História Like Air - I love her, mom.

Acordei mais uma vez e percebi que Lexa já estava de pé, toda arrumada e com sua mala pronta? Nossa, não imaginei que ela fosse voltar para casa assim, tão rápido. Envolvi meu corpo na coberta branca e levantei indo até onde ela estava. 

- Pra onde você vai? ainda está cedo! - perguntei enquanto abraçava sua cintura por trás, ela retirou meus braços com delicadeza, se virando para me olhar. 

- Tenho que ir embora. 

- Mas assim? Tão rápido! - exclamei, ela parecia um pouco abatida, sem muita expressão; o que deu nela?

- Tenho que resolver umas coisas pendentes ainda da faculdade. Sei que fui demitida, mas tenho alguns direitos. - ela respirou fundo - E vou tentar arrumar algo temporário, não posso ficar parada. 

- Lex. - me aproximei dela novamente - Sinto muito. 

- Está tudo bem Clarke. Não se preocupe. 

Ontem ela estava tão mais disposta, correu atrás de toda a história do Roan para poder fazer com que ele ficasse longe de mim e tudo mais, e hoje está com esse humor péssimo. Será que ela voltou atrás sobre eu ir morar com ela e tudo? Cocei a cabeça de leve, pensativa. 

- Me deixa pelo menos tomar banho e te acompanho até ao aeroporto. 

- Não precisa! 

- Claro que precisa. - cruzei os braços

- Você não grava hoje? - Ela me encarou 

- Está cedo demais para isso. 

- Tudo bem então. - Lexa pareceu dar de ombros.

Na tentativa de amenizar o clima, deixei a coberta cair sob o chão, e fui de encontro a ela, dessa vez não permitindo que ela me afastasse ou se afastasse. Lexa me olhou surpresa pela minha atitude e não me impediu quando comecei a beijar ela com intensidade. Buscando mais e mais sentir seu toque sobre minha pele totalmente exposta, Lexa parecia saber exatamente o que minha mente estava pedindo. Ela me erguei pela cintura me fazendo sentar na bancada junto a parece e se posicionando entre minhas pernas. 

- Não acha que está cedo demais para isso também? - ela perguntou sussurrando. E eu apenas neguei com a cabeça jogando ela de leve para trás, Lexa ao perceber o quanto eu já estava excitada, começou a me tocar de leve com movimentos circulares, enquanto beijava meu pescoço e ouvia meus gemidos baixos. 

Quando Lexa ameaçou me penetrar ali mesmo, senti seu celular vibrando em sua perna. 

- Não atende. - falei ofegante

- É importante, dois minutos. - ela disse se afastando de mim 

- Tá de brincadeira? - Não tive outra reação

- Woods, pode falar. - Ela fez sinal com a mão para que eu esperasse enquanto ela se afastava falando ao telefone. 

Exclamei um droga e desci da bancada, minhas pernas estavam tremulas. Mas eu sabia que agora o clima não iria voltar ao que estava a alguns segundos atrás. Chateada pela intromissão, me ponho depressa no banheiro para tomar um banho de água fria, com a tentativa de fazer meu corpo sair do transe. 

Quando saí do banho, Lexa estava sentada na cama, me encarando com aquele sorriso um pouco de lado. 

- Pode ir tirando esse seu sorriso ai. - Falei fingindo estar brava. 

- Ouch! Não vamos continuar o que começamos? 

- Não. Você me fez esperar tempo demais. 

- Não foram nem cinco minutos Clarke, que exagerada!

- E você não vai viajar agora? 

- Tudo bem. Não está mais aqui quem falou. - ela ergueu os braços em rendição. Lexa não estava chateada, muito menos eu. 

- Quem te ligou? - perguntei já colocando uma roupa casual 

- O Gustus. 

- Bem inconveniente esse Gustus. Parece até que adivinha o momento exato para ligar. - Ela sorriu, sorri de volta para ela. 

- Está pronta? - Lexa quis saber, colocando sua mala perto da porta e pegando sua bolsa de mão. 

- Sim. 

[...]

Meia hora exata e já estávamos no aeroporto. O voo de Lexa era daqui a vinte minutos.

- O que Gustus queria? - puxei o assunto

- Ele me disse que eu teria algumas reuniões. Tudo sobre a faculdade, coisa chata pandinha. - assenti com a cabeça - E você o que vai fazer depois que sair daqui?

