Já haviam duas semanas que Mingyu e Wonwoo não davam as caras na escola. A escola sabia da condição dos mesmos, mas os alunos criavam rumores e mais rumores sobre a situação atual dos dois.
- Eu fiquei sabendo que eles estavam no carro e acabaram sendo atropelados. – dizia um.
- Não, não. Eu fiquei sabendo que eles se envolveram numa briga em uma festa. – dizia o outro.
- Vocês estão falando merda, todo mundo sabe que eles foram pegos transando no quarto do professor e eles ficaram com vergonha. – intrometia-se um outro na conversa arrancando gargalhadas dos outros dois.
Seungcheol olhava a cena enojado. Questionava-se como era possível a vida alheia ser tão interessante aos olhos de tantos desconhecidos que, até então, ignoravam a existência de quem insistiam em comentar. Levantou-se da carteira recebendo um olhar preocupado de Jeonghan. Sentiu um leve puxar na manga de seu uniforme.
- O que vai fazer, Cheolie...? – Jeonghan possuia um tom sussurado.
- Vou acabar com isso! – exclamou.
Jeonghan não teve mais tempo de dizer nada, apenas observou a cena que iria se seguir. Seungcheol aproximou-se do grupo que insistia em suas teorias conspiratórias sobre os dois colegas de classe. Assim que perceberam a presença de Seungcheol, tornaram a encará-lo. Seungcheol, por sua vez, ficou parado os encarando de volta.
- O que você quer? – questionou um dos presentes, com descaso.
- Sobre o que estão falando? – indagou.
- Não é da sua conta! – um deles respondeu soltando uma gargalhada, sendo acompanhado pelos amigos que faziam batiam as mãos como se dissessem “isso aí, cara.”
- Eu não perguntei se era da minha conta, perguntei sobre o que estavam falando. – Seungcheol disse sério, assustando os outros ali que não esperavam tal reação de alguém como ele. – Parem de inventar fofocas sobre o que não sabem! – disse por fim.
- E o que você tem haver com isso? – um dos três se pronunciando, logo levantando-se e ficando centímetros do rosto de Seungcheol, como se o desafiasse. - Você por acaso é amigo dos dois?
- Não. E mesmo se fosse, acha certo inventar coisas de quem você nunca dirigiu um “bom dia” sequer? – Seungcheol aproximou-se mais um pouco e com o dedo indicador, empurrou a testa do garoto à sua frente. – Além do mais, gostaria que inventassem que você estava transando com outro cara na cama de um professor, Jackson?!
Jackson virou o rosto para o lado e riu soprado em seguida. Achava inacreditável a cena.
- Veio aqui pra’ me dar lição de moral, Seungcheol? – indagou de forma debochada. – Não prefere ficar com seu namoradinho ali? – inclinou a cabeça e apontou para Jeonghan que observava a cena. – Ele sabe desse seu interesse reprimido por Wonwoo a ponto de se preocupar com ele e vir me dar bronca? Tsc tsc.
- Lição de moral? Eu? Não, não. – Seungcheol respondeu sem se abalar com o comentário do loiro, o deixando devidamente incomodado pela provocação não ter surtido o efeito que esperava. – E sobre o Jeonghan... Ele sabe que eu o amo. – tanto Jackson quanto os outros meninos arregalaram os olhos. Não esperavam que Seungcheol desse esse tipo de resposta, ou melhor, não esperava que eles tivessem realmente um relacionamento. – Mas e seus amigos, hein, Jackson? Eles sabem do seu relacionamento com o Mark?
O menino a sua frente parecia um pimentão de tão vermelho.
- Pelo visto não. Não se preocupe, eu não vou falar das coisas que eu já vi e nem inventar sobre. – continuou. – Não sou uma pessoa baixa como você.
- Cala essa boca! – Jackson se preparou para socar a cara de Seungcheol mas fora impedido. Seungcheol segurou seu punho com a mão com tamanha facilidade.
- Você não tem motivos para me bater, Jackson. – disse simplista olhando para a mão do mesmo e logo o encarando. – Eu não inventei nada disso.
Seungcheol terirou-se, deixando um Jackson frustado atrás de si, e mais duas pessoas chocadas. Tornou-se a sentar do lado de Jeonghan.
- Cheolie... Precisava disso? – Jeonghan indagou decepcionado com a atitude de Seungcheol.
- Não, mas eu necessitava falar umas coisas pra’ ele. – Seungcheol disse o encarando. – Eu sei que estou errado de descer ao nível dele, mas eu estava com raiva, desculpe.
