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História Lifeline - Before the End - Palavras destrutivas


Escrita por: DixBarchester

Notas do Autor


Olá lindezas do meu coração *--*

Siiim ainda não é sexta, mas eu já estou aqui, agradeçam esse capitulo adiantado a minha linda e maravilhosa AustenGirl, afinal eu acordei hoje com uma bela surpresa lá no Nyah mais uma recomendação em Lifeline!!!
Obrigada AustenGirl, eu amei demais mesmo, principalmente por você ter se deslocado aqui do Spirit para o Nyah só pra me dar esse mimo, não tenho nem como agradecer, por isso esse capitulo adiantado é totalmente em sua homenagem. Obrigada mesmo.

Um agradecimento especial, também, as lindas que comentaram no cap passado, são esses comentários fofos e perfeitos que me animam a escrever muito mais ♥ ♥ ♥

E agora sem mais delongas, vamos ao cap, já declarando que esse quebra um pouco o clima açucarado que vimos nos anteriores, porque como costumo dizer se não tiver um passo pra frente e dois pra trás, não é Daryl Dixon.

Boa leitura

Capítulo 14 - Palavras destrutivas


Fanfic / Fanfiction Lifeline - Before the End - Palavras destrutivas

 

• DARYL DIXON •

Meu irmão não estava em casa, tinha sumido com a moto dele e eu não sabia se voltaria ou não. Eu nunca sabia...

Tentei não topar com meu pai em nenhum dos cômodos, mas foi inútil.

— O que você quer? — Perguntou rude, parando no batente da porta da cozinha.

Eu estava vasculhando os armários em busca de qualquer coisa que prestasse pra comer. Não o respondi. Ele tinha uma garrafa de bebida na mão, mas ainda estava sóbrio o bastante. Aquela era sempre a pior versão dele: entre uma coisa e outra.

— Preciso de quinhentos dólares. — Falou, como quem fala do tempo. Ergui a cabeça para encará-lo. — E nem diga que não tem, vou saber que é mentira.

Pensei em apenas dar a merda da grana, mas porra, quinhentos dólares era dinheiro pra caramba e eu tinha que dar duro pra conseguir.

— Vou usar. — Respondi simplesmente, torcendo pra que a conversa não se prolongasse mais que aquilo, mas sabendo que minha noite de discussão com o velho tinha acabado de começar.

— Vai usar com que? Se drogar com seu irmão até sofrer uma overdose? Pagar putas? Vocês dois não prestam!

Tentei desligar do que ele falava, não estava nenhum pouco afim de qualquer tipo de conversa ou briga com ele, só queria passar a merda da noite em paz. Estava pronto para sair da cozinha, mas as palavras seguintes do velho me detiveram:

— Ah, Claro! Você está guardando o dinheiro pra usar com aquela franguinha, não é? — Desdenhou com certa malicia na voz. — Não me diga que acha mesmo que ela gosta de você?

Não respondi, apenas parei onde estava, cerrando os punhos. Meu pai estreitou os olhos para a minha reação, apoiou na cadeira e assentiu algumas vezes.

— Entendo... — Murmurou. — Você realmente acha que ela pode gostar de você, mas não é só isso, você gosta dela também.

— Isso não é da sua conta. — Consegui retrucar entredentes, sentindo todo meu sangue ferver.

— Ela já viu suas cicatrizes? — Perguntou como uma acusação, eu senti náuseas. — Acho que você está um tanto iludido, garoto, e no processo está iludindo a menina também...

Ele se aproximou dois passos e eu contornei a mesa que ficava no centro da cozinha.

— Escuta só, filho. — Se apoiou em uma cadeira descontraidamente, parecia mesmo um pai que quer dar apenas um conselho, mas a palavra "filho" em sua boca só me causava repulsa. — Você já é um tanto grandinho pra acreditar nesses continhos de fada da TV, sua história com a garota Cooper só tem dois finais possíveis, nenhum deles é feliz.

Se virou por um segundo, tirando dois copos de um dos armários, enchendo-os com a bebida da garrafa e me empurrado um pela mesa.

— Vou ser sincero sobre o que eu acho da vadiazinha: Ela é só uma mimadinha da cidade grande, em busca de uma aventura e um pouco de diversão, quando ela der de cara com qualquer dificuldade vai dar no pé, quando você não for mais uma novidade ela vai te dar um pé. Esse é o final em que você acaba sozinho, jogado por aí e sofrendo por um rabo de saia como um maricas. Ou acha mesmo que uma garota com jeito de granfina como aquela, vai querer algo sério com um caipira como você, que sequer terminou a escola?

