1. Spirit Fanfics >
  2. Lights >
  3. Pedidos

História Lights - Pedidos


Escrita por: OperaLuv

Notas do Autor


Tudo bem fofo por que é assim que a gente gosta haha

Obrigada de coração todos os comentários irei respondê-los assim que eu chegar em casa.

Capítulo 11 - Pedidos


Fanfic / Fanfiction Lights - Pedidos

POV JIN - 4 dias depois 

Era impossível se sentir confortável, ainda mais depois do que aconteceu no caminho de volta à Seul. Tudo que Namjoon do futuro lhe falara estava acontecendo. O convite para sair, juntamente com a maneira franca e sincera como o olhava, a tentativa de justificar o encontro com aquela mulher. Tudo indicava que, caso aceitassem, as coisas tomariam o rumo que Namjoon tinha dito. Ele cederia, ficariam juntos, provavelmente aceitaria acordar Suga e assim entraria em coma.

Ele sabia disso por que não negava mais. Gostava dele. Mesmo ele sendo tudo que ele não gostaria de encontrar em alguém para se envolver. Taciturno, insensível, hétero. Características que a pessoa a sua frente, com seus cabelos azuis e o sorriso de canto, parecia não ter.

- Como você pode ser tão diferente? – Jin perguntou perplexo. Estava ele e Namjoon na sala de um pequeno apartamento mal mobiliado. Era a casa provisória do azulado, tinha apenas uma precária cozinha, um sofá surrado, um computador fechado na mesinha de centro e uma cama improvisado com um colchão e vários lençóis. E diversos papeis e fotografias que Jin não tivera oportunidade de olhar.

- Você acha isso? – Namjoon o olhava, daquele jeito carinhoso enquanto sua voz soava levemente rouca. Sua voz sempre o provocava de alguma forma, como se atiçasse algo dentro de si.

- Você não parece ser insensível. Você me olha desse jeito como se fosse maravilhoso. E nem parece aquele babaca metido a...a...

- Macho Alpha?

- Exatamente!

O mais novo riu jogando a cabeça para trás. Jin encolheu-se um pouco no sofá. Estavam sentados, cada um em um extremo do sofá.

- Na verdade... é óbvio que eu esteja diferente. Você me conheceu em uma péssima época. Talvez eu estivesse em uma espécie de depressão passageira, procurando significado nas coisas que não tinham mais significado para mim. Então você aconteceu, e tudo mudou lentamente.

- Eu mudei você? Como?

- De tantas formas, mas no geral só por você estar por perto.

- Mas hoje você me ignorou.

Quando Jin esbarrou com Namjoon na universidade, o loiro apenas o ignorou como se ele simplesmente não existisse. Antes dele simplesmente passar reto pode notar nas marcas em seu pescoço, talvez feita pela garota de três dias atrás.

- Sim – Disse e depois riu. – Eu sei disso, por que tudo que ele está passando eu passei também. Eu estava bem perdido nesses dias, estava puto contigo por que pensava que você estava com alguém, mesmo que eu não reconhecesse isso, é óbvio. Foi a primeira vez que eu senti ciúmes de você.

- Haverá outras?

- Se haverá? Várias, vai ser uma tortura para mim.

Jin não conseguiu deixar de sorrir em imaginar o sofrimento do mais novo por algo como aquilo. Sentiu vontade até de provocá-lo só para que realmente acontecesse.

- Você quer comer algo? – Namjoon perguntou.

- Tem algo nessa casa?

- Não muito. Eu tenho evitado sair para esbarrar com ninguém. Apesar desse apartamento ficar bem longe da universidade, eu prefiro não arriscar.

Jin levantou-se e seguiu até a cozinha que ficava no mesmo cômodo da sala. Existia uma geladeira velha, e nela alguns vegetais e macarrão pré-cozido. Daria para fazer macarrão a primavera.

- Que tal macarrão a primavera? – Namjoon perguntou repentinamente e quando ele olhou interrogativamente o azulado apenas sorriu. – No nosso primeiro ano de namoro você fez isso no almoço. Estava delicioso, assim como tudo que você faz.

