História Ligados pelo Destino - Conversa Íntima

Um mês se passou após a inauguração e o Harmonie continuava com casa cheia nos finais de semana e um movimento satisfatório nos demais dias, o que era motivo de grande alegria e de muito trabalho para Vivian, mas ela não se importava em trabalhar, afinal, já ficara muito tempo sem fazer nada quando estava desempregada em Paris e além do mais gostava de ouvir os elogios de Gabriel quanto ao seu desempenho.

Só uma coisa a incomodava: não estava tendo tempo para sua sobrinha e já havia percebido que algo estava incomodando Sofia e ela precisava conversar com alguém, então, antes que a sobrinha corresse para o colo de Lysandre ela resolveu que era hora de dar-lhe a atenção devida.

- Gabriel, importa-se em me dar essa noite de folga? Faz algum tempo que estou devendo uma atenção maior a minha sobrinha e gostaria muito pode estar com ela esta noite para lhe dedicar algum tempo.

- Mas é claro Vivian, nem precisava perguntar. Faça melhor, tire a noite e o dia de amanha você tem trabalhado demais e não quero que isso lhe cause uma estafa ok? Precisamos definir logo seus dias de folga, não quero que siga neste ritmo.

- Pode deixar, definiremos minha folga fixa e muito obrigada por hoje.

Chegando em casa Vivian procurou imediatamente por Sofia que estava na cozinha preparando um lanche.

- Tia! Você em casa às 6 da tarde? Não creio.

-  Não estou aqui por acaso mocinha, pedi ao Gabriel uma folga porque queria passar um tempo com você.

-  Ai tia que bom! Não sabe como estava querendo um tempo pra gente conversar sozinhas – disse ela já preparando um lanche para sua tia também.

Após comerem as duas foram para a sala onde se acomodaram e um longo silencio se fez até que Vivian decidiu quebrá-lo.

- Sofi, eu percebi que você está inquieta com alguma coisa e gostaria muito de poder ajudar seja lá o que for.

- Bom,  é que tem umas coisas que eu queria conversar com você sabe, já que minha mãe nunca está na hora que preciso. Alguns assuntos são difíceis pra mim porque apesar de ter a Rosa como uma grande amiga, às vezes ela simplifica muito certas coisas e fica difícil me fazer entender.

- Sei, então quer dizer que pela primeira vez passei na frente de Lysandre? – Falou Vivian dando risada.

-  É que esse não é exatamente um assunto que eu possa conversar com Lysandre.

-  Humm... então é isso. Só passei na frente porque o assunto é sexo.

- Não! Quer dizer, é... Como você sabe?

-  O que mais iria impedir de você ir correndo despejar no ouvido dele ?

- Credo tia, falando assim até parece que ando relatando minha vida inteira pra ele!

- E não relata? Quando não é por livre e espontânea vontade é por livre e espontânea pressão!

- Tia deixa de exagero. E vamos deixar o Lys de lado que o assunto é outro.

-  Tudo bem, até porque tirei a noite de folga pra estar com você, portando vamos ao que interessa: já rolou?

-  NÃO TIA! Esse é o problema. Estou muito nervosa só de imaginar como será. Tenho medo de não saber o que fazer, e, sobretudo, preciso me prevenir!

- Sofia não precisa ficar assim, apenas deixe as coisas acontecerem de forma natural, sem pressão, sem pânico, deixe que seu corpo se permita sentir e você saberá naturalmente quais são seus limites. Quanto à prevenção, acho que por mais que você utilize algum contraceptivo a camisinha é insubstituível ok? Não importa o que utilize, camisinha sempre. Mas me diz uma coisa, ele já tentou?

- Bom, a gente namora a uns 4 meses mais ou menos e ele tentou avançar nas carícias e tal, na primeira vez eu evitei mas aí depois eu permiti que ele me tocasse um pouco mais e foi inevitável que ele percebesse que eu sou virgem. Eu estava bastante insegura quanto ao que ele iria achar disso, mas pra minha surpresa ele ficou extremamente feliz, acredito que foi porque eu disse que ainda não tinha encontrado alguém especial o bastante até que o conheci.

- Homens! Rsrs

Tia e sobrinha conversaram bastante sobre o assunto, Vivian tentou passar o máximo de segurança possível para Sofia e sentiu-se muito feliz em pode orientar sua sobrinha como uma verdadeira mãe o faria.

Já estavam na metade do segundo semestre desde que Sofia chegara em Village Sucre  e durante esse período seus pais foram visitá-la apenas uma vez, cerca de um mês após sua chegada e iriam novamente em alguns dias.

Era  muito pouco para o que Sofia esperava e até Vivian achava que faltava um pouco mais de determinação por parte deles, se não dava para irem juntos por questões de escala de trabalho, que fosse um de cada vez, mas o importante era se fazer presente. Esse comportamento dos dois fez com que Sofia crescesse com essa ausência latente dentro de si, o que explicava em parte suas ondas de melancolia e carência afetiva. Isso deixava Vivian um pouco preocupada, pois ela seria capaz de se apegar facilmente a quem soubesse preencher determinadas lacunas em sua alma. 

