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História Lifeline - Before the End - Coisas reais


Escrita por: DixBarchester

Notas do Autor


Oi oi oieee

Sexta já está no fim, então era mais do que hora de Lifeline!!!

A fic está crescendo aos poucos e eu só tenho a agradecer por isso, obrigada mesmo por acompanharem esse meu devaneio, vocês são as melhores ❤ Cada recomendação, comentário, favorito e mesmo as visualizações contam e muito ❤❤❤

Um agradecimento especial para as comentaristas maravilhosas do cap passado, vou responder todas vocês assim que eu postar *--*

E aos fantasminhas que nunca apareceram para dar "Oi" apareçam, sou legal, não dou Nutella, mas as vezes eu sou amorzinho e libero spoiler uashaushuahsush basta perguntar.

Vamos ao cap, será que eles se resolvem ou será que ainda tem mais merda por vir? uashausaush

Boa leitura!

PS: Eu escrevi esse cap ouvindo "Flawless" do The Neighbourhood, se quiserem ouvir, recomendo.
PS²: A fic tem playlist (já faz tempo até) vou compartilhar o link com vocês também, lá nas notas finais.

Capítulo 16 - Coisas reais


Fanfic / Fanfiction Lifeline - Before the End - Coisas reais

 

• DARYL DIXON •

Natalie tinha ferrado tudo! Como podia ser tão imatura e estúpida? Se já não fosse bem ruim o garçom ter ido me avisar que a minha "namorada" havia passado da conta com o Heaven to Hell, eu ainda a encontrava com a mão cheia de heroína, e claro, também tinha aquela ideia idiota de sair por aí com um cara que ela acabou de conhecer...

Tentei controlar minha respiração. Eu mal conseguia entender por que estava tão preocupado com um problema que não era meu, afinal não era exatamente isso que eu queria? Que Natalie vivesse a própria vida e se afastasse de mim?

Mas não significava que eu a deixaria ter uma overdose ou sair com sei lá quem, enquanto estivesse sob minha responsabilidade. Cooper não perdoaria isso. É. Isso mesmo. Era tudo por causa do Cooper.

Aquela ideia, desculpa esfarrapada, ou seja lá a porra que fosse, me convenceu por um momento e eu pude voltar minha atenção para o presente.

Natalie me encarava, os olhos ainda mais redondos do que sempre, as bochechas rosadas, suada e descabelada, como se tivesse dançado muito ou se atracado com alguém.

Sacudi a cabeça discretamente pra espantar aquele pensamento que me afetou muito mais do que eu previa. Deviam ser os drinks a mais que eu tinha tomado.

— Vamos, eu vou te levar pra casa. — Declarei, com muito mais raiva do que pretendia.

— Eu não vou embora agora, acabei de falar que tenho um compromisso. — Retrucou, tentando manter a pose, mas sua língua enrolando tirava um pouco do impacto. — Tem alguém esperando por mim.

Senti o sangue ferver nas minhas veias quando ela desviou de mim e tentou ganhar distância. Mas que porra aquele cara tinha pra Natalie querer voltar correndo pra ele?

— E eu acabei de falar que você não vai a lugar nenhum nesse estado. Porra! — Segurei o braço dela e a puxei de volta. Ela parou a centímetros do meu rosto, ofegou por um momento.

Como aquela maldita podia ser tão... linda? Eu devia estar muito bêbado.

— Você não manda em mim. — Devolveu em desafio, mas não parecia tão certa do que dizia.

— Não mando. Mas você veio comigo e volta comigo. É o mínimo que eu devo ao seu pai.

Ela negou algumas vezes parecendo totalmente decepcionada. Me perguntei se algum dia eu seria capaz de entender Natalie Cooper e soube que, com certeza, aquilo nunca aconteceria.

Pareceu ceder, me encarou de queixo erguido, enquanto apontava pra eu ir na frente. Caminhamos até Merle, para que eu pegasse as chaves da caminhonete, e Natalie ficou parada esperando, um pouco antes de chegarmos as mesas.

— Eu vou levá-la pra casa, depois volto pra te buscar. — Avisei, sem muita paciência.

— Sabia que isso tinha cheiro de sexo de reconciliação. — Ele debochou, abraçado com a loira ao seu lado.

Agnes ouviu aquilo e se empertigou um tanto.

— Podia ter me dito que vocês tinham um lance... — Resmungou de braços cruzados.

— Quem diria que um dia meu irmãozinho teria duas gostosas ao seus pés. — Merle riu, arrancando olhares enfezados da loira.

