História Lifetime in Repeat - Capítulo 2 Não se deve louvar o dia antes que chegue a noite

Capítulo 2 - Não se deve louvar o dia antes que chegue a noite

Chanyeol vivera apenas três anos com a primeira e última mulher um filho. No veredito, o juiz concedeu a guarda para a mãe, sentenciando Chanyeol a pagar um terço de seu salário como pensão. Ele era um grande médico e com isso, eles tinham, também, uma grande pensão. E também autorizou a permissão de ver o filho duas vezes ao mês. Contudo, cada vez que chegava o dia de ir visitá-lo, a mulher arrumava algum problema que impedisse esse encontro e logo depois de alguns meses, ambos desapareceram por completo.

Chanyeol poderia passar na rua por seu filho, que não o reconheceria. Não teria esse direito por um capricho daquela mulher. Não teria o privilégio de ser chamado de pai, muito menos, de cuidar de seu filho. Chanyeol não poderia ser pai mesmo sendo um.

Por algum tempo, ele se sentiu triste e magoado por não conhecer o filho. Passou um ano e desistiu de procura-los. Passou dois e por fim, desistiu de ser pai. Afinal por que se acorrentaria a essa criança mais do que qualquer outra? Não estavam ligados por nada, a não ser pelo sangue e DNA que tinham em comum.

Depois desse relacionamento conturbado, decidiu por fim que não se envolveria com mais ninguém a ponto de se apaixonar. E por esse medo do amar, ele teve de achar um meio termo, mais conhecido como: amizade erótica, ou então apenas amantes. E para esses amantes, sempre frisava que, aquilo não passava de um relacionamento não sentimental, que nenhuma das partes se ache no direito de se meter na vida, liberdade e ações do outro.

Para se certificar que essa tal amizade sexual nunca iria se render à terrível agressividade do amor, só encontrava com eles, amantes, após longos períodos sem nenhum tipo de contato.

Essa metodologia de hiatos dava a ele a oportunidade de jamais romper com seus amantes e tê-los sempre que desejasse. De todos os seus amigos de uma noite por semana, era Luhan quem o entendia melhor. E ele sempre dizia: “Em qualquer roteiro de filme de Hollywood ou de outro qualquer lugar da face da Terra, você não teria outra definição melhor do que a palavra repugnante”

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                O acordo da amizade sexual provocava que o amor fosse completamente dizimado da vida de Chanyeol. Se, por hipótese ele desobedecesse tal exigência, todos seus amantes se sentiriam no mesmo instante em uma posição indigna e se irritariam. Com razão. Se Chanyeol não deixasse ninguém passar a noite em sua cama, ele deveria cumprir isso ao pé da letra.

                Portanto, tratou de arrumar um quarto para Baekhyun e suas bagagens infinitamente pesadas. Ele queria protege-lo, deixa-lo feliz com a sua companhia, contudo, não enxergava nenhuma obrigação ou carência para mudar seu estilo de vida. O sono compartilhado era o corpo de delinquência do amor.

                Com os outros, ele nunca dormiria e nem dormirá. Quando era ele a ir para a casa dos amantes, era descomplicado, ia poder ir dar o fora quando bem entendesse. Era mais gentil quando eles vinham à sua casa e ele tinha que esclarecer, justificar  que os levaria de volta para suas residências pois tinha insônia e não sabia o porque, mas não conseguia dormir ao lado de outra pessoa. Não estava nem um pouco distante de ser verdade, porém, o motivo principal era menos nobre. No segundo que se dispunha ao amor, ele sentia uma ânsia de ficar singular irreprimível.  Considerava maçante e inóspito acordar de madrugada em mais uma de suas insônias e encontrar uma pessoa estranha em sua cama.  O deixava com náuseas a falta de privacidade ao fazer sua higiene matinal ou em qualquer parte do dia, colocar sua escova de dente ao lado de outra e sentar-se para comer com outro alguém que não fosse ele mesmo.

                Por conseguinte, imagine sua surpresa ao acordar ao lado de alguém e para piorar com as mãos entrelaçadas? Observou o ato por vários minutos afim de entender tal situação em que se desenrolava naquela manhã. Com aquela imagem, teve o prazer, ou desprazer, total de se inebriar ao perfume de uma alegria desconhecida, todavia, poderosa.

                Depois do acontecido, os dois animavam-se por antecipação para dormir juntos. Eu arriscaria dizer que para eles a prática sexual não era por volúpia mas sim, o sono de depois. A cima de tudo, Baekhyun não podia dormir sem Chanyeol. Se ficasse sozinho no quarto, ele não pregaria o olho durante toda a noite. Em seus braços, mesmo em meio a agitação, Baekhyun encontraria a paz e se acalmaria.

Todas as noites o acontecido da primeira noite se repetia, ele agarrava a mão de Chanyeol com força enquanto dormia, tornando a saída de Chanyeol mais difícil no dia seguinte.

Deitar-se com um homem e dormir com ele, era duas paixões totalmente distintas uma da outra. O amor não se declara pelo desejo de fazer amor, mas sim, pela vontade de adormecer ao lado do companheiro. Este desejo não diz respeito a vários homens, mas sim, apenas um só.

Uma noite, Baekhyun começou a gemer durante a noite enquando dormia. Chanyeol o acordou desesperado, mas ao Baekhyun olhar em seu rosto, sua feição mudou, ficou imóvel, sem expressão alguma e logo depois algumas lágrimas caíram de seu rosto. Chanyeol, com toda a paciência do mundo as secou e por fim, perguntou o que havia acontecido e Baekhyun respondeu:

- Estávamos em um teatro e você me mandou ficar em um dos vários assentos enquanto você transava com Luhan. E olhar para aquele show me trasia um grande aflição, desgosto, tristeza, pesar, quase um tormento. – À cada palavra que ele proferia, sua faze se contorcia em um misto de repulsa e mágoa. – E para sufocar a dor de minha alma, eu enfiava agulhas por baixo de minhas unhas. Era agonizante, só não sei o que me incomodava mais.

