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História Lifeline - Before the End - Elogios


Escrita por: DixBarchester

Notas do Autor


Ho ho ho feliz natal! (esse foi meu cumprimento mais tosco até hoje, mas tá valendo uashuashuashuash)

Sexta chegou e o cap de Lifeline está saindo bem quentinho *-*

Primeiro vamos aos agradecimentos especiais para as lindas e divas que comentaram cap passado, foram tantos reviews lindos que eu fiquei até besta. Obrigada mesmo meninas, eu nem tenho como descrever o quando fico contente com os comentários, de verdade, estou ficando cada vez mais boba de alegria.

Quem me acompanha de outras fics, vai perceber que Lifeline é de longe a minha historia mais açucarada auhsuahush e isso vai permanecer assim por um tempinho uahsuahs

Vamos ver como estão esses dois depois daquele momento que eles compartilharam no anterior.

Boa leitura.

PS: Sei que eu sou suspeita, mas estou in love com o banner desse capitulo aiuhsuashuh

Capítulo 12 - Elogios


Fanfic / Fanfiction Lifeline - Before the End - Elogios

 

 

• NATALIE COOPER •

Eu nunca me apaixonei. Eu nunca quis e simplesmente nunca ocorreu. Enquanto minhas amigas perdiam o sono por paixões platônicas eu as criticava e ria.

Paixão sempre foi algo ridículo, na minha opinião, sempre que uma garota se apaixonava tudo mudava, ela mudava, ficava estúpida, na maior parte das vezes era manipulada. Sempre tive pra mim que se apaixonar era horrível, era sinônimo de sofrimento. Era como se drogar e ficar apenas com a parte ruim da coisa.

Pra que se apaixonar? Isso acabava com a pessoa, não era divertido, era se prender a um cara quando tinha mil outros no mundo. Mil bocas pra beijar, mil corpos pra usufruir.

E tudo que eu consegui fazer naquela última semana foi perguntar a mim mesma: "Por que diabos eu deixei acontecer comigo?"

Eu estava bem no olho do furação e a pior parte era que eu estava feliz (???). Que tipo de idiota eu tinha me tornado? Como eu não vi acontecer? Por que eu não fugi?

Tive um ataque momentâneo de nervos, gritando de raiva e batendo o pé no chão como uma criança mimada. Tudo abafado pelo som do espremedor de laranjas que eu tinha acabado de ligar.

Não estava nos meus planos me apaixonar. Nunca esteve. Me apaixonar, ter filhos e casar, era tipo o roteiro de um pesadelo pra mim.

Respirei fundo e neguei. Eu queria dizer que não era paixão, mas eu me conhecia muito bem pra saber que era sim.

Eu estava apaixonada por Daryl Dixon.

Não sei bem quando que o meu desejo de dar uns pegas nele tinha virado aquilo, mas tinha. Eu estava tão ferrada!

Já era ruim o bastante estar apaixonada por um cara com quem se tinha todas as chances, mas eu estava apaixonada por um com o qual eu não tinha nenhuma...

As coisas entre nós estavam boas, tinham progredido com o lance da "terapia alternativa para os nossos traumas ridículos", mas isso era no ramo da amizade, nada mais.

Não sei o que era mais terrível, estar apaixonada, ou ter caído na friendzone.

E mesmo com tudo isso, eu estava feliz. Estava satisfeita com cada pequeno progresso. Daryl não ficava mais todo duro, de um jeito ruim, quando eu o tocava por qualquer motivo. Ele falava um pouco mais, mesmo que não tanto quanto eu gostaria.

E no meu caso tínhamos comprado uma moto, não era bem uma moto, era mais uma sucata de uma... Na verdade a ideia foi minha. Pensei em comprar algo legal, mas Daryl disse que, já que eu queria gastar dinheiro com bobagem, então eu devia comprar algo pra reformar, isso me ajudaria a me familiarizar com a maquina. Ele me ensinava a consertar, era parte do plano dele.

Eu não fazia ideia se funcionaria ou não, mas adorava passar a tarde com ele na oficina, depois que terminava meu serviço, vendo-o trabalhar nos carros enquanto eu fingia que trabalhava na moto, que nunca ficaria pronta se eu continuasse naquele ritmo.

Tudo estaria realmente bem se eu não estivesse apaixonada... Mas obviamente que eu tinha que estragar tudo e estar.