Eu não me dei ao trabalho de responder, me virando a tempo de ver Natalie se aproximar de Agnes. Tentei segurá-la, mas ela desviou de mim e parou na frente da ruiva.

— Vocês se beijaram? — Natalie perguntou, tombando um pouco a cabeça e apontando levemente na minha direção.

— Por favor. — Pedi, antevendo uma briga, mas Natalie ergueu o dedo em riste pra mim, esperando a reposta de Agnes.

— Olha só, lindinha, eu não sabia que vocês estavam juntos... — A ruiva começou em tom de desculpas.

— Não estamos. — Natalie corrigiu depressa e a resposta, que deveria me ser comum, fez minha mente travar. — Apenas responda a pergunta.

Percebi Merle se mover um pouco pra frente, muito mais interessado no que acontecia ali do que na moça ao seu lado.

Agnes assentiu brevemente e eu passei a mão pelo rosto, não conseguindo entender a merda que Natalie estava fazendo. Arrumar briga com a Agnes seria uma coisa muito ridícula.

— Foi bom? — Ela perguntou outra vez, dando mais um passo pra frente, totalmente intimidante já que era alguns centímetros mais alta. — Foi. Bom. Lindinha?

A ruiva assentiu lentamente, dando um passo pra trás, claramente receosa.

Merle saiu de onde estava preparado pra apartar uma briga, assim como eu que tentei alcançar o braço de Natalie, antes que ela segurasse Agnes e... a beijasse???

Pisquei três vezes totalmente incapaz de entender aquela cena, enquanto Merle xingava um palavrão qualquer, ria escandalosamente e as duas realmente se pegavam bem na nossa frente. Mãos no cabelo, cintura, braços e muito mais detalhes do que eu queria notar.

Natalie se afastou um passo e tombou a cabeça de canto, Agnes sorriu meio atordoada.

— Foi legal, a gente se vê por aí. — Acenou naturalmente, olhando pra mim em seguida. — Podemos ir agora. — Sorriu superior e saiu andando na frente.

Fiquei ali parado mais um tempo, totalmente sem reação, enquanto meu irmão falava todas as sandices possíveis e Agnes voltava a se sentar como se nada tivesse acontecido.

— Irmãozinho, você é meu herói! — Merle bateu a mão nas minhas costas em um meio abraço. — Vai lá, porque sua noite vai ser um arraso.

Recebi os empurrões, nem tão leves, do meu irmão, ainda totalmente petrificado, caminhei na mesma direção que Natalie foi por puro instinto. Será que eu tinha bebido demais? É, eu com certeza tinha...

Cheguei na entrada do lugar e Natalie já tinha acertado a comanda, se afastando do caixa antes que eu me aproximasse. Saiu na frente, sendo incapaz de seguir em linha reta e rindo de algo que eu desconhecia. Isso acabou me irritando um pouco mais.

— Mas que porra você pensa que está fazendo? — Perguntei, perdendo o pouco de calma que ainda me restava.

— Indo para o carro, pra você me levar embora. Não foi isso que você me mandou fazer? — Devolveu com outra pergunta, muito calma, quase debochada.

— Você está muito chapada... — Passei a mão sobre o rosto um tanto frustrado.

— Você fala como se estivesse muito sóbrio. — Jogou na minha cara.

Sim, eu tinha bebido, talvez mais do que normalmente, mas não, eu não estava nem perto de estar tão chapado como ela.

— Eu não estou drogado. — Acusei, um tanto seco.

— Foda-se. — Deu de ombros como se não importasse a mínima.

— Foda-se?

Natalie continuou na mesma posição, o nariz ainda mais empinado, as bochechas vermelhas. Prepotente e mimada. Ainda assim, tinha algo ali que fazia todos meus nervos entrarem em curto e algo mais.

— Olha, quer saber? Eu não faço ideia da merda que está errada com você hoje, mas eu não dou a mínima, entra na porcaria do carro. — Apontei sem um pingo de calma.

— Errado comigo?! — Natalie pareceu totalmente incrédula. — Comigo? Certeza? Porra Daryl, não fode! O problema não sou eu, eu sou transparente, clara, se eu prometo eu cumpro, se eu digo é porque é verdade, mas você... — Ela negou algumas vezes, tropeçando nos pés ao dar outro passo. — Mas que merda, Daryl, eu não consigo entender você, cara. Toda vez que eu acho que estou perto, você faz questão de esfregar na minha fuça o quão errada eu estou. Quer saber, acho que você é um mentiroso...

