História Lindando com sí próprio! - Isaac

Natasha

Dois meses se passaram depois que entrei nessa missão, sentia falta de Steve como quem sente falta de oxigênio. Estou hospedada em um hotel de nem uma estrela, condições extremamente precárias, porém era próximo ao porto em Veneza onde se dava uma das missões. Não tinha tido mais contato com ninguém a não ser Fury, toda semana recebia dele um embrulho pelos correios com o que havia pedido e mais nada. Já tinha conseguido a localização de duas das gangues que ele tanto queria capturar e uma delas estava com um desembarque marcado para essa semana que foi o que me fez ficar nesse muquifo...

Hoje em especial meu humor estava péssimo. A bem da verdade, desde que vim nessa missão que não me sentia bem. A tal gripe que tive antes de vir em missão nunca me deixou em paz, no começo achei que tinha amolecido realmente e estava sofrendo por saudades, porém logo vi que não era isso. Não se passava um dia que eu não sentisse enjoos fortes pela manhã e febre durante o dia, o mais curioso é que mesmo sem conseguir manter nada no estomago, a cada semana sentia que minhas roupas ficavam um pouco mais apertadas. Estava permanecendo de pé graças a algumas medicações especiais que Fury me enviava, mas mesmo assim ainda sentia as febres e os enjoos. Chegava à noite do desembarque e eu estava em meu uniforme de viúva aguardando a chegada da embarcação com as drogas,.

- Eu preciso urgentemente voltar a minha rotina de exercícios pesados, toda essa história de missão às escondidas, febres e enjoos estão me impedindo de me manter em forma e o uniforme está começando a ficar pequeno.

A ideia era identificar para quem estavam vendendo e interceptar a carga antes da entrega. Fury me enviou uma equipe de dez homens que me obedeceriam sem pestanejar e depois levariam as drogas para SHIELD. Estávamos todos posicionados quando a embarcação ancorou.

Dei os comandos e fizemos a invasão silenciosa. Cinco deles eram responsáveis por confiscar a carga e os outros cinco por prover segurança. Eu iria coletar as informações sobre o destino da carga e ao meu sinal o fim da missão seria dar voz de prisão aos traficantes. Tudo seguiu como o planejado, as drogas foram colocadas sob a proteção dos cinco que estavam fora da embarcação e eu já tinha as informações, agora era só faltava render a tripulação que estava reunida na cozinha em um jantar. Dei o comando e começamos a invasão com o anunciar da prisão, porém no meio da confusão um cientista que era na verdade refém deles e não sabíamos, foi colocado como escudo humano com um dos criminosos apontando uma arma para sua cabeça.

Sem pestanejar lancei uma das picadas da viúva na tempora do traficante o deixando desacordado, os outros logo usaram de inletigencia e se renderam. Tinhamos na conta duas mortes, quatro tripulantes presos, dentre eles o que usou o cientista como escudo, e o mais importante, toneladas de droga.

O cientista estava ferido e desidratado, poderia dizer que ele estava a pelo menos dois dias sem comida. Pedi que um dos soldados levasse o cientista agora desacordado para onde eu estava alojada e depois de cuidar das prisões e da apreensão mandassem um resgate para pegá-lo. Nossa prioridade era a tripulação e as drogas. O homem ficou desacordado por um dia inteiro e Fury não deu sinal de vida, temi que isso acontecesse, mas não era como se eu não conseguisse lidar com um nerd que há dias não se alimentava...

Quando ele finalmente acordou estava agitado, provavelmente achando que ainda estava em cativeiro. Fitou-me com olhos arregalados, porém digamos que eu não sou o tipo de pessoa que passa a mão na cabeça de ninguém e acho que minha cara não deve tê-lo acalmado.

- É o seguinte, eu resgatei você de uns traficantes, te alimentei e te dei água, fora cuidar dos seus ferimentos, então raciocine bem se eu quero mesmo te matar e pare de me olhar como se eu tivesse três cabeças! – Ele para um instante observando um prato a sua frente e um copo com agua que imediatamente ele pega e bebe com uma água de quem estava bebendo o líquido mais delicioso existente no mundo, ao terminar estava um pouco ofegante e então observa as bandagens que coloquei em seus pulsos que tinham ferimentos de algemas, levanta a bandagem e faz uma pequena careta. – Dói? Tenho alguns analgésicos aqui se quiser.