Já era bem ruim que Daryl não sentisse o mesmo, mas em outras circunstâncias talvez eu tivesse uma chance. Mas como eu teria qualquer coisa se prometi nunca mais beijá-lo? Maldita promessa...

Me afastei dois passos e encarei o diário aberto em cima da mesa, eu tinha passado a andar com ele muito mais que o normal, porque afinal aquela coisa de estar apaixonada também me fazia escrever muito mais que o normal. Piegas...

"Você é o tipo de cara
do qual eu devia correr.
É estranho perceber que
eu sei que não chegaria muito longe.
Somos diferentes demais, 
vai ver esse é o ponto.
Talvez sua batida fora do meu ritmo
seja exatamente o que mantém
o sentimento bombeando."

Respirei fundo e coloquei a mesa do café da manhã. Eu tinha que parar de pensar aquelas coisas ou a merda toda pioraria.

Tão logo esse pensamento acabou o som conhecido de um motor velho se espalhou pela rua. Sorri largamente, como a idiota patética que eu tinha me tornado aquela semana.

Sim, eu odiava estar apaixonada, mas querendo ou não, eu estava e o simples som daquela caminhonete azul desbotada fazia me coração bater mais rápido.

Deixei as coisas na cozinha imediatamente e saí correndo pra abrir o portão da oficina, mesmo antes da buzina ecoar.

Me senti a própria Bella Swan toda apaixonada por Edward Cullen, só tinha dois problemas cruciais com essa comparação: Daryl Dixon não tinha nada de Edward, nem de longe, nem de perto, nem de ângulo algum e, eu odiava a Bella com todas as minhas forças. Tive que rir desse pensamento enquanto destrava o portão e via Daryl parar a caminhonete do lado de fora.

Ele focou em mim por um instante assim que desceu e eu sorri, sorriso esse que não foi retribuído, recebi apenas um acenar de cabeça.

— Quando eu sorrir pra você, não custa nada você sorrir de volta. — Comentei neutra, quando Daryl passou por mim.

— Teria que andar com fita adesiva na cara pra dar conta. Você sorri o tempo todo, Bochechas... — Respondeu e eu senti meu coração se animar com aquilo, era quase um elogio afinal. — É irritante.

Fiquei um tanto revoltada com o final, mas acabei rindo.

— Nossa como você é charmoso, como será que eu ainda não me apaixonei? — Ironizei, mantendo oculta a mentira naquele comentário.

— Bom, parece que você é louca, mas não burra, pelo menos. — Ele deu de ombros e eu tive que fingir que era um elogio não um insulto. Afinal, eu tinha me apaixonado, ou seja, eu era burra. — Onde está o Cooper?

— Foi até Atlanta resolver umas coisas.

Daryl me encarou por um momento franzindo as sobrancelhas.

— De novo?

Dei de ombros. Meu pai tinha transformado suas idas a Atlanta em algo frequente, uma vez por semana pra ser mais precisa. Claro que eu queria saber o que era, mas se tinha uma coisa que Peter Cooper sabia fazer era ser evasivo, mudar de assunto ou inventar desculpas.

Ele não estava me contando a verdade e achei um tanto invasivo da minha parte ficar insistindo. Meu pai não era controlador com a minha vida, nada mais justo que eu fizesse o mesmo.

Tão diferente da minha mãe, com todas aquelas perguntas descabidas e o interrogatório quase policial. Raramente tudo aquilo me pareceu preocupação...

— O que está fazendo? — Perguntei, vendo Daryl abrir totalmente o portão.

— Abrindo a oficina. — Falou o óbvio.

— Nem pensar, eu estou te esperando até agora pra tomar café.

— Não posso, Bochechas, tenho que trabalhar.

— São só vinte minutos pro café da manhã, meu pai não vai se importar. Depois abrimos a oficina juntos, eu tenho que trabalhar também, e pensando bem, eu sou a gerente, posso te dar os vinte minutos do café. — Me gabei, dando uma de convencida, Daryl riu sem humor.

— Eu já tomei café da manhã...

— Vai tomar de novo. — Dei de ombros, sabendo que era mentira. — Além do mais, sou sua chefe, você tem que fazer tudo que eu mando. — Insinuei parando na frente dele e estralando a língua, com a minha melhor cara de sapeca.

Daryl negou rindo de canto e murmurando um "vai sonhando". Se ele soubesse o quanto eu sonhava...