- Vou na casa da minha mãe. 

- Sério? 

- Sim, faz muito tempo que não falo com ela, nem mesmo por telefone. 

- Bom, então, qualquer coisa, me liga. - Lexa disse já se levantando e depositando um beijo delicado em minha testa. 

Observei ela embarcar, para só então ir embora do aeroporto. Peguei um táxi e no caminho para a casa da minha mãe resolvi ligar para ela, que atendeu surpresa, me perguntando por onde eu tenho andado e eu pedi desculpa por ter sumido. Minha mãe ainda não se desculpou por aquele dia constrangedor na sua casa, e conhecendo ela tão bem, sei que ela jamais vai se desculpar, é até engraçado, ela não pede desculpa e depois de uns tempos, tudo parece estar exatamente como estava antes. Como se nada tivesse acontecido.

Desci do táxi e entrei em casa depressa subindo diretamente para o meu antigo quarto. Não mudou nada desde que resolvi ir para a faculdade, minha mãe deixou tudo no mesmo lugar de sempre. Ouço as batidas na porta do quarto e falo para que ela possa entrar.

- Você poderia largar a faculdade de vez e voltar para casa. - ela disse sem ao menos me dar um oi primeiro, respirei fundo. - Mas com o dinheiro que está ganhando com o trabalho, tenho quase certeza que você vai alugar um lugar melhor, aliás qualquer coisa é melhor que aquele quarto na faculdade.

Enquanto ela ia falando, eu ia juntando mais roupas minhas que estavam no meu antigo guarda-roupa, e os ia guardando em uma mala, sem responder nada do que ela estava falando.

- Pra que está guardando essas roupas? Não vai me dizer que já alugou um novo lugar, se quiser eu posso te ajudar com a papelada e tudo mais. 

- Não acha que eu consigo resolver isso sozinha? - falei um pouco grossa, ela baixou a cabeça 

- Sabe, se algo acontecer, você pode voltar a morar aqui de novo. 

- Não vou precisar voltar para casa. 

- Mas caso aconteça...

- Não vou precisar! - aumentei o tom da minha voz. Minha mãe tinha um dom, e esse dom era de me tirar do sério com facilidade, em um momento parecíamos que estávamos muito bem, e no outro simplesmente não estávamos mais.  Ela me olhou com tristeza, sem dizer mais nada. - Tenho que terminar de colocar todas essas roupas na mala, então...

A vi sair em silêncio para fora do quarto me deixando sozinha, mas logo em seguida voltou 

- Sabe, está sendo um pouco difícil não te ter por perto o tempo todo. - ela admitiu, e eu baixei a guarda

- Pra mim também foi um pouco difícil. - minha mãe apenas assentiu e saiu do quarto novamente, me deixando sozinha outra vez.

Enquanto arrumava tudo, pensei e repensei em como iria falar para ela sobre Lexa. Isso já estava martelando na minha cabeça a alguns dias, "Eu a amo, mãe", isso era basicamente todo meu argumento caso ela desse algum chilique. 

Desci as escadas com a mala na mão cheia de roupa, minha mãe estava no sofá da sala

- Mãe? 

- Sim? - ela fez sinal para que eu me sentasse ao seu lado

- Preciso te contar uma coisa, e quero que me escute sem me interromper, me deixa apenas falar ok? - meus olhos já estavam cheios de lagrimas prontas para cair. Ela não disse nada como pedi e então eu falei

- Estou namorando. Faz um tempo que eu venho tendo esse relacionamento, mas só agora percebi... percebemos que devemos ficar juntas. - respirei fundo - O nome dela é Lexa, Lexa Woods. Ela é inteligente, bonita e tem um coração gigante, e eu não poderia ter a maior certeza que tenho sobre o amor que sinto por ela. - minhas lagrimas caíram assim que citei seu nome.

- Você está me dizendo que...?

- Que eu sou lésbica. Eu sei, para mim foi meio confuso também, mas quando conheci ela, desde o primeiro momento, eu soube que eu já não pertencia a qualquer outra pessoa. Agora entendo porque nunca me sai bem com garoto nenhum. - falei tudo depressa e sorri um pouco nervosa. Então, isso aconteceu.

Minha mãe me abraçou, tão forte que eu poderia jurar ter faltado ar em meus pulmões.