A encarei sem entender e o último vestígio de controle se esvaiu de mim.

— Como é? Você pode falar a porra que quiser de mim, garota, mas eu não sou mentiroso coisa nenhuma! — Fui incapaz de ficar parado, era como se meus pés se movessem sozinhos de um lado para o outro.

— Você disse que queria que eu me divertisse, foi o que eu fui fazer, mas claramente isso não era o que você queria. Você mente pra si mesmo o tempo todo, não vê? Por que não tenta ser honesto pelo menos uma vez e diz o que você realmente quer?! — Natalie praticamente gritava no meio do estacionamento.

Percebi algumas pessoas andando por ali e me aproximei dela puxando-a para perto da caminhonete, o carro estacionado ao lado nos cobrindo, evitando que chamássemos atenção demais. Ela trombou em mim como se fosse incapaz de manter o equilíbrio.

— Eu disse pra você se divertir, não pra se drogar e se embebedar até ter um treco.

— Já sou grandinha, decido sozinha como quero me divertir. — Retrucou, encostando-se no carro e baixando um pouco o tom.

— Desisto. — Ergui minhas mãos e virei as costas, decidido a entrar na caminhonete.

Foi a vez de Natalie me segurar, seus mãos quentes no meu antebraço.

— Você não me respondeu. O que você quer, de verdade, Daryl?

— Te levar pra casa. — Respondi rápido, para calar meus próprios pensamentos.

— Como eu disse. Você é um mentiroso.

Nos encaramos por um momento, a mão dela ainda no meu braço. Ela estava errada, eu sabia o que eu queria, eu só não podia colocar aquilo em palavras, porque isso tornaria tudo real, e eu não sabia o que seria de mim se virasse realidade, então eu tinha que omitir.

Será que omitir coisas de mim mesmo me tornava um mentiroso?

— Queria que as coisas fossem tão fáceis quanto você acha que são. — Falei ainda mais baixo, soltando meu braço dela e dando alguns passos.

— Elas são, você só tem que parar de complicar.

— Você não entende...

— Então me explica. — Pediu, me ultrapassando e parando na minha frente.

Porra, já era bem difícil ter que lutar contra mim mesmo, mas lutar contra Natalie era tortura. Eu só queria não ser eu mesmo. Eu só queria... Olhei os lábios rosados que tremiam levemente, neguei algumas vezes e baixei a cabeça.

— Não posso. — Respondi, passando por ela e entrando na caminhonete.

Abri a porta do passageiro e a esperei entrar. Por um segundo, eu achei que ela se negaria, cheguei a vê-la olhar ao redor, mas por fim ela se sentou ao meu lado, depois de se atrapalhar com o salto da bota na entrada.

Dei a partida e dirigi em silêncio. Natalie parecia perdida nos próprios pensamentos ao meu lado, até que pousou os olhos em mim e assim ficou por vários minutos. Eu mantive a atenção na estrada, mas podia vê-la pela visão periférica.

Eu não fazia ideia do que ela estava pensando, queria perguntar, mas não o fiz. Era um dilema, eu queria saber, mas, ao mesmo tempo, não queria que ela colocasse em palavras. Era aquela mesmo lance: Colocar em palavras tornava tudo real.

Mesmo assim não consegui ficar mais tempo daquele jeito e tive que focar nela, um segundo apenas, então voltei meus olhos para a pista. Mas aquela simples troca de olhar pareceu ter sido suficiente para Natalie, como se fosse o que ela esperava.

— Eu estou apaixonada por você. — Declarou do nada, encostando a cabeça no banco e rindo sem humor, até soluçar como se fosse começar a chorar.

Aquelas poucas palavras pesaram toneladas pra mim, minha única reação foi pisar no freio e parar o carro imediatamente. Foi incapaz de encará-la, olhado fixamente pra frente, como se evitar contato visual fosse impedir aquilo de ser real. Mas a frase continuou ecoando na minha mente, cortando cada parte de mim.

Era real e aquela realidade acabaria nos destruindo. De um jeito ou de outro. Como uma menina tão esperta como Natalie Cooper não conseguia ver isso?

— Eu beijei uma garota que você beijou, só porque eu não podia te beijar... Porque prometi. — Começou séria, quase triste, olhando a estrada passar pela janela. — Eu cheirei heroína, me embebedei e beijei um cara qualquer, porque eu não sei lidar com isso, porque eu pensei que podia te tirar da minha cabeça. Mas não posso. Você disse que não sabia o que tinha de errado comigo. Agora você sabe. Eu estou apaixonada por você.

