História Ligações Perigosas - 09 - A mafia

- Elas provavelmente eram amigas. - Falei tentando entender aquela situação. – Você bem que podia falar com a sua mãe e ver se ela sabe sobre a Kate.

Harry ficou um longo tempo em silêncio olhando fixamente para foto. Ele parecia triste.

- Não, minha mãe não tem como ajudar. – Ele falou sério, ainda sem tirar os olhos da foto.

- Mas por que não? – Harry se levantou da cama e recolheu todos os papéis com os códigos.

- Vou dá uma olhada nisso, talvez eu consiga te ajudar em alguma coisa.

- Você mudou de ideia? – Não consegui segurar o sorriso no meu rosto, ele ia me ajudar, eu sabia que ele não era tão ruim assim.

- Posso tentar Jenna, mas não prometo nada. – Me levantei da cama e fui em direção a ele o abraçando. Foi uma ação sem pensar, mas eu queria aquilo, eu queria sentir o calor do seu corpo de novo.

- Obrigada por tentar. – Sorri para ele que retribuiu meu sorriso, mas não retribuiu o abraço, ele permanecia rígido como uma rocha até eu o soltar e ele sair pela porta.

Adormeci lembrando do beijo que dei no Harry, não sei o que estava acontecendo comigo, o porquê de ter tomado aquela atitude, mas sei que gostei mesmo que meus sentimentos por ele estejam confusos. Talvez seja gratidão ou talvez só atração física, porque querendo ou não, Harry é muito bonito e me deixa fora de mim ás vezes.

Acordei me sentindo bem melhor, o efeito dos remédios estavam me fazendo bem. Quando acordei Helena estava aqui, com certeza veio cuidar de mim, eu tinha alguns machucados pelo corpo e ela cuidava de cada um com muito carinho.

Desde de ontem não vi o Harry, ele ficou horas trancado no quarto, provavelmente estava vendo os papéis que dei para ele. Eu espero mesmo que ele descubra alguma coisa, quero muito entender quem eu sou, o que levou minha mãe a me abandonar e quais são os perigos por trás disso tudo.

- Helena, de onde você conhece o Harry? – Perguntei enquanto ela arrumava meus curativos.

- Conheço ele desde que vim trabalhar com a família dele, ele tinha uns 10 anos.

- Então você conhece a família dele? Onde eles estão? – A suavidade que estava no rosto de Helena sumiu, ficando com o rosto sério e concentrado no que estava fazendo.

- Acho melhor não falar disso.

- Porquê?

- Harry não gosta de falar da família dele e eu acho que você devia respeitar isso. Quem sabe ele mesmo não te conta. – Eu não entendi o que estava acontecendo, mas também acho melhor respeitar a decisão dele, talvez ele não tenha um relacionamento bom com a família.

- Então me fale sobre ele. O que ele mais gosta de fazer?

- Eu não estou entendendo esse interesse repentino nele. – Ela falou e sorriu para mim. Prefiro ela sorrindo.

- Eu só quero conhecer ele mais, você sabe como ele é fechado, você é minha única opção.

- Enfim, eu sei que ele gosta muito de tirar fotos.

- Fotos? Eu nunca o vi tirando fotos.

- Ele consegue tirar fotos da gente sem que percebemos. – Fiquei muito curiosa com o que Helena está dizendo, quero ver as fotos que Harry tira, mas acho que ele nunca vai deixar eu ver.

- Quando é o aniversário dele? – Minha curiosidade nunca acaba.

- Semana que vem. – Só que em vez dela ficar feliz em tocar nesse assunto, Helena ficou triste.

- Porque você fez essa cara quando eu perguntei?

- Harry não gosta de comemorar o aniversário dele. Eu sempre tento animar ele, mas ele vem para essa casa ficar aqui sozinho. – Ela falou e chegou mais perto de mim, passou as mãos no meu cabelo e me olhou com um olhar de esperança, eu acho. – Talvez com você aqui seja diferente. Ele sempre fica triste no aniversário, quem sabe você consegue anima-lo.

- Não sei se tenho esse poder, Harry não gosta muito de mim. A gente briga muito, mas eu não queria ver ele triste no próprio aniversário. Sei lá... – Ficamos um tempo em silêncio, pensativas. Eu queria conhecer o Harry por trás desse muro que ele forma em volta de si mesmo. Sinto que devo algo a ele, por ele ter me salvado e por ter cuidado de mim todo esse tempo, mesmo que na maior parte do tempo grosso e chato, mas ele cuidou de mim do jeito dele.

- Já sei Helena o que eu vou fazer, um bolo! Não sei se ele vai gostar, minha mãe dizia que meus bolos são muito bons. – Falei convencida e ela riu contente com a ideia. – Qualquer dia desse você podia dizer ao Harry que você precisa comprar umas coisinhas aqui para a casa e comprar os ingredientes.

- Posso fazer isso sim, quem sabe ele pelo menos abra um sorriso. Adoraria ver meu Harry mais sorridente.

