo, enquanto me aproximava depressinha da minha nova família. — Agora podem abaixar isso aí.

Mas a minha mãe estava preocupada demais em me abraçar para prestar atenção. Ficava dizendo: “Minha Lolo!”

Eu odeio quando alguém que não seja minha mãe me chama de Lolo, de modo que fui logo tratando de fulminar Tay e Chris com um olhar bem malvado, para que não alimentassem qualquer esperança. Eles ficavam só rindo para mim por cima daquele cartaz imbecil, Chris por ser boboca demais, Taylor porque... bem, ela até que podia estar contente mesmo em me ver. A Taylor tem dessas esquisitices.

— Como foi de viagem, mocinha?

Michael tirou a mochila do meu ombro e botou no dele. Visivelmente, estranhou o peso:

— Uau! O que você está trazendo aqui? Não sabia que é considerado crime contrabandear hidrantes de Nova York para outros estados?

Sorrio para ele. Michael é aquele tipo de pateta grandalhão, mas é um pateta legal. Não devia ter a menor ideia do que é considerado crime no estado de Nova York, pois só esteve lá umas cinco vezes. E por sinal foi o suficiente para convencer minha mãe a se casar com ele.

— Não é um hidrante — respondo. — É um parquímetro. E ainda tenho mais quatro malas.

— Quatro? — Michael fingiu estar espantado. — Você por acaso pensa que está fazendo uma mudança...?

Mencionei que Michael pensa que é um comediante? Só que não é. Ele é carpinteiro.

— Lo— Taylor falou, todo entusiasmada. — Você reparou que na aterrissagem a cauda do avião sacudiu um pouco? Foi uma corrente de ar ascendente. Acontece quando uma massa de ar que se move em grande velocidade vai de encontro a uma corrente de vento com velocidade igual ou maior.

Taylor, a filha mais nova de Michael, tem 14 anos, mas parece que tem uns 40. Na festa do casamento, ficou quase o tempo todo falando comigo sobre mutilação de gado estrangeiro, e que a tal da Área 51 não passa de uma grande farsa do governo americano, que não quer que a gente saiba que Não estamos sozinhos...

— Puxa, Laur — minha mãe repetia. — Estou tão feliz por você ter vindo. Vai adorar a casa. No início não parecia que era o nosso lar, mas agora que você está aqui... E espere só até ver o seu quarto. Michael deixou-o uma gracinha...

Antes de se casarem, Michael e minha mãe passaram semanas procurando uma casa que tivesse pelo menos um quarto para cada filho. Finalmente se decidiram por aquela enorme casa na colina do condomínio de DeVere Heights, que só puderam comprar porque estava num estado lamentável, e a firma de construção para a qual Michael costuma trabalhar a reformou por um preço supercamarada. Há dias minha mãe vinha falando sobre o meu quarto, que ela jura ser o mais bonito da casa.

— Que vista! — dizia ela a toda hora. — Da sacada do seu quarto dá para ver o mar! Puxa, Lolo, você vai adorar.

Eu sabia que certamente iria adorar. Exatamente como adoraria trocar o bagel de Nova York por brotos de alfafa, o metrô pelas pranchas de surfe e tudo mais.

Não sei bem como nem por que, mas Chris conseguiu abrir a boca e perguntar com aquela voz abobalhada:

— Gostou do cartaz?

Nem consigo acreditar que ele tem ano a menos que eu. Mas não dava mesmo para esperar outra coisa: ele está na equipe de luta livre. A única coisa em que consegue pensar, pelo o que pude perceber quando tive que ficar sentada a seu lado na festa de casamento (fiquei sentada entre ele e Taylor, dá para sentir como a conversa fluiu), é em chaves de pescoço e shakes de proteína para ganhar massa muscular.

— É mesmo, grande cartaz — respondi, arrancando-o das suas mãos e virando-o de cabeça para baixo para ninguém mais ler os dizeres. — Podemos ir agora?

Quero pegar minhas malas antes que alguém tenha a mesma ideia.

— Claro, claro — disse mamãe, dando-me um último abraço. — Puxa, estou tão contente de te ver! Você está tão bem...

Foi então que ela falou, embora estivesse na cara que não queria dizer, mas disse mesmo assim, baixinho, para ninguém mais ouvir:

— Pensei que já tivesse falado com você sobre a jaqueta, Lauren. E achei que você tinha jogado fora esses jeans.

Eu estava usando meus jeans mais velhos, os que são rasgados nos joelhos. Combinavam perfeitamente com a minha camiseta de seda preta e minhas botas de zíper. Aquela combinação dos jeans, botas, jaqueta preta de motociclista e minha mochila das forças armadas me faziam parecer uma adolescente rebelde fugindo de casa num filme da TV.

