História Ligados pelo sangue - Ainda odeio você!

HOLY PETTERSON

- Vocês estão liberados. – O professor anunciou, e pude ouvir os suspiros aliviados dos alunos ecoar pela sala. Não foi uma aula tão ruim, além das provocações que o Zack fez para as pessoas que sentavam ao seu lado, tirando isso, não foi ruim.

Claro que eu prestava atenção na Katelyn, que não conseguia se concentrar em nada, mesmo que tentasse. Ela quase chorou em um momento da aula, e quando Josh percebeu, entrelaçou sua mão com a dela debaixo da mesa. E me parece que ela se tranquilizou, mas é claro que não ficou totalmente bem.

Deixei que Josh conversasse com a Katelyn, e fui andando pelos corredores da escola, a fim de encontrar o refeitório. Não pude deixar de perceber os cartazes pendurados em alguns quadros de notas. Os alunos estavam criando certos grupos, e eu fiquei interessada no clube de escritores. Peguei o panfleto em mãos. Eu iria entrar para este clube!

- Vai entrar? – Alguém perguntou, me virei assustada e aviste Zack com aquele sorriso. – Você sempre gostou de escrever, deveria entrar.

- É, eu iria entra mesmo. – Falei, com vergonha. Eu podia sentir meu coração bater rápido, e eu sabia que meus olhos brilhavam.

Ele assentiu, como se tivesse com vergonha. Mas eu sabia que não, eram poucas as vezes que eu percebia que Zack estava com vergonha. – Posso conversar com você? – Ele pediu, sorrindo fraco. Minha vontade era de gritar tão alto, dizer tudo o que eu senti quando soube da verdade, mas eu simplesmente não conseguia olhar no fundo daqueles olhos e fazer isso. Eu ainda era perdidamente apaixonada por Zack, que nem notara o quanto idiota eu estava sendo em olhar para ele.

Assenti, sem olhar em seus olhos. Em questão de segundos, ele segurou minha mão e me levou até um local mais reservado, onde havia apenas nós. E eu senti a vergonha me consumindo, de novo, e de novo.

Balancei a cabeça. Eu não podia deixar ele me dominar novamente, não queria ouvir suas explicações, não queria olhar para ele. Mas eu não consigo!

- Sei que você esta muito, muito triste. E eu entendo, eu... – Ele começou, se aproximando, dei um passo para trás e minhas costas se encontraram com a parede, mas Zack estava em uma distância respeitosa. – Não fuja de mim, bebê. – Ele colocou uma mecha do meu cabelo para trás, e se aproximou mais ainda. – Me perdoe, amor. Eu quero, de verdade, você para mim. Não sei o que passou na minha cabeça para te trocar.

Lagrimas começaram a cair de meu rosto, e eu não pude lutar para conter. Ele limpou algumas lagrimas e segurou minha cintura, nos aproximou e juntou nossos lábios. Eu podia dizer que estava lutando contra aquele beijo, mas simplesmente não lutei. Cedi tão facilmente, porque eu o amava! E tudo o que construímos durante um ano, não vai ser apagado de um dia para outro. Eu ainda era tola, tola ao querê-lo quando ele já não me possuía. Ele era de outra, mas meu coração ainda é dele, somente dele. E não sei se vou ser capaz de amar uma pessoa, como amo Zack.

- Eu te amo, Holy. – Ele sussurrou quando paramos de nos beijar. Ele me beijou mais uma vez, e mais outra. Então eu o afastei, empurrando o seu peito com as mãos.

- Não sei por que fiz isso. – Falei, voltando a chorar. – Você sabe que não sou de me arrepender, mas Zack, eu me arrependo de amar você!

- Não, não diga uma coisa dessas, amor. – Ele segurou meu rosto, acariciando minhas bochechas com o polegar, e quando ia juntar nossos lábios novamente, me afastei. – Não faça isso, Holy.

- Você que fez isso com a gente. – Falei, pronta para sair correndo dali, mas eu precisava aguentar mais um pouco... – Nós já terminamos, Zack. Não me procure mais, nunca mais. Toda vez que olho para você, tenho vontade de chorar. Então, pare! – Sequei minhas lagrimas, enquanto ele tentava inutilmente se aproximar. – Não desejo a você à dor que estou sentindo, mas tenha certeza de que, alguém um dia vai quebrar seu coração, como você quebrou o meu.

E corri para o meio das pessoas novamente, já não me importando se estava ou não com cara de choro. Eu só queria ir para casa, em Washington, ver meus pais, e chorar no ombro do meu irmão. Esse momento que tive com Zack, só irá contribuir para que eu pense nele por um longo tempo. E eu não quero pensar, não quero sofrer por ele.