Jin não conseguiu disfarçar as bochechas vermelhas. Eles fariam um ano de namoro? O que eles fariam até lá? Quem tinha feito o pedido? Provavelmente Namjoon, ele nunca teria coragem de propor isso.

- O melhor foi ver você só de avental enquanto cozinhava.  

- Nam-Namjoon! – não conseguiu deixar de gaguejar. – Eu nunca faria isso.

- Me chame de Joonie, e se serve de consolo, você estava usando um short. E isso só aconteceu por que você não achou sua camisa, apesar de que você poderia ter pego uma das minhas.

Ficou em silêncio por um tempo imaginando sua vida futuro com ele. Como seria beijá-lo, tocá-lo ou simplesmente abraçá-lo? Sentiu algo na boca do estômago ao imaginá-los fazendo sexo e uma pontado de excitação subiu-lhe pelo ventre.

- Pensando em bobagem? – Namjoon o interrompeu, desviando assim seus pensamentos. Ele tinha um sorriso safado na cara.

- Você é um idiota. – resmungou e logo depois virou-se para providenciar o macarrão.

Namjoon ficou todo tempo por perto, mas não arriscou fazer nada declarando o óbvio: que ele perderia um dedo caso tentasse ajuda-lo. Jin o lembrou do que aconteceu na viagem, rindo da maneira como ele cortava as cebolas em pedaços ridiculamente grandes, ou como ele perdeu praticamente uma hora tentando ajustar a churrasqueira. Trinta minutos depois eles estavam comendo na sala, cada um em um lado da mesinha pequena.

- Haverá uma outra coisa que irá mudar meu comportamento. – Namjoon disse repentinamente – Em breve Suga irá acordar.

- Sério?

- Sim, muito em breve. Por isso é tão importante evitar que você faça isso com suas habilidades. Algumas coisas irão mudar também.

Jin intuitivamente aproximou-se ficando ao seu lado.

- As nossas habilidades irão mudar. Não sabemos dizer por que, mas simplesmente irá acontecer. Eu, por exemplo, poderei viajar no tempo por um período de tempo mais longo, e ao contrário de ficar no passado, eu poderei retornar para o momento em que estava. Isso será muito vantajoso. – sorriu maliciosamente, mas Jin decidiu fingir que não percebera.

- O que acontecerá com os outros?

- Eu não posso dizer, por que não sei qual será à proporção que isso irá tomar. Eu posso dizer algo aqui que irá interferir em tudo.

Jin apenas concordou com a cabeça. Era muita coisa acontecendo. Suga acordaria, eles se apaixonariam, os meninos teriam suas habilidades alteradas.

- Ninguém irá descobrir sobre nós? Por que ninguém está noticiando a respeito?

- Não sabemos direito. A minha hipótese é que alguém está manipulando os fatos como se soubesse que algo ruim iria acontecer caso tudo fosse divulgado. Além disso, parece ser um fato isolado. Além de nós, poucas pessoas parecem ter sofrido o mesmo... ou pelo menos habilidades que sejam muito óbvias como a minha ou de Jimim. Se você analisar, a habilidade de Hoseok por exemplo é difícil de ser comprovada. Eu imagino que exista pessoas com habilidade ridículas por aí, como ler absurdamente rápido, ou não ser míope depois das luzes.

- Isso é um alívio, eu estava bastante preocupada com as proporções que isso pode tomar. Talvez acidentes.

- Acidentes irão acontecer, mas eu vou estar aqui para ajudar.

Jin, antes olhando para o chão, voltou a encarar o garoto, agora ao seu lado. Ele tinha o rosto apoiado no dorso da mão enquanto se inclinava sobre a mesa. Olhos carinhosos, e uma das bochechas com as covinhas que ele já começava a amar. Retornou a olhar para o chão, repentinamente constrangido – já estava pensando em coisas absurdas como aquelas? Jin não era um cara de se envergonhar com facilidade, depois de anos enfrentando dificuldade por ser claramente gay, além das habilidades exigidas a um modelo como ele, dificilmente abaixaria o olhar diante de alguém. Mas existia aquela áurea entorno deles, tão densa que poderia ser palpável. Se ele parasse para pensar, ela sempre existiu, como se algo os conectasse de algum modo.