Will Dixon bebeu um longo gole do próprio copo. Senti o gosto amargo da minha boca seca, o velho era um cretino, mas eu conseguia vislumbrar totalmente tudo que ele tinha dito, não que eu estivesse envolvido daquela forma por Natalie Cooper...

Não, eu não estava.

— Mas claro que tem o segundo final para essa sua história ridícula, talvez a garota seja mesmo uma dessas tolinhas de conto de fadas e, nesse caso, pobre coitada, não é? Se envolvendo justo com um Dixon, as pessoas no Joe's já estão comentando sobre o relacionamento de vocês dois, sobre como a garotinha do Cooper virou a "garota do Daryl Dixon" e está desgraçando a vida com um fracassado como você. Todos se perguntando quanto tempo vai demorar pra você embuchar a mocinha e acabar com a vida dela, coitada, parece tão esperta, tão bonita... Seria triste que acabasse com uma criança catarrenta no colo, ou pior, ela, como se chama mesmo? — Parou um momento como se tentasse lembrar. — Ah sim, Natalie. Pois bem, pior mesmo e bem trágico, seria se a Natalie acabasse como a sua mãe... Mas isso são as pessoas que dizem, não eu.

Virou o copo uma última vez, batendo-o na mesa logo em seguida, enquanto o meu ainda permanecia intocado sobre a mesa, afinal eu me encontrava incapaz de qualquer reação, perdido demais na imagem mental que fiz daquilo tudo.

— Vai beber isso? — Apontou naturalmente, pegando meu copo, antes mesmo da minha resposta. Passou do meu lado em direção a saída. — Faça bom uso dos seus quinhentos dólares.

Me deixou ali. Ouvi a porta da frente ser aberta, indicando sua saída da casa. Apenas puxei uma das cadeiras e deixei meu corpo cair, incapaz de controlar todos os pensamentos que me atingiram de uma vez só, como uma avalanche de desgraça.

Minha mãe faleceu quando eu era muito novo, mas não novo o suficiente para não ter lembranças daquela época. Na verdade, eu recordava de cada detalhe como se tivesse acontecido há poucas horas...

Wiliam Dixon e Liliane Mazon nunca se casaram realmente, eles apenas foram morar juntos depois que meu pai engravidou minha mãe, pelo que eu sabia a gravidez do Merle foi normal, eles sempre enfrentaram dificuldades, mas eram apaixonados e loucos, o nascimento de Merle não mudou isso, continuaram com as vidas naturalmente, sem muita responsabilidade e apoiados pela minha avô materna que eu nunca conheci. Ela se foi antes que eu nascesse.

Mamãe descobriu estar grávida de mim semanas depois do falecimento da minha avô e foi quando as coisas realmente mudaram, não que eu tivesse um exemplo de pai antes, mas pelo que Merle sempre me contou, mamãe era um anjo. Quando eu nasci ela estava doente, teve aquela coisa de depressão pós-parto, começou a beber e se drogar. Meu velho tinha o dobro de dificuldades de sustentar a casa, os vícios eram muitos, as brigas eram assustadoras. Ele descontava no Merle, na minha mãe e em mim. Afinal tudo era minha culpa, foi meu nascimento que desandou as coisas...

E um dia minha mãe colocou fogo na casa toda por causa de um maldito cigarro, morreu dormindo e aquilo foi minha culpa também, afinal eu devia estar em casa cuidando dela, cuidando da doença que ela teve por minha causa e que nunca sarou, mas eu estava correndo atrás de outros garotos na rua.

Se as coisas já eram ruins com meu pai antes, depois da morte da minha mãe pioraram ainda mais. Merle não suportou a pressão, deu no pé pela primeira vez um tempo depois, talvez ele me culpasse também, vai saber...

Cresci ouvindo Will Dixon dizer que a culpa era minha, ficou marcado na minha pele em cada surra, não era algo que dava pra esquecer. Ele nunca esqueceu. Talvez por isso tenha feito o que fez comigo.

Eu ainda estava imerso em todas as lembranças quando ouvi a porta ser aberta novamente. Me levantei decidido a ir para qualquer outro lugar, apenas para não ter que olhar para o meu velho outra vez, mas não era ele.

