História Lights - Insegurança

NAMJOON POV

Hye Sun jogou um tchauzinho na entrada de sua casa e ele forçou um sorriso alegre e descontraído. Fechou a cara assim que ela entrou. Era para ele estar tendo uma noite muito boa trancado em alguma sala de karaokê, com uma garota gostosinha sentada em seu colo. Mas não. Estava ali, de pé e ao seu lado está ele, inexpressivo como uma alma vagando pelo mundo.

- Por que você ainda está aqui? – perguntou.

- Minha agente cancelou comigo.

Então Jin realmente era modelo ou qualquer coisa do gênero. Suspirou pelo nariz e se pôs a andar, ele começou a acompanhá-lo sem falar nada.

- Por que você está me seguindo?

- Não estou, é caminho da pet shop, preciso comprar ração para os filhotes.

Hye Sun tinha comentado a respeito. Jin estava cuidando de três filhotes abandonados no colégio.

Mas Namjoon não ligava para aquilo.

Ele aguentou aquele cara durante todo o dia, sendo todas suas investidas com Hye Sun duramente atrapalhadas. Pegou seu celular pronto para ligar para alguém quando se lembrou de suas palavras.

“Mas aí no final do dia, quando você a deixar em casa, você vai pegar seu celular e ligar para uma menina que queira transar com você.”

Aquilo o deixou puto e nem soube dizer porquê. Se virou e encarou Jin que estava a poucas palmas de distância.

- Está satisfeito de atrapalhar minha noite?

O garoto apenas soltou um sorriso, e seu rosto, antes todo feminino, parecia incrivelmente apático agora.

- O suficiente. Só não foi melhor por que provavelmente você não vai desistir dela.

- Olha, eu não sei o que você sente pela Hye Sun, mas se ela está afim de mim é comigo que ela vai ficar.

Jin suspirou pelo nariz quase debochado.

- Se eu realmente quisesse Hye Sun, tenha certeza de que ela não estaria aqui contigo.

Mas que merda esse cara estava falando?

Era óbvio que ele era tão bonito quanto um protagonista de dorama. Participaria fácil de alguma novela Flower Boy. Mas Namjoon tinha certeza que ele não era o tipo de cara que seduzia meninas só para descobrir os seus limites. Ou como ele, para preencher aquele espaço de tempo.

Jin parecia aqueles caras corretos, que casariam e teriam um casal de crianças, enquanto pagava a aposentadoria em dia.

Namjoon deu dois passos em sua direção, ficando muito próximo. Jin não reagiu apenas sustentou seu olhar, a boca duramente fechada.

O loiro sentiu uma vontade louca de provocá-lo. De verificar seus limites. Vê se ele teria coragem de bater em sua cara. Homens podiam ser incrivelmente estúpidos quando se tratava de defender nossa sexualidade.  E Namjoon era o primeiro a concordar com isso.

- Acho que sei qual é a sua – sorriu debochado, se posicionando e ficando ainda mais próximo. – Acho que sei do que você gosta. – viu que seus olhos se estreitarem, enquanto suas respiração se misturavam densamente.  – Então é isso mesmo. Talvez fosse de mim que você esteja afim?

Inclinou apenas um pouco o seu rosto, mas ele imediatamente o empurrou. Namjoon não conseguiu deixar de perceber que suas faces estavam rosadas de uma maneira até bonitinha.

- Você é um idiota. – ele respondeu claramente puto e logo depois deu a volta indo embora.

Namjoon a princípio riu satisfeito, pois finalmente Jin tinha descido do pedestal. Mas bastou alguns minutos para perceber que ele estava descontando sua frustração na pessoa errada, e que ele estava se comportando como uma idiota imaturo. Conseguia até ouvir a voz de Suga o repreendendo. Chutou uma latinha jogada no chão puto consigo mesmo e logo depois decidiu comprar bebida na loja de conveniência ao lado da sua casa. Ele não estava entendendo nada sóbrio, talvez o problema fosse seu nível de consciência.  