- Estou te constrangendo? – Namjoon perguntou, mas sem provocações. – Desculpa por isso, é só que eu não consigo parar de te olhar. Me dá saudades.

- Saudades? Estamos separados no futuro?

- Eu não diria isso. Apesar de que não nos vemos há algum tempo.

Namjoon levantou-se bruscamente, cortando totalmente o contato entre eles.

- O que foi?

- Nada. Eu preciso fazer algumas coisas.

Jin levantou-se meio sem jeito, como se tivesse feito algo de errado. Pensou em perguntar, mas Namjoon não parecia afetado.

- Você pode vir aqui sempre que quiser. – disse em tom de despedida. Estavam há vários metros de distância. – Mas antes eu preciso te pedir uma coisa.

- O que?

Jin suspirou pesadamente com seu pedido, mas concordou e pegou suas coisas pronto para ir embora. Realmente queria perguntar por que eles não se viam há tanto tempo, se algo aconteceria com os dois, mas Namjoon não lhe deu abertura, apenas o levou até a porta e sem nenhum contato se despediu do mesmo. Jin desceu as escadas sentindo que faltava algo, logo soube que era contato.

POV HOSEOK

Tinha sido um dia bom, as aulas estavam andando bem, o pagamento acabara de cair na conta e até daqui duas semanas não tinha nenhuma atividade extracurricular. Tirando Taehyung, que não via desde a viagem, Hoseok estava se considerando com sorte. Isso por que decidira que, mesmo o garoto o ignorando completamente, ele não desistiria de ajudá-lo, só estava esperando a hora certa.

Mas o jovem garoto não parecia querer esperar o momento adequado. Logo que Hoseok saiu da academia de dança, o viu de pé, bem na entrada no local. Estava vestido em um capote, a expressão perdida nas próprias botas, como se couro fosse algo muito interessante. Constatou que Taehyung tinha um estilo mais sóbrio que V que usava jeans rasgados e camisetas confortáveis. Só o cabelo se mantinha acastanhado e repicado. Mas independente disso ele continuava tão bonito como sempre foi.

Hoseok enfiou as mãos na sua jaqueta de moletom e seguiu até sua direção, estava obstinado que tudo fosse tranquilo e agradável para os dois. Mas assim que se aproximou ele percebeu que não seria tão fácil.

Eles trocaram rápido olhares, e a cara do mais novo fechou, indiferente e apático. Taehyung até então lhe parecia aquelas pessoas que demonstravam nada na cara.

Mas o ponto central foi quando o garoto ergueu o celular sem dizer nada e Hoseok leu a mensagem que ele e V trocaram antes da viagem. Aquela brincadeira de quem seria passivo e ativo. Ele até riria diante daquela situação, mas Taehyung – inexpressivo ali de pé – não lhe dava coragem.

- Bom... – ele começou e se sentiu idiota por não saber o que dizer.

- O que é isso?

Respirou fundo, de um jeito quase dramático. Taehyung só piscou esperando.

- Foi uma brincadeira. O V gosta de brincar com essas coisas. Não transamos se é isso que você quer saber.

Taehyung continuou em silêncio. Guardou o celular.

Aquela maldita expressão apática. Deus, como sentia falta do sorriso quadrado. Ele tinha conversado com Jungkook sobre o jeito de Taehyung antes do acidente. O mais novo disse que era animado como V, mas com certeza tinha mais limites. Também comentou sobre momentos de profunda reflexão, como se Tae estivesse perdido em alguma realidade paralela, para logo depois soltar algo totalmente absurdo. Sendo assim, ele sabia que o comportamento apático do garoto era algo exclusivo com ele, ou pelo menos, algum mecanismo de defesa com aquela situação toda. Ele deveria estar tão confuso que não conseguia se expressar.

- Eu quero lhe pedir um favor. Não seja tão amigável com V.

Aquilo o surpreendeu, mas não expressou. Esperou que ele continuasse.

- Eu não sei qual é a relação de vocês, mas eu não consigo ficar tranquilo com isso.

Enquanto ele falava Hoseok começou a sentir certa agitação dentro do garoto. Foi a primeira vez que ele conseguiu sentir qualquer coisa vindo dele.

- Vamos tomar um café?

