História Ligados pelo sangue - Não vai dizer nada?

HOLY PETTERSON

Me sinto indisposta, cansada, talvez um pouco tonta, mas uma estranha sensação no meu estômago faz com que um sorriso apareça em meus lábios. Eu não consigo tirar ele da cabeça, e de como seus lábios se encaixaram perfeitamente nos meus. Como um quebra-cabeça de mil peças.

E o sorriso insiste em permanecer.

- Você pode parar de se mexer por um minuto? – Me assusto quando escuto Katelyn reclamando, abro meus olhos, e a encontro ao meu lado da cama. Esparramada.

- Desculpe. – Disse, ainda sorrindo. Olhei para o relógio ao meu lado, 10:48. A primeira coisa que devo fazer, é ir ver se Josh está bem. Ontem ele bebeu, não foi muito, mas mesmo assim devo vê-lo.

Depois de escovar minha boca, colocar um moletom por cima de meu pijama e fazer um coque frouxo em meu cabelo, me direcionei para o quarto de Josh. Bati algumas vezes na porta, e depois de algum tempo ainda sem resposta, resolvi entrar.

Meu coração parou por algum momento.

Josh não estava. E, geralmente, quando isso acontece nunca acaba bem. Eu o trouxe ontem, ele estava bem. Mas agora uma preocupação cresce em mim, fazendo com que meu corpo continue parado. Josh tem problemas com bebidas. Muitos problemas. Aonde Josh se meteu?

Pego, imediatamente meu celular e ligo para ele. Caí direto na caixa-postal. Tento mais uma vez, e novamente, caí na caixa-postal. Lágrimas escorrem pelo meu rosto, sem minha concepção. Onde está Josh?

- Você deveria ter visto aquilo, Chandler. – Ouço Josh dizer, assim que abre a porta. O abraço de imediato, fazendo com que ele deixe as sacolas que carregava no chão. – Você está bem? O que aconteceu?

- Seu idiota! Onde esteve? Eu fiquei preocupada, Josh. – O aperto mais ainda em meus braços. Idiota!

Ele parece relaxar assim que explico. Mas eu continuo tensa.

- Desculpe. Eu deveria ter avisado. – Ele disse, desfazendo o abraço. – Fui com Chandler na Tia Nacon.

E foi assim que meus olhos encontraram os de Chandler. Ele sorria, provavelmente de toda a situação. Babaca!

- Bom dia, Julieta. – Ele disse, ainda com aquele sorriso idiota nos lábios. Ah... Aqueles lábios... Se controle, Holy Petterson. Ignorei seu cumprimento e me virei de costas para limpar o trajeto das lágrimas que haviam escorrido pelo meu rosto.

- Trouxe comida para vocês. Katelyn ainda está dormindo? – Perguntou Josh, e fiz que sim com a cabeça. – Vou acordá-la.

E depois de imaginar o que aconteceria se Josh me deixasse sozinha com Chandler, tratei de avisar que eu mesma iria acordar Katelyn, apenas para não ter que encarar aquele lindo rosto. Mas antes de acordar Katelyn, preciso de um banho.

Assim que termino de me vestir, deito-me na cama, enquanto escuto o barulho das gostas de água se chocarem contra o chão. Já faz um tempo que Katelyn está no banho.

A água é desligada, e Katelyn saí de dentro do banheiro enrolada em uma toalha.

- Vou usar suas roupas. – Ela disse, começando a revirar minhas roupas em meu armário.

- Eu deixo, sim. – Disse, ligando o notebook. Enquanto Katelyn se troca no banheiro, meu celular começa a tocar, e uma foto de minha mãe aparece na tela. Um sorriso nasce em meus lábios.

- Oi! – Cumprimento.

- Oi, bebê. Como você está?

- Estou bem, mãe. Quando você me chama de bebê é porque há algo muito importante para me contar. Pode mandar.

- Eu também estou bem, Holy, obrigada por perguntar. – Ela diz, me fazendo rir. – E devo dizer que você é uma estraga prazeres, ok?

- É sério, mãe. – Continuei rindo. – Pode falar.

- Ok. Vou começar a ler. – Ela avisou. – “Querida Diana, muito obrigada pela incrível admiração que tem me dado. Fico muito feliz em anunciar que, Holy Petterson, está convidada ao meu escritório para discutirmos sobre nosso novo contrato. Devo lhe dizer que, o texto que me enviou, é belíssimo! Ficarei honrada em conhecer sua menina. A vejo no dia 6. Minha secretária passará o restante dos detalhes. Atenciosamente, Kiera Cass.

Fico congelada no lugar no mesmo momento em que ela pronúncia o nome: Kiera. Isto está realmente acontecendo? É um sonho? Porque se for, por favor, não posso acordar!

- Mãe, o que é isso? – Só consigo prestar atenção em sua voz. Nada mais.

