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História Life Is Better With You - La Vie en Rose


Escrita por: HelloItsLumi

Capítulo 19 - La Vie en Rose


Eu não estava dormindo.

Meus olhos estavam fechados, mas eu continuava acordada. A mão de Emma, fazendo carinho em meu braço me dizia que ela também estava com problemas para dormir, mas não era ruim. Ficar nos braços daquela loira nunca foi ruim.

Quando ouvimos um grito estridente, nos sentamos na mesma hora. Emma se colocou na cadeira de rodas e fomos “correndo” até o final do corredor.

Henry estava completamente suado. Seu rosto e respiração ofegante demonstravam seu pavor. Me sentei ao seu lado enquanto Emma se aproximava lentamente. O abracei de lado e ele limpou as lágrimas que caiam.

- Desculpe… - sussurrou. - Eu tive um pesadelo.

Emma o olhou com delicadeza.

- Nunca peça desculpas por ter medo – falou ela. - Sabe, quando eu tinha a sua idade, os sonhos ruins sempre me visitavam – deu um pequeno impulso e se sentou do outro lado da cama, colocando seus braços em volta dele. - Então, seus avós cantavam uma música para mim.

Ele deitou a cabeça em seu ombro.

- Qual?

- A minha música romântica preferida… quer ouvir? - ele assentiu com a cabeça e eu fiquei apenas assistindo aquela maravilhosa cena.

Emma começou a cantar baixinho e apenas elevou um pouco seu tom de voz. A melodia de La Vie En Rose começou a soar pelo quarto, me fazendo sorrir instantaneamente. Sua voz era linda e, com aquela música, ficava perfeita.

Henry foi ficando mais mole e relaxado. Quando a música acabou, ele já estava, novamente, no mundo dos sonhos. E dessa vez, acho que eram sonhos bons.

- Eu não pensei que isso fosse realmente funcionar – sussurrou ela.

Quando se virou para mim com aquele lindo sorriso no rosto, percebeu minha cara de boba.

- O que?

- Você é incrível.

Ela sorriu convencidamente.

- Eu sei… eu te amo – sussurrou, me fazendo sorrir ainda mais.

- Eu também te amo – sussurrei de volta.

*

- Regina? - voltei a prestar atenção em minha irmã. - O que foi? - perguntou confusa.

Suspirei.

- Nada… só fiquei imersa em algumas memórias - respondi com uma voz cansada. - E então?

Ele respirou fundo com um semblante nada feliz.

- Você fez bem em trazê-la para cá, mas quando ela chegou aqui, sua capacidade de respirar era bem limitada…

- Apenas fale Zelena – ela sorriu tristemente.

- Nesse momento, Emma está ligada a aparelhos que a ajudam a respirar. Sem eles… sem eles ela não sobreviveria a noite.

Eu sabia o que estava vindo. Eu sabia contra o que eu estava lutando. Mas mesmo assim, meu mundo desabou naquele momento.

- Não – falei simplesmente.

- Gina…

- Não! - gritei, fazendo todos na sala de espera me encararem um tanto tristes. - Eu não estou pronta Zel – falei em um tom mais baixo, tentando segurar as lágrimas. - Eu pensei que estaria… pensei que quando o momento chegasse, eu não iria ficar assim, mas… eu não posso perdê-la – desesperada, me aproximei e agarrei seu braço. - A concerte Zel… por favor.

Eu via minha irmã tentar controlar as próprias lágrimas.

- Eu também amo ela sis… você sabe que, se eu pudesse, faria qualquer coisa para curá-la. Mas… não dá. Eu não posso curá-la… ninguém pode.

Aquelas palavras eram difíceis de serem ouvidas e sei que eram difíceis de serem proferidas. Mas ela sabia que eu tinha que ouvir aquilo. Eu não queria que fosse real… não podia ser.

- Eu não posso… - não consegui terminar a frase e comecei a chorar, sendo amparada por minha irmã.

Ela me sentou novamente na cadeira e me abraçou de lado, me permitindo colocar tudo o que eu sentia para fora. A dor era enorme e ninguém sabia como amenizá-la. Ela me abraçou até o meu choro diminuir. Quando aconteceu, ela se afastou um pouco e limpou minhas lágrimas, me fazendo perceber que também havia algumas em seu rosto.

- Fique com ela – disse com a voz embargada. - Eu ligarei para a mamãe e ela pegará o Henry da casa do Herc. Ligarei para todos. Emma ainda pode ser acordada e ela terá que tomar uma decisão.

Assenti com a cabeça e ela beijou minha testa. Naquele momento, eu estava, realmente, com muito medo.

 

Emma não estava acordada.

Fiquei do lado de fora, vendo seu frágil corpo conectado por vários tubos. Eu não podia me aproximar, eu não conseguia. Não naquele momento. Seria real demais para mim. Eu não sei quanto tempo fiquei vendo ela dormir. O hospital era muito silencioso. Eu só conseguia ouvir o barulho que as máquinas faziam para ajudar Emma a respirar e, de vez em quando, um telefone tocar ao longe.