— Darlyna Severina Dixon, bora sacudir o esqueleto que sábado à noite não é dia de ficar em casa, ainda mais quando se tem uma namorado gostosa! — Merle chegou gritando e não tardou a me encontrar na cozinha. — Credo! Que cara de enterro!

— Eu não estou no clima, Merle, vai se danar! — Xinguei, tentando passar por ele.

— Ah nem vem! Sabe aquele bar perto de King County? Aquele que costumamos ir pra pegar mulher?

Sim eu sabia qual era o bar, Merle costumava ir até lá vez ou outra e me arrastava junto. Agnes, a ruiva que ele sempre empurrava pra mim, ou melhor, a ruiva para qual ele sempre me empurrava, estava por lá vez outra também. Era uma construção grande com algumas mesas de sinuca e uma pista de dança para a junkebox. Nada muito luxuoso.

Assenti levemente, indicando que eu lembrava, mesmo sem muita vontade.

— Claro que você lembra. — Riu alto, todo insinuativo. — Então, reformaram o lugar, parece que virou uma dessas baladas descoladas, vamos até lá pra conferir.

— Estou sem vontade de sair...

— Ah qual é? Nem começa, irmãozinho, coloca logo uma roupa decente e vamos, estou te esperando na caminhonete.

Merle não me deixaria escolha, nunca deixava. Fiz o que ele mandou e dez minutos depois já estava na sala novamente.

Tirei a carteira do bolso e peguei os quinhentos reais que meu pai tinha pedido, colocando-os em cima da mesa, onde eu sabia que ele encontraria, não era justo, mas era o mínimo que eu podia fazer... Ele era meu pai afinal, estava sozinho na vida por minha causa.

Entrei na caminhonete e meu irmão ligou o motor, satisfeito.

— Pensei que estaria com a Shannon hoje. — Comentei, só por comentar.

— Ah, aquela ingrata está fazendo cu doce, disse que arrumou um namorado. Vadia.

Ele não parecia nada satisfeito com aquilo, ter Shannon sempre ao alcance era uma das coisas das quais Merle sempre se gabava, ou seja, ele devia estar furioso.

Decidi que não era da minha conta e seguimos, assim que viramos a esquina na rua da oficina meu coração deu um salto e meu estômago parecia ter um buraco.

— O que está fazendo aqui? — Perguntei, sentindo que minha voz tremia.

— Vim buscar a cunhadinha, ué, passei aqui antes de falar com você e a mandei se arrumar, sabe como garotas demoram — Explicou, medindo minha expressão por um segundo. — Espera.... Não me diga que quer ir sozinho? — Riu cheio de malícia. — Aí sim, irmãozinho, mulher nenhuma tem que mandar em você! Sabe que o pessoal do Joe's estava comentando que...

O que meu pai tinha me dito voltou com força e era como se algo dentro de mim se quebrasse. Não dava pra continuar com aquilo. Não mais.

— Não estamos mais juntos. — Falei em um fôlego só.

Merle ergueu uma sobrancelha e me encarou um tanto surpreso e então riu alto.

— Até que estava demorando pra você levar um pé. Não liga, irmãozinho, vamos pegar muito mais mulher assim. Não vamos mais buscar vadia nenhuma, não se preocupe.

Começou a dar meia volta e eu praticamente senti na pele o quanto Natalie ficaria decepcionada de Merle ter combinado algo com ela e não aparecer. Talvez uma última vez não fosse fazer mal.

— Ainda somos amigos, não tem nada errado a Natalie sair com a gente e ela não é uma vadia.

Meu irmão parou a caminhonete e me encarou por um momento.

— Vai mesmo levar a ex? Você sabe que isso pode acabar empatando suas fodas, não é?

— Nada a ver, Merle. Estamos de boa. Achei que ela fosse sua amiga também.

Merle me olhou desconfiado, negou algumas vezes e riu.

— Isso mais parece alguém que está louquinho para um sexo de reconciliação.

— Vai se foder, Merle!

Ele deu de ombros e dirigiu até a oficina ainda rindo. Buzinou duas vezes e Natalie saiu saltitando. Usava uma saía jeans clara, botas pretas de salto e cano longo, uma blusa cinza simples e uma jaqueta preta por cima. Era interessante a mistura de coisas que não tinham nada a ver e no fim combinavam, ela sempre fazia aquilo. Os olhos estavam marcados com uma maquiagem qualquer de cor preta e a boca ostentava um batom discreto.