- Não precisa, eu não...

- Por favor, acho que precisamos conversar. – Hoseok insistiu. Taehyung olhou para baixo mordendo os lábios. – Prometo que você sairá de lá melhor do que está agora.

Os olhos do mais novo começaram a brilhar de um jeito curioso, mas Hoseok não conseguiu identificar porquê. O garoto simplesmente cortou o contato, aceitando seu convite com um aceno de cabeça.

Foram para um café logo ali na esquina. Era barato e minimamente aconchegante, mas nenhum dos dois estava preocupado com aquilo. Pediram dois cappuccinos e ficaram lá, um olhando para o outro.

A perturbação ainda era palpável para Hoseok.

- Eu entendo que você esteja assustado. Acordar com um desconhecido... deve ser estranho mesmo. E você deve estar bem confuso, por isso serei sincero com você. Eu sou apaixonado pelo V... – Hoseok viu os olhos do mesmo arregalarem – Mas se você me pedir para me afastar dele, eu irei fazê-lo... só não posso garantir que ele faça o mesmo, por que é reciproco.

- Mas é meu corpo, é minha mente, é tudo meu... – ele começou a dizer, as palavras tremiam de leve e Hoseok se aguentou muito para não ir até ele e o abraça-lo. – Eu sei que é minha culpa, sempre é minha culpa, mas eu odeio isso.

A perturbação se misturou com medo e raiva. Hoseok desejou que ele só se sentisse tranquilo e racional suficiente para pensar a respeito.

De algum modo aquilo pareceu surtir efeito, por que V deixou uma lágrima escapar e logo depois seu corpo relaxou.

- Desculpa por isso – ele soltou repentinamente. – Eu sei que não é sua culpa, eu só estou cansado.

Taehyung olhava para o chão, os lábios em um bico e mesmo se sentindo um idiota, Hoseok não conseguiu não notar o quão adorável ele era. Organizou seus pensamentos e retomou.

- O que você decidiu fazer? Eu sei que você não confia em mim, mas eu preciso entender, caso você queira que eu lide com as outras personalidades, que querendo ou não, virão me procurar.

Ele pareceu refletir por um momento. Em nenhum momento o olhou nos olhos, até que começou a falar.

- Eu não acredito que elas deixarão de aparecer. Jungkook me explicou que a situação não mudou apenas para mim. Então eu tenho que criar estratégias para que eu não seja tão afetado quando eu “acordar”.

- Você está resignado?

- Não é como se eu soubesse o que fazer.

Hoseok sentiu a depressão bem discretamente ali. Talvez fosse aquele estado mental que o impedisse de ver positivamente a situação. Nas últimas semanas ele sentira algo semelhante entorno de Namjoon, uma espécie de paralisação que o impedia de encontrar razão em fazer pequenas coisas.

Os dois cappuccinos chegaram e Hoseok pode perceber uma leve empolgação no garoto.  Achou aquilo estranho, apesar de adorável. Jogou-se para trás percebendo que mesmo se tratando de Taehyung e não V, ele não conseguia evitar. Gostava dele.

- Sabe, eu sei que você está assustado e confuso. Mas eu ainda acredito que podemos fazer algo. Eu tive oportunidade de conviver com V e Tae Mim, e apesar de V não ser muito aberto, ele deu a entender que ele apenas surge em momentos de conflitos.

- Você está sugerindo o que?

- Podemos identificar o que os fazem aparecer, mas principalmente por que eles surgem. Eu não acho que eles sejam personalidade descolados de você. A maneira como você bebe esse café não me deixar esquecer que V está aí de algum modo.

Taehyung deixou a xicara sobre a mesa e Hoseok percebeu que suas mãos tremiam enquanto fazia aquele movimento. Sentiu que ele estava prestes a chorar, o fazendo se sentir um idiota. Era óbvio que ele se sentiria pressionado. Sem pensar direito Hoseok levou suas mãos até as deles em uma tentativa desesperada de acalma-lo.

- Me desculpa. Eu não queria que você se sentisse assim.

Desejou intensamente que ele não começasse a chorar. Sentiu que algo estava mudando.

Era como se um céu nublado tivesse se dissolvido e o céu azul surgisse.