- Mãe? - a voz de Henry me “acordou”.

Ele veio andando lentamente até mim. Me abraçou de lado e olhou para dentro do quarto,

- Chegou a hora, né? - assenti com a cabeça.

- É… - ele se afastou e me olhou nos olhos.

- Não chore – disse, limpando as lágrimas que eu nem sabia que estavam caindo.

Seu semblante era triste, derrotado. Mas consegui perceber que estava se mantendo forte por mim. Aquilo me fez sorrir minimamente e colar nossas testas.

Minha mãe apareceu logo em seguida, me abraçando de lado e me permitindo deitar minha cabeça em seu ombro. Pouco tempo depois, meus sogros apareceram esbaforidos no hospital. Quando me olharam, eu sorri tristemente para eles e Mary começou a chorar.

David a abraçou fortemente, beijando sua cabeça e falando algo que eu não consegui entender. Ele tentava não chorar, mas aquilo era algo impossível de se fazer. Pouco tempo depois, todos já estavam no hospital, menos Tinker e August, que ainda estavam vindo de Pensilvânia.

Zelena chamou os pais de Emma e eu para entrarmos no quarto. Começou a retirar a anestesia e ela acordou minutos depois, assustada. Tentou falar, mas os tubos em sua boca a impediam.

- Ei, não tente falar – Zelena disse, tentando a acalmar.

Ela arregalou os olhos quando me viu e eu apenas pude sorrir tristemente. Ela sabia o que aquilo significava. Eu conseguia ver isso em seu olhar.

- Emma – Zelena chamou sua atenção novamente. - Você sabe onde está? - ela, depois de pensar por alguns segundos, assentiu com a cabeça. - Emma – começou. -, quando você deu entrada no hospital, você não conseguia respirar direito. Lembra disso? - ela assentiu novamente. - Isso se deu ao fato de que seu cérebro não consegue mais mandar pulsos que controlam a sua respiração. Pelo menos, não pulsos inteiros… A questão é: se eu remover os tubos, você irá conseguir respirar, mas só por algumas horas. Mas você também pode optar por não desligar a maquina – ela negou com a cabeça no mesmo momento.

Ela sabia que se não a desligasse, iria morrer um pouco mais para frente, mas de um jeito muito mais doloroso.

- Emma… você não quer ficar ligada às máquinas? Você quer removê-las? - perguntou Zelena.

Emma olhou para seus pais e os mesmos tinham voltado a chorar. Olhou para mim e eu sorri tristemente mais uma vez. Quando vi ela assentindo com a cabeça, o meu coração se despedaçou em mil pedaços. Eu não queria que ela sofresse, mas também não queria que se fosse.

Zelena assentiu e segurou o choro. Saiu a passos largos do quarto e eu fui atrás.

- Zel – a chamei, a fazendo se virar para mim. - E agora?

Ela sorriu sem humor.

- Agora nos despedimos.

*

Os aparelhos foram removidos apenas quando Tinker e August chegaram. Emma não queria fazer aquilo sem eles.

Segurei sua mão enquanto os tubos saíam de sua garganta.

- Hey – disse em um meio sorriso com uma voz cansada.

- Hey… - respondi, já com a com a voz embargada.

Eu saí do quarto.

Emma queria falar com todos e eu não conseguia ficar ali, assistindo. Fiquei com Henry do lado de fora.

- Regina? - ouvi uma voz familiar me chamar e quando virei a cabeça, não pude deixar de dar o primeiro sorriso genuíno do dia.

- Ingrid? - ela correu até mim e eu me joguei em seus braços.

- Eu voltei mais cedo e fiquei sabendo do que tinha acontecido – sussurrou em meu ouvido.

Me separei dela e a encarei.

- Minha mãe te avisou, não foi?

Ela sorriu.

- Ela sabe como chamar a minha atenção – disse com os olhos… brilhando? Mas logo esse brilho desapareceu. - Ela…

- Não… - respondi antes que ela pudesse terminar a pergunta.

Seu olhos marejaram na mesma hora. Eu sabia o quanto Emma significava para ela. Era como uma filha…

-Ela vai querer falar com você – falei, apontando com a cabeça para o quarto.

Ela sorriu levemente e beijou minha bochecham seguindo para o quarto logo em seguida. Mary e David saíram do quarto um tempo depois, um pouco melhores, mas as lágrimas ainda eram existentes em seus olhares.

August e Tinker.

Graham e Ruby.

Killian e Neal.

Belle, Zelena e Amelia.

Minha mãe.

Todos.

Todos falaram com ela, menos eu e Henry.

Nós entramos lentamente no quarto e quando Emma nos viu, seu sorriso foi lindo. Henry andou um pouco mais rápido e a abraçou fortemente.

