História Like Air - Thank you, Bellamy.

     Acordei completamente desnorteada, meu corpo todo doía e a luz do sol que entrava pela janela fazia meus olhos lacrimejarem. Minha cabeça doía tanto quanto meu corpo. Olhei ao redor, e vi meu celular quebrado no chão próximo a lixeira. 
     Nem que eu quisesse, poderia ficar sem celular, o meu agente iria me ligar em breve e por mais que minhas condições físicas e mentais de ir trabalhar ou de fazer qualquer outra coisa estivessem muito abaladas, ficar aqui trancada e sem celular seria muito pior. Não sei o que eu farei quando ver o Roan no set de filmagens, eu queria que Lexa estivesse aqui para poder me ajudar e me dizer qual a melhor coisa a ser feita, infelizmente ela não estava, senti meu coração queimar. 
     Levantei e fui fazer minha higiene matinal, com o pensamento de ir a uma loja comprar um novo aparelho telefônico, algo barato e eficaz. Assim que terminei toda minha higiene, e me vesti, peguei o celular quebrado e retirei o chip que estava intacto. Que bom, não terei que trocar de número. 
     As batidas na porta me fizeram despertar do meu dialogo mental.
- Oi Clarke.
- Bellamy, entre. - Fiz menção para que ele entrasse
- Não, eu estou com pressa, só passei para saber como você está.
- Ah, eu estou bem, obrigada.
- O que está fazendo? - Ele encarou minhas mãos com o chip e o celular quebrado.
- Ah, isso. Grande história.
- Okay...
- Sabe onde posso comprar um celular barato? - Perguntei
- Tem uma loja bem na esquina, se quiser posso ir com você.
- Obrigada, aceito sua companhia. Mas você não está com pressa? - ergui uma das sobrancelhas
- Pode esperar. - Sorri para ele, peguei minha carteira e sai junto com o Bellamy para a loja.
     Andamos devagar, aproveitando o clima de sol que estava fazendo naquela manhã, um clima tão agradável que eu poderia esquecer dos problemas. Bellamy estava sendo uma ótima companhia, se não fosse ele acho que já teria morrido de tanto tédio.
- Chegamos. - Ele disse parando de frente pra uma loja toda amarela, e com janelas de vidro e flores na frente, era pequena, como que nunca reparei essa loja antes? Sorri com o pensamento bobo.
- Que loja interessante. - Falei observando o local.
- Sim, vende de tudo um pouco digamos assim. - Rimos juntos e entramos na loja.
     A única vendedora da loja se aproximou com um sorriso delicado no rosto.
- Posso ajudar? - Ela disse
- Estou procurando um celular. - Falei tímida
- Procurando por algum modelo em especial, querida? - Ela perguntou com a voz suave.
- Hum... Não. Nenhum modelo em particular, para falar a verdade. Algo barato mas que faça um pouco de tudo. - Fiquei olhando o balcão a minha frente com alguns modelos à mostra.
- Acho que eu tenho um que realmente vá te agradar. - Ela abriu uma gaveta do balcão e retirou uma caixa pequenina, o que fez prender minha atenção ao que ela estava fazendo. - Este modelo não está na vitrine, pois é a última unidade, algumas unidades foram fabricadas. É muito raro.
- Ai meu deus, raro significa caro. - Bellamy riu da minha observação.
- Ah, não querida, está em promoção, um preço muito bom.
- Okay, acho que vou levar.
- Ótimo! Vai parcelar ou pagar a vista? - ela perguntou com um sorriso no rosto.
- Vou parcelar. - Falei retirando meu cartão de crédito da carteira. Enquanto ela embalava o produto continuei perguntando - Ele funciona bem? Tem garantia?
- Sim, tem garantia e sim, funciona muito bem.
     Quando saímos da loja, retirei o aparelho da caixa e coloquei meu chip nele. 
     Assim que o liguei, começou a chover notificações de ligações perdidas e mensagens na caixa de entrada. 
- Ah que droga! - reclamei
- O que foi, algo errado com o celular? - Bellamy prendeu sua atenção no celular.
- Ah, não, esta´tudo ótimo com o celular, o problema é que vou ter que ouvir todos esses mil recados. - rimos juntos. 
- Clarke
- Bellamy. - Falamos ao mesmo tempo. 
- Pode falar. - Ele disse 
- Ah, não, fala você primeiro.
- Eu só gostaria de saber se você queria almoçar comigo. 
- Hoje? Não querendo ser rude e tendo que recusar seu pedido, não vou poder. - Olhei para ele sincera, - Tenho que responder todas essas mensagens e esperar que meu agente me ligue. - Que Lexa me ligue também, baixei a cabeça com o meu pensamento. 
- Tudo bem. Outro dia então? 