Fechei o portão e praticamente arrastei o caipira pra cozinha. Queria arrastar ele pra outro lugar, isso sim.

Apontei uma cadeira e Daryl se sentou aparentemente sem jeito.

— Eu só fiz o suco, apenas pra constar. Sou uma negação na cozinha. Não dá pra ser perfeita em tudo. — Brinquei, me sentando na frente dele.

— Achei que toda mulher tinha que saber cozinhar. — Debochou, enquanto eu servia o suco.

— Que pensamento mais machista! — Fiz uma careta. — Merle pode falar uma coisas arcaica dessas, você não.

— Por que? Somos irmão, somos iguais. — Ele deu de ombros se servindo de pão e outras coisas.

— Errado. Você é melhor que isso.

Nossos olhos se encontraram, eu sorri e Daryl, como sempre, teve que estragar o clima comendo como um ogro.

Um ogro muito sexy, só pra constar.

Ficou calado o resto do tempo, mas eu sabia que ele estava pensando alguma coisa.

— Então, o que está pensando? — Perguntei naturalmente.

Era um dos nosso exercícios, eu fazia a pergunta esporadicamente e ele tinha que me responder com a verdade. Das primeiras dez vezes não deu muito certo, mas Daryl acabou se acostumando depois disso e algumas vezes eu conseguia mais que apenas grunhidos. Ele também podia me perguntar o mesmo. Mas nunca tinha perguntado.

— Você me dá crédito demais, não devia. — Respondeu, entre uma mordida e outra, depois de ficar calado por três segundos.

— E você se dá crédito de menos, não devia. — Falei como se não fosse nada. — Mas tudo bem, eu estou aqui e vou continuar repetindo que você é bom o bastante, até que se convença disso.

— Vai ter que ficar em Dawsonville por um bom tempo então... — Devolveu no mesmo tom que eu.

— Eu vou... — Ri, tomando um gole do meu suco. — Já está querendo se livrar de mim, é, Baby Dix? — Brinquei, pensando que ele seria mal-educado ou simplesmente não responderia.

— Não.

A resposta dele foi tão sincera e tão rápida que eu fiquei genuinamente surpresa, meu cérebro entrou em curto e eu simplesmente não soube o que aquilo significava. Abaixei a cabeça e mordi o lábio, para não sorrir como uma idiota.

— Eu tenho que ir... Se depender de você não trabalho. — Desconversou, um tanto sem jeito, se levantando rapidamente e quase levando a mesa junto.

O copo de dele, já vazio, tombou e bateu no meu que derramou suco pela mesa. Ri enquanto Daryl tentava pedir desculpas.

— Tudo bem, pode deixar. Melhor você ir, como você disse, se depender de mim você não trabalha. — Ri descontraída.

Daryl assentiu vagamente, focando em mim com seus olhos intensamente azuis por um momento e eu desejei mais que tudo poder beijá-lo. Merda de promessa.

Fiquei parada lá no mesmo lugar, sabendo que eu estava mais ferrada do que a pessoa que inventou a palavra ferrada...

➷•➷•➷•➷•➷

O resto da manhã seguiu normal, eu fiz alguns pedidos e cuidei do meu serviço, era boa naquilo ou vai ver era só uma coisa fácil mesmo.

Depois decidi mexer um pouco na moto, embora não tivesse ideia do que fazer.

Daryl consertava três carros, praticamente ao mesmo tempo, enquanto eu fazia cosplay de lesma.

— Você sabe que se quiser andar nessa moto, antes de atingir a terceira idade. vai ter que acelerar esse ritmo, não é? — Apontou, enquanto passava por mim em direção ao outro carro.

— É... Na verdade desconfiei disso... — Respondi, dando de ombros e passei a observar o que Daryl fazia.

Era interessante vê-lo trabalhar, ele ficava tão concentrado, totalmente devotado ao trabalho. Me fazia imaginar se ele seria devotado daquela forma para "outras coisas"...

Controle seus hormônios Natalie Cooper.

Era um tanto hipnótico vê-lo daquela forma, eu me perdi ali, confesso, não tinha como manter a sanidade vendo Daryl Dixon trabalhar.

Não tinha como não se apaixonar perdidamente por ele, qualquer uma se apaixonaria, talvez eu não fosse tão estúpida assim.

Foquei em suas mãos, que apertavam levemente a lataria do carro, para apoiá-lo no trabalho que fazia dentro do capô.