Mas, puxa, para atravessar o país num avião durante quase nove horas, a gente tem mais é que se sentir confortável.

Foi o que eu disse, e minha mãe revirou os olhinhos e deixou pra lá. É o lado bom da minha mãe. Ela não fica insistindo, como outras mães. Chris e Taylor não têm nem ideia de como são sortudos.

— Tudo bem — concordou ela. — Vamos pegar sua bagagem. — E levantando novamente a voz, chamou: — Vamos, Chris. Vamos pegar as coisas da Laur.

Ela precisou puxa-lo pela orelha, pois ele parecia que já estava dormindo em pé. Uma vez perguntei a minha mãe se Chris, que já está adiantado no colegial, sofre de narcolepsia ou é viciado em alguma droga, e ela estranhou que eu estivesse perguntando aquilo. É que o cara fica lá piscando o tempo todo sem falar com ninguém.

Espera aí, não é verdade. Uma vez ele realmente falou comigo. Perguntou se eu fazia parte de alguma gangue. Foi no casamento, quando me viu beijando uma garota e dois me acabou me pegando do lado de fora fumando um cigarro, com minha jaqueta de couro por cima do vestido de dama de honra.

— Vê se me esquece, tá bem?

Eu nunca mais vi a garota e aquele foi o primeiro e único cigarro que eu jamais fumei. O estresse era muito grande. Eu estava preocupada com o casamento da minha mãe, ela ia se mudar para a Califórnia e podia até me esquecer. Juro que nunca mais fumei nenhum.

E não me interpretem mal quando falo do Chris. Com seu um metro e oitenta e tal, a mesma cabeleira castanha rebelde e os mesmos olhos amendoados brilhantes do pai, ele é o que a minha melhor amiga, Alexa, chamaria de quente. Apenas não é exatamente a mente mais brilhante do mundo, se é que me entendem.

Taylor continuava falando da velocidade do vento. Explicava qual a velocidade necessária para que o avião pudesse romper a força gravitacional da Terra. É conhecida como velocidade de decolagem. Decidi então que poderia ser útil ter Taylor por perto para os deveres de casa, mesmo eu sendo duas séries mais adiantada que ela.

Enquanto Tay falava, eu ia olhando em volta. Era a primeira vez que eu ia à Califórnia, e vou dizer uma coisa: embora ainda estivéssemos no aeroporto – e não era qualquer um, mas o Aeroporto Internacional de LAX – já dava para sentir que não estávamos mais em Nova York.

Quer dizer, para começar, era tudo limpo. Nada de sujeira, nem de bagunça, nem pichações. O saguão era todo em tons pastéis, e qualquer um sabe que a sujeira aparece mais em cores claras. Por que você acha que os nova-iorquinos se vestem de preto o tempo todo? Nada a ver com estar na moda. Não mesmo. É só para não precisar botar as roupas para lavar toda vez que saímos com elas.

Mas este problema não parecia existir na ensolarada Califórnia. Pelo o que eu podia perceber, a moda eram os tons pastéis. Passou por nós uma mulher vestindo calça colante de ginástica cor-de-rosa e top branco. E só. Se aquilo era estar vestido a caráter na Califórnia, dava para ver que eu ia passar pelo maior choque cultural.

Lá fora, o sol se derramava nas palmeiras que eu vira do céu. No estacionamento havia gaivotas ciscando – nada de pombos, gaivotas mesmo, grandes gaivotas brancas e cinzentas. E quando fomos apanhar minha bagagem, ninguém se preocupou em saber se os adesivos nelas combinavam com os meus canhotos. Nada disso. Todo mundo só ficava dizendo “Até logo! Tenha um bom dia!”.

Completamente surreal.

Antes de eu viajar, Alexa (ela era a minha melhor amiga no Brooklyn; bem, na verdade, a minha única amiga) tinha me dito que eu veria que ter dois meios-irmãos tinha lá suas vantagens. E ela sabia do que estava falando, pois tinha quatro meios-irmãos. Seja como for, não acreditei nela, assim como não havia acreditado nas pessoas que falavam das palmeiras. Mas quando Chris pegou duas malas minhas, Michael pegou as outras duas e não precisei carregar absolutamente nada, pois Taylor já estava com a minha mochila de mão, finalmente entendi do que ela estava falando: os irmãos podem ter sua utilidade. Podem carregar o que é pesado de verdade como se não fosse nada.

Afinal, eu tinha feito minhas malas, e sabia o que havia nelas. Não estavam nada leves. Mas Michael e Chris iam andando assim, tipo, sem problema, vamos nessa.