Não, não, não. Isso não podia estar acontecendo. Segurei o volante com ainda mais força, minhas mãos tremendo. Merda.

— Natalie... — Tentei, mas ela ergueu a mão para que eu parasse, agradeci mentalmente, pois não fazia ideia do que dizer.

— Não precisa dizer nada. Você deixou bem claro que não estava interessado quando nos conhecemos. Eu não espero que você faça nada, eu só precisava ser honesta quanto a isso. — Deu de ombros e voltou àquela reação entre o choro e o riso. — Podemos ir?

Liguei o carro de volta, ainda agarrado ao volante como se minha vida dependesse disso. Natalie não disse nada o restante do caminho, enquanto eu tentava encontrar um ponto de equilíbrio na minha cabeça. Aquilo não podia estar acontecendo.

Estacionei em frente a oficina quase meia-hora depois. Natalie encarou a fachada e logo depois olhou para mim, mas eu falei antes dela:

— Você está mesmo muito bêbada agora. Amanhã você vai acordar e ver que as coisas não são bem assim.

Aquilo era como uma oração interna, porque eu precisava que de um pingo de esperança que as coisas voltariam a ser como tinham que ser.

— A bebida pode ter me deixado mais louca, mas corajosa e mais sincera do que eu sou normalmente, mas ela não pode mudar o que eu sinto, eu ainda vou sentir a mesma coisa de manhã, assim como eu sentia exatamente o mesmo antes de beber, desculpe, Baby Dix. Obrigada pela carona.

Desceu da caminhonete e tropeçou um pouco na calçada. Levando um pouco mais que o normal pra abrir o portão e dando uma última olhada para mim, antes de finalmente entrar.

Fiquei ali exatamente na mesma posição por mais tempo do que eu seria capaz de contar. Eu sentia que minha vida era um carro desgovernado, capotando morro à baixo, prestes a cair no abismo.

Quando finalmente decidi voltar para encontrar Merle, eu não fazia ideia do que fazer, estacionei a caminhonete e voltei a ficar parado ali. Respirei fundo. Peguei um cigarro, acendo-o e percebendo que minhas mãos tremiam.

Maricas... A voz de Merle na minha mente acusou.

Você já é um tanto grandinho pra acreditar nesses continhos de fada da TV, sua história com a garota Cooper só tem dois finais possíveis, nenhum deles é feliz. A do meu pai completou como se me jogasse uma maldição. Ela já viu suas cicatrizes?

Soquei o volante, mas não foi nem metade do que eu precisava pra acalmar o que me corria por dentro. Desci da caminhonete e bati a porta, caminhando decidido para a maldita boate.

Encontrei Merle jogando sinuca com alguns caras, em um dos ambientes do lugar. Agnes e a loira, que eu percebi não saber o nome, assistiam um tanto entediadas.

— Ah irmãozinho! Já era hora, hein? — Me cumprimentou, passando os braços pelos meu ombros. — E aí? Cadê minha cunhadinha safada?

— Não quero falar sobre isso, Merle. — Respondi entredentes, pedindo uma dose de qualquer coisa para o barman.

Percebi meu irmão me encarando meio de canto quando a bebida chegou e eu a virei de uma só vez, pedindo para o rapaz deixar a garrafa. Eu a esvaziei, enquanto acertava dardos no alvo pregado em um canto, rápido o bastante para que Merle me lançasse um segundo olhar desconfiado. Não dei atenção.

A noite foi passando como um borrão conforme eu ficava cada vez mais chapado. Me envolvi no jogo de sinuca. Alguém jogou um saquinho de heroína na mesa e eu me lembro perfeitamente de ter rido daquela ironia, enquanto alguns caras, incluindo Merle, se revezavam para usufruir da droga discretamente. Neguei quando cederam um lugar pra mim e recebi várias risadinhas debochadas em resposta.

— Não seja maricas, Darlyna, não vai me deixar mal com os caras, não é? — Meu irmão bateu nas minhas costas, me incentivando. Foda-se.

Senti o leve desconforto nas narinas quando aspirei, esperando pelos efeitos conhecidos. A noite começou a passar mais rápido.

Nós envolvemos em um briga com os caras da sinuca, os seguranças pediram "educadamente" para que pagássemos a conta e nos retirássemos. Merle o fez aos xingos.

