História Light Me Up Darkness - Ain't No Cure For My Disease

Mingyu estava no hospital havia três dias. Os médicos tentavam achar algo coerente para explicar aqueles vômitos repentinos e aquela substância estranha. Nada. Sr. E Sr.a Kim não eram nenhum tipo de especialista no assunto, mas sabiam bem o que aquilo significava.

Mingyu não era o único que se sentia mal ultimamente, Wonwoo não estava diferente. Sentia tonturas, dores pelo corpo inteiro e seus pesadelos o estavam deixando maluco. Já havia perdido as contas de quantas vezes havia acordado de madrugada, assustado, chorando, querendo ligar para Mingyu e perguntar se ele estava bem, mas lembrava-se que o mesmo ainda estava no hospital. Desde que o mais novo havia passado mal a ponto de desmaiar, ele não dormia direito.

Não dormia direito por conta dos pesadelos, não dormia direito pelas dores, não dormia direito de preocupação, não dormia direito por Mingyu.

Seu peito comprimia-se a cada vez que se lembrava da condição que o maior estava. Foi apavorante a forma como, seja lá o que aquilo fosse, o atingiu com toda a força, o deixando naquelas condições horríveis. Mingyu não apresentava sinais de nada quando aquilo aconteceu. Ele estava perfeitamente bem, saudável, feliz como sempre. O que havia de errado, afinal?

***

- O filho de Do Min Joon. – disse tomando coragem para prosseguir. – Ele está aqui com Mingyu.

Assim que terminou a frase, puderam ouvir um grito. “Sra. Kim! Sra. Kim!”  Imediatamente notaram tratar-se de Wonwoo, que gritava devidamente desesperado.

- O que diabos esse menino tem?! – exasperou Myung. – Está gritando como um louco!

- Não é hora de questionamentos! Se El está assim, deve ter ocorrido algo, venha logo! – a mulher cortou, devidamente sem paciência para reclamações.

Foram o mais rápido possível para o lado de fora, e encontraram Chan, que já estava no quintal, atraído também pelos gritos.

- Chan! Onde ele está?!

- Lá em cima! – disse Chan, apontando assustado devido aos gritos.

- Wonwoo! – gritou Sra.Kim. – O que está acontecendo?

Wonwoo apareceu com Mingyu nos braços. Estava desmaiado.

- E-eu não sei... Ele começou a tossir e depois a vomitar uma espécie de... Gosma preta. – não conseguia falar com clareza, as lágrimas lhe atrapalhavam de todos os modos. – E depois desmaiou.

Os olhos dos três presentes se arregalaram. Myung não contava que algo aconteceria tão rápido. Isso só lhe dizia o quão perto da guerra estavam. Mesmo que seu medo fosse imenso, não poderia fazer nada. Eles sentiam algo um pelo outro e estavam pré-destinados a ficarem juntos. E nesse momento pode notar que não deveria odiar Wonwoo. Que ele não havia culpa de nada e que, estava óbvio, não fazia idéia do que poderia ser capaz. Da destruição que poderia causar caso Do Min Joon movesse um dedo sequer. Ele era tão alheio a isso quanto Mingyu, e isso era o pior. Eles não tinham um lado. Não eram bons, nem ruins, eram humanos, ou pelo menos, acreditavam piamente ser. Aquele jovem não merecia seu ódio, pois não havia feito nada. Não merecia seu desprezo, pois não havia culpa do que seu pai havia feito no passado. E não merecia seu medo, porque não era apenas Wonwoo que se aproximara e se apaixonara. Mingyu sentia o mesmo, e longe disso, não tinha o direito de culpar nenhum dos dois por começarem a se amar. Apenas ao observar Wonwoo ali, chorando, com seu filho nos braços, em completo desespero, pode notar que era inútil. O ódio que sentiu, o medo, as dúvidas, os surtos, tudo havia sido em vão. A profecia estava certa. Não havia nada que poderia fazer, mesmo que tentasse. Sabia que a guerra entre a Luz e a Escuridão ocorreria cedo ou tarde, mas não se sentia preparado. Preparado para contar tudo para Mingyu. Preparado para ser expulso dos céus pelo envolvimento com um demônio. Não estava preparado para nada.