De posse da minha bagagem, fomos para o estacionamento. Quando as portas automáticas se abriram, todo mundo – inclusive minha mãe – levou a mão ao bolso para colocar os óculos escuros. Aparentemente estavam todos sabendo alguma coisa que eu não sabia. Mas bastou chegar à calçada para entender o que era.

Está ensolarado aqui!

E não apenas ensolarado – é uma luminosidade incrível, tão forte e colorida que os olhos doem. Eu também tinha os meus óculos escuros; estavam em algum lugar, mas como estava fazendo uns cinco graus e caindo chuva de granizo quando saí de Nova York, nem me passou pela cabeça deixá-los à mão. Quando minha mãe me disse que nós íamos nos mudar – ela e Michael decidiram que era mais fácil ela se mudar, pois tinha só uma filha e trabalhava como repórter de televisão, do que ele, que tinha dois filhos e um negócio próprio –, ela me explicou que eu ia adorar o sul da Califórnia.

E agora ali no estacionamento, passando os olhos pelas colinas ao redor do Aeroporto Internacional de Los Angeles, eu podia ver que havia mesmo muitas colinas, e que a relva nelas estava ressecada e amarelada.

Mas, espalhadas pelas colinas, havia umas árvores diferentes de todas que eu já tinha visto. Eram achatadas no alto, como se um punho gigantesco tivesse vindo do céu e dado um murro. Mais tarde eu ficaria sabendo que eram ciprestes. E pelo estacionamento todo, que evidentemente tinha um sistema de irrigação, havia arbustos enormes com flores vermelhas gigantescas, quase sempre ao redor de palmeiras incrivelmente altas e grossas. Depois, olhando melhor as flores, eu descobriria que eram hibiscos. E os estranhos besouros que ficavam pairando em volta, com um zumbido, não eram besouros coisa nenhuma, mas beija-flores.

— Claro — disse minha mãe quando eu observei isto. — Eles estão em toda parte. Lá em casa nós temos bebedouros para eles. Se quiser você pode pendurar um na sua janela também.

Beija-flores bebendo aguinha na nossa janela? Lá no Brooklyn os únicos pássaros que vinham até a minha janela eram pombos. E minha mãe não chegava exatamente a me estimular a alimentá-los.

Meu momento de alegria com os beija-flores foi interrompido quando Chris de repente anunciou que ia dirigir, e se encaminhou para o assento do motorista do enorme utilitário de que nos aproximávamos.

— Eu vou dirigir — disse Michael com firmeza.

— Puxa, pai —Chris disse. — Como é que eu vou conseguir a minha carteira se você nunca me deixa praticar?

— Você pode praticar no Rambler — respondeu Michael, abrindo o porta-malas do Land Rover e começando a acomodar minha bagagem.  — Lauren pode te ensinar se quiser.

Chris olhou para mim, pronto para rebater antes de ser rapidamente interrompido pela minha mãe. Que tomou a deixa para começar a fazer uma longa e detalhada descrição sobre o colégio para o qual eu iria, o mesmo que era frequentado por Chris e Taylor.

O enorme colégio, batizado com o nome de DeVere High, assim como em DeVere Heights - o condomínio fechado onde morávamos – e a Universidade de DeVere e também o Museu Nacional de Arte Moderna de DeVere e blá blá... Se parecia mais como uma mansão do que como uma escola do Ensino Médio. Na realidade eu não estava ouvindo o que minha mãe dizia. Meu interesse pela escola sempre foi mais ou menos igual a zero.

Eu estava espremida entre o Taylor cuja cabeça já estava repousando no meu ombro e Chris quando chegamos a nossa casa. E claro, o lugar tinha que ser perfeito.

Minha nova casa era enorme e inacreditavelmente bonita, com direito até a torrezinhas de estilo vitoriano e uma plataforma-mirante no telhado. Minha mãe mandara pintá-la de azul, branco e creme, e ela era cercada por grandes pinheiros frondosos e arbustos floridos por toda parte. Com três andares, toda construída em madeira e não com a terrível combinação de vidro e aço ou a terracota de que eram feitas as casas ao redor, pode-se dizer que era a casa mais charmosa e de bom gosto da vizinhança.

Um calafrio percorreu meu corpo.

Quando concordei em me mudar para a Califórnia com minha mãe, sabia que teria de enfrentar muitas mudanças. As alcachofras à beira da estrada, as plantações de limão, o mar... nada disso tinha importância. Eu sabia que maior mudança seria ter de compartilhar minha mãe com outras pessoas... Mas no entanto, lá no fundo, minha consciência apitava;

 Tinha algo muito errado com aquele lugar.

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado, se quiserem mais, já sabem hehe comentem


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...