POV JUNGKOOK

Recebeu uma ligação de Taehyung as nove horas da noite lhe pedindo para buscá-lo na universidade. Ele parecia assustado, mas se negava a falar do que se tratava. Jungkook pediu a moto do seu irmão mais velho e em menos de 10 minutos eu estava em frente aos portões da universidade. Tae encontrava-se escondido na esquina. Ele estava com os cabelos bagunçados e inexpressivo. O chamou, mas ele não reagia. Segurou-lhe pelos ombros tentando descobrir qualquer coisa, mas Tae apenas seguiu até a moto pronto para ir embora.  

Seguiram para casa, pois Jungkook não queria deixá-lo sozinho. O pai de Tae era militar e raramente encontrava-se em casa, sua mãe tinha construída outra família em outra província e eles raramente se viam. Às vezes ele achava que eu era o mais próximo de uma família para Taehyung.

Agora estavam ali, na mesa da sua cozinha, enquanto Tae brincava sem animação com a comida em seu prato. Seus cabelos estavam molhados pelo banho, e usava um pijama de calça e mangas compridas que já eram praticamente considerados seu. 

- Onde você estava a tarde toda?

Ele a princípio não respondeu, depois vi os olhos começarem a umedecer.

- Estava no colégio, fiquei lá praticamente o dia todo. Mas eu não me lembro de praticamente nada.

- Como assim? O que aconteceu?

- Desculpa... – sua voz falhou e ele levou uma mão até o rosto. – Eu não queria machucar ninguém.

- Como assim? Você machucou alguém?

- Eu... – ele levantou-se bruscamente indo até o quarto. O perseguiu e o segurou pelo braço puxando-o. Mas Taehyung não fez nada além de abraça-lo e começar a chorar. Jungkook sentiu seus olhos arderem, mesmo não entendo o que estava acontecido.

POV HOSEOK

Jogou seu suco de caixinha no lixo a uma distância de cinco metros.

- Sou bom demais para esse mundo. – Hoseok  disse e Suga riu sem mostrar os dentes. Jimim que estava ao lado, pegou também o seu suco, deu três passos para trás e jogou.

Uma cesta limpa.

- Parabéns oppa.

Duas meninas falaram enquanto passavam por eles. Claramente se insinuando para Jimim que sequer as respondeu.

Hoseok permitiu-se observá-lo por um tempo. Soube que Jimim agia assim não por arrogância, era mais em razão de uma espécie de ingenuidade, como se o garoto de cabelos laranjas fosse incapaz de aceitar que era o centro das atenções.

- O que foi? – Suga o acordou – Ultimamente você anda meio estranho.

- Não é nada, só tenho... andado mais observador?

Suga sorriu discretamente e voltou a olhar para a janela. Estavam no horário do almoço, esperando que o refeitório esvaziasse e eles pudesse comer tranquilamente. Hoseok sentiu que Suga estava estranho. Ele não sabia explicar como ou porque, mas sabia que o amigo estava apaixonado. Sentia toda uma áurea de afabilidade, saudade e ansiedade sentimentos típicos de alguém apaixonado platonicamente. Achava aquilo improvável, afinal estávamos falando de Suga, o cara que mal expunha seus sentimentos e as vezes parecia ser axessual.

- O que você tanto observa? – Hoseok perguntou e notou que o amigo tinha os olhos fixos no Hospital Universitário, há alguns quarteirões de distância.

- Nada específico. – respondeu evasivo.

- Tem alguém lá te esperando?  

Hoseok não sabia por que tinha perguntado aquilo. As palavras simplesmente saíram de sua boca. Suga virou-se em sua direção, confuso, como se ele tivesse lido seus pensamentos. O mais velho riu abobalhado, por que ele simplesmente ria de qualquer coisa.

- Se você sofrer um acidente, eu te levo lá tudo bem? – comentou e Suga girou os olhos.

- Do que vocês estão falando? – Jimim se aproximou e Hoseok em resposta apenas saltou em seu pescoço e apertou suas bochechas.

- Meu donsaeng é tão fofinho. Dá vontade tranformá-lo em um boneco.