- Kiera Cass quer te conhecer, Holy. – Ela disse, e é como se isso ainda fosse surreal! – Seu pai mandou um texto seu salvo no notebook dele para Kiera. E, destino ou não, ela o leu e entrou em contato comigo. Ela quer te conhecer, Holy!

- Ah, meu Deus! Ah, meu Deus! – Começo a correr para fora de meu quarto, podendo escutar as risadinhas de minha mãe. Assim que vejo Josh deitado no sofá, disparo: - Josh você não vai acreditar! Puta merda! Puta merda! Kiera Cass quer me conhecer, Josh!

- Quê? – Ele para também, não conseguindo acreditar.

- Você escutou! – Começo a dar pulinhos de repente. – Eu vou conhecer Kiera Cass, Josh!

- Porque tão sortuda? – Ele perguntou a si mesmo, e se levanta, me abraçando em seguida. – Parabéns, maninha!

- Eu ainda estou aqui. – Ouço minha mãe dizer através do telefone.

- Desculpe, mamãe. ­– Disse, desfazendo o abraço, com um sorriso no rosto. – Muito obrigada, sério. Muito obrigada!

- Por nada, bebê. Olha, preciso desligar. Te mando tudo por e-mail, pode ser?

Meu sorriso se desfez aos poucos. Eu realmente pensava que, ela ficaria um tempo conversando comigo sobre tudo. Me incentivando e... tudo mais. Mas ela, novamente e infelizmente, está muito ocupada.

- É, claro. – Respondo, depois de um tempo. – Obrigada, de novo. Te amo.

- Também te amo. Amo você e Josh. – E dizendo isto, ela desligou.

Encarei o telefone por um tempo, apenas para atender rapidamente, caso ela me ligasse novamente. Mas não. Ela não ligou.

- Tudo bem? – Josh perguntou, estranhando minha mudança de humor.

Sorrio, embora eu não esteja com vontade.

- Tá tudo ótimo. – Respondo, e ele assente, indo se sentar novamente no sofá. Caminho para a cozinha, a fim de comer alguma coisa. Meu estômago pede por comida imediatamente.

- Está tudo bem, querida? – Ouço Chandler perguntar, olho para trás e fico completamente tonta com aquele sorriso que insiste em nascer em seus lábios.

- Eu não sou sua querida. – Respondo, rindo. Ele ri também, provavelmente achando aquilo tudo muito cafona. – Não acredito que Chandler Riggs leu A Seleção.

Aquele sorriso continua ali, me provocando, enquanto minha única vontade é de beijá-lo agora mesmo. Mas então, a dura realidade caí sobre mim. Chandler namora. E, merda, eu nem me lembrei disso. Chandler traiu Brianna comigo, e eu me pergunto por que não me sinto mal.

- Minha mãe é fã. E eu meio que sei da história de tanto ela me contar. – Ele explica, colocando suas mãos em seus bolsos. – Você não parece mais tão animada.

- Porque eu não estaria? – Perguntei, ainda sorrindo. Como ele percebe?

- Porque conheço minha Julieta. – Respondeu, fazendo meu coração bater mais forte que o normal.

- Você só me conhece há alguns meses, e são poucos, devo dizer.

- Foi o bastante para que eu me apaixonasse por você.

E então, eu senti o impacto daquelas palavras. Eu já não sabia se meu coração continuava no mesmo local. Acho que ele subiu para minha garganta e está prestes a explodir, se eu disser alguma coisa.

- É isso o que você ouviu, Holy. Eu estou apaixonado por você.

Travo.

- Foi mal. – Ele me olhava como se tivesse feito um grave crime. Talvez até seja, e eu também não sei por quê. Mas, poxa, eu não consigo dizer nada, mesmo que meu coração queira dizer que sente o mesmo.

De repente, “estourando nossa bolha”, atrapalhando nosso momento, o celular de Chandler toca. Ele não desgruda seu olhar do meu, ele só consegue olhar para mim, e perceber que apenas a sua presença pode fazer comigo.

E o celular continua tocando.

- Ora, porque não atende isso logo? – Josh pergunta, entrando na cozinha. Assim que ele nos vê, dá um passo para trás. Talvez se culpando por te atrapalhado algo que na verdade ele só atrapalhou mais. Difícil de entender? – Desculpe, eu pensei que... Eu vou pra lá.

E ele saiu, nos deixando sozinhos novamente.

Chandler tira o celular do bolso, e eu vejo a foto de Brianna em sua tela. Claro! Tinha que ser. Me virei para dar um pouco de privacidade, mesmo que eu não queria dar.

- Não vai dizer nada? – Ele perguntou, e tudo em que eu podia concentrar era naquele estúpido toque de telefone. Então o telefone para de tocar, e só o silêncio fica presente. E quando m e virei novamente, para dizer tudo o que eu já deveria ter dito, Chandler não estava mais lá.

E olhando para o local onde ele estava, eu ouvia meu coração reclamar pela falta dele.