História Lilium Caelum - E se foi uma vontade Divina?

*Gabriel*

Hoje é dia da festa, eu realmente fiquei feliz com a resposta, ele aceitou. E estou no jardim arrumando as decorações, a cozinheira está preparando a comida, a criada está arrumando a casa, e o mordomo está à espera do grupo no portão do jardim pois na minha “casa” (está mais para casarão) tem três entradas duas na frente (pois o portão do jardim fica próximo à entrada para a sala de estar, bem você já deve ter entendido que o portão do jardim também fica de frente para a rua principal), outra entrada é pelo porão e esta mesma porta fica na lateral.

-Bem está quase tudo pronto, só precisamos prender a heráldica com o nosso brasão na parede da torre próxima ao portão do jardim. -Disse Laylah.

Sim eu tenho uma tore, não me pergunte para que. Laylah pegou uma escada e a encostou na parede da torre subiu ela junto com a heráldica que penduraria.

-Eu recebi notícias de que Miguel e Celeste chegaram junto com os recrutas, ferreiros e médicos da ordem.

-Ainda bem que eu solicitei para que a cozinheira preparasse uma comida extra para o jantar, e também pedi para criada comprar vinho azul extra também.

O vinho azul é uma bebida recomendada para os jovens devido ao pouco álcool que ela continha, dependendo da marca, o vinho azul pode custar muito caro (claro que eu escolhi a marca cara), devido que muitas vezes se usa pétalas de rosa azul uma planta muito rara.

-Que, bom eu espero que corra tudo bem nesta festa, mesmo porque afinal é para seu queridinho.

-Queridinho?

-Você sabe de quem estou falando.

Só porque uma vez eu disse que Pendragon era bonito, ela cismou de que eu gostava dele, e por mais de mil vezes eu disse a ela que nem o conheci direito, como poderia ama-lo?

-E quanto a Uriel? -Eu perguntei -Ele vem para a festa? Eu não o vejo desde que matamos aqueles ladrões no distrito comercial e salvamos, bem eu salvei a vida do Pendragon.

-Infelizmente não, ele já partiu.

-Para onde?

-Ele não disse, eu até insisti para que ficasse mais um tempo pelo menos até festa, mas ele não quis.

-Que pena.

-É... -Ela fez uma pausa -Mudando de assunto, obrigado por me deixar usar a sua banheira, está muito calor e embora eu more no mesmo distrito que você, ainda assim moro longe, até eu chegar aqui eu já estaria suada e foi ótimo escolher roupas casuais pois assim não preciso usar aqueles vestidos compridos.

Eu não estava nem aí para o que ela dizia, eu só pensava em quando o Blake iria chegar, quero dizer eu também estou ansioso para rever Celeste e Miguel. Miguel é cara de 18 anos, ele é o mais velho de todos nós, e também ele é bem sério, seu senso de humor é refinado, é raro ele rir por qualquer coisa, e quanto a Celeste ela é um amor de pessoa, carinhosa e meiga, a última vez que eu fiquei sabendo dela foi quando ela foi estudar magia, o que para alguns guardiões seria errado aprender magia embora Celeste escolheu estudar magia de restauração, ilusão e outras que eu não lembro.

-Eu disse que seu jardim seria uma ótima escolha, ele tem vista para o mar, e ficou ótimo para dividir as áreas da festa. -Disse Laylah terminando de pendurar a heráldica.

De fato, era verdade, uma área seria onde os músicos ficariam e logo a frente um espaço para dança, outro se localizariam as mesas para comida, e por aí vai. Eu não vejo a hora de ver Blake novamente.

-Eu vou tomar banho agora -Eu disse.

-Como quiser, eu ficarei aqui para receber os convidados.

**********

*Blake*

Eu saí dos tuneis no distrito nobre junto com os nossos acompanhantes, ambos usando capas para não sermos reconhecidos, já estava quase na hora da festa começar, antão avistamos o lugar onde parecia que teria uma festa, era uma mansão separada das outras, seguimos em frente até um portão e lá esperava um homem velho eu já tinha visto ele, ele era o mordomo da casa, eu cheguei no portão do jardim e tirei meu capuz e me aproximei das tochas para ficar mais visível.

