História Lights - Declaração

POV HOSEOK

O pânico lhe bateu quando percebeu que não tinha menor ideia de onde estava Taehyung. Hoseok suspeitava que uma das suas personalidades tinha despertado e que dessa vez seria a pior delas. Ele estava na rua, perguntando para pessoas aleatórias se eles tinham visto um garoto com a descrição de Taehyung quando recebeu um telefonema de Jungkook.

- Hyung, eu... – ele parecia nervoso no telefone.

- Se controle Jungkook e me diz o que foi.

- Um dos meus desenhos, eu acordei e o vi na minha mesa, é o Taehyung no quarto dele, ele tá todo sujo de sangue.

Uma dor latente bateu-lhe no peito como se tomasse um murro. Soube de imediato que Taehyung tinha ido para casa, provavelmente em busca do pai. Talvez para fazer o pior.

- Obrigado Jungkook, estou indo correndo para lá.

- Estou indo também.

Após desligarem, Hoseok pegou um táxi e correu para casa do garoto. Durante o trajeto respirou fundo diversas vezes, tentando controlar o próprio pânico, sabendo que o pior já poderia ter acontecido. Cogitou ligar para a polícia, mas temia que o pior acontecesse com Taehyung caso soubessem das suas múltiplas personalidades, e que inclusive, uma delas tinhas tendências psicopatas. Balançou a cabeça destacando totalmente essa possibilidade.

Assim que chegou na casa, a viu completamente silenciosa. Ela ficava em um bairro de classe média alta, onde havia pouco, quase nenhum movimento. Pulou o pequeno gradeado sem que ninguém o visse. Decidiu entrar pela frente, por que não tinha acesso aos fundos. Estranhou quando viu que a porta estava aberta. Uma sensação estranha pairava sobre ele, mas nada que lhe denunciasse perigo e então, imaginando que não tinha opções, senão entrar ali e procurar por Taehyung, Hoseok entrou.

Ele gritou antes de sentir de fato a dor. Olhou para baixo e viu um canivete em seu braço. Quando ergueu o rosto viu Taehyung, ele parecia nervoso, mas não preocupado por tê-lo esfaqueado.

- Se intrometendo de novo na minha vida? 

Assim que o encarou Hoseok soube que aquela era a personalidade assassina.

POV JIN

Trocou de canal pela terceira vez, impaciente em esperar Namjoon chegar.

Uma notícia sobre o novo filme de Song Hie Kyo.

Promoções de calcinhas e cuecas de casal.

O assassinato de um dos representantes do Conselho de Ciências Médicas. Aparentemente o velho homem tinha morrido queimado na própria casa. Jin mudou de canal imediatamente reclamando por Namjoon fazê-lo assistir aquelas coisas.  

Eles não tinham combinado de se encontrarem, mas o azulado tinha lhe entrego a chave e falado diversas vezes que poderia vir sempre que quisesse. Depois do almoço com Namjoon, há algumas horas, Jin só queria saber de abraça-lo e, então, depois das suas aulas vespertinas, simplesmente seguiu para lá.

Ele ainda não se sentia muito seguro com o Namjoon azulado. Era estranho quando esbarrava com o “ele de verdade”. As vezes duvidava que eles realmente estavam juntos no futuro, mas depois daquele almoço, Jin teve a absoluta certeza e agora só queria saber de aproveitar a maior quantidade de contato possível.

Não queria esperar mais.

Mas Namjoon parecia discordar. E não por que Jin estivesse esperando – depois de mudar o canal pela quarta vez, Nam simplesmente entrou no apartamento de supetão – mas por que o azulado estava claramente sem condições de receber carinho.

- O que aconteceu? – Jin perguntou agitado. O mais novo estava com um grande corte da sua sobrancelha, e uma grande quantidade de sangue molhava um pedaço de pano que era usadao para estancar o sangue.  

- Jin, o que você está fazendo aqui?

- E isso importa? Deixe-me ver isso.

Ele tentou levar suas mãos ao pano, mas Namjoon o impediu.

- Você não pode. – o lembrou – Apesar de você não ficar mais doente, você teria que passar esse machucado para alguém.  

- Eu irei usar luvas.

Buscou as luvas que sempre carregava na bolsa e logo depois foi analisar o machucado. Visualizou um corte limpo e profundo, que precisava de curativos de uma enfermeira.

- Vai precisa costurar.  

- Você terá que fazer isso, você sabe né? – Namjoon perguntou, um sorriso inseguro no rosto denunciava que ele não estava muito seguro daquela alternativa, mas era a única opção.

- Como assim? – Perguntou chocado.

- Juro que é como costurar uma roupa, mas cada ponto é um ponto.

- Eu não farei isso. – Jin disse, enquanto intuitivamente se afastava de Namjoon.