- Você não trabalha pra eles?

- Se te salvei deles quer dizer que não! Você não é um cientista ou coisa assim? Pensei que seria mais inteligente... – Depois de aceitar os analgésicos e ingeri-los ele fala.

- Eu sou Isaac...

- Não, eu não preciso saber seu nome e não me pergunte o meu ou pra quem trabalho isso só irá colocar sua vida em maior risco, então se poupe e me poupe ok? Solicitei resgate pra você, porém conhecendo meu chefe como passei a conhecer, é capaz de só sair daqui quando eu também for sair, então colabore comigo e não fuja. Assim que o resgate chegar ou eu for liberado disso aqui te levo pra sua casa onde quer que seja.

- Tudo bem... – Era visível a desconfiança no olhar dele e provavelmente ele tentaria fugir, mas pelo menos eu fiz o que pude. Empurrei o prato pra ele com uma sopa que era feita pelo hotel e sentei a sua frente com bolachas água e sal, começando a mastigá-las.

- Sei que é feio, mas é melhor do que passar fome! – Digo e observando sua reação, ele ainda encara o prato por um tempo e observa que como apenas as bolachas, mas não questiona nada.

Passei o dia de olho no cientista, sem confiar nele e ele sem confiar em mim. Fomos dormir e apesar de ter tentado ficar acordada por receio, o cansaço foi maior e acabei cochilando. Acordei pela manhã bem cedo sentindo meu famoso enjoo matinal, corri para o sanitário e comecei a colocar o jantar pra fora, em meio a meu desespero o cientista deve ter ouvido e foi até onde eu estava. Depois que meu estomago se acalmou me virei em direção à porta onde sabia que ele estava.

- Não é uma boa cena de se ver pela manhã cedo, eu sei... – Levantei e fui escovar os dentes. Ele entra no banheiro silenciosamente e da uma olhada no sanitário onde o conteúdo nojento ainda se encontrava.

- Tem sangue... – Ele observa e dou descarga no sanitário tentando entender porque diabos ele foi olhar meu vômito. – Há quanto tempo vem sentindo enjoos?

- Porque está interessado nos meus enjoos? – Antes de conseguir uma resposta sinto o cheiro doce de sua colônia e o empurro pro lado vomitando novamente no vazo. Ao terminar ele ainda me observava aguardando uma resposta. - Desde que cheguei aqui... A uns dois ou três meses mais ou menos... – Ele olha pra mim com pena, mas ao mesmo tempo com medo.

- Sente mais alguma coisa?

- É medico agora?

- Sou! Formei-me em medicina e fiz graduação em química...

 - Falando nisso, porque eles te queriam lá? – Digo recebendo dele uma toalha molhada para limpar a boca novamente, sento de frente ao sanitário que ele dá descarga por mim.

- Queriam que eu desenvolvesse uma droga nova...

- E conseguiu? – Ele senta a meu lado, o que me pareceu confortável de mais de sua parte.

- Sim, foi por isso que eles me sequestraram e mataram minha familia, mas eles não tiveram tempo de descobrir que consegui! – Diz ele apontando pra própria cabeça. – Eu te disse meu nome e os planos deles, então deixa eu te examinar? – Olho pra ele desconfiada do que seria esse “examinar”. – Não vai demorar...

- Ok! – Estava sem muita paciência para discussões e se ele quisesse me matar já teria feito na hora em que estivesse me contendo pra não vomitar meus órgãos internos.

- Eu sou médico cirurgião e também cientista químico.

- Parabéns! – Digo irônica.

- Só quis te tranquilizar mostrando que sei o que estou fazendo...

- Vamos logo com isso!

- O que sente alem do enjoo e febre? Não tem nem um cheiro que tenha te incomodado ou alguma comida que não gostava e passou a gostar?

- Vomitei uma segunda vez quando senti o seu cheiro, que droga de perfume barato é esse? – Pergunto lembrando o cheiro doce.

