História Line of Lies - Growing Pains

Donghae

Acordei pela manhã e Hyukjae já havia saído para o trabalho, eu acho. Havia uma xícara de café vazia na pia e só. Não ousei vasculhar outros locais da casa para saber exatamente o que aconteceu depois que eu dormi, mas a vontade é grande. Logo tenho que ir para a faculdade e eu não consigo parar de pensar em ontem à noite, apesar da droga que eu usei, todas as lembranças vem em minha mente nítidas e como um furacão. A lembrança dele lavando meus cabelos e sendo gentil comigo, apesar de parecer sempre estar distante ele estava muito atencioso comigo noite passada.

Uma coisa que me intriga demais e faz parecer ter borboletas em meu estômago é a lembrança do beijo. Estou a manhã toda tentando me ocupar com outras coisas para não pensar nisso, mas parece que a lembrança da boca macia e carnuda de Hyukjae encostando em meus lábios vai me atormentar por semanas.

Estou com muito medo. Medo de olhar para ele depois de tudo, medo dele me tratar diferente ou sentir nojo de mim. Ele pode ter correspondido logo de início o nosso beijo, e ele pareceu fervoroso e gostar, mas algo em sua mente o fez se afastar de mim. Muitos questionamentos surgem em minha mente para me perturbar. Não quero ter de partir por um deslize desses, quero tanto sentir tudo aquilo de novo. Eu não sei se querer tê-lo assim novamente é errado, ele disse que somos amigos e talvez seja isso que ele queira, sem contar que nunca antes eu estive com homens, não sei se conseguiria seguir com isso.

Logo termino de arrumar minhas coisas pra ir para a faculdade, espero distrair minha cabeça e que o dia seja longo, não quero encarar Hyukjae tão cedo. Temo estar gostando muito dele, mas eu não entendo esse sentimento que me persegue, como eu poderia gostar de alguém que mal conheço, que me trata como bem entende e que sempre quando tenta arrumar as coisas acaba piorando elas, sem contar que lembrar da arma em seu quarto ainda me faz ter calafrios.

Desço as escadas do apartamento para ir pra faculdade, o dia está agradável e então decido ir caminhando para esfriar a cabeça. Termino de colocar minhas luvas e minha touca quando já estou na rua, faz muito frio essa época do ano na cidade. A rua está vazia, as pessoas evitam sair quando está muito frio, mas eu sempre gostei de dias assim, a cidade parece inabitada e isso é incrível.

Quase chegando na faculdade local, observo um carro logo atrás de mim andando em uma velocidade desaconselhável, ele se aproxima muito rápido, fazendo muito barulho por conta do asfalto molhado, ele parece estar vindo em minha direção, o carro sobe a calçada onde estou e acelera, minhas pernas tremem e eu não sei se é por conta do frio ou do medo, sem pensar muito eu corro, corro como nunca corri na vida, entro por becos e não olho para trás.

 

Kyuhyun

Estou sentado no sofá da sala tomando uma taça de vinho importado a qual eu recentemente adquiri. Por horas, apenas observando o liquido em meu copo e o saboreando aos poucos, e pensando em todos os eventos estranhos que tem acontecido em minha vida ultimamente. Sinto meu celular vibrar próximo a garrafa em minha frente. A vontade de olhar e ver quem me liga é nula, mas mesmo assim o pego com um pouco de desgosto e observo a tela. Ligação de Sungmin, rapidamente atendo.

- Alô? – digo.

- "Escute Kyuhyun, é urgente." - ele fala apressado. - "Estou à caminho de Nova York e há homens indo para o seu apartamento neste exato momento, você tem dê cooperar, por favor, não vou estar aí ainda para evitar que lhe façam algo. Então por favor." – ele parece estar chorando.

E desligou o celular logo em seguida, sem que antes eu pudesse lhe dar uma resposta. Mal havia retirado meu celular de meu ouvido e o alarme de segurança soou, eu logo o desativei antes que enviasse um sinal para a central de polícia. Então a porta foi arrombada e diversos homens adentraram por ela, todos com um uniforme preto e carregando armas, tão sincronizados, que deveriam ser uma unidade fazia algum tempo. Quando me viram, abaixaram a guarda por verem que eu não ofereço resistência. Apenas fiquei parado observando enquanto outro homem passa pela porta, deve ser o líder deles, ele parece ser mais velho que os outros, e está usando uma roupa diferente dos demais, um terno preto e óculos escuros, ele olhou por todo o local antes de se dirigir a mim, após uma pausa ele retirou os óculos e me encarou.

- Vou ser rápido e direto senhor Kyuhyun – ele apontava os óculos em minha direção. - Descobrimos um jeito de pegar seu funcionário, Hyukjae, ele tem um ponto fraco, temos muita gente infiltrada trabalhando para nós e assim descobrimos que ele tem um amigo com quem divide o apartamento, e agora este garoto está preso conosco. – ele diz com convicção e orgulho. – E quando o nosso herói for salvar seu garoto, nós o pegamos. – ele faz um gesto com as mãos como se estivesse pegando algo no ar, e sorri. - Vamos apenas cuidar para que você não fuja, até recebermos segundas ordens, mas temos algumas perguntas para lhe fazer durante isso, e acredite em mim quando digo que você irá se arrepender se não as responder. – então ele para, se afasta e anda em direção aos seus homens. Não vi quando ele voltou, mas assim que o celular de um dos homens começou a tocar ele solta um resmungo baixo e lança um olhar severo para o homem. - Vá atender essa porcaria na rua, Siwon! – ele franzi o cenho. – Incompetentes! – então ele cospe em seco ao chão e o homem com o celular segue para fora do apartamento.

Observei tudo atentamente, vou fazer o que Sungmin me disse, eu poderia ter acionado meus homens com o sistema de segurança, mas acho que esses garotos não me oferecem perigo, e não irão conseguir arrancar nada de mim, meu medo é por Hyukjae e por seu garoto.
 

Hyukjae

Me atrasei na volta do trabalho, já passou das dez da noite, vim quase o caminho todo pensando em o que Donghae havia preparado para o jantar, e em suas bochechas rosadas, e novamente em nosso beijo, eu certamente quero ter aquele garoto. Me peguei pensando no Donghae mais frequentemente do que seria bom para mim.

Chego no prédio e subo as escadas rapidamente, ao chegar no meu andar percebo que têm algo errado, a porta está entre aberta, não, ela foi arrombada! Minha mente começa a fervilhar com possibilidades do que poderia ter acontecido, retiro minha arma da bolsa e adentro o local. Após uma breve checagem vejo que não há ninguém nele, nem Donghae. Corro para seu quarto e procuro seus materiais da faculdade, ele poderia ter apenas ficado mais tempo por lá e estar totalmente seguro. Os materiais não estão em seu quarto, a possibilidade de ele ainda estar na faculdade e nada ter acontecido com ele me alivia, mas por pouco tempo. Voltando para a sala vejo algo na parte de trás da porta de saída, não havia reparado ali antes, me aproximo e vejo um papel, puxo-o e nele tem apenas uma coisa, um endereço seguido das palavras:

“Estamos com seu garoto.”