Mas por um momento, só por um único momento, esqueceu-se de si. De pensar apenas em si mesmo e pensou em seu filho. Ele deveria pensar em sua felicidade acima de tudo. Estava sendo egoísta, e admitia isso. Ambos não possuíam culpa de nada, ambos não sabiam de nada. Apesar de tudo isso, notava o quanto eles se gostavam. O quanto estavam integrados naquilo e que nada, nada mesmo iria os separar. Nem mesmo a morte.

- Myung? Myung?! – Sra.Kim berrava e sacudia seu marido que parecia em transe. – O que você tem? Estou falando com você há tempos!

- Ãhn... Desculpe. – disse sacudindo a cabeça. – Estou subindo!

Seu desespero voltou ao notar o estado do filho. As roupas que trajava estavam sujas de preto. Mingyu estava pálido, fraco, frio. Wonwoo ainda estava desesperado, chorando agarrado ao corpo de Mingyu que agora encontrava-se no chão.

- Acalme-se, filho. – disse de forma simpática. – O que aconteceu, exatamente?

- E-eu não sei... Ele simplesmente começou a passar mal do nada e-

- Calma, calma. – o cortou recostando uma das mãos no ombro do mais novo. – Respire.

- Desculpe, é que... Eu não sei. O que ele tem? – indagou preocupado, secando as lágrimas que ainda insistiam em cair.

- O problema é isso. Ele não tem nada.

Wonwoo por um momento achou que tinha ouvido errado. Ele não tinha nada? Aquilo era algum tipo de brincadeira de mau gosto? Vomitar seja La o que aquilo fosse não era nada? Queria rir de forma sarcástica da situação, mas estava preocupado demais para se importar com ironias.

- Desculpe, mas... Nada? – exaltou-se levemente.

- Nada. – disse simplista. – Eu não posso dizer o que é... Mas não se preocupe, ele não tem nada.

Wonwoo ainda não acreditava no que estava ouvindo. Aquilo definitivamente não era normal. Pensava o que diabos o senhor a sua frente possuía na cabeça.

- Senhor... Ele vomitou preto, desmaiou, está pálido, está frio... Isso não pode ser chamado de nada! – Wonwoo quase gritava, mas controlava-se ao máximo para não se exaltar.

Myung não tinha desculpas para dar ao jovem. O que iria dizer a ele? “Ah, é que, meu filho é um anjo e você é um metade demônio. Segundo uma profecia vocês iriam se apaixonar, e quando isso acontecesse, seus poderes iriam se desenvolver a medida que o sentimento de vocês aumentasse.” Claro. Iria ser super coerente e Wonwoo acreditaria/compreenderia de imediato.

- Nós... Nós iremos ver do que se trata. – disse no tom mais convincente que achou. – E você? Se sente mal? Pode ter sido algo que comeram...

- Eu só estou com algumas dores de cabeça. Acho que foi por conta do choro. – disse Wonwoo, agora mais calmo. – Ele vai mesmo ficar bem?

- Vai sim. Iremos ligar para um médico e pedir para que faça alguns exames. – disse calmamente.

- Eu posso ficar aqui até que ele acorde? Eu estou preocupado.

- Claro. – disse Myung. – Poderia me ajudar a descer com ele?

Wonwoo assentiu minimamente com a cabeça e logo já estava com Mingyu pendurado nas costas, descendo as escadas com o auxílio de Myung que estava mais abaixo apoiando o corpo do filho para que não caísse. Levaram-no para a sala e colocaram-no no sofá. Wonwoo sentou ao seu lado e segurou uma das mãos de Mingyu. Queria chorar novamente. Sua mão estava fria, Mingyu não se movia.

