História Light and Darkness - Hospital e De volta pra casa!

        Kaya
 

O teto branco refletia a luz clara me causando uma dor de cabeça insuportável. A claridade fazia meu olhos arderem.Mas isso não era o mais importante agora,e sim:onde eu estava?
        Me lembro de ter contado para dona Lúcia e Manoel que queria voltar pra casa,estávamos no carro e meu tornozelo começou a doer,a dor era muito forte então Manoel começou a dirigir mais rápido,disse meu endereço para ele e depois disso eu não lembro de mais nada.
      Olhei ao redor procurando por alguém,havia apenas uma mulher aparentando ser uma enfermeira com uma prancheta em mãos,então eu estava no hospital,mas como havia chegado ali? Tentei chamá-la mas estava fraca demais pra isso.
 

—Olha,veja só quem acordou,como se sente?—perguntou se referindo a mim.
 

—Melhor,eu acho.—falei e ela sorriu de leve.
 

—Bem,seu namorado está lá fora,quer que eu o chame?—perguntou.

  —Meu namorado?—perguntei desconfiada,da última vez que me falaram essa frase eu fui sequestrada.
 

—Sim,eu vou chamar ele ok?—falou saindo do quarto.
 

Eu estava com medo,mas algo me dizia que não devia temer.
    A porta foi aberta novamente,copiei cada movimento da pessoa que passava por ela.Seus cabelos negros estavam maiores,a barba por fazer davam um ar mais maduro,eu diria que ele estava bem a não ser por seu corpo mais magro e pálido.
     Ele levantou seu olhar até e mim e meus olhos marejaram.O próximo movimento foi rápido,logo nossos corpos se juntavam em um abraço apertado,o silêncio era cortado apenas por nossos soluços abafados de um choro cheio de saudade.
        Ficamos por longos minutos assim,nessa mesma posição,apenas sentindo um ao outro.
        Era tão bom o ter ali novamente.
 

—Tá tudo bem com você?Sente algo?Onde dói?Quer que eu chame a enfermeira?—falou preocupado.
   

—Zayn,calma tá tudo bem.—falei segurando seu rosto entre as mãos.
   

—Ainda não acredito que está aqui.—falou esboçando um sorriso triste.
 

 —Nem eu que você está aqui.—falei retribuindo o sorriso.
   

—Kay,quem fez isso com você?—perguntou tomando uma expressão  séria.
   

—Zayn,eu prefiro não falar sobre isso,não agora,okay?—falei e ele assentiu.
   

—Okay.—falou.
 

O silêncio reinou no local,apenas nos encarávamos sem pronunciar uma sequer palavra.
   

—Quer que eu traga algo pra você?—perguntou acariciando meus cabelos.
   

—Não,eu só quero que fique aqui comigo.—falei e ele sorriu.
 

  —A enfermeira pode reclamar.—falou.
   

—Quem liga pra ela?—dei de ombros e ele riu.

—Sempre quebrando as regras.—falou e eu dei de ombros sorrindo.
 

Fastei um pouco para o lado e ele se deitou ali,a cama era pequena o que nos deixava mais próximos.Entrelaçamos nossas mãos e nos encaramos.Nossos olhos disseram tudo aquilo que nossas bocas não conseguiram pronunciar,e nossos lábios uniram-se em sincronia,como em uma dança,ensaiada durante meses para que ficasse perfeita.
      A sensação familiar das borboletas no estômago que só ele me causava estava ali novamente.E agora eu tinha absoluta certeza,era meu Zayn alegre novamente,ali comigo,eu estava completamente apaixonada e nada jamais mudaria isso.Sem pensar,como um instinto eu falei as três palavras:
 

  —Eu te amo.—mais rápido do que eu pudesse me arrepender elas saíram.

Ele me encarou tentando processar o que havia dito,na verdade nem eu sabia bem o que teria me levado a dizer aquilo assim tão abertamente.
          O silêncio e os seus olhos penetrantes me encarando em pura surpresa já estavam me deixando desconfortável.
   

—Eu também te amo.—falou sorrindo e nos beijamos novamente,dessa vez com mais carinho e amor,nossos sentimentos eram agora explícitos e nenhum tinha medo das consequências.

  A porta foi aberta e nos separamos,ele tentou descer da cama mas eu segurei seu braço e ele riu.
   

—Desculpa atrapalhar o momento lindo e fofo do casal,mas uma mãe aqui precisa falar com sua filha.—olhei para a dona da voz e quase caí da cama.
 

—Mãe?!—falei surpresa e ela riu como sempre.

—Já passamos dessa fase mocinha,agora dá aqui um abraço na mamãe.—falou se aproximando e me abraçando.
 

Ficamos um tempo abraçadas.
 

—Que saudade que eu estava,nunca mais saia sozinha na rua à noite.—falou me olhando e eu rolei os olhos.
 

—Mãe...—resmunguei e ela logo começou a discutir.
 

Zayn aproveitou a brecha e saiu da cama indo em direção à porta.

—Zayn!—chamei e ele me olhou.
 

—Oi.—falou.

  —Fica.—pedi e ele sorriu tímido.
 

—Não quero atrapalhar o momento de vocês.—falou simpático.
 

Observei minha mãe ir até ele e agarrar seu braço o puxando de uma só vez quase o fazendo cair,ri com isso.Estava com saudade desse jeitão da minha mãe.

  —Nada disso rapazinho,o senhor fica aqui.—falou o trazendo de volta até a cama.

  —Mas...—começou mas ela o interrompeu.

  —Sem "mas",eu já vou indo—falou beijando minha testa.

