História Ligados pelo Destino - Cartas Na Mesa

Nina abaixou a cabeça e deu passagem para Violete entrar.

– Entra prima, vou fazer um café para gente, mas você vai ter que me dizer como me descobriu aqui.

– Ora Nina se você quer mesmo fazer algo escondido vai ter que aprender a apagar os rastros! Tá lá no histórico do meu computador as diversas vezes que você acessou pesquisas sobre essa cidade, sobre o hospital maternidade daqui, não precisava ser nenhum CSI pra descobrir seu paradeiro. No mais, foi só acessar o site da clínica e colocar seus dados pessoais para visualizar a segunda via do seu exame onde confirma sua gravidez.

Nina olhava a prima como se estivesse diante de uma sumidade do mundo da investigação, era até um pouco engraçado o quanto ela poderia ser ingênua as vezes.

– Vio, eu vou te contar tudo, mas você vai me prometer que por nada desse mundo você vai falar com alguém, até porque essa situação já está clara e resolvida para mim, eu só quero viver a minha vida e cuidar do meu filho em paz.

 – Prima eu só quero o seu bem, só quero ter certeza de que você está bem e não está sendo ameaçada ou mantida aqui contra sua vontade por aquele demônio.

Nina suspirou incomodada, sabia que Lysandre não era nenhum santo, mas não gostava quando Violete se referia a ele usando termos como aquele e ela fazia isso sempre, pois não gostava dele devido a maneira como ele sempre conduziu aquela “relação” com sua prima. A tarde seria longa...

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Castiel e Sofia se encaravam paralisados, Alice entendeu imediatamente de quem se tratava e mais do que depressa segurou a mão de Castiel deixando claro que ele não estava sozinho.

Sofia olhou para Alice e em seguida para as mãos deles entrelaçadas e algo lhe queimou por dentro. Por uma fração de segundo esqueceu-se de que também estava acompanhada e imediatamente olhou para Lysandre tentando lhe dar um sorriso tranquilizador que não convenceu.

– Se quiser podemos dar meia volta e ir embora daqui. – Isso era o que ele mais queria naquele momento. Não gostava de ser surpreendido e naquele instante foi totalmente pego de surpresa.

 – Você sabia disso? Sabia que era a empresa dele a “dona” da festa? - Perguntou Sofia.

 – Claro que nãoa, acha mesmo que se soubesse iria querer lhe fazer relembrar momentos ruins? Afinal, é a única lembrança que você deve ter dele, não é?  - Disse ele de forma ácida.

Neste momento Leigh interrompeu a breve conversa:

– Irmão, sei que isso pode ser chato para você, mas eu preciso cumprimentar a diretoria da empresa e me parece que Castiel faz parte dela. Vocês não precisam ir se não quiserem.

– Olha Leigh se você realmente não se importa eu...

 – Nós iremos com você – Disse Lysandre interrompendo-a

Sofia olhou para ele surpresa, mas como sempre... concordou

Castiel segurava a mão de Alice firmemente, mas ela podia sentir que aquilo era também uma forma de exibir sua “volta por cima” para a ex e ela achou desnecessário.

 – Você não precisa me exibir Castiel, seja apenas você mesmo – Disse ela lançando -lhe um olhar confortante.

Castiel assentiu sentindo-se um pouco mais seguro, mas fazia um esforço enorme para não demonstrar seu ódio ao ver Lysandre de mãos dadas com Sofia.

Leigh foi o primeiro a se aproximar e cumprimentar Ricardo, Charles e na sequencia Castiel.

– Parabéns Castiel fico feliz por suas conquistas, parece que você de fato encontrou a veia administrativa que seu pai tanto queria.  

– Obrigada Leigh, de fato encontrei muita coisa boa aqui pela qual vale a pena lutar. – Disse fazendo uma óbvia referência a Alice.

Em seguida olhou para Lysandre e estendeu-lhe a mão para um cumprimento

– Como vai AMIGO? Vejo que não fui o único a conquistar objetivos aqui não é mesmo?

– Não sei de que objetivos você está falando, mas vou muito bem obrigado. Não vai nos apresentar sua linda namorada? - Perguntou Lysandre com um sorriso charmoso.

– Mas é claro, Alice estes são Leigh, seu irmão Lysandre e...  Sofia - Foi só neste momento que seus olhos se voltaram para ela novamente num misto de tristeza e decepção – Esta é Alice, minha namorada.

Sofia não conseguia emitir som algum, até parecia não estar ali, tudo o que ela intimamente queria era sair correndo para um lugar onde ninguém pudesse encontrá-la.

Queria chorar de tristeza, gritar de ciúmes e se punir pela leviandade de seus sentimentos, afinal, estava namorando, estava novamente apaixonada e feliz, porque diabos então queria bater naquela garota que segurava a mão de Castiel com tamanha ousadia? Porque queria se atirar nos braços dele fechar os olhos e voltar no tempo? Voltar ao momento em que estava naquele parque ouvindo um certo ruivo arrogante tentar sem sucesso fazer uma declaração de amor? Declaração esta que a fez transbordar de alegria e se atirar a um beijo desajeitado, ansioso, mas carregado do mais puro sentimento, da mais suave intensidade. O que havia de errado com ela afinal? Poderia amar duas pessoas ao mesmo tempo? Não, isso seria loucura!