-Bem-vindo senhores e senhoritas, permita-me que guarde as.... Capas.

Entregamos os capuzes para ele, eu até fiquei um pouco envergonhado pois eram muitas capas, eu adentrei o jardim e fiquei maravilhado tudo aquilo era para nós? Eu fiquei olhando em volta até que vi uma jovem ou melhor Laylah vindo em nossa direção usando um vestido azul estilo medieval acima dos joelhos.

-Boa noite, que bom que vieram, Gabriel está ocupado um momento, em breve ele se juntará a nós, enquanto isso aproveitem.

Louise ouvindo a música foi dançar com um de seus “meninos”, existem danças feitas para cada tipo de casal, algumas são para o casal de homem a mulher, outras para um casal de mulheres e outras para um casal de homens. Depois de um tempo de espera de porta de ferro da casa se abriu e de lá saiu Gabriel com jeans preto e ele estava usando uma camiseta branca com um símbolo de Fleur de Lis em preto no meio, ele veio na minha direção, meu coração começou a disparar não sei porque.

-Oi... -Ele disse meio tímido.

Ele estava realmente tímido, eu não sei porque.

-Oi... -Eu respondi também meio tímido.

-Fico feliz que tenha vindo.

-Claro, eu queria ver você. -Eu disse.

Aí eu me dei conta do que acabei de dizer e senti corar um pouco.

-Bem...

Ele foi interrompido com um anuncio do mordomo anunciando um tal de Lord Miguel D’Silentium e uma tal de Sire Celeste Bianco. O tal Miguel era um cara sério alto (Provavelmente mais velho que Gabriel e Laylah e também que essa tal Celeste), ele tinha cabelos negros e olhos da cor âmbar, e quanto a Celeste ela tinha cabelos loiros e olhos azuis como o céu noturno, a face desta mesma expressava total pureza e inocência, eles estavam acompanhados de outros guardiões que não foram citados, Gabriel me pegou pela mão e me levou até eles, depois de todos os cumprimentos passamos um bom tempo conversando sobre império, Miguel se mantinha sério e ria poucas vezes, Celeste uma hora ou outra era cortejada por um ou uma pessoa de minha guilda, eu fiquei um pouco envergonhado, eu até estava entretido na conversa mas eu realmente queria ficar a sós com Gabriel.

-Senhor Pendragon -Disse Gabriel.

-Por favor, me chame de Blake.

-Bem eu gostaria de discutir os benefícios da aliança com você.

-Pode ser a sós? -Eu perguntei meio sem jeito.

-Sim.

Ele me levou até uma varanda de pedra afastada do jardim com uma mesa e duas cadeiras de pedra, e alguns vasos com plantas, ela tinha vista para o mar, o distrito nobre fica bem acima do mar, por isso estamos bem alto, eu olhei para baixo e via as ondas baterem no paredão de rochas multiforme, a lua estava sobre o oceano.

-Uma paisagem romântica -Eu comentei e corei logo depois de perceber como sou idiota, e que falo sem pensar.

-Concordo...

Não estávamos muito afins de discutir os benefícios da aliança, ficamos em um longo silencio, eu precisava pôr um fim no silencio de alguma forma.

-Será que eu posso tocar em suas asas? -Eu perguntei sem jeito.

-Claro.

Ele tirou a camisa e virou de costas fazendo com que suas longas asas de prata aparecessem (tecnicamente ele não precisava tirar a camisa, mas eu gostei de ver ele sem.… droga o que eu estou dizendo?).

-Cuidado -Ele disse-As asas de um guardião são extremamente sensíveis ao toque.

Eu toquei em uma a mesma se abriu um pouco e se arrepiou, dava até para entender o porquê, as asas são a parte mais forte a mais sensível de um guardião ou guardiã (segundo Miguel disse em um ponto da conversa), eu fiz um carinho na asa e logo depois parei, ele tornou a esconder as asas e recolocou a camisa, quase que eu digo não põe.

-Eu queria dizer obrigado -Eu disse. -Eu não sei se já agradecia antes.