— Alguém decidiu sair vestida pra arrasar, por que será, não é? — Merle jogou a indireta em um tom debochado.

— Se esse é seu jeito de dizer que eu estou bonita, obrigada. — Natalie respondeu, enquanto sentava ao meu lado.

Tecnicamente o banco do passageiro daquela caminhonete devia comportar duas pessoas, mas era sempre estranho andar tão colado em Natalie.

Ela sorriu e tocou minha mão de leve quando me disse "oi", senti Merle nos encarar.

— Eu achei que você não iria. Mas vai ser uma coisa boa, você pode trocar de Dixon agora que está solteira. — Ele sugeriu em um tom malicioso e Natalie o encarou sem entender.

Merda. Tentei manter a postura o mais natural que podia. Só então me passou pela cabeça que eu devia ter avisado Natalie daquele termino fictício.

— O quê? — Ela perguntou olhando de mim para meu irmão.

— A Darlyna me contou que você deu um pé nele. Uma pena, "cunhadinha" era um apelido muito bom... Mas eu posso mudar pra "minha gata", sem problemas.

— Ou você pode simplesmente me chamar pelo meu nome. — Natalie retrucou entredentes, nada parecida com a garota alegre que tinha acabado de entrar no carro.

Senti seus olhos me fuzilando, não olhei de volta. Provavelmente não tinha gostado de ter sido pega de surpresa, mas quando as coisas se acalmassem, ela perceberia que aquilo tinha sido a melhor solução para nós dois.

Acabar com aquele namoro fictício e dar uma limitada naquela amizade estranha que a gente tinha era a melhor escolha, não era justo que Natalie saísse prejudicada por minha causa, aquilo tinha ido longe demais, nada bom podia vir de um envolvimento com um Dixon.

— Olha só a cara dela, até parece que foi ela quem levou um pé na bunda não você, irmãozinho. — Merle debochou, me dando um cutucão.

Ele continuou o papinho inoportuno dele durante toda a viagem e Natalie ficou o mais calada que eu já a tinha visto, totalmente imersa nos próprios pensamentos.

Chegamos ao bar perto de King County e o lugar realmente tinha mudado. Aumentou consideravelmente de tamanho, ganhou uma área externa e a interna tinha dois bares e uma pista de dança enorme, fora o ambiente com as mesas e cadeiras que ainda tinha as mesas de sinuca.

Eu pensei que Natalie gostaria de um lugar daqueles, mas ela continuava estranha, parecia brava. Sequer falou mais de três palavras comigo, nem mesmo quando eu estendi a mão para pegar as coisas dela, como eu sempre fazia quando saiamos juntos.

Talvez não fosse por causa daquela mentira desfeita, afinal finalmente ter saído daquilo podia ser uma coisa boa, não dava pra manter a menina presa a mim para sempre.

Tínhamos que nos afastar e o fim daquela farsa de namoro era o primeiro passo, seria o melhor pra ela e talvez fosse o melhor pra mim também, estava bem claro o quanto eu estava envolvido naquele conto de fadas, mesmo que fosse só uma amizade, meu pai estava certo, não tinha um final em que aquilo acabaria bem.

Mas de alguma forma estranha eu me sentia mal e as reações de Natalie não estavam ajudando em nada.

Ela pouco falou durante a noite, sequer respondendo as provocações de Merle e me encarando volta e meia muito fixamente. Ela parecia triste, decepcionada e brava, mas eu duvidava que alguém podia sentir tanta coisa ao mesmo tempo.

Merle nos deixou por um tempo, sumindo pela pista, percebi que Natalie não tinha passado por lá, mesmo que adorasse dançar.

Foquei nela por um momento e ela estava longe, encarando um ponto qualquer na parede a esquerda.

— Por que você está brava? — Perguntei, pulando para a cadeira mais próxima dela.

Eu não queria me importar, mas era o mínimo que eu podia fazer depois de todas aquelas semanas.

— Não estou. — Se limitou a responder sem me encarar.

— Não?

— Não!

Sim ela estava, percebi isso quando me encarou a primeira vez em horas e então desviou o olhar, pegando um cigarro no maço sobre a mesa e acendendo, mesmo que eu estivesse com um aceso nos dedos e ela sempre fumasse comigo.

Eu não conseguia entender exatamente o motivo e, na verdade, devia achar bom esse distanciamento, mas eu não conseguia achar. Merda.