Foi despertada do seu estado de letargia ouvindo Lysandre lhe chamar repetidas vezes

– Sofia...SOFIA!!! Por Deus o que há com você? Perguntou ele quase que em sussurro em seu ouvido

– Hã... eu, é... Lys vamos buscar algo para beber por favor? Disse ela o puxando sem se importar com o fato de que aquela atitude estava sendo no mínimo grosseira com os demais presentes ali.

Lysandre a seguiu, mas não sem antes de lançar um último olhar a Castiel e dizer apenas para que ele ouvisse “espero que me perdoe algum dia, mas não pude evitar, sempre a amei. ”

Castiel queria segui-los, queria quebrar a cara daquele infeliz que por tantos anos considerou como um amigo, queria olhar nos olhos de Sofia mais uma vez, precisava dizer-lhe algumas últimas palavras, não conseguiria ficar com aquilo entalado na garganta, mas ele sabia que não poderia fazer nada, não naquele momento. Não queria ferir Alice com qualquer atitude que pudesse deixa-la insegura. Mas ele ainda encontraria uma forma de falar com ela a sós.

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Leigh avistou Rosália e Alexy e praticamente correu em sua direção.

– Finalmente Rosa, onde se meteram?

– Mas que pergunta é essa Leigh, estávamos cuidando da apresentação do final da noite! Que cara é essa? Viu fantasma por acaso?

– Pior, vi Castiel! - Respondeu Leigh fazendo cara de preocupado.

– Minha nossa senhora do barraco fashion! Como é a história? – Dramatizou Alexy com as mãos no rosto.

Leigh explicou toda a situação enquanto Rosália olhava para Alexy com um olhar acusador, como se o pensamento dele de outro dia houvesse se concretizado nesta “tragédia. ” Era uma dupla adepta da maximização dos dramas diários da vida.

A noite transcorreu com mais flashes, fotos, musicais e as apresentações previstas da amostra trazida pelos costureiros. O evento estava sendo um sucesso e a Beaute Douce estava alcançando a meta desejada em publicidade e exposição internacional.

Momentos antes da apresentação de Leigh, Castiel saiu em busca de Sofia numa esperança de encontrá-la sozinha por algum instante e poder aborda-la. E de fato a encontrou no momento em que saia do banheiro feminino.

Sofia foi surpreendida com mãos fortes lhe segurando o braço e a puxando por uma saída lateral que dava num corredor silencioso e vazio. Era por ali que passavam os funcionários que trabalhavam nos bastidores, mas como todos estavam posicionados para o desfile que acontecia, o local estava vazio.

Sofia sentiu suas costas irem de encontro a parede e aquele par de olhos cinzas a encarando, querendo poder falar o que a boca não conseguia exprimir.

– C...Castiel o que está fazendo? – Disse ela sentindo seu coração bater mais forte.

– Não sei... de fato não sei, mas precisava olhar em seus olhos nem que fosse uma última vez. Talvez eu precise ouvir de você que não me ama mais e quem sabe assim eu consiga mesmo seguir adiante porque achei que estava conseguindo, de verdade, até ver você.

– Castiel eu... eu... ah droga, eu queria dizer que te odeio, que não sinto mais nada por você, que ... que eu te amo, oh Castiel, eu te amo!

Saudade... desejo... paixão... as bocas se uniam num beijo sôfrego e desesperado, as mãos nos cabelos, o batom borrado, os dois corpos se espremiam na parede de um corredor vazio e mal iluminado. Quanta coisa era para ser dita, quantos momentos eram revividos em rápidos flashes na memória de ambos, e então, a realidade: Lysandre... culpa... Alice...traição, de repente se afastaram como que atingidos por uma corrente elétrica que os expelia para longe um do outro.

Se encararam por um instante. Ambos ainda estavam um pouco atônitos, mas ainda assim Castiel sentia que precisava fazer algo pois talvez aquela fosse a última chance

– Sofia se você me disser que sim, conversarei com Alice e sei que ela vai entender, ela é uma pessoa incrível.

– Não tenho mais esse direito Castiel. Aliás, nós não temos, envolvemos outras pessoas em nossas vidas e por mais que me doa admitir isto, tenho que reconhecer que nosso tempo passou. Que bom que ela é uma boa garota, eu desejo sinceramente que ela possa lhe fazer feliz.

– Mas e o que disse a pouco é verdade? Você ainda me ama?

– Sim é verdade. Eu ainda te amo.

 – E quanto a Lysandre?

 – Esse é o grande problema, eu também o amo. E por isso acho que não mereço nenhum de vocês dois. Adeus Castiel.

E mais uma vez ela recusou o caminho que o destino colocava diante dela. O caminho que a levava para ele.

Seu coração estava dividido pelo amor que acabara de recordar com toda a intensidade que sentira tempos atrás e o amor que descobrira a pouco tempo existir, através de uma intensa amizade. Sentia-se indigna, egoísta, imoral. Como olharia nos olhos de Lysandre novamente? Ela que julgou Castiel tão impiedosamente, acabara de trair a pessoa que mais lhe apoiou, que só lhe deu amor das mais variadas maneiras, primeiro como amigo, depois como homem, sempre com dedicação plena.

Ainda em seus devaneios de culpa, Sofia seguia o mesmo caminho de volta ao salão sem perceber que, posicionado a certa distância observando toda a cena, estava Lysandre, com uma fisionomia impenetrável.