Jimim se afastou fingindo estar indignado

- Eu sou é gostoso, não fofinho.

- Tá certo, tá certo. – se inclinou puxando a sua blusa em um movimento rápido. – Me mostra sua barriga de tanquinho para eu ver se tá gostoso mesmo.

- Seu pervertido. Preciso te provar nada não...

Repentinamente Hoseok sentiu uma áurea pesada a sua volta.

Olhou para direita e viu os dois garotos que tinha esbarrado ontem nas escadas. O de nariz grande era a reencarnação da indiferença. Mas algo nele indicava existir algo de errado ali. O outro, que o ameaçara de morte, mantinha a cabeça baixa, claramente envergonhado e fechado. Hoseok perguntou-se se ele próprio era o motivo.  

- Jungkook! – Jimim gritou.

O garoto pseudo-indiferente se aproximou e então ele entendeu.

Só para testar Hoseok puxou Jimim pelo braço e começou a fingir que lhe fazia cosquinha.

- Não vai me mostrar o tanquinho? – ele perguntou imitando um tom safado.

Era como se uma névoa densa e sufocante chamada ciúmes tivesse se apossado do local.

Olhou o tal Jungkook, fingindo indiferença, mas morrendo por dentro. Segurou a vontade louca de rir de sua cara, mas o sorriso foi impossível de disfarçar.

- Tá maluco, Hoseok? – Jimim se afastou rindo.

- Me apresente seu amigo. – ele disse, quando Jungkook chegou.

- Esse é o Jeon...

Jimim começou as apresentações, mas algo mais denso prendeu sua atenção. O segundo garoto, que suspostamente iria mata-lo, simplesmente seguiu reto pronto para ignorar o grupo. Ele parecia realmente assustado e aquilo abalou Hoseok de um jeito que ele não soube explicar. Intuitivamente, quando ele passou ao seu lado, o mais velho o segurou pelo braço.

Ele levantou os olhos revelando seu rosto infantil e bonito. Aqueles olhos levemente inchados e em meia lua. Diferente de ontem não transmitiam raiva, era apenas uma mistura de medo, preocupação e angústia. Mesmo que sua expressão concretamente fosse séria e impassível.  Hoseok conseguia sentir aquilo na pele.

- Tá tudo bem?

A pergunta era sincera, mas ele não o respondeu, apenas puxou o braço e seguiu o seu caminho.

- Desculpa por isso, ele normalmente não é assim. – Jungkook comentou.

- Está acontecendo alguma coisa? –perguntou, sem conseguir disfarçar sua preocupação.

- Não, nada demais.

Ele estava mentindo, mas não insistiu.

- Eu sugiro que você não saia de perto dele. Ele não parece nada bem. – comentou sério. Suga e Jimim o olharam sem conseguir disfarçar a surpresa.

Era estranho Hoseok ser sério assim. Mas por alguma razão ele se sentia realmente aflito, e pior disso tudo, é que não sabia o porquê, e muito menos o que fazer em relação a isso.

O som de um celular rompeu o silêncio repentino. Jimim ergueu o seu aparelho anunciando que era o dele.

- Veja só, alguém quer me encontrar atrás do colégio, acredita?

- Como assim? – Jungkook perguntou sem conseguir esconder a surpresa. Jimim sorriu e começou a falar com a voz melosa.

- Quem será que é~~?

- Eu vou procurar Taehyung. – Jungkook anunciou e sem falar mais nada saiu dali.

Sentiu dó dele, mas logo depois começou a rir, disposto a constranger Jimim e ignorar qualquer sensação estranha que estava sentindo.

POV NAMJOON

Ele tinha chegado atrasado, bem após o início de sua aula. Estava andando pelos corredores em direção ao terraço quando viu pela janela Jin correndo pelo o pátio. Ele segurava uma caixa de papelão e mesmo naquela distância Namjoon podia notar sua preocupação.

- Será que... – sussurrou consigo mesmo e logo depois Jin começou a correr. Não pensou muito, seguiu até as escadas para alcançá-lo.

