Kurt e Blaine foram embora do orfanato e depois disso, eles ficaram uma semana sem saber nada sobre Todrick ou do processo da adoção.
- Blaine?
- Sim, amor? – o moreno se virou para o marido que estava fechando seu livro – Eu adoro quando você está usando esses óculos enquanto lê seus livros...
- Obrigado... – Kurt sorriu tímido – Amor, o que acha de irmos até o orfanato amanhã? Ninguém nos manda notícias, nem uma ligação.
- Tem razão, vamos sim amanhã.
- Eu só espero que esteja tudo bem com o Todrick...
Kurt se despediu de Blaine e deitou se aconchegando ao abraço do moreno e assim os dois adormeceram.
[...]
No meio da madrugada, cerca de quatro horas da manhã, o telefone do castanho tocou acordando ele assustado. Ainda com a visão turva, Kurt tentou ver quem era, mas na tela dizia “número desconhecido”.
- Quem é?
- K-kurt...?
- Todrick?! É você?
- S-sou... Eu... Maldito remédio... Eu estou na rua.
- Mas o que você está fazendo na rua essa hora? E porque está com essa voz?
- Amor, o que está acontecendo? – Blaine acordou com a agitação de Kurt ao telefone.
- Tody, você consegue me dizer onde está?
- Eu estou perto do orfanato, na cabine telefônica aqui perto... A r-rua está deserta...
- Fica aí dentro da cabine, chego aí num instante!
- O-okay...
Kurt desligou o telefone e praticamente deu um pulo da cama.
- Kurt, o que está acontecendo?
- É o Todrick, por algum motivo ele está na rua a essa hora, dentro de uma cabine telefônica, com uma voz enrolada. Ele parece que está bêbado ou algo do tipo, por isso eu vou até ele.
- Espera, eu vou com você! Eu dirijo.
- Tudo bem...
O casal saiu ainda de pijamas até o orfanato e deram a volta no quarteirão tentando achar a tal cabine onde o menino poderia estar e só encontraram uma onde ele ainda estava, porém desacordado.
- Ah não...
O Hummel saiu correndo do carro e abriu a cabine para tentar acordar Tody.
- Tody, acorde... – Ele sacudiu o garoto, mas ele ainda permanecia desacordado – Céus, Todrick acorde!
- K-kurt...?
- Me assustou, o que você tem? Porque está aqui?
- Claire... Ela chamou uns caras de branco... Acho que eram enfermeiros...
- E para quê? – Blaine perguntou confuso.
- Depois daquele dia em que nos conhecemos, eu tive um pesadelo com o acidente, por isso eu tent-...
Todrick tentou prosseguir, mas ele simplesmente apagou nos braços de Kurt que assustado pegou o menino em seus braços e pediu para Blaine levá-los para casa deles, mesmo que aquilo pudesse causar um problema.
Já em casa, Kurt pôs Todrick deitado no sofá.
- Tody, já chegamos... Você está bem?
- S-sim, só estou um pouco tonto...
- Você consegue nos contar o que aconteceu no orfanato? – Blaine perguntou.
- C-claro... Eu já falei dos caras de branco?
- Sim, os enfermeiros, mas você desmaiou antes de terminar de nos contar o que eles foram fazer lá.
- Eles me davam injeções e depois eu acho que eu dormia.
- Mas quando isso começou?
- Depois do pesadelo com meus pais... Eu tentei contra a minha vida outra vez, mas dessa vez com os remédios da Claire. Ela tem um armário de medicamentos no quarto dela...
- Eu pedi para você me ligar se algo desse errado, Tody...
- Eu só queria partir... Queria encontra-los outra vez. Minha mãe me disse que queria me encontrar de novo, que ela e todos estavam com saudades.
Todrick começou a chorar e soluçar, então Kurt se sentou no sofá e abraçou o menino prontamente enquanto Blaine foi até a cozinha fazer um chocolate quente para eles.
- Eu só queria que o tempo voltasse, queria que não tivéssemos ido naquela viagem... Porque não ficamos em casa? Porque isso tinha que acontecer comigo, eu sempre fui um bom menino, porque me punirem desse jeito?