Eu gostava das mãos dele, me dei conta instantaneamente. Divaguei pra muito longe, desejando ser um carro, só pra que Daryl me tocasse daquela forma.

De repente os olhos dele focaram em mim com certa intensidade e eu não soube dizer se aquilo era real, ou apenas fruto da minha imaginação fértil.

— O que você está pensando? — A pergunta dele me sugou de volta para a realidade.

Percebi que Daryl me encarava com intensidade de fato, as sobrancelhas levemente franzidas esperando uma resposta.

Ele nunca havia perguntado o que eu estava pensado, mesmo que pudesse e mesmo que eu mesma o fizesse com certa frequência. Ótima hora pra usar esse privilégio.

Eu não podia deixar de responder, e ao mesmo tempo sentia que seria desonesto contar uma mentira, afinal eu estava tentando fazer a nossa amizade funcionar na base da confiança.

— Eu está pensando em você. — Fui honesta e ele pareceu surpreso. — Você trabalha muito concentrado, é bem sexy, quase hipnótico na verdade.

— Você não devia beber tão cedo, nem é hora do almoço e você está claramente chapada — Daryl bufou, voltando sua atenção para o trabalho.

— Foi só um elogio, Baby Dix. — Dei de ombros. — Devia tentar, não é tão difícil.

Ele fez um som qualquer de deboche, no qual eu não prestei atenção, pois tinha acabado de ter uma ideia.

— O que acha de um exercício novo? — Sugeri animada.

— Eu estou trabalhando agora.

— Tudo bem, você não precisa parar, vamos usar apenas nossas bocas pra esse. — Expliquei e Daryl me olhou imediatamente, entre chocado e desconfiado. — Vamos usar nossas bocar pra falar, homem, só isso! — Corrigi divertida, erguendo as duas mãos. — Incrível como você sempre pensa o pior de mim.

— Eu não pensei nada. Você que está aqui fazendo essas coisas que você sempre faz. — Apontou com um movimento displicente da mão esquerda.

— "Essas coisas que eu faço?" — Repeti sem entender.

Daryl me encarou por um momento curto, claramente não soube como responder.

— Ah, você sabe! Deixa pra lá. Que ideia doida você teve agora, Bochechas?

— Vamos treinar elogios. Me faça um elogio qualquer. — Pedi, ajeitando a postura.

Silêncio total. Daryl ficou totalmente imóvel como se estivesse em estado de choque, acho que ele sequer respirava. Acabei rindo.

— Não achei que fosse dar certo assim logo de cara mesmo. — Abanei a mão no ar e revirei os olhos. — Mas eu tinha que tentar, não é? Espera aqui, já volto.

Saí, procurando por uma revista que eu tinha visto jogada por ali. Encontrei sem dificuldades e voltei para perto de Daryl.

— Okay, vamos tornar as coisas mais impessoais, pra ficar mais fácil pra você. Vou abrir em uma imagem qualquer e elogiamos uma característica de quem estiver nela, tudo bem?

Ele apenas deu de ombros em resposta, junto com um resmungo.

Abri a revista e nossa primeira imagem era um gatinho pardo, na propaganda de uma marca de ração qualquer.

— Onw, olha como ele é fofo! Olha esses olhinhos enormes. Uma graça. — Enchi o bichinho de elogios, contendo o impulso de apertar a revista. — Tão fofo que dá vontade de apertar até os olhos saltarem dar orbitas.

Daryl ergueu os olhos minimamente e riu de canto, negando algumas vezes, provavelmente achando minha reação um tanto absurda. Olhou para o gato novamente.

— Acho que esse gatinho domesticado não consegue pegar uma única barata. — Declarou, voltando para o trabalho.

— Ah, qual é, Baby Dix? Você tem que fazer um elogio, não uma crítica. É só um gatinho.

— Ele deve ser um animal esperto, apesar de tudo.

Não era bem um elogio, mas me dei por vencida, passando para a próxima foto.

Três crianças brincavam na praia, fazendo a propaganda de um protetor solar. Comentei sobre as sardas da mais branquinha e o quanto aquela garotinha era linda. Daryl disse que o menino com os óculos de sol enormes era "até que legalzinho".

Passei para a próxima foto, propaganda de uma loja de roupas, a modelo loira, alta e magra usava um vestido vermelho com um decote em "V" ressaltando ainda mais seus seios perfeitos.