A briga continuou na rua, eu sequer me lembrava qual era o motivo e de repente parou de importar, a oportunidade de socar a fuça de alguém e descontar toda a minha raiva pareceu mais importante do que um motivo.

Levei uns socos, mas, sem querer me gabar, os outros caras saíram muito piores. Acho que "vencemos" não me lembro exatamente. Só sei que uns minutos depois eu estava na caçamba da caminhonete, Merle no volante rindo em alto e bom som, enquanto as duas garotas ao lado dele resmungavam e se queixavam do quanto éramos trogloditas.

Paramos em um motel de beira de estrada, uma espelunca caindo aos pedaços que Merle escolheu, ele não era o tipo de levava ninguém em um lugar minimamente descente. Se enfiou com a loira em um dos quartos, depois de me empurrar com Agnes pra outro, sob o pretexto que eu precisava "cuidar do sangue na minha cara e do corte no supercílio".

Depois que lavei o rosto e vi que a merda do ferimento não era nada demais, pensei que estivesse lúcido o bastante. Acho que me enganei.

Agnes estava sentada na cama e eu senti todo o clima desconfortável de estar ali sozinho com ela.

— Então, as coisas não se resolveram com a sua namorada? — Perguntou amigável, coisa que eu realmente nunca me dei conta que ela era, se levantando da cama andando até mim.

— Ela não é minha namorada. E não tínhamos nada pra resolver. — Retruquei, desviando dela.

— E ela sabe disso? — Devolveu. — Porque não parecia que a garota sabia de nenhuma das duas coisas quando me beijou mais cedo. — Riu meio de canto e eu a encarei lembrando do que Natalie dissera sobre beijar Agnes.

"Eu beijei uma garota que você beijou, só porque eu não podia te beijar..."

— Não que eu esteja reclamando, afinal, caramba, a menina beija bem! — A ruiva, continuou e sorriu um tanto maliciosa.

A imagem das duas de beijando passou na minha mente, sendo a porta para uma avalanche de memórias de mim e Natalie. Todos os sorrisos, todas as palavras, os olhares, os toques, aproximações... Merda.

Puxei Agnes para perto rudemente, colando meus lábios nos dela, envolvendo-nos em um beijo nada suave. Depositando todo meu desejo ali, meu desejo por outra pessoa. A frase de Natalie se tornando minha: Eu beijei uma garota que você beijou, só porque eu não podia te beijar...

E quando eu tomei o corpo de Agnes — com ela ainda de pé, apoiada na parede, de costas pra mim — sem nem bem tirar seu vestido, parando apenas pra colocar um preservativo, eu soube com clareza o quanto eu era infiel comigo. O quanto eu tinha me perdido naquela amizade estranha com Natalie.

Se sexo já não era exatamente uma coisa agradável pra mim, foder com uma garota apenas porque eu precisava tirar outra da cabeça foi ainda pior.

Em um segundo de lucidez, ou melhor, em um segundo de total embriaguez eu me permiti ser honesto o suficiente comigo mesmo pra fazer a única pergunta que importava: Se eu tinha que me perder em outros corpos pra tirar Natalie Cooper da cabeça, e nem isso adiantava realmente, o que eu teria que fazer pra tirar aquela menina bochechuda do meu coração?

➷•➷•➷•➷•➷

Deixei Agnes praticamente desmaiada no quarto, satisfeita como se aquele tivesse sido um dos melhores sexos de sua vida e passei o resto da madrugada sentado na caçamba da caminhonete, tentando não pensar em nada, ou melhor, tentando não pensar em Natalie, mas falhando grandemente nisso.

Pouco antes de amanhecer, Merle saiu do quarto ao lado do meu se espreguiçando. Me viu ali e simplesmente caminhou até mim, encostando do meu lado.

— Não devia deixar ela foder com a sua cabeça. — Aconselhou, acendendo um baseado.

— Ninguém está fodendo a minha cabeça. — Desconversei, me mexendo incomodado.

— Você não fica bem mentindo, Darlyna. — Debochou, me estendendo aquela merda.

Tanto o gesto, quando a menção a eu ser um mentiroso, me lembraram de alguém que eu com certeza não queria pensar naquele instante.

Peguei a merda do cigarro de maconha e dei um trago.

— Você realmente precisa relaxar, irmãozinho. Nem parece que deu uma.

— Não enche, Merle! — Estendi o baseado pra ele, que negou, pegando outro do bolso e acendendo.

— A Natalie pode ser gostosa, legal pra caramba, mas ficar aí sofrendo pelo pé que ela te deu, só te faz mais maricas do que você já é, sacou?