Chanyeol o apertou contra si, e parando com a tremedeira pós-choro, Baekhyun por fim adormeceu ali, em meio a seus braços.

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Na manhã seguinte, Chanyeol ainda pensava naquele sonho e logo lembrou-se de algo. Abriu a gaveta de um criado mudo que ficava a esquerda de sua escrivaninha e de lá, tirou um amontoado de cartas de Luhan. Encontrou a carta que procurava e brevemente a abriu ogo lendo: “Gostaria de fazer amor com você nem meu estúdio, como se fosse o palco de algum grande teatro. Existiriam vários olhos, ao nosso redor,  nos observando, contudo, nenhum deles teriam o direito de se aproximar ou nos interromper. Mas esses olhos, também não se atreveriam em parar de nos observar.”

O que mais o perturbava era que a carta era recente e possuía a data gravada logo no final da folha.

- Você mexeu em minhas cartas! – O censurou.

- Mexi sim. Me mande embora! – Sem ao menos tentar contestar, Baekhyun respondeu em um tom grosseiro.

Chanyeol se assustou. Baekhyun nunca havia elevado sua voz em nenhum momento desde que chegara, era de se entender tal espanto. Baekhyun não era nenhuma moça desprotegida, ele sabia disso, apenas aparentava. Com tais pensamentos, ele não o fez o que fora pedido. Ele o mirava ali enfiando agulhas de baixo das unhas, escorado e largado em algum canto do estúdio de Luhan. Apanhou seus dedos, os acarinhou, levou-os aos lábios e selou com tanto carinho cada dedo, como se neles houvessem sinais de sangue ou ferida.

                Entretanto, a partir daquela ocasião, tudo pareceu conspirar contra ele. Não havia um dia sequer que passasse sem que Baekhyun não descobrisse alguma outra coisa a respeito de seus amantes clandestinos.

No início, ele negava tudo. Todavia, quando as provas eram incontestáveis, se esforçava em comprovar que não tinha nenhuma contradição entre sua vida polígama oculta e o amor que lhe tinha. Não fazia sentido: vez negava infidelidades, vez argumentava em sua defesa.

Em uma noite, ele telefonou para um de seus amigos para marcar um encontro. Ao terminar a ligação, escutou um barulho de dentes se batendo.

Baekhyun chegara ao apartamento e Chanyeol nem percebera. Baekhyun tinha uma garrafa de whiskey, bebia diretamente do vidro e por conta de sua tremedeira, o frasco batia contra seus dentes.

Chanyeol disparou em direção ao outro como se Baekhyun fosse se afogar com aquela garrafa de conteúdo alcoólico. O vidro foi de imediato ao chão, quebrando em vários pedaços sobre o grande tapete que continha naquele cômodo.

- Você ficou louco? – Falou Chanyeol tentando segurar Baekhyun em seus braços.

- Me larga! – Gritou Baekhyun, com lágrimas em seus olhos. – Você que deve ter ficado louco! Eu só queria beber, qual é o problema nisto?

- Calma, Baekhyun! O que aconteceu? – Chanyeol perguntou.

- Se você não sabe é porque a consciência nem ao menos pesa! Desgraçado. – Baekhyun respondeu chorando todo aquele mar que havia se formado em seus olhos castanhos, e socando o peitoral de Chanyeol o mais forte que podia e conseguia em sua situação.

Chanyeol sabia que encontrava-se em uma indefensável situação, já que esta era fundada sobre uma dissemelhança total.

Muito antes de que ele descobrisse a situação de Chanyeol com Luhan, eles tinham ido para uma boate com alguns amigos para comemorar o novo emprego de Baekhyun. Como Chanyeol não gostava de dançar, um de seus amigos do hospital, Jongin, tirou Baekhyun para dançar. Eles deslizavam perfeitamente sobre a pista, e Baekhuyn parecia mais lindo do que nunca. Chanyeol estava estupefato de ver com que precisão e flexibilidade ele se adiantava uma parcela de segundos, ou até milésimos, à vontade de seu parceiro. Essa dança parecia anunciar que sua dedicação, esse ardente desejo de satisfazer o que lia nos olhos de Chanyeol, não estava necessariamente ligado ao homem, ser de Chanyeol, mas que estava pronto a responder ao apelo qualquer que fosse o homem que encontrasse em seu lugar. Não existia nada mais fácil do que imaginar Baekhyun e esse amigo de trabalho como amantes. Era esta facilidade que o afligia e o feria. O corpo de Baekhyun era magnificamente imaginável em um abraço amoroso com  qualquer que fosse o homem, e essa imaginação o deixava puto da vida. Tardiamente, quando já estavam de volta à casa, Chaneyol assumiu que estava morrendo de ciúmes das várias danças que Baekhyun dançou sem ele.  Baekhyun respondeu:

- Se estava tão incomodado, deveria ter se levantado e me tirado daqueles braços e me posto nos seus. Afinal, foi você que disse que não queria dançar e que estava tudo bem em dançar com o seu amigo.

Esse ciúme absurdo, concebido de uma probabilidade toda montada em sua imaginação e pensamento, era a prova de que ele considerava que a fidelidade de Baekhyun deveria existir para sempre e que não houvesse uma traição se quer. Mas então, como poderia ele ficar nervoso com o ciúmes que Baekhyun sentia de seus amantes muito mais do que apenas reais?