- Meu perfume? O que mais?

- A única coisa que consegui até agora manter no estomago foi àquela gororoba de ontem que você comeu, água e bolachas.

- Bem... Se comprar um teste de gravidez na farmácia vai confirmar minha afirmação, mas você está grávida moça!

- De novo isso?

- Alguém já te disse isso?

- É! Você não é o único com teorias impossíveis! E eu que achei que passaria seis meses sem isso! – Ele fica com cara de confusão. - Isso é impossível! Eu sou estéril!

- Removeram seu útero ou algo assim? – Franzi a testa para sua pergunta estranha.

- Não! Recebi um coquetel químico que fez o serviço inutilizando meu aparelho reprodutor e sei que é eficaz caso contrário já teria engravidado antes.

- É estranho... Bem, não vou perguntar mais porque acho que a senhora não me responderia, mas compre um teste de farmácia e confirme. Aproveite e compre aspirinas e vitaminas, elas vão lhe ajudar a acalmar o estomago e manter-lhe mais forte.

O ignorei e fui tratar de observar os próximos alvos que deveria dar conta. À tarde quando a febre chegou notei que meus antitérmicos haviam acabado e fui à farmácia comprar mais, olhei as aspirinas e pensei no que o cientista tinha dito que elas melhorariam meu enjôo.

- Me arranja algumas aspirinas, por favor! – A atendente pegou os comprimidos e logo na prateleira ao lado vários testes de gravidez, absorventes e outros utensílios femininos.

- Me arranja um desses! – Aponto para o teste de gravidez e ela sorri colocando três marcas diferentes a minha frente.

- Esse...

- Não precisa falar nada ou fazer propaganda, apenas me dê um de cada! – Ela estranha, mas embala tudo e sigo para o caixa fazer o pagamento.

- Boa sorte! – A garota do caixa diz ao me entregar a sacola, sai dali sem entender o porquê de me desejar boa sorte. Ao entrar no quarto Isaac estava cuidando do ferimento de amarras no próprio pulso e se assustou com minha chegada, o ignoro e vou ao banheiro para tomar um copo de água acompanhado da medicação.

Tomo os comprimidos para febre e acabo derrubando a sacola que revela um dos três testes de gravidez que comprei.

- Que mal teria fazer o teste, tenho certeza que vai dar negativo! - Usei e confirmei que aquele negócio só podia estar com defeito. Depois do terceiro resultado positivo decidi que deveria comprar outra marca para ter certeza. Sai do banheiro e Isaac estava esperando em pé no meio da sala.

- Confirmou?

- Esse teste de farmácia é falho, você sabe disso certo?

- Sua roupa tem ficado menor certo? Mesmo não conseguindo manter nada no estomago, fazendo esforço físico diário e comendo bolachas água e sal no lugar de refeições suas roupas estão ficando apertadas?

- O que o tamanho do meu manequim tem a ver com isso?

- Eu não quis comentar nada porque as mulheres geralmente não reagem bem, mas basta se olhar no espelho pra perceber que o volume no seu ventre já é visível, pode comprar vinte testes de gravidez e fazer outros vinte exames de sangue, todos eles darão o mesmo resultado!

Eu poderia tentar me enganar o quanto quisesse, mas desde que Tony e Bruce levantaram essa possibilidade que alimentei a duvida, ou talvez o medo se existisse razão. Eu sou treinada para ter raciocínio pratico, lógico e preciso, com essas habilidades qualquer um que percebesse os indícios que Isaac tanto me atormentava teria a mesma conclusão que ele.

...

Completado os seis meses da missão eu tinha conseguido algumas cargas de droga, uma dezena de traficantes atrás das grades, um cientista resgatado e uma rede de tráfico quebrada. Missão cumprida! Agora era hora de voltar pra casa, mas como iria voltar com uma barriga de seis meses de grávida?

Provavelmente fosse mais fácil se seguisse as expectativas de todos e simplesmente fugisse ou talvez nem tivesse levado essa gravidez adiante, mas graças a muita pressão psicológica de Isaac que agora se tornou um grande amigo, estou me encaminhando para a torre da SHIELD me reportar a Fury.