Jeonghan suspirou. Apoiou uma das mãos sob a de Seungcheol.
- Entendo que temos momentos de raiva, mas não podemos perder a cabeça, sim? – Seungcheol assentiu, pegou a mão de Jeonghan e depositou um beijinho nas costas da mesma.
- Desculpe, Hannie.
Choi Song Yi entrou na sala segundos depois. Geralmente, era sempre animada e descontraída, porém, nesse dia em específico, parecia decepcionada. Foi ao meio da sala, e aguardou, com uma cara de poucos amigos, a algazarra se encerrar.
- Posso? Obrigado. – disse de forma seca. – Sei que muitos têm especulado histórias absurdas sobre o “sumiço” de dois alunos desta classe e eu estou aqui para desmistificá-los. Os dois alunos em questão estão com problemas de saúde e acabaram por serem internados.
Todos da turma se entreolharam, chocados, questionando-se sobre o que eles tinham.
- A escola não foi informada sobre o que eles podem ter tido e mesmo que fossem, é algo pessoal e não poderia ser passado à vocês. Torcemos pela melhora deles e que tudo se resolva. – Choi Song Yi respirou fundo com os olhos fechados e prosseguiu. – Sobre a peça... Haverá a substituição.
Em questão de segundos era como se nada que tivesse dito sobre Wonwoo e Mingyu fossem relevantes. A sala virou um alvoroço gigantesco. Todos comentavam sobre. “Será que eu consigo o papel?” “Eu vou fazer a audição com certeza!” “O papel já é meu!”. Choi Song Yi precisou gritar para que parassem com todo aquele barulho.
- Infelizmente para muitos e felizmente para duas pessoas em questão, eu já sei quem irá protagonizar. – silêncio. Foi a única forma, não intencional, de fazê-los calar a boca. – Seungcheol e Jeonghan, parabéns pelo papel.
Jeonghan instintivamente arregalou os olhos. Não achava que ela falava sério. Achava que a mesma blefara quando dissera que tinha planos em mente para uma futura peça consigo. Sabia do potencial de Seungcheol, mas ele?! Ele mal conseguia completar um seminário na frente da classe de tão tímido que era, quem dirá uma peça na frente da escola!
Não era só ele que estava surpreso com a escolha, mas sim, todos os outros alunos. Talvez surpresos não fosse a expressão correta, indignados os descreviam melhor naquele momento.
- Pro-professora? – Jeonghan a chamou levantando um dos braços.
- Sim?
- Deve haver algum engano...
- Não há engano nenhum, Jeonghan. – disse simplista.
- É que... Isso... Isso é loucura! – exclamou enquanto ria nervosamente, tentando parecer o mais descontraído possível e falhando miseravelmente.
- Eu acho que você é extremamente capacitado para isso, Jeonghan. – disse enquanto todos os presentes na classe observavam o rumo que a conversa tomava. – Mas se acha o contrário, posso achar outra pesso-
- Não! – Seungcheol a cortou de repente, assustando, não só a professora, mas Jeonghan.
- Algum problema? – Choi Song Yi indagou não muito amigável.
- É que... Desculpe, é que... Eu não conseguiria contracenar com outra pessoa. Por favor, não o substituía. – Seungcheol pediu.
- O que está fazendo? – Jeonghan sussurrou.
- Bem, se ele estiver de acordo, eu não o corto da peça. – disse levemente impaciente. – Está tudo bem pra’ você?
- Está não está, Hannie? – Seungcheol indagou de forma quase implorada para que ele dissesse que sim. De forma silenciosa soltou um “por favor” para Jeonghan, que assentiu com a cabeça.
- Eu nunca vou entender essas mudanças de opinião repentina típica dos jovens. – Choi Song Yi disse.
Voltou para o seu lugar e pôs a fazer a chamada. Seungcheol riu e abraçou Jeonghan por cima dos ombros.
- Obrigado, obrigado, obrigado, obrigado! – exclamou mais umas 876 mil vezes a palavra “obrigado”.
- Você vai me pagar! – Jeonghan exclamou dando leves tapinhas no braço de Seungcheol enquanto ria escandalosamente, recebendo olhares curiosos e reprovadores.
Seungcheol aproximou-se do ouvido de Jeonghan e sussurrou causando arrepios no mesmo
- Pode apostar que eu vou. - e sorriu-lhe malicioso.
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