- Tem certeza que está bem? – indagou Sra.Kim de forma simpática. – Aceita alguma coisa?

- Se não for muito incomodo, só um copo d’água, por favor. – assentiu e saiu.

Achou ter visto demais quando Mingyu moveu minimamente a cabeça em sua direção. Não havia visto demais, Mingyu estava acordando e agora estava o encarando, ainda com os olhos entreabertos tentando se readaptar a luz. Wonwoo não conseguia esconder tamanha felicidade ao vê-lo abrir os olhos. Alisou os cabelos de Mingyu, não mais se importando se aquilo deixaria evidente o relacionamento que tinham. Só queria demonstrar que o maior poderia contar com sigo sempre que fosse necessário, pois sempre estaria de boa vontade ali para ele.

- Se sente melhor? – indagou ainda alisando-lhe os cabelos.

- O-oque aconteceu? – arregalou os olhos. – Porque estamos sujos desse jeito?

***

Deram qualquer desculpa não muito convincente, mas que foram suficientes para que Mingyu parasse com os questionamentos e pudesse ser levado ao hospital. Mesmo tendo sido atendido em casa, precisava de exames mais complexos e demorados.

Wonwoo o visitava todos os dias, mesmo sentindo-se exausto física e mentalmente, ele estava lá. Mesmo com toda a dor excruciante que sentia, ele estava lá.

- Hyung... – disse Mingyu de forma fraca. Aqueles medicamentos para controlar seus vômitos repentinos o deixavam exausto. – Veio cedo hoje... Não deveria estar na escola?

Era por volta das 14:00 da tarde, e como estudavam em tempo integral, pela lógica, Wonwoo deveria estar na aula de Educação Física no exato momento.

- Ah... Sobre isso... – coçou a nuca tentando buscar uma desculpa. – Não tivemos aula hoje.

- Por que não? – indagou confuso. Aquela escola quase nunca fica sem aula.

- Parece que ouve um problema no encanamento e ficou sem água. – não fazia idéia de onde tirara isso, mas esperava ter convencido o mais novo.

- Entendo. – que alivio, Wonwoo pensou. – Tem dormido direito, Hyung?

- Eu? – disse apontando o indicador para si mesmo. – Tenho. Por que a pergunta? – indagou, logo tomando o lugar ao lado do mais novo na cama.

Mingyu o observava como se pudesse ler sua mente. Saber de tudo o que estava acontecendo.

- Parece cansado. – disse analisando mais uma vez a face do mais velho. Passou os dedos pelo rosto de Wonwoo. – Está com olheiras bem fundas.

- Ah, isso? – indagou da forma mais descontraída o possível. – Fiquei até tarde assistindo filmes. Nada demais.

Não queria preocupá-lo. Estava ali por ele, mas sentia tantas dores quanto. Não havia ido para escola pelo mesmo motivo. Alisava as mãos do maior, tentando lhe passar conforto e tentando buscar conforto. Apesar das dores fortes, não demonstrava. Não queria demonstrar-se fraco quando Mingyu precisava de si.

Um silêncio estava instalado no quarto, mas nada que fosse incomodo para ambos. Wonwoo apenas olhava distraidamente para a parede à frente enquanto alisava as mãos de Mingyu, que pareciam frias demais e haviam tubos demais ligados a elas. Sentia um olhar curioso em cima de si e apenas virou-se para o lado para notar que Mingyu o encarava.

Iria questionar o motivo de Mingyu o estar encarando, mas assim que se virou para encarar o menor, este arregalou os olhos.

- O-oque foi? – assustou-se com a cara de espanto que o maior possuía.

- H-hy...Hyung... – apontou em direção ao rosto de Wonwoo. – S-seu nariz...

- Meu nariz? – levou uma das mãos ao nariz e tornou a olhar o que havia nela. – O q-que?

Sangrando. Ele estava sangrando.