Ficamos mais algumas horas conversando, ela fez um almoço maravilhoso para nós duas. Harry não almoçou com a gente, disse que tinha marcado de almoçar com a Scarlet, aquela nojenta exibida. Confesso que fiquei incomodada com a notícia, mas ele faz o que bem entender da vida.

O dia passou muito rápido, assisti alguns filmes e comi muita pipoca. Mas nada do Harry chegar, o que será que ele estaria fazendo? Provavelmente ele estava com a Scarlet se divertido e tudo mais. Eu não sei o que eu faço, eu não quero deixar ele entrar dentro do meu coração, mas cada dia parece mais difícil afastar esse sentimento que está se formando dentro de mim. Eu não quero me deixar apaixonar por ele, não era esse meu plano e eu sei que é um sentimento que só eu possuo, ele não sente nada por mim, já deixou isso bem claro quando disse que o nosso beijo não significou nada para ele. Eu sei que com ele eu só vou sofrer.

Mais ou menos oito horas da noite Harry chega, aparentemente bem. O dia deve ter sido muito bom mesmo.

- Helena você quer passar a noite aqui ou ir para casa? – Ele perguntou se jogando no sofá onde eu estava comendo minha pipoca.

- Ei! Essa pipoca é minha. – Falei sorrindo, ele só sorriu de volta e se voltou para Helena esperando a resposta.

- Eu posso ficar aqui, estou muito cansada. O sofá está maravilhoso para mim.

- De jeito nenhum, você vai dormir no meu quarto, eu fico aqui no sofá. – Harry falou. Então era só eu mesmo que não podia entrar no quarto dele, a Helena sabia o que tinha lá, mas ela não ia me contar, eu já sei.

- Não precisava, mas vou aceitar. – Ela riu um pouco envergonhada e se levantou indo em direção ao quarto. – Boa noite.

- Boa noite Helena, obrigada por tudo hoje. – Ela sorriu e saiu da sala me deixando a sós com Harry, que prestava bastante atenção na TV. – Como foi sua tarde hoje? Você estava com a Scarlet né?

- Estava sim, foi bom. – Ele respondeu sem tirar os olhos da TV. – Algum problema?

- Não, é só que eu não gosto muito dela. – Falei revirando os olhos, mas ele não percebeu.

- Mudando de assunto, eu consegui descobrir algumas coisas sobre aqueles papéis. – Dessa vez ele olhou para mim e continuou. – Não sei exatamente o que está escrito, mas descobri que são códigos de uma máfia muito perigosa aqui da Inglaterra.

- Uma máfia? – Falei assustada.

- Sim, é uma máfia já conhecida pela ASSB, e que particularmente tenho muito ódio. – Percebo o quanto Harry tem raiva dessa máfia. O que será que aconteceu? – Provavelmente foram eles que mataram seus pais adotivos e quase te matou aquela noite.

- Sim. – Meus olhos se enchem de lágrimas ao me lembrar daquela noite horrível. Sinto tanta falta deles, é uma ferida que não vai cicatrizar. – Mas você descobriu o que está escrito nos códigos?

- Não é tão fácil assim. – Harry para um instante pensativo. – Jenna, você tem noção no que a gente está se metendo? Isso tudo é muito perigoso para você.

- Eu sei Harry, mas eu não posso desistir, eu preciso saber o motivo para eles terem matado meus pais e entender tudo que está acontecendo. – Passo as mãos em meus cabelos, eu sei que estou nervosa e com medo, mas não posso desistir, preciso fazer isso pelos meus pais e por mim, não ficarei tranquila enquanto tudo isso não estiver resolvido. – E tem esse envelope com tantos códigos que minha mãe deixou comigo, é algo muito importante e com certeza ela sabe o que é.

- Pois é. Eu vou tentar te ajudar, tenho um programa no meu notebook que tem várias informações de agentes secretos que trabalharam ou trabalham na ASSB. – Harry vai ao seu quarto em silêncio para não acordar Helena e volta em um instante se sentando ao meu lado de novo. – Então, o nome completo da sua mãe é como mesmo?

- Marie Kate Wate. – Harry rapidamente entra em um programa bem estranho no notebook, coloca vários códigos, senhas, tão rápido que não entendo nada, finalmente ele escreve o nome da minha mãe. – Você acha que ela é agente da ASSB?

- Provavelmente, mas não sei onde ela conseguiu esses códigos secretos que com certeza só quem é da máfia conhece bem.

- Será possível ela ser da Máfia? – Só de pensar nessa possibilidade meu corpo todo espremesse.  Enquanto isso a página no notebook continuava carregando.

- Eu acho que não, ela era amiga da sua mãe adotiva, qual seria o propósito dela em matar ela e você que é a filha? Não faz muito sentido, ela fez de tudo para te proteger. – Isso me deixa mais calma, pelo menos minha mãe não estava contra mim.

- Pronto! – Harry exclamou assim que a página finalmente carrega.