- Claro. - Falei abraçando ele e me despedindo para voltar pro dormitório. - Muito obrigada por ter vindo comigo.
- Não foi nada Clarke, até depois. 
     [...]
     Não consegui encontrar nada que pudesse me distrair durante o dia, nem mesmo os filmes que eu gostava de assistir, por mais que sejam aqueles repetidos e antigos, na qual não me canso deles. Entretanto nem isso deu certo. 
     Peguei meu celular novo, que eu ainda estava me acostumando, e liguei pra primeira pessoa que veio a minha mente. Desejei que tivesse sido Lexa a primeira pessoa do meu pensamento, mas não era ela, uma parte orgulhosa de mim não me deixava dar o braço a torcer e sair correndo pros seus braços, eu queria que ela viesse atrás de mim, e eu queria resolver tudo entre nós. 
     O celular do Bellamy chamou duas vezes e ele atendeu com pressa. 
- Alô? - disse ele do outro lado da linha
- Bellamy, sou eu. Está ocupado? 
- Não, por que?
- Quer ir jantar fora? Estou com muita fome e sem companhia não dá... - fui sincera
- Claro, passo já aí. - Ele disse e antes que eu respondesse ele desligou. 
     Corri pro banheiro para tomar o meu segundo banho do dia, sim, segundo. Eu sei, eu sei, estava totalmente acabada, mas não queria ou saberia reverter essa situação. 
     Sai do banheiro enrolada na toalha e fui procurar uma roupa leve, peguei um vestido florido vermelho e uma jaqueta preta. A noite aparentava estar fria, coloquei uma botinha preta de cano baixo, sem salto.
     Não demorou muito até Bellamy chegar batendo na minha porta. 
- Então para onde vamos? - ele perguntou com pressa assim que abri a porta
- Qualquer lugar. - disse pegando minha bolsa e trancando a porta atrás de mim. 
     [...]
     
     - Como você está Clarke? - Dessa vez sua voz estava preocupada. Bellamy e eu escolhemos jantar em um restaurante no centro da cidade, o lugar era bem moderno e ao mesmo tempo aconchegante, tinha cores leves e a música ambiente era boa. Olhei para Bellamy para responder. 
- Estou me sentido... Não sei na verdade Bellamy, não sei. 
- Mas o que você vai fazer com relação a Roan?
- Eu vou falar com o meu agente, eu não vou conseguir trabalhar no mesmo lugar que esse imbecil. - tomei um gole do vinho rosé que tínhamos pedido, enquanto a comida não chegava.
     Senti meu celular vibrar dentro da minha bolsa. Era Kane.
- Desculpa Bellamy, tenho que atender. 
- Tudo bem, finge que não estou aqui. - Sorri para ele e atendi o telefone.
- Oi Kane!
- Clarke, ótimas notícias. Fechei várias entrevistas para sites e revistas importantes, e tenho contratos para você assinar. 
- Wow, Kane...
- Você tem voltar amanhã pra cá, no voo mais rápido. 
- Eu preciso falar com você sobre uma coisa importante... - tentei começar mas ele me interrompeu
- Pode me contar qualquer coisa, amanhã. Tenho que desligar agora. Te espero aqui Clarke. 
     Desliguei o telefone e fiquei encarando a taça com o vinho. 
- Tenho que ir embora. - Falei
- Mas a comida nem chegou, está tudo bem? 
- Está sim, mas amanhã cedo tenho que estar em LA. 
- Vai se mudar de vez para lá?
- Ah, não Bellamy! Vou apenas fazer umas entrevistas e assinar uns contratos. Eu volto em algumas semanas. 
- Então vamos pedir a conta, eu te acompanho de volta até seu quarto.
- Não precisa. Fique e coma, você deve está faminto. Eu vou dá uma caminhada sozinha, ficarei bem. 
- Tem certeza? 
- Tenho. Aqui pegue isso. - Tirei uma quantia em dinheiro e dei para ele, para ajudar a pagar a conta. 
- Clarke, relaxa. Não precisa. 
- Está bem. Até mais Bellamy, obrigada. - Depositei um beijo em sua bochecha e sai do restaurante. 
     A noite ficou um pouco mais fria e ainda tinha muito movimento nas ruas e nos estabelecimentos comerciais. Estava quase em frente a uma cafeteria quando vejo Lexa saindo de lá. Minhas pernas pararam de se movimentar, e minha respiração ficou pesada. Lexa estava com o cabelo preso em um rabo de cavalo bagunçado, e usava seus óculos. Usava uma calça preta e uma blusa também preta. Ela não me viu, e continuou seu caminho com um copo de café na mão. Ela estava tão linda, mas tinha algo diferente nela. 
     Apressei meus passos em sua direção.
- Lexa! - gritei, e então ela se virou para poder me olhar.