— Caramba... Que filha da puta linda e gostosa! — Exclamei, não conseguindo achar nenhum único defeito na moça. — Maldito photoshop. Malditos padrões de beleza inalcançáveis...

— Ela não é tão bonita assim... — Daryl comentou como se realmente não se importasse. — Mas o sorriso dela é bem branco e reto.

Acabei rindo. Era fofo que, de todos dos atributos da mulher, ele tivesse falado justo do sorriso dela. Não existiam homens como Daryl Dixon...

A próxima foto era de um cara, uma propaganda de cuecas box, onde um modelo, moreno de olhos claros, extremamente definido, usava apenas aquela peça. Soltei um assovio cumprido.

— Uau! Olha esse cara! Ele é perfeito! — Elogiei e Daryl vez um muxoxo de desdém, grunhindo uma coisa qualquer. — A única coisa que eu consigo pensar olhando essa foto é que eu estou criando teias de aranha...

Daryl me encarou sem entender por meio segundo, depois a compreensão passou por seus olhos e ele voltou a me encarar como sempre: como se eu fosse louca.

— O relógio dele é bacana. — Foi tudo que disse, com um tanto de mau-humor.

Não pude acreditar que ele tinha mesmo falado do relógio, eu nem tinha visto o objeto no pulso do cara. Acabei caindo na risada.

Passamos para a próxima parte do exercício, deixei a revista de lado e sugeri que tentássemos pessoas reais. Começaríamos pelo meu pai.

— Eu gosto das rugas que aparecem do lado do rosto dele, quando sorri. Meu pai tem um lindo sorriso. Um senso de humor incrível. Ele é o máximo! — Sentei no balcão de madeira, balançando as pernas pra frente e pra trás.

— Eu acho que ele é um pai bem legal. — Daryl deu de ombros e eu sorri abertamente, era um elogio muito bom.

— Você acha mesmo?

— É melhor que o meu pelo menos. — Falou como se não fosse nada.

— Seu pai e a minha mãe deviam escrever um livro: "Como ferrar com o psicológico dos seus filhos em alguns passos simples". — Declarei, usando do meu melhor humor ácido.

— Sua mãe não é como meu pai. — Ele negou, sem rir da minha piada escrota.

— É porque você não conhece a minha mãe...

— Acredite, ela não é. Tenho certeza. — O tom que Daryl usou deixou o ar tão tenso, que eu percebi que continuar com a conversa, naquele rumo, não seria nada produtivo.

— Agora é a sua vez — Avisei, antes que a coisa ficasse pior.

— Minha vez de quê?

— De ser elogiado, ué. — Daryl revirou os olhos para a minha resposta e murmurou um "vai começar". — Você começa dessa vez, diga algo legal sobre si mesmo.

Ele não respondeu, pareceu pensar por um momento, trocou de ferramenta, abaixou para o capô de novo e trocou a ferramenta uma segunda vez.

— Sei lá, eu acho que eu só sou aceitável caçando...

— "Aceitável"? — Repeti incrédula, e joguei um pedaço de estopa nele. — Você é o melhor caçador da cidade, pelo que eu saiba.

Daryl encarou a estopa que mal bateu nele e subiu os olhos para mim, como quem diz "sério que você jogou essa bosta em mim?".

— Você não sabe de muita coisa pelo jeito. — Resmungou, voltando para o que estava fazendo.

Jesus, me ajuda! Onde foi que eu amarrei meu jegue?

— Okay, a gente caça um dia desses e eu tiro a prova dos nove...

— Caçar com você? Deus me livre, prefiro caçar com um agente da sociedade protetora dos animais.

— Shiu! Cala boquinha. — Brinquei, erguendo meu dedo em riste. — Você está é tentando desconversar, não valeu essa coisa de "acho que sou aceitável caçando" — Imitei a voz dele. — Se faça um elogio digno, vamos lá, qual a parte do seus corpo que você gosta mais?

Tive que esperar um bom tempo, pensei até que Daryl não responderia, afinal eu já tinha feito ele falar pra caramba naquele dia e isso era um baita progresso.

— Eu gosto das minhas mãos, pelo menos elas prestam pra fazer o trabalho — Murmurou, com a cara enfiada no capô.

Aquilo não me pareceu com um elogio, na verdade me pareceu mais uma forma de depreciação, isso sim.

Suspirei. Eu queria tanto poder arrancar tudo que fazia aquele homem se odiar daquele jeito, e então dar a ele a visão que eu tinha dele próprio. Desci do balcão e parei do lado de Daryl, ele apenas continuou o trabalho sem erguer os olhos.