- Eu te amo filha. Me desculpa por ter sido uma mãe horrível. - Fiquei chocada com sua reação, eu não estava esperando por isso, muito menos por um pedido de desculpas, ela jamais havia me pedido desculpas antes. - Obrigada por me contar. Estou tão feliz por você ter encontrado a sua felicidade.

- Está?

- Claro que estou. Você sempre soube escolher o que era certo para você. Eu que sempre me metia em tudo e não deixava você viver sua vida. - ela enxugava as próprias lagrimas e continuou - e se ela é o amor de sua vida, agarre ela com todas as forças, e não solte.

- Obrigada, mãe. - a abracei novamente.

Quando me despedi de minha mãe, fui direto para o set de filmagens. Tudo estava tão calmo por lá, assim que entrei no local, observei alguns olhares curiosos me olhando e fofocando, os ignorei e fui diretamente em busca do Kane.

Não precisei procurá-lo por muito tempo, ele estava próximo ao camarim que antes era de Roan. 

- Kane. - chamei sua atenção, com uma voz suave

- Clarke! que bom que já chegou, quero te mostrar o post pré-pronto, para as divulgações. 

- Kane...

- Está incrível! Você vai amar. - Tentava chamar sua atenção sem sucesso. 

- Kane eu não quero mais o papel. Estou indo embora de vez. - soltei tudo rapidamente

- Clarke! O que deu em você?

- Nada, não me deu nada. É isso mesmo que você ouviu. - nossas vozes eram suaves, sem gritos, sem nenhum ar de desentendimento.

- Você é muito mais que um rosto bonito, você tem talento, você nasceu pra isso!

- É ai que está, eu não me vejo mais nesse mundo. Eu gosto de estar na faculdade, eu gosto de me atolar com os trabalhos e meter a cara nos livros. Eu sinto que essa não é mais a vida que eu quero ter.

- Clarke...

- Ainda dá tempo de você ir atrás de uma substituta, e eu tenho certeza que vai conseguir alguém com um talento incrível.

Kane não falou mais nada, apenas assentiu e eu depositei um beijo em seu rosto.

[...]

Eram quase onze horas da noite quando desembarquei e fui direto para a faculdade. Atravessei o campus depressa e segui em direção para o dormitório puxando minha mala, que estava um pouco pesada. Me assustei quando vi uma silhueta se aproximar de onde eu estava. Percebi logo em seguida que era Raven, com algumas roupas sujas em mãos. 

- Acho que as maquinas estão quebradas, não duvido estarem assim a semanas. - falei, e ela parou para me olhar. 

- Ouvi dizer que vai deixar a faculdade. - ela falou ignorando o fato sobre as maquinas de lavar. 

- Ouviu errado então. - mostrei um pequeno sorriso e peguei minha chave para abrir meu quarto. 

- Clarke?

- Sim?

- Desculpa pela forma que eu estive te tratando. Não sou assim, é só que...

- Tudo bem Raven. Sem ressentimentos. 

Dei um leve tchau para ela e entrei no quarto, procurando meu celular dentro de minha bolsa. Não liguei para Lexa o dia todo, e aparentemente ela também não havia ligado. Eu iria esperar amanhecer o dia seguinte para ela poder saber que eu estava aqui, tão perto. Mas minha vontade de correr para os seus braços era maior, e eu não estava aguentando mais esperar. E foi o que eu fiz, corri. Corri tão depressa que poderia jurar não sentir mais minha respiração. Bati na sua porta algumas vezes, sem chamar por seu nome, deduzindo que ela já estivesse dormindo. Quando me pus de costas para voltar ao dormitório, escuto os seus passos lentos, e a chave sendo girada, para abrir a porta. 

- Clarke? Mas o que você...

- Minha resposta é sim. - interrompi ela, ignorando todo seu espanto por eu estar ali na sua frente. 

- O que? - ela disse parecendo confusa. Me aproximei e segurei suas mãos, entrelaçando nossos dedos. 

- Eu disse que minha resposta é sim. Eu aceito vim morar com você. 

O sorriso que Lexa abriu nesse momento poderia ficar gravando na minha memória para sempre, ela me abraçou e começou a beijar todo meu rosto, minhas mãos, meus ombros, todo lugar que ela conseguisse ela estava depositando um beijo. E eu apenas aproveitei e me juntei aquela felicidade. Eu a amo.