Neguei algumas vezes, rindo sem humor.

— Eu não estou sofrendo e ela não me deu pé nenhum, já falei pra não encher, porra! — Retruquei, mesmo que sem vontade.

— Não está sofrendo? — Ele gargalhou tão alto que pensei que acordaria toda aquela espelunca. — Se essa sua cara de mané retardado, que levou um chute no saco não é sofrimento por causa de um rabo de saia, então melhor irmos direto pro médico, irmãozinho. E se ela tão te deu um pé, por que é que você está aqui, comendo outra?

— Por que você está aqui e não com a Shannon? — Perguntei de volta, perdendo minha paciência, se é que naquele ponto da noite tinha restado alguma.

— Porque eu não tenho nenhum compromisso com aquela ingrata. Aquela vadiazinha de quinta nunca mais vai ver meu pau na vida. — Respondeu de pronto, parecendo bastante revoltado.

Não continuei a conversa e Merle se calou por um tempo. Ficou olhando os primeiros indícios do Sol nascendo, até que pareceu ter uma ideia.

— Sabe o que eu acho? A gente devia dar o fora. Um camarada meu tem uma rede de distribuição aqui no estado, o pessoal de Malcon foi pego e ele vai precisar de alguém pra tomar conta do trailer e dos negócios na cidade. Lugar afastado, grana fácil, um serviço pra dois — sugeriu prático.

Com Merle era sempre assim, sempre tinha um "trabalho", nada dentro da lei, isso era o que ele sempre fazia, era quem ele era.

— Com "rede de distribuição" você quer dizer rede de tráfico, não é?

— E que outra coisa seria? — Riu. — Os clientes já são fixos, é só preparar as merdas e entregar, apenas garantir que a concorrência não ganhe espaço. Que acha? Hum? Acho que esfriar a cabeça e passar um tempo longe vai fazer bem pra gente. Boceta nenhuma pode prender um Dixon.

Era uma péssima ideia viver em um trailer com o meu irmão, no meio de sei lá onde, fazendo só o que não prestava. Era o tipo de coisa que eu vinha evitando...

— Você disse "vai fazer bem pra gente". — Franzi as sobrancelhas, percebendo algo mais por trás daquilo.

— Mulher é um bicho que não presta. Confia em mim, irmãozinho. Elas fodem com a gente de um jeito bem diferente do que fodemos com elas. — Ele deu de ombros um tanto reflexivo.

Aquilo não podia ser por causa da Shannon, podia?

— 'Tô dentro. — Concordei e Merle me encarou um tanto surpreso antes de comemorar, me dando socos amigáveis no ombro.

Sim, eu queria evitar aquela merda toda, era uma realidade que eu não queria para mim, mas aceitar ir com meu irmão seria bem menos doloroso do que encarar aquela coisa com Natalie Cooper, algo que eu tinha certeza que não podia acabar bem.

Era hora de deixar Dawsonville... 

 


Notas Finais


Ora, ora, ora, vejam só, temos um fujão aqui! uashuashuasusahsush
Brincadeiras a parte, tadinho do Daryl gente, o medo dele de ser amado só me faz amar esse homem ainda mais.

A Natalie, como sempre, foi sincera ao extremo e o Daryl não estava pronto pra isso. As coisas saíram realmente do trilho, mas isso foi bom pra ele se dar conta do quanto já está envolvido.
Agora só falta ele mandar o mundo pro inferno e aceitar que pode sim beijar a Natalie uashuahaushaush

Falando em beijo, e esse beijo por tabela que rolou? uahsuashuash seria a Agnes a personagem mais sortuda dessa fic? uahsaushush (Falando em Agnes o Cast dela é a Emma Stone, pra quem ficou curiosa)

Como prometido, link da playlist lá no spotify https://goo.gl/ynW5WK tem umas músicas que já são da segunda temporada, mas acho que nada que seja um spoiler muito grande. Quem não tiver Spotify, pode perguntar por review ou MP que eu passo a lista de músicas.

Agora uma noticia um pouco triste, TALVEZ eu não poste na semana que vem, minha mãe vai mudar e vou ajudar ela, depois fico por lá, então não sei se vou conseguir escrever e postar (nem sei se já vai ter instalado net por lá) mas assim que der eu apareço. O mais tardar na outra sexta.

Bjss e até.

PS: O próximo tem Natalie e Papa Cooper, vamos ver ser ele coloca ordem na casa uahsaushuhs


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