— Eu gosto das suas mãos também... — Comentei, tocando as costas da mão esquerda, que estava sobre a lataria, com a ponta dos meus dedos. Ele ainda não ergueu os olhos. — Porque elas são bem sexys... E também gosto desse músculo bem aqui, que tenciona quando você trabalha. — Fiz o mesmo movimento com os dedos nos bíceps dele, mas eu não mantive o toque por mais que um segundo.

O ouvi bufar como se eu fosse idiota, não levando a sério o que eu dizia. Passei para o outro lado do carro e encostei ali, olhando o teto da oficina por um instante.

— Gosto de como você une as sobrancelhas e aperta os lábios, quando está concentrado demais, e eu podia dizer mais umas coisas sobre a sua boca, mas fiz uma promessa e não é legal cair em tentação. — Continuei e Daryl finalmente ergueu os olhos, parecendo um tanto surpreso. Me debrucei na lateral do carro pra que ficássemos cara a cara. — E claro, adoro seus olhos, você tem olhos de anjo e ao mesmo tempo de mar revolto... Eu poderia me afogar e nem me importaria.

Daryl piscou três vezes e me fitou por um breve momento, me senti tão presa ali que era como se eu precisasse respirar o mesmo ar que ele pra viver.

— Você precisa mesmo parar de escrever naquele diário de menininha, aquilo está afetando seus neurônios, Bochechas. Agora que você já deu uma de Shakespeare drogado, vai lá fazer seu trabalho. — Apontou a moto, mas eu percebi que ele só estava desconversando.

Ergui as mãos em sinal de rendição e recuei alguns passos.

— Mas você sabe que ainda tem que me fazer um elogio, não é? — Apontei, antes de chegar na moto.

Ele suspirou e passou a mão pelo rosto, sujando-o de graxa com o movimento.

— Okay então, Bochechas. Você é muito boa em... Se esquivar do seu trabalho. Agora caí fora daqui sua espertinha. — Jogou a própria estopa em mim e eu ri alto.

Voltei para o projeto da moto, tentando desparafusar uma peça sem um pingo de vontade.

— Um dia você ainda vai me fazer um elogio sincero, Baby Dix. — Comentei em voz alta.

— Vai esperando, quem sabe quando você for bem velhinha e caduca eu não elogie sua dentadura. — Debochou, olhando para mim por cima do ombro.

De início eu ri, depois percebi que tinha algo mais ali e meu coração deu um salto no peito.

— Acha mesmo que ainda vamos ser amigos quando eu ficar bem velhinha? — Perguntei, pousado meus olhos nele também.

— Eu estava tirando uma a sua cara, não fazendo planos para o nosso futuro — Retrucou, com aquele tom de sempre.

"Nosso futuro". Daryl Dixon podia não estar fazendo planos, mas eu, sem querer, tinha acabado de fazer muitos.


Notas Finais


Será que é errado eu shippar tanto meus próprios personagens? ushaushauhsua DixChechas é oficialmente o meu shipp mais fofo *--* vontade de esmagar até os olhos saltarem das orbitas uashuashuash

O próximo é narrado pelo Daryl e tem toda a visão dele de tudo isso, Merle e Will Dixon dando uma aparecida rápida tbm.

Pra quem gostou do DC do cap passado, eu fiz um do Daryl *-* aqui: https://goo.gl/GE8NMy
E agora eu tenho tumblr, posto coisas de todas as fics, mas não vou negar que é mais pras edições de Lifeline mesmo (vai rolar spoilers leves por lá uahsaushush) https://dixcreations.tumblr.com/

Uma noticia um tanto triste agora, esse é nosso último cap do ano, eu vou viajar e pelo que conheço da minha familia não vai dar pra escrever, então o próximo cap saí dia 06 (sim vou tentar att antes, mas não prometo nada)

E por último, mas não menos importante.
Feliz Natal suas lindas, (pra quem não comemora o natal, bom feriado) obrigada por estarem comigo nessa jornada e por fazerem meus dias mais felizes seja com comentários ou mesmo com acompanhamentos.
Que nesse novo ano todas tenham muita felicidade e conquistas memoráveis (e que DixChechas finalmente se beije, porque olha, não tá fácil aushuashusa).
Divirtam-se com suas famílias e amigos, até breve ❤ ❤ ❤
Bjss


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