- Eu sabia que você conseguia sentir as sensações dos outros, mas não sabia que você podia manipulá-la. – Taehyung comentou.

Hoseok também não sabia disso. Afastou sua mão da dele e sentou-se para trás. Aquilo fazia sentido.

- Eu não sabia que eu era capaz disso. Não era minha intenção, de verdade.

- Tudo bem... pelo menos eu posso me sentir melhor. É como se eu tomasse antidepressivos.

Hoseok não sabia se era pelo clima repentinamente agradável, mas aquele comentário o fez sorrir.  

- Se você precisar de antidepressivos você pode sempre me procurar.

Taehyung sorriu de leve.

- Você pode sorrir perto de mim, juro que não é prejudicial à saúde.

Daquela vez o garoto não conseguiu conter um sorriso completo, mesmo que não o olhasse no rosto. Se sentiu bem ao fazê-lo se sentir melhor.

- Eu gosto quando você sorri.

Seu comentário fez com que Taehyung fechasse a expressão e Hoseok perguntou-se o motivo. Constrangimento, talvez?

- Eu preferia que você não transferisse seu afeto de V para mim. Você precisa entender que eu não sou ele.

Aquilo era verdade. Ou pelo menos era a verdade que Taehyung acreditava. Hoseok refletiu sobre como o mais novo se sentia invadido, confuso e incerto sobre ter dentro de si alguém que podia fazer o que quisesse com seu corpo e aparência.

O olhou compreensível.

- Tudo bem. Eu não farei isso. Também evitarei ter contato com V se for isso que você quer.

- É isso que eu quero.

Não tocaram no assunto novamente,

POV NAMJOON

Era óbvio que estavam se ignorando, ou mais especificamente, Namjoon ignorava Jin como se ele fosse alguém contagioso. No início não entendeu por que, mas logo soube que era ego ferido. Se sentia rejeitado. E nem mesmo a aquela mulher pareceu melhorar a sensação. Tinha sido bom, mas depois, quando gozou e jogou-se na cama, sentiu um vazio imenso. Pensou que era o cansaço, aquela moleza que sentia toda vez que ejaculava, mas logo depois a sensação continuou e sequer quis dormir ali. Sabia que tinha sido um idiota, mas ela, desapegada e independente, como fazia questão de deixar claro, apenas ajudou a pagar a conta e voltou para seu hotel.

Foi para casa, e vendo-a vazia, sentiu vontade de chorar, mas as lágrimas não vieram. Pensou em ligar para Hoseok, mas sabia que o amigo tinha que dar aulas de dança no dia seguinte. Então bebeu, só bebeu sozinho, tantas doses que acordou com uma dor de cabeça insuportável.

Dois dias depois esbarrou com Jin e, sem saber o motivo, simplesmente o ignorou e seguiu seu caminho. Jin não o chamou, não virou para trás, não fez nada, como se não se importasse. E aquilo o deixou tão puto que na aula de Teoria Musical Namjoon quase quis socar a cara do novato dizendo coisas pedantes sobre a indústria da música atual. 

Queria tanto conversar com Suga que chegava a doer e tinha momentos que até diálogos mentais ele tinha com o amigo.

“Vai conversar com ele, ele não deve te odiar, você já pediu desculpa. Que merda você está fazendo pensando tanto nesse garoto? ”.

Talvez ele dissesse tudo isso.

“Esquece esse garoto, se foca em outras coisas. ”

Era a resposta que ele queria ouvir só para ter coragem suficiente para fazer. Mas não. Ele era um inútil que não tinha forças para fazer nada. Hoseok naquele dia o ligou, querendo apenas passar um tempo junto. Recusou, estava naquele momento de negar tudo.

Então bebeu de novo, dessa vez em uma loja de conveniência e quase entrou em uma briga com outro bêbado – um cara de 40 anos, mais baixo e barrigudo que com certeza cairia no primeiro murro. Foi embora, pensando que Suga, mas principalmente Jin, o recriminaria, diria umas boas verdade, algo como “você é um metido a macho alpha tentando se provar para todo mundo”.  Era engraçado como o mal e já estava criando diálogos mentais com o mesmo.