Me sento no primeiro banco que acho no pátio. Preciso por a cabeça no lugar, preciso parar se sofrer por ele, e preciso me concentrar nos estudos. Estou tão confusa quanto antes, quando estávamos no estabelecimento da tia Nacon. Alguns garotos passam por mim, alguns até me olham com pena, e é o que eu mais odeio. Odeio que as pessoas sentem pena de mim!

- Finalmente achamos você! – São Josh e Katelyn se sentando ao meu lado. – Você tá bem?

- Tô confusa. – Respondi, tentando me concentrar em entender o dia de hoje.

- Quer falar sobre isso? – Katelyn perguntou, triste. E eu não podia fazer isso. Ela tinha problemas maiores que os meus, com certeza a dor é ainda maior quando se trata da separação dos pais. Prefiro ajuda-la.

- Tá tudo bem. – Respondi, forçando um sorriso. – Você quer ir pra casa agora? – Perguntei, e ela negou com a cabeça.

- Seja o que for que você tem, Holy, você pode contar pra gente. – Josh insistiu, com um ar de preocupado, neguei com a cabeça e ele suspirou. – Tá bom. Quanto a você Katelyn, vamos tentar impedir esse divorcio. Conhecemos muito bem o tio e a tia Nacon, sabemos que eles se amam. Eu e Holy faríamos isso, se você estivesse de acordo.

- Sério? – Katelyn perguntou, com um sorriso e olhos que brilhavam carregados de esperança. – Eu... Nem sei o que dizer.

- Não precisa dizer nada. Faremos tudo que for possível. – Falei, e a abracei em seguida. – Vai ficar tudo bem.

Vai ficar tudo bem?

Meu celular vibrou, indicando uma nova mensagem.

Desconhecido: Acho que você deveria ver o Jornal Online da escola.

Gelei. Verifiquei o Jornal Online, e meu coração quase parou quando vi uma foto minha e de Zack aos beijos.

“Era só mais uma menininha que não resistiu aos meus encantos. Espero que ela não me incomode mais.” E havia varias outras palavras que Zack disse a jornalista. Eu não acredito que ele disse tudo aquilo! E sem perceber, voltei a chorar, desta vez silencioso.

O celular de Katelyn apitou logo depois. E quando ela abriu o Jornal, olhou para mim espantada. – Por favor, me diga que não é você.

Chorei mais ainda.

- Ah, Holy... – Ela me abraçou. – Eu sinto muito. Por isso que você estava confusa, né?

- Só preciso ir embora daqui, agora. – Falei, me levantando e pegando meu celular. Antes que Josh dissesse alguma coisa, comecei a andar para longe. O dia não podia piorar! Quando passei pela multidão, algumas pessoas riram, e outros fizeram cara de nojo. Ótimo, toda a escola já estava sabendo!

- Acho melhor você parar de chorar. – Alguém disse, assim que pus meus pés para fora da escola. Me virei para trás, me deparando com Chandler. – Só vai piorar as coisas.

- Não tô a fim de ver sua cara. – Falei, voltando a andar para longe.

- É a primeira vez que estou sendo legal com você, deveria me agradecer. – Ele disse, e me virei para trás novamente. – Você sabe pelo menos que rua deve seguir?

- ...não, mas eu dou meu jeito. – Respondi, e ele seguiu na minha direção. – O que está fazendo?

- Vem, vou te dar uma carona. – Ele disse, indo em direção a um carro preto que, provavelmente era seu. Chandler não mudaria de uma hora para outra, não assim. Ele estava querendo alguma coisa.

- Fala logo o que você quer!

- Tá bom, chatinha – Ele disse, desistindo de destrancar a porta. – Suspeito de uma traição vindo de minha namorada.

- E o que eu tenho a ver com isso?

- Aí, chatinha, tenha paciência. – Ele disse. Confesso que esse novo apelido me deixava com vontade de dar uma joelhada no saco dele novamente, mas eu precisava ouvi-lo. Fiz cara de tédio e ele finalmente abriu o jogo: - Minha namorada e Zack entendeu, chatinha?

- Não vou te ajudar com isso, Chandler. – Retruquei, brava. – Não sou obrigada a resolver os seus problemas.

- Te dou um carro em troca. – Ele ofereceu, e no mesmo momento sorri pensativa. – Eu sei que você quer, afinal você precisa. Então vamos lá. Você me ajuda e não precisa nem olhar na minha cara, nunca mais.

Minhas lagrimas já haviam secado, e em troca, surgiu um sorriso.

- Feito.

- Que aproveitadora você em... – Ele provocou, rindo.

- Cala a boca, eu ainda odeio você!