Depois daquele dia, o mais óbvio seria ignorá-lo. Não tinha vontade de vê-lo, ou de sua amizade. Mas Namjoon estava com aquele rosto na cabeça desde ontem, por que se sentia um otário mimado por tê-lo provocado. Não gostava de ser babaca com os outros, mesmo que eu agisse constantemente como um.

Sua oportunidade de resolver tudo aquilo estava bem na sua frente. Soube que se não fosse agora ele não faria mais. Seus olhos se encontraram nas escadarias, mas Jin simplesmente o ignorou. Teve que segurá-lo pelo braço para retê-lo.

- O que aconteceu?

- Não tenho tempo para você.

- Larga de ser idiota, o que aconteceu?

Ele não disse nada, apenas mostrou a caixa. Tinha três filhotes ali, estavam mortos. Soube disse assim que os viu, pois seus pescoços minúsculos estavam quebrados.

Alguém fizera aquela merda. E provavelmente alguém da universidade.

- O que você vai fazer com isso?

Perguntou e só agora percebera que Jin tinha os olhos levemente umedecidos. Ficou sem reação.

- Eu não sei, não são os cachorros que me preocupam, veja isso.

Ele entregou um papel dobrado.

- O encontrei junto com os cachorros. – ele completou.

“Me desculpem, irei me redimir. Eu não aguento isso. Eu não aguento viver com a culpa. ”

Pensou por um instante. Parecia a carta de um assassino preste a cometer suicídio.

Olhou para Jin, e ele balançou a cabeça positivamente.

- Será que foi alguém daqui?

- Provavelmente, só os alunos sabiam da existência desses cachorros, talvez os técnicos.   

Agora ele entendeu tudo. Jin temia que alguém da universidade estava prestes a fazer o pior. Provavelmente estava indo para direção informar o grupo de segurança daquele prédio.

Se alguém ali pretendia se matar... onde ela faria isso?

Existiam várias maneiras diferentes, mas para além de “como” a pessoa deveria se preocupar mais pelo “onde”. Ela não gostaria de ser interrompida, caso ela realmente quisesse fazer aquilo por ali.

Terraço do Departamento de Artes.

Isso era óbvio. Ninguém tinha acesso ao terraço. Pegou o celular e mandou uma mensagem para Hoseok.

- Eu devo avisar os professores. – Jin anunciou.

- Eu vou com você.

Seguiram até o primeiro pavimento até a sala dos professores, no caminho Hoseok ligou.

- O que aconteceu?

- Você está com a chave do terraço?

- Deixa... não, eu acho que a perdi.

Mentalizou um merda, mas Hoseok o concretizou.

- Merda, já sei quem pegou. Eu vou até lá.

Ele desligou o celular antes de Namjoon.

- Eu vou para o terraço, talvez seja mais rápido assim.

- O que aconteceu? – Jin perguntou.

- Alguém tem a chave de lá.

- Tudo bem, eu vou avisar os seguranças.

Namjoon seguiu correndo até o terraço enquanto Jin foi em direção oposta. A entrada ficava na parte leste do prédio do departamento de artes. Assim que chegou nas escadas que o levaria até o andar superior, viu Hoseok e Suga se aproximando. Estranhou que Suga estivesse ali considerando que ele deveria estar em uma entrevista de trabalho de meio período. Foi o que tinha lhe falado naquela manhã enquanto tomavam café da manhã juntos – ocasião que só acontecia quando um deles estava de ressaca.

Não teve tempo de questionar nada porque Hoseok aproximou-se claramente preocupado.

- O que aconteceu?!

- Suspeito que alguém vai se jogar do terraço.

- Como assim? – Suga perguntou. Hoseok seguiu na frente pulando os degraus de dois em dois. Ele claramente não estava raciocinando.

- Hoseok! – o gritou;

- Eu sei quem é...

Hoseok disse, os ignorando completamente. Ele rapidamente foi o primeiro a chegar lá e escancarar a porta.

- Não faça isso, seu maluco!

Ouviu Hoseok gritar.

CONTINUA...