História Like I Would - Arrependimento

Ouço os barulhos, o choro desesperado de Bex. Olho pra minha mãe, suas mãos segurando meus dedos delicadamente, e quando eu paro, ela não me pergunta por quê.

- Não posso ir para a luz com você, mamãe. – digo. – isso foi extremamente estranho, eu devo estar dopada pra caralho.

- Olha a boca, querida! – ela sorri e coloca o indicador em cima dos meus lábios. – eu sabia. Você ama demais essa garota pra deixar ela sofrendo por aqui.

- Me desculpe… - tento dizer, mas ela segura meu queixo e me faz olhar diretamente pra ela.

- diga ao seu pai que eu fiz uma tremenda bobagem de me separar dele, e que ele sempre vai ser o amor da minha vida. Seja feliz, querida.

- Mas… e como eu faço pra voltar? Fico aqui esperando um trem, algo assim? – ela ri e vai se afastando.

- Te amo, querida. – e então ela some. Fico boba, o que acabou de acontecer?

De repente, um sono extremo me possui. Não aguento ficar de pé, e logo estou dormindo no chão cheio de neve…

Sinto um choque no meu peito. Minha cabeça está à mil, e sinto que dormi há séculos! Médicos estão em cima de mim, fazendo meu coração voltar a bater. Abro os olhos lentamente, até me acostumar com a luz, e então eles param.

- Ela está viva! – uma enfermeira grita. Logo um médico entra na sala, e me examina. Os enfermeiros abrem espaço enquanto ele faz toda aquela coisa de médico mestrado.

- Você está vendo tudo certo? Quantos dedos eu tenho aqui? – ele mostra 3 dedos.

- Isso aí não faz uma garota gozar nem a pau. – digo baixo. Só de mexer meu maxilar tudo dói. O médico ri, por incrível que pareça e então acontece mais uma série de coisas. Aparece uma enfermeira com cara de empurrada, com alguns potes de remédios na mão.

- Vou te dar um remédio pra dores.

- Com tanto que não me faça dormir de novo. – digo e ela faz uma cara carrancuda.

- Isso vai aliviar. Daqui 3 horas volto pra te dar outro, caso ainda esteja dolorida.

- Tudo bem. – sorrio e só então ela dá um esboço de um sorriso.

- Seu pai está ali. Quer falar com ele já?

- Adoraria. – digo depois de engolir um remédio extremamente horrível. Ela me pede pra abrir a boca, querendo ver se eu realmente tinha engolido. – ah, qual é? Não tenho 5 anos. – reviro os olhos e ela ri. E então sai, meu pai entrando em seguida.

- Cody! – ele corre sorrindo e me abraça.  – você tá querendo apanhar? Tanta gente que queria mais um chance pra viver e você aí querendo se matar! – ele fica sério momentaneamente, o que me deixa aflita.

- Mamãe é uma dessas pessoas? – digo baixo. Ele apenas concorda, uma onda de terror passando pelo seu rosto. – desculpa, mas você não parecia tão aflito assim. – acabo me lembrando dos sons antes de sair de casa. Mas não sigo adiante. – eu… Tive um sonho esquisito. Foi com a mamãe. Ela me pediu perdão, e queria me levar pra luz com ela e tal. Quando eu me dei conta ela me deixou partir, e me pediu pra te dizer que ela fez a maior bobagem se separando de você e que você foi o amor da vida dela. Aí eu dormi no meu próprio sonho e acordei agora.

- Uau. – ele diz atônito. – bem que a enfermeira disse que você não diria coisa com coisa. – ele diz em tom baixo, mas eu ouço. – tava querendo me matar também? Primeiro sua mãe, aí você com overdose? Eu devia ter dar uns tapas, isso sim!

- Pai? Eu tô aqui! Já chega!

- Eu sei… - ele pega no meu braço. – me perdoe. Eu estou ficando louco!

- Sempre foi. Só está deixando transparecer. – sorrio e ele sorri também.

- Vou deixar a Bex entrar. Ela deve estar frenética lá fora. Volto depois, querida. – ele me dá um beijo na testa.

Quando abre a porta, vejo ela. Ele cochicha algo, ela me olha e então concorda. Ela entra devagar e quando me olha de novo, abre um sorriso que me ilumina por dentro. É como se ela fosse o remédio que eu preciso pra melhorar. Ela se aproxima e me dá um selinho.

- Oi moça. – ela se senta. – tá melhor?

- Acho que sim. – sorrio.

- Se lembra de alguma coisa?

- Ah, além do meu sonho extremamente bizarro, não.

- Que bom. Acho que eu te devo uma mala de explicações, não?

- Provavelmente. – acabo rindo.

- Tenho uma má notícia. Sobre a escola.

- Que foi? Ela pegou fogo? Porque se for isso eu levanto dessa cama e danço axé. – ela dá uma gargalhada. Sorrio boba ao ver seu sorriso lindo.

- Não, é sério. A gente vai repetir de ano. – ela dá de ombros.

- Sério?

- Sim. Tanta coisa acontecendo…

- Não se preocupa. Vai dar tudo certo. – seguro sua mão e sorrio, tentando lhe passar segurança. Ela sorri de um jeito triste.

- Lamento. – ela ajeita o óculos. Sei bem do que ela está falando. Então lhe conto do meu sonho MUITO LOUCO, onde até ela estava. Quando digo a parte onde falo com ela no sonho, ela ergue uma sobrancelha mas concorda, ouvindo cada palavra.

- Sabe, foi bom ouvir um perdão dela, mesmo que em sonho. Foi bom. De verdade.

- imagino mesmo. Espero que ela esteja num lugar melhor.

- Minha mãe era boa. Ela está. E a Ashley? – pergunto de repente. Ela se assusta, mas logo se adapta novamente.

- Presa. Acharam todas as pistas necessárias, meu colar foi devolvido… isso em 3 dias. Finalmente estamos livres, meu amor. – ela sorri. Mas não estou no clima. Sorrio melancolicamente e ela levanta. – trouxe seu celular. Agora eu preciso ir. Tenho que ver como está minha casa. Tudo bem?

- Ok. – ela me beija. Então deixa o celular no meu colo e sai dizendo um eu te amo alto.

Mexo no meu celular sem saber o que fazer. Estou meio confusa com tudo, meu sonho foi real demais. Como pode??

- Hailey… - o médico entra. – vamos te examinar depois e ver como está reagindo. Já tiramos algumas das substâncias que estavam no seu corpo, só falta pouco. Então em 2 dias você recebe alta. Tudo bem?

- Claro, sr…

- Sheppard. – ele sorri e sai.

Pronta pra viver normalmente, Hailey?