— Okay, você não está brava, entendi. O que você está pensando então?

— Nada.

— Ninguém consegue pensar em nada, Bochechas, você mesmo me disse isso.

Ela me encarou novamente, abriu a boca pra dizer alguma coisa, mas a fechou novamente. Respirou fundo. Olhou o teto. Encostou o corpo totalmente na cadeira e baforou a fumaça, daquele jeito que só ela sabia fazer. Então finalmente voltou os olhos para mim.

— Eu só não entendo... Honestamente, não entendo... — Uniu as sobrancelhas tentando compreender o que Natalie falava e como sempre ela entendeu minha expressão. — Por que agora? Depois de todo esse tempo de mentira, por que contar justo agora e desse jeito?

— Então você está brava por isso?

— Eu já disse que não estou brava, caralho!

Ergui as minhas mãos imediatamente. Eu não tinha pensado que Natalie ficaria brava por aquilo, na verdade eu pensei que ela iria gostar, afinal, sem ter compromisso nenhum comigo, ela poderia se divertir com outras pessoas. Não era justo que eu abusasse daquela mentira pra me manter longe de outras garotas — apenas porque não suportava intimidade e Merle com certeza me obrigaria a comer alguém — e ao mesmo tempo condenar Natalie a mesma sina.

Natalie gostava de pessoas, ela claramente sentia falta daquele contato.

Ou talvez fosse apenas a minha necessidade de fugir daquilo entre nós, seja lá o que "aquilo" fosse, mas claro que essa última parte eu nunca diria em voz alta.

Talvez em outra realidade as coisas pudessem ser diferentes, mas o mundo sempre seria o mesmo, eu sempre seria um Dixon e aquilo nunca daria certo.

— Eu pensei que você ficaria feliz. Eu não desmenti nada, só achei uma forma de sair da mentira. Agora você não está mais presa a mim. Você pode parar de reclamar que "está criando teias de aranha" e voltar a sua vida de sempre... Foi a saída perfeita. Tínhamos que acabar com isso uma hora ou outra, não tínhamos?

Ela não respondeu, deu outra tragada e por fim soltou todo o ar dos pulmões assentindo vagamente.

— Admita que essa mentira idiota te atrapalhava, agora você pode se divertir e fazer suas coisas e as pessoas vão parar de falar por aí que você é... minha garota. — Dei de ombros tentando não deixar transparecer minha voz oscilando quando disse "minha garota".

Meu pai estava certo, aquele tipo de alcunha apenas prejudicaria Natalie. Eu nem entendia porquê tinha deixado durar tanto tempo... Talvez por que fosse fácil, Merle não me enchia, não me arrastava pra sair com garotas, as pessoas não me olhavam tão estranho. Mas não era justo com ela...

— Eu não me importo com o que as pessoas dizem, achei que já me conhecia o bastante pra saber disso... — Soltou muito baixo, desviando os olhos de mim novamente.

Ficamos em silêncio e confesso que era muito estranho ver Natalie tão calada. Chegava até a ser desconfortável. Tamborilei meus dedos sobre a mesa e apaguei meu cigarro, vi que Natalie ainda brincava com a fumaça do dela.

A observei por um longo momento, até que ela focou os olhos negros em mim, respirou fundo e pareceu decidida a dizer algo.

— Acho que eu...

A frase ficou no ar, Merle chegou fazendo o maior escândalo, abraçado a duas mulheres, eu levei três segundos pra reconhecer uma delas: Agnes.

— Olha só quem eu encontrei perdida por aqui, irmãozinho.

Agnes estava exatamente igual, o mesmo sorriso de lábios finos, olhos azuis e cabelos ruivos. Não dava pra dizer que a mulher era feia, não com aquele corpo pequeno e curvilíneo.

— Oi. Daryl, que bom te ver. — Ela simplesmente sentou ao meu lado e colocou a mão sobre meu braço. — Você devia ter me ligado, sabe? — Disse um pouco mais baixo.

Não respondi. Mal me lembrava da noite em que tinha transado com ela, nem bem tinha acabado e eu dei o fora. E isso aconteceu das duas ou três vezes em que tínhamos ficado juntos.

Tentei tirar meu braço, mas Agnes chegou ainda mais perto. Percebi que ela subiu o olhar para Natalie. As duas se encararam por um momento e eu honestamente não soube decifrar o que se passava nos olhos negros.