- Você precisa.

Uma mistura de medo e insegurança surgiram, e então sem pensar, Jin começou a falar:

- Meu Deus Namjoon, por que eu fui amar logo você?!

POV HOSEOK

- Sério, existe alguém mais intrometido?

Taehyung dizia, enquanto circulava para lá e para cá na sala, enquanto Hoseok, usando a fronha de uma das almofadas para cobrir o machucado, o analisava em silêncio.

Era estranho, por que diferente de antes, aquela personalidade não tinha uma áurea assassina, estava mais próximo de algo instável e insano.

- Acho que é por isso que o V gosta tanto de você, aquela pessoa carente e fraca. – Taehyung disse enquanto levantava os lábios e concordava com a cabeça. Em qualquer outra personalidade seria um ato adorável, mas nele, só provocava um incômodo. –   Enfim, estou com sede.

Disse e em um salto se direcionou até a cozinha. Por alguns segundo Hoseok lembrou-se de V.

- Duvido que você saia daí. – falou antes de sair do aposento – Você se importa demais para deixá-lo sozinho não é?

Hoseok não entendeu qual era o ponto daquela conversa, por isso apenas permaneceu calado, o encarando.

- Você conversava mais. Talvez eu seja o lado desagradável que você não quer ver do seu namoradinho? Você já deve ter percebido que todos nós somos Taehyung, e que eu sou um lado bem nojento.

- Tudo bem. – Hoseok simplesmente disse.

A personalidade ficou estática e inexpressível por um instante, e então Hoseok sentiu aquela áurea tensa e estranho retomando. Mas assim que alguns segundos passaram, Taehyung inclinou de leve o rosto, e em seguida, lentamente começou a sorrir.

- Você não me conhece. – disse antes de finalmente sair do aposento.

POV JIN

Ele tinha conseguido realmente dar os dois pontos necessários para fechar o corte, mas não era aquilo que estava incomodando Jin. Depois de conseguir uma agulha e um fio cirúrgico – tinha tudo no Kit de Primeiros Socorros – ele começou a pequena intervenção, Nam praguejou algumas vezes, mas durante todo o processo ele apenas o olhava, as vezes sorrindo, as vezes mordendo a boca para esconder o sorriso, mas claramente... feliz. Jin, pelo contrário, fingia estar muito concentrado, como se não tivesse deixado escapar aquelas palavras.

Ele sabia que era cedo demais.

Mas simplesmente saiu.

Ele poderia ter se desculpado, explicado que foi o momento... mas a maneira como Namjoon reagiu foi totalmente inesperado. Ele simplesmente sorriu e ficou calado por um longo tempo. A única coisa que Nam disse depois, enquanto sorria, era que ele tinha o material necessário no banheiro e que seria ótimo se Jin pudesse ir lá buscar.

Sim, ele estava sorrindo e ele realmente disse “ótimo”.

Agora que a “cirurgia” tinha sido feito, Jin se aproveitou de outro assunto para fugir da ocasião.

- O que foi esse machucado?

- Nada que eu posso lhe dizer agora. Mas no futuro você irá saber, prometo.

Jin não replicou. Não por que não quisesse saber, mas por que a situação estava estranha.

Merda.

Ele tinha se declarado para Namjoon. Ele ia continuar daquele jeito, fingindo que nada tinha acontecido? Jin realmente pensou em puxar outro assunto, mas assim que encarou Nam – aqueles olhos, aquela boca, aquele tudo – ele soube que não precisava desviar a conversa.

- Joonie eu real...

- Foi a primeira vez. – Nam o interrompeu.

- Desculpa? - Que você disse que me amava.

Aquilo o surpreendeu.

- Como assim? A gente nunca...

- Eu já lhe disse algumas vezes. Mas você nunca me respondeu. Você na verdade foi bem duro comigo no início. – ele disse rindo. – Agora eu entendo por que você dizia que já tinha me respondido, mas que eu simplesmente não sabia. Por que foi agora.

Era estranho que Jin se sentisse mal ouvindo aquilo? Por que ele seria tão seco?

Jin levou suas mãos até seu rosto moreno. Estava levemente sujo pelo suor e sangue, mas o Kim não se importou, beijou-lhe a face demoradamente, em seguida o canto da boca, até que enfim chegou nos lábios. Estavam gelados, úmidos e ressecados. Foi um beijo calmo e íntimo, um beijo que Jin nunca tinha trocado com ninguém.

- Eu te amo, tudo bem?

Nam apenas sorriu concordando com a cabeça.

Beijou-lhe novamente, do mesmo modo, e quando Namjoon se afastou,  disse com a voz rouca e fraca:

- Quero te amar muito mais hoje.

CONTINUA