- Eu não quero que você vá – sussurrou em um tom que eu fui capaz de ouvir.

- Eu sei – respondeu ela. - Eu também não… - ele se afastou, fazendo com que ela conseguisse o encarar. - Você foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida – falou com dificuldade. - Obedeça a sua mãe, limpe seu quarto – disse, o fazendo rir um pouco. - e convide aquela Violet para sair – falou em um tom sério. Eu queria brigar com ela, mas eu não iria conseguir fazer isso naquele momento. - Okay? - perguntou.

- Okay – sussurrou, chorando sem pudor. - Eu te amo mãe – disse, colando suas testas.

- Eu também te amo meu filho – respondeu Emma, beijando sua testa. - Agora vá – falou, o fazendo se afastar. - Não quero que veja isso.

Ele assentiu com a cabeça e lhe deu um último beijo, saindo apressadamente do quarto logo em seguida. Ele queria chorar em paz.

- Ei – chamou minha atenção. - Nunca terminamos de ler o livro.

Eu sorri. Não pude deixar de sorrir. Fui até a minha bolsa que estava em cima de uma poltrona e peguei um exemplar do livro da Ingrid que eu sempre levava comigo Em casa, era seu nome.

A coloquei um pouco para o lado e deitei ao seu lado, a colocando em cima de mim, para que eu pudesse a sentir por inteiro e comecei a ler as últimas frases que faltavam do livro.

 

Marina não sabia o que fazer. Estava confusa. Ela sentia que precisava ir, mas não conseguia. Algo queria a manter naquele lugar. Mas ela precisava ir. Ela tinha que ir. Se não fosse, não seria só ela que iria sofrer.

Acordou antes do sol nascer. Juntou suas poucas coisas dentro de uma mochila e, antes de sair, olhou para as camas que eram habitadas por suas irmãs. Elas dormiam serenamente, mas, de algum jeito, sabiam que quando acordassem, sua irmãzinha não estaria dormindo em sua pequena e desconfortável cama. E por algum motivo, não se chateavam por isso. Sabiam que ela tinha que ir. Tinha que encontrar sua própria história.

Andou até os estábulos e montou em seu fiel corcel. Cavalgou lentamente para os limites da pequena cidade, mas, mesmo não querendo, olhou para trás. Olhou para trás e viu a cidadezinha mais uma vez. A sua pequena praça, sua pequena capela, o bosque que a cercava. Aquela era sua casa. Ela estava em casa. Mas não estava em seu lar.

Se permitiu sorrir.

Sorriu até seu rosto doer.

E com aquele sorriso no rosto, se virou novamente para a trilha que a esperava. Ela se foi com o cavalo e com um sorriso no rosto, carregando todas aquelas suas maravilhosas lembranças para um outro local. Para o seu futuro lar.

 

Emma respirava com muita dificuldade, mas seu rosto continuava enterrado em meu pescoço. Eu conseguia sentir que estava sorrindo e isso acalmava meu coração

- Regina – me chamou com a voz fraca. - Eu te amo… mais do que eu amo a mim mesma…

Eu suprimi meu choro e a abracei mais forte.

- Eu também te amo minha loira maravilhosa – sussurrei.

Você deveria ir – ela disse.

- Não – respondi. - Eu não vou a lugar algum.

Minutos se passaram. Minutos de pura tortura. A cada segundo que se passava, eu sentia sua respiração ficar pior. Quando o monitor começou a apitar, dizendo que seus batimentos estavam desregulados.

Estendi minha mão e o desliguei. Não seria isso que Emma iria ouvir por último.

- Está tudo bem – falei, ouvindo sua respiração piorar. Eu só consegui pensar em fazer uma coisa. - Hold me close and hold me fast; this magic spell you cast; this is La vie en rose – comecei a cantar com a voz embargada. - When you kiss me Heaven sighes; and though I close my eyes; I see La vie en rose – o meu choro já me atrapalhava a cantar, mas continuei mesmo assim. - When you press me to your heart; I’m in a world apart; a world where roses bloom – ela não conseguia respirar. Ela estava indo em bora. - And wen you speak, angels sing from above; every...day words… seems to turn into love songs… - ela se foi sussurrando um “obrigada”. - Give your heart and soul to me; and life will always be… La vie en rose… - cantei o último verso com muita dificuldade.

Eu já não sentia mais o seu peso. Apenas seu corpo estava ali e eu não consegui mais segurar. Eu estava quebrada. Comecei a chorar compulsivamente, agarrando seu corpo sem vida.

- Não vá… - sussurrei. - Não me deixe…

Ela havia ido. E uma parte de mim foi junto com ela.


Notas Finais


O próximo, infelizmente, será o último.
La Vie en Rose:https://www.youtube.com/watch?v=3Ba_WoSZXvw


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