  Ela olhou Zayn ao meu lado por alguns segundos e logo beijou sua testa também,ele pareceu meio surpreso mas logo riu.Minha mãe,sempre uma figura,e era exatamente isso que me fazia a amar cada vez mais.

                               ~||•||~

Estava à cerca de dois dias no hospital.Zayn vinha aqui todas as tardes já que estudava pela manhã,meus amigos também vieram aqui me ver.Minha mãe passava todo o tempo aqui e já havia feito amizade com todas as enfermeiras (Como era de se esperar).
         Hoje eu receberia alta,o médico apenas disse que eu precisaria ficar mais duas semanas com o pé imobilizado mas que poderia retomar minhas atividades normais,sem fazer muito esforço é claro.
 

—Duas semanas?—perguntei.

 —Sim,devido ao tempo que ficou com o pé assim sem ir ao médico,acabou machucando mais ainda seu tornozelo e por pouco não teve algo mais sério.—falou anotando algo em sua prancheta.
   

—Okay então.—falei colocando o que ainda faltava das minhas coisas dentro da mochila.
   

—Filha,já está pronta?—perguntou minha mãe entrando no quarto.
   

—Sim,vamos?—falei pegando minhas muletas enquanto minha mãe pegava a mochila.
   

Saímos do hospital em direção à minha casa.Era manhã então meus amigos não estavam ali.Entramos no meu carro que era dirigido por minha mãe e fomos para meu prédio.
                                           ~||•||~
   

—Ah,caralho.—essa foi minha reação ao olhar pra escada enorme que havia no meu apartamento.
   

—Olha a boca suja.—falou minha mãe trancando a porta.
   

—E agora,como vou subir essas escadas?—falei sentando no sofá.
   

—A gente dá um jeito,agora fica aí que eu vou fazer o almoço.—falou indo até a cozinha.

  Liguei a TV sem ter absolutamente nada pra fazer.Os dias haviam sido tranquilos,a polícia já estava atrás do Rafael,graças a minha mãe que fez questão de informar à polícia assim que eu contei pra ela que havia sido ele meu sequestrador.
       Minha mãe era a única que sabia toda a história do sequestro,depois de ter me obrigado a contar.Já meus amigos não sabiam de nada ainda,e nem insistiam para que eu contasse.
   

—Filha o almoço está quase pronto.—falou minha mãe chegando na sala.
   

—Mas já?Não faz nem quinze minutos que você foi pra cozinha.—falei incrédula.
   

—Comida congelada,acha mesmo que eu vou estragar minhas unhas cozinhando?—falou normalmente e eu ri.
 

  —Você nunca muda né mãe.—falei levantando do sofá e pegando minhas muletas indo pra cozinha.
 

O almoço se seguiu dentre piadas e histórias engraçadas da infância da minha mãe.Era divertido a ter ali por perto.Depois do almoço,eu insisti para lavar a louça e ela acabou cedendo.Resolvemos assistir um filme para passar o tempo.Mas como sempre eu acabei dormindo em seu colo.
                                          ~||•||~
 

Acordei sentindo uma coseguinha por todo meu rosto,algo agradável,relaxante...Beijos,isso,beijos!
         Abri meus olhos devagar me deparando com aquele par de olhos castanhos-mel que tanto me encantavam.
   

—Oi meu amor, como se sente? —falou passando a mão pelos meus cabelos enquanto sorria,um sorriso mais bonito que os outros, um sorriso apaixonado.
 

 —Me sinto bem melhor agora que está aqui.—falei e ele me deu um selinho.
   

—Mas,por quê está dormindo aqui no sofá,pode ficar com dor nas costas.—falou preocupado.

—É meio tosco mas eu simplesmente não consigo subir as escadas sozinha.—falei envergonhada e ele sorriu.
   

—Quer ajuda? —perguntou gentil.

 —Não estou em condições de negar. —falei rindo e ele repetiu o ato.
   

—Ok então, vamos lá. —falou me pegando no colo.
   

—Zayn!—falei e ele sorriu.
   

—Qual o problema?—perguntou me encarando.
   

—Mãe estamos subindo!!—gritei para minha mãe e ela logo apareceu na sala.
 

  —Okay,juízo ein.—falou e minha pele atingiu um tom vermelho vibrante.
 

  —Mãe...—resmunguei e ela e Zayn riram de mim.
 

Zayn subiu as escadas ainda comigo no colo,indiquei onde ficava meu quarto e ele me levou até lá.
      E assim se seguiu a tarde,conversamos por horas.Era bom saber que agora estava tudo bem,e que eu tinha minha vida normal de volta.
 

—Quando volta pra faculdade?—perguntou acariciando meus cabelos.

Eu estava deitada em seu colo agora,o céu lá fora já estava estrelado e a brisa do mar invadia suavemente o cômodo,sigamos que era uma cena bem romântica até.
   

—Amanhã mesmo,o médico disse que não tem problema.—falei fechando meus olhos aproveitando o seu toque.
 

 —Quer que eu venha te pegar aqui?—perguntou,eu sentia seu olhar em mim.
   

—Não precisa,Ally vai dirigir.—falei o olhando nos olhos agora.
 

  —Devo me preocupar?—perguntou e eu ri dando um tapa em seu ombro.
   

—Ei,não implica com ela.—falei e ele riu.

 Ficamos uns segundos em silêncio até a porta ser aberta e Ally passar por ela.
   

—Desculpa interromper,mas já interrompendo cá estou eu!—falou se jogando na cama ao meu lado.

 —Algum problema?—perguntei e ela negou.
   

—Nenhum,só ciúmes mesmo.—falou e todos rimos.
             —Ai Ally.—falei rindo.

 Ficamos os três ali colocando o "papo em dia".Que saudades eu estava de tudo.