 Estava andando pela rua, há alguns metros da sua casa, quando começou a ouvi-lo:

- O que você estava fazendo?

Já estava até escutando a voz dele por aí? Olhou para os lados e não viu ninguém. Riu de si mesmo, como era ridículo. Tropeçou, mas não caiu pois foi segurado por alguém. Ergueu os olhos ainda zonzo pela bebida. Viu então aquele maldito rosto bonito, aquela boca quase feminina, os olhos afiados.

- O que você está fazendo aqui?

- Você está muito bêbado... aish, o que você bebeu? – o viu fazer uma cara de nojo e aquilo o deixou muito puto. Se desvencilhou de seus braços, mas acabou tropeçando em algo. Caiu de joelhos no chão e sem forças simplesmente sentou. Estava fazendo uma cena, não estava? Perguntou-se olhando para o céu e se perdendo no meio daquelas nuvens escuras. Como desejou dormir ali...

- Vamos, para casa.

Namjoon não se lembrou de mais nada.

POV JUNGKOOK

Jungkook foi para sua aula sem pretensão nenhuma. Era uma aula prática de dança contemporânea, um estilo que ele conhecia muito pouco. Entretanto, assim que chegou em aula, viu os alunos sentando nas bordas, sem usar suas roupas de treinamento, apenas como se aguardasse uma aula teórica.

- O que está acontecendo?

- Vamos ver o ensaio dos veteranos. – a garota sussurrou.

Os pensamentos de Jeon foram imediatamente até Jimim. E como se pudesse invoca-lo com a mente, o ruivo apareceu. Usava apenas uma calça moletom deixando a vista o torso levemente musculoso. Já o tinha visto assim algumas vezes em alguns ensaios, mas agora existia algo que o deixava ainda mais bonito. Talvez fosse apresentação em si que destacava todos os seus músculos, talvez fosse a menina colado nele pronta para começar a apresentação. Jeon já sentia aquele incômodo, sabendo claramente do que se tratava.

A música clássica contemporânea – provavelmente de algum artista francês influenciado por Yann Tiersan – começou. Suave, Jimim a abraçava, colando seus corpos, trocando respirações.  Movimentos que iam e voltavam, mas sempre ali, em algum momento, colados um no outro. Aos seus olhos, e talvez de todos ali, era indescritivelmente bonito. Era intimista, era correto, era natural. Como um casal tipicamente entregue e possível.

Mas Jeon não conseguia aceitar. Vendo-os ali, recordou dos dois no deck, aquela necessidade de contato e companhia que não poderia ser definido como um erro ou uma mentira. Simplesmente não podia.

Sentiu-se ansioso por temer que eles se perdessem, assim como Jimim parecia se perder nos braços daquela dançarina. Sentiu vontade de chorar só de pensar concretamente naquela possibilidade, por que Jeon soube que Jimim poderia direcionar seu afeto a outra pessoa. E por mais mesquinho, egoísta e estúpido aquilo fosse, Jungkook não poderia aguentar aquela possibilidade, ou melhor, não permitiria que algo como aquilo acontecesse.

Ele saiu da aula assim que a apresentação de Jimim acabou. Queria muito vê-lo em privado. E assim que deu tempo, ele foi para os vestiários e o esperou. Sentado, sua perna agitava-se denunciando toda sua ansiedade.

Jimim apareceu minutos depois, acompanhado de um outro veterano. Eles se despediram na porta assim que perceberam a presença de Jungkook. O mais velho, não parecia muito feliz em vê-lo. Era óbvio que ele não estaria, considerando como Jeon o estava encarando durante toda a apresentação. Poderia não se ver no espelho, mas o Jeon sabia que ele não conseguiria disfarçar o seu incômodo.

- Você não parecia muito feliz com minha apresentação. Eu quase parei de dançar. – Jimim começou, não irritado, apenas decepcionado.

- Desculpa por isso...

Ele realmente sentia, principalmente sabendo o quão mesquinhos ele estava agindo.

- O que aconteceu? – Jimim perguntou, preocupado – Você está bem? – levou suas mãos até seus braços.

- São só saudades, ciúmes, um pouco de inveja...

Jimim não disse nada apenas piscava esperando que ele continuasse.