- Eu me perguntei praticamente as mesmas coisas que você quando perdi minha mãe, Tody... Não entendia como alguém tão boa quanto ela poderia ter a vida tirada por conta de uma doença tão terrível e cruel. Porque eu e meu pai merecíamos aquilo. Até hoje eu me pergunto isso e diversas vezes eu tentei encontrar minha mãe de novo de alguma forma. Mas então eu aprendi que o tempo não cura completamente, mas ajuda um pouco diminuindo a dor... O tempo também traz algumas pessoas para sua vida que podem te ajudar durante esse longo caminho até a hora do nosso reencontro com as pessoas que foram embora antes de nós. Porém é preciso ter paciência, mesmo que pareça impossível e que aquilo nunca irá passar, é preciso ter paciência para o tempo fazer o trabalho dele.
- E se eu não conseguir esperar a ajuda do tempo?
- Você vai conseguir, Tody. Eu acredito em você.
- E eu também acredito! – Blaine chegou segurando uma bandeja com um enorme sorriso no rosto, ele estava ouvindo toda a conversa da porta da cozinha – Gosta de chocolate quente, Tody?
- G-gosto...
- Pois eu fiz para nós três, chocolate quente sempre me deixou feliz quando eu ficava triste, achei que pudesse funcionar com você também...
Blaine repousou a bandeja com as canecas na mesa de centro e se sentou no sofá ao lado de Todrick.
- Obrigado...
O moreno apenas assentiu sorrindo e entregou uma caneca para o menino e depois para o marido. Depois de um tempo de silêncio, Todrick voltou a falar.
- Kurt...
- Sim?
- Blaine é a sua pessoa? A pessoa que o tempo lhe deu?
Kurt sorriu bobo e olhou Blaine que lhe deu uma piscadela rindo em seguida.
- Sim, Tody. Blaine é a minha pessoa, como eu já lhe disse antes, ele praticamente me salvou.
- É muito bonito como vocês se tratam, parecem felizes e que nada pode destruir o que vocês têm.
- Podemos dizer que nosso amor veio de outras vidas... – Blaine disse e piscou para Todrick que sorriu – São exatamente 5 da manhã e eu não estou com sono, e vocês?
- Não, sem sono algum... – Kurt disse dando de ombros – E você, Tody?
- O efeito da injeção já passou, acho que foi o chocolate... – o menino riu – Então estou sem sono também.
- Ótimo, vamos ver um filme! Pode escolher qualquer um daqueles, Tody!
[...]
Na manhã seguinte, Blaine e Kurt acordaram com dores no corpo já que haviam dormido na sala enquanto viam filme.
O moreno foi o primeiro a acordar e procurou por Todrick que havia dormido no meio deles, mas só encontrou Kurt ao seu lado.
- Kurtie... Acorda, Kurt... - o castanho murmurou algo, mas não abriu seus olhos – Acorda, Kurt... Todrick sumiu.
- O QUE?
- Eu acabei de acordar e ele não estava aqui, só essa bandeja com biscoitos e suco, além desse bilhete que eu ainda não li.
- Então abre, Blaine, rápido.
O moreno então obedeceu ao castanho e desdobrou o papel começando a ler em voz alta.
“Queria agradecer pelo o que vocês fizeram por mim essa madrugada, mesmo sem nenhum vinculo comigo, vocês se preocuparam e cuidaram de mim, mesmo que por algumas horas.
Deixei esse café da manhã em agradecimento a vocês e peço perdão por ser apenas biscoitos e suco, eu não sei cozinhar... Perdoem-me também por ter ido embora sem me despedir, mas quis sair bem cedo para voltar ao orfanato antes que desse algum problema para vocês por abrigar um menor sem algum tipo de autorização.
Antes de terminar esse bilhete, quero dizer a vocês que finalmente o tempo me trouxe a pessoa para me ajudar pelo resto desse caminho até encontrar minha família outra vez, aliás, ele não trouxe apenas uma, trouxe duas. Vocês dois. Percebi hoje de manhã quando acordei e vi vocês dois dormindo, pareciam verdadeiros anjo me protegendo com suas asas.
Então, se aquela proposta ainda estiver valendo, eu aceito que vocês me adotem.
Mal posso esperar pelo próximo chocolate quente!
Obrigado mais uma vez,
Todrick.”
Ao final da carta, Kurt e Blaine estavam com os olhos marejados e sorrindo como nunca.
Parece que a felicidade estava chegando para ficar de vez.
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