-Pelo que?

-Por ter me salvado do envenenamento e por ter me protegido no julgamento.

-Você também me protegeu com aquele beijo que calou a minha boca -Ele corou um pouco e eu também.

-Desculpa se roubei seu primeiro beijo...

-Não foi meu primeiro beijo, quero dizer foi o primeiro beijo com um garoto.

O que ele quis dizer com isso?

-Bem seja como for desculpa.

-Eu não disse que não gostei.

-Como -Eu disse me afastando um pouco.

-Quero dizer, eu gostei, eu não parei de pensar naquele beijo o dia inteiro.

-Oh... -Eu corei muito mesmo.

-Essa aliança.... Foi uma desculpa para me ver de novo, quero dizer eu já me expus demais na frente daqueles seus amigos.

-Na realidade foi uma ideia de Laylah, eu aceitei porque te veria de novo.

-Então você gosta de mim? -Eu tornei a me aproximar.

-Talvez -Ele segurou minha mão -Talvez eu queira mais do que ter você como aliado ou amigo, talvez eu queira ter você como algo mais.

-Gabriel, por mais que eu sinta o mesmo não daríamos certo, somos de mundos diferentes, eu não me refiro ao fato de você ser um guardião e eu um ser das trevas, eu me refiro ao fato de você ser um nobre e eu não.

-Você é filho de um Barão.

-Um Barão das Trevas -Eu completei -Meu título não é valido aqui.

-Mas me diga, como você veio para aqui?

Eu dei um suspiro eu não gosto muito de fala sobre isso, mas....

-Eu nasci um demônio diferente dos outros, eu era bom, eu não suportava minha raça por isso larguei tudo e me juntei ao Obra Della Luce que antes era liderada por uma senhora, eu conquistei a confiança e o amor de todos da guilda mesmo com minha origem, e quando a pobre mulher morreu, eu tomei fui nomeado novo líder, isso aconteceu há quatro anos atrás, eu ainda era uma criança, e aqui estamos nós, seja como for eu não sei se vamos dar certo.

-E se der certo? -Gabriel retrucou -E se não for acaso, e se foi obra do destino eu encontrar você, e se foi uma vontade Divina? Obra dos Deuses?

Ele me pegou.

-Eu não, eu eu....

-Vamos ao menos tentar? Eu não estou pedindo você em casamento muito menos em namoro, só estou pedindo para que fique comigo.

Ele se aproximou mais, era incrível como tínhamos o mesmo tamanho, ele envolveu os braços dele na minha cintura, e selou nossos lábios.

Aquele beijo foi um selinho eterno, o beijo mais puro de amor, eu podia sentir a energia boa e pura dele fluir através daquele selinho, eu fechei os olhos e aproveitei o beijo, naquele escuro a luz da lua, sob o mar, existe coisa mais romântica que isso?

-Desculpa interromper, mas...

Eu a Gabriel nos separamos, era Laylah, ela parecia envergonhada por ter interrompido o nosso beijo.

-Pois não? -Gabriel perguntou impaciente.

-Vocês precisam falar com todos sobre a aliança.

-Sim.

E com isso ele me tomou pela mão e entramos para dentro da casa pela porta que tinha na mesma varanda, subimos a escada em caracol para o segundo andar onde eu já tinha estado lá, entramos, em um cômodo que a princípio eu julguei ser um escritório, mas na realidade era uma biblioteca com vários livros, caminhamos até uma porta de vidro que dava para uma varanda que tinha como paisagem o jardim tomado pela música e pela festa. Todos ficaram em silencio. Eu pedi para que Gabriel falasse. Ele fez um longo discurso sobre honra, e orgulho dessa aliança e por aí se segue. Quando ele finalmente terminou, nós dois voltamos para o lugar onde estávamos e trocamos alguns beijos até Laylah e Louise virem nos dar uma bronca por causa de nossa ausência na festa, e contra nosso gosto voltamos para festa, mas não nos separamos um momento sequer, nós dançamos bebemos conversamos e nos divertimos muito. Talvez ele esteja certo, talvez isso seja uma vontade divina.