- É difícil vê-lo assim, envolvido com outras pessoas.

- Jungkook, é só uma dança, você sabe disso.

- Sim, mas isso me lembra que a qualquer momento você pode ir embora.

Sentiu sua mão esquerda ser segurada e seu braço direito ser alisado levemente pelo indicador de Jimim. Era um toque simples, mas Jungkook fechou os olhos como se pudesse se resguardar de alguma coisa.  Depois sentiu Jimim ficar nas pontas dos pés aproximando seus rostos.

- Então, não me deixe ir.

Qualquer medo ou insegurança pareceu evaporar. Abriu os olhos e o viu ali, os orbes castanhos, aquela boca maravilhosa inchada e entreaberta. Para completar, Jimim estava levemente suado pela apresentação o que deixou Jungkook apenas mais impaciente.

O segurou e o beijou. E não foi carinhoso. O jogou contra um dos armários e o puxou pela cintura, deslizando suas mãos pelo abdômen até o cóccix e em seguida apertou sua bunda por debaixo da calça de moletom.

Jimim gemeu de leve. Jungkook o beijou pelo pescoço sentindo seu gosto salgado, subiu até orelha o mordendo enquanto forçava seus quadris quanto o dele. Queria lambê-lo todinho ali, fazê-lo gemer ser nome, vê-lo empinar a bunda implorando por mais.

- Jungkook... por favor.

Ele não escutou.

- Jungkook, pare...

Ignorou mais uma vez.

- Jungkook, chega!

Sentiu sendo jogado para trás e uma sensação de vazio o preencheu. Sua boca estava muito sensível e suas mãos precisavam segurar aquele corpo. Mas sua racionalidade pareceu bater na porta quando viu Jimim com as sobrancelhas franzidas.

- Isso não vai dar certo desse modo. – ele declarou. Se afastou em direção sua bolsa.

- Como assim... eu pensei que...

- Sim, eu sei. Eu também estou louco para que isso aconteça, mas não podemos fazer desse modo. – disse enquanto vestia uma blusa. Jungkook desejou tirá-la rapidamente. – Os seus desenhos... nós temos que fazer o que os seus desenhos não mostram.

- O que você está sugerindo?

- Vamos sair. Nos conhecer. Conversar em um bar. Flertar. Ficar de nhemnhem.

- Sem nos tocar?

- Sem fazer as coisas que seus desenhos mostram.

- Sem sexo?

- Isso.

Jungkook bagunçou os cabelos e deu uma volta.

- Eu vou pirar.

Jimim riu e o mais novo sentiu-se mais calmo e preenchido. Deus, como o adorava vê-lo sorrir.

- Talvez, mas nós podemos tentar.

O ruivo se aproximou e segurou suas mãos.

- Não vamos mais sentir mais saudades, tudo bem? Vamos ficar juntos.

Se encararam. Não de maneira pesada ou intensa, era apenas aquela troca de olhares entre duas pessoas que se gostavam. Era simples, correto e natural.

O sorriso de coelho foi surgindo lentamente enquanto concordava com a cabeça. Não importava mais nada.  

 

CONTINUA...

 


Notas Finais


Quem estava com saudade do Jungkook pervertido? Eu confesso que duas coisas me estimularam a escrever essa fic, e uma delas é o João Biscoito tarado, então fiquei bem satisfeitas – mesmo que bem rapidamente – ele meio perva (já to até vendo uma leituras aqui por que o lemon deles vai ter que ser uma coisa no nível dos sextexting que rola por ai kkkkkkk não gente, não consigo ser tão criativa assim, mas vou me esforçar kkk)

Estou muito feliz com os comentários, e queria agradecer de verdade a todos que comentam – que já são nomes conhecidos e que já estão no meu kokoro haha – e também pedir para quem acompanha e por qualquer razão não comenta, para não deixar de comentar por que essa é uma maneira de ajudar na divulgação da fic e conseguimos mais leitores. E é só isso que eu quero: que mais pessoas leiam e aproveitem.

Você é tímida? Não sabe o que escrever? Só sabe comentar “postas mais” ou “<3 <3 <3” . Tudo bem, eu vou ficar feliz e grata de qualquer modo :D

Obrigada e até domingo!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...