— Eu não sabia que vocês tinham uma irmã. — A ruiva apontou.

— Natalie é uma amiga. — Merle comentou sem olhar, ocupado demais com a outra garota, uma loira de pele leitosa. — Veio de carona com a gente hoje.

— Você vai adorar esse lugar, fofinha. Eu e o Daryl nos encontramos algumas vezes aqui antes da reforma. — Agnes ergueu o braço no ar, como se fosse tocar a mão de Natalie, mas a morena foi mais rápida em desviar a dela.

"Algumas vezes"? Foram duas vezes, cheguei a abrir a boca pra dizer, mas Agnes apertou minha coxa por debaixo da mesa e eu tive usar todo meu autocontrole pra reagir naturalmente, afinal Merle estava bem ali.

Ele ficaria na minha cabeça por um mês se eu dispensasse uma mulher. Então eu fiquei calado, tentando controlar o enjoo que o cheiro do cigarro mentolado de Agnes me causava e tentado não demostrar que eu que estava tento uma sincope com a proximidade dela.

Eu com certeza não estava bêbado o suficiente para aquilo.

— Ele disse. Na verdade, cá entre nós, eu acho que foi exatamente por isso que ele veio aqui hoje. — Natalie mentiu descaradamente, no tom mais falso que eu já tinha escutado ela usar desde que a conheci.

Ela se levantou então, apagando a bituca no cinzeiro. Totalmente fria. Não parecia em nada a garota das últimas semanas. Aquela devia ser mais uma das cem Natalies.

— Onde você vai, fofinha? Fica aqui pra conversar com a gente. — Agnes se debruçou totalmente sobre mim para falar com a mais nova.

— Deixa pra outra hora "fofinha", me sugeriram um pouco de diversão pra essa noite, e eu começo a achar que é uma boa ideia. — Natalie sorriu, mas era um sorriso totalmente forçado, sequer deixou as bochechas redondas proeminentes.

Enfiou a mão na minha jaqueta, que estava pendurada na cadeira, e pegou suas coisas, colocando-as no bolso de trás da saia e saindo sem nos lançar um segundo olhar.

— Ai ela é bem metida, não é? — Agnes comentou com a acompanhante do meu irmão.

Merle sentou ao meu lado, exatamente onde Natalie estivera.

— Achei que vocês estavam de boa.

— Estamos. — Respondi apenas.

— Então por que a ex-cunhadinha está tão brava? — Ele perguntou, usando aquele apelido ridículo.

— Ela não está. E para de encher a porra do saco, Merle! — Desconversei, fazendo sinal para o barman trazer mais uma rodada e tentando me convencer que aquilo era mesmo o certo.

Era melhor daquele jeito, aquela merda toda acabaria cedo ou tarde mesmo. Aquela amizade, ou seja lá o que fosse, entre Natalie Cooper e eu, nunca daria certo... 

Passei as próximas torturantes horas repetindo aquilo mentalmente e tentando me convencer que era mesmo melhor assim.  


Notas Finais


Vimos um pouco mais da infância do Daryl e do porque ele permanece ao lado do pai, culpa é um fator poderoso, principalmente para o nosso caipira preferido.

Mas temos que lembrar que essa historia e narrada em primeira pessoa, e um narrador desse tipo nunca é plenamente confiável, estando sempre preso aos próprios sentimentos quando dá sua visão das coisas. Ou seja, talvez as coisas não fossem bem como ele pensa, e a culpa seja só algo que enfiaram na cabeça dele. Teremos uma visão melhor disso quando o Merle narrar (sim teremos narrativa dele um pouco mais pra frente)

Will Dixon é um filha da puta interesseiro, "foda-se se o meu filho vai sofrer", esse é o único personagem daqui que eu não consigo defender.
E claro que uma conversa assim geraria consequências que afetam DixChechas, principalmente com a Agnes chegando em uma hora ruim e com a Natalie sendo uma adolescente apaixonada e impulsiva. Ela pode ser compreensiva e amorzinho, mas em certas situações não tem como.

No próximo veremos a reação dela a tudo isso e acreditem a treta só está começando...

Pra quem não sacou a referencia King Couty é a cidade (na série) do Rick e do Shane, geralmente eu uso a versão da HQ (Cynthiana) mas aqui quis mudar um pouco.

Bom é isso espero que tenham gostado (ou não, dada as circunstancias uasuasuhs)

Até semana que vem (na sexta)
Bjss


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