Vivian sabia que alguém mais havia enxergado essa fragilidade, esses pontos a serem ligados e esse alguém era Lysandre.

No começo achava Lysandre um bom amigo: dedicado e atencioso, porém essa dedicação começou a ficar um tanto excessiva e de alguma forma ele conseguia se fazer presente o tempo todo. Isso não seria nada demais se não estivesse muito claro, ao menos para Vivian, o que ele estava fazendo: cercando-a de todas as formas como alguém indispensável para somente depois revelar seus reais sentimentos, mas algo no percurso deu errado e esse “algo” chamava-se Castiel. Foi quando Vivian começou a escutar as conversas dele com Sofia e então teve a certeza de que Lysandre sempre gostou de sua sobrinha, mas porque esconder esse sentimento? Porque não revelou antes e evitou que o amigo chegasse primeiro? Era simples, ele a queria dependente, entregue e enquanto trabalhava esse aspecto psicológico, Castiel ganhou o lado sentimental.

Para alguém como ele isso era apenas um acidente de percurso já que ele havia logrado êxito em seu propósito de criar laços fortes com Sofia sob o aspecto psicológico e afetivo, pois ela encontrava nele o ouvinte que seu pai não era, o colo que sua mãe não dava e a amizade de um irmão que ela não tinha.  

Alguém para agir de maneira tão eficaz assim teria que conhecer profundamente esses sentimentos, e era isso que tornava Lysandre tão eficiente. Ele próprio era uma alma solitária, mas que reconheceu em Sofia a chance de tornar-se alguém melhor, alguém que fosse de fato o que ele representava ser de maneira tão convincente que ele mesmo acreditava em sua própria mentira.

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O final de semana havia chegado e Sofia estava extremamente ansiosa, pois iria passar o sábado e o domingo com Castiel em uma pousada nas montanhas. O motivo oficial da pequena viagem era a comemoração de quatro meses de namoro, mas Sofia sabia que na verdade ele queria lhe proporcionar um ambiente romântico e bonito para tornar aqueles dois dias memoráveis.

-  Bom, acho que está tudo aqui, mas tenho a impressão de estar esquecendo alguma coisa – Falava sozinha quando Castiel entrou em seu quarto.

-  Sofi são somente dois dias não precisa se preocupar tanto, se esquecer qualquer bobagem a gente compra lá.

- Você tem razão, vamos logo antes que eu resolva desfazer a mala pra arrumar tudo de novo e checar pela milésima vez se estou esquecendo alguma coisa – Disse a garota segundos antes do seu telefone tocar.

- Estou te esperando lá fora ta? Não demora – Falou saindo do quarto deixando Sofia ao celular.

- Alô

- Oi minha flor, só queria lhe desejar boa viagem e saber se está tudo ok. Se precisa de algo...

- Oh Lys obrigada não precisa se preocupar está tudo certinho – respondeu ela sem esconder sua satisfação com a preocupação do amigo.

- Não vá esquecer o remédio da enxaqueca você me disse que é tratamento, então não pode interromper.

- EU SABIA! Sabia que estava esquecendo algo importante. Ai Lys o que será da minha vida se um dia você se casar? – Disse ela sorrindo.

“Só me casarei com você minha flor” pensou ele, mas limitou-se a dizer – Não se preocupe com isso, eu sempre estarei ao seu lado.

Ela pegou o remédio e foi em direção ao carro de Castiel ainda sorrindo pelas palavras do amigo.

- Posso saber quem era ao telefone e o porquê desse sorriso bobo?

- Claro que pode, era o Lys e estou sorrindo porque é muito boa a sensação de ter alguém que se preocupa com seu bem estar não é?

- Sim claro que é, só não sei o que isso tem a ver com Lysandre! Eu também me preocupo com seu bem estar – Falou Castiel um pouco chateado. Ainda não havia conseguido colocar um limite naquela amizade e isso o incomodava, não tinha como negar.

- Cast não foi isso o que quis dizer, é que Lys ... ah deixa pra lá , por favor não vamos deixar que nada estrague esse fim de semana, eu estou tão feliz de estar viajando com você!

- Nada irá estragar nosso fim de semana Sofia, é só que às vezes acho essa amizade de vocês um pouco exagerada só isso, mas tudo bem já sei o que você vai dizer: “eu e o Lys sempre fomos amigos você sabe disso” e blá blá blá . Olha, ele também é meu amigo, mas não tem como negar que depois que começamos a namorar nossa amizade não é mais a mesma e não gosto disto, além do mais tenho muito ciúme de você – Disse ele com uma expressão séria.

- Você sabe que é totalmente desnecessário esse ciúme não sabe? Não tenho vergonha nenhuma em dizer que sou apaixonada por você, portanto nem toque mais nesse assunto.

Castiel deu um meio sorriso e pegou a estrada em direção as montanhas. Queria dar a Sofia um fim de semana inesquecível e ele não deixaria que nada atrapalhasse esse momento dos dois.