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História Lines - Cap. 30 - Chamadas


Escrita por: yuu-holly

Notas do Autor


É, eu sei: quando foi a última vez que atualizei essa fanfic tão rápido, desse jeito? rs'

Capítulo 31 - Cap. 30 - Chamadas


Fanfic / Fanfiction Lines - Cap. 30 - Chamadas

Folheava a revista que tinha em mãos, distraidamente. Apesar de antiga, às vezes, era confortável ter contato com a cultura japonesa.

Era tão diferente viver do outro lado do mundo. Até os shoppings perdiam um pouco a graça, pois as pessoas, lá, pareciam despreocupadas ou folgadas demais. Havia tentado passar o tempo em um, no dia anterior. Mas, até o cheiro na praça de alimentação desagradava. Tudo extremamento gorduroso e sem legumes ou verduras. Nada natural, na minha opinião.

Enquanto eu fingia estar interessado em notícias antigas contidas naquela revista de dias atrás, Akira e Taylor jogavam videogame, agitados. Eu não gostava muito daquele jogo esportivo, então, preferi ficar na poltrona. Apesar de ser um final de semana de calor, estávamos naquele quarto desde a manhã. 

- E ai, Yuu... – Taylor comentou, sem desviar o olhar do seu time na TV. – Quais são as novidades da semana? 

- Nada demais. – Dei de ombros, voltando a folhear a revista. 

- A "megera" já pediu para escolherem seus instrutores iniciais? 

Akira olhou o amigo ao seu lado, por pouco não o repreendendo por tocar no assunto. E não entendi o porquê da reação, pois ele mesmo costumava chamar sua mãe de "megera" às vezes. Não achava que era por isto que ele pareceu incomodado, porém, preferi não questionar. 

- Um tal de Avery. Avery Simons. – Respondi de forma simples. – Ele se ofereceu para me ajudar na sexta. Como não tenho muitos amigos por aqui, resolvi agarrar a oportunidade. 

- Você o quê?!

Quando percebi, já não olhava a revista em mãos. Encarava Akira, que havia pausado o jogo e me olhava de volta, como se o tivesse apunhalado pelas costas. 

- Ué, ele me pareceu um cara legal... – Justifiquei. – E parece que muitas alunas da minha turma queriam ele como instrutor. Como consegui, não achei má ideia aceitar. 

- Droga. – Taylor resmungou baixinho, desativando o pause do jogo. – Todas querem ele porque ele é muito bonito. Não recebi o convite de nenhuma garota...

Mas, Akira não voltou sua atenção para o jogo, mesmo que Taylor ameaçasse fazer uma goleada por sua falta de atenção. 

- O que foi? Ele é tão ruim assim? – Questionei, começando a ficar um pouco assustado com o olhar do loiro sobre mim. 

Ele não respondeu, finalmente, voltando sua atenção para o jogo. 

- Não é que ele seja ruim... – Taylor ia começar a explicar, mas Akira lhe lançou o olhar que o manteve quieto. 

Somente suspirei, preferindo não tocar mais no assunto. Sentia uma dor de cabeça de leve, que me impedia de ler os textos, mas não de ficar folheando a revista a esmo. Podia estar fazendo outra coisa, como joguinhos no celular, mas estava evitando o aparelho, porque, cada vez que via a lupa de busca, era um martírio evitar o início de uma pesquisa aprofundada sobre a atualidade do meu ex. 

Por fim, decidi me levantar e ir até o frigobar. De lá, tirei três latinhas de refrigerante. Distribui as outras duas, pousando-as no chão ao lado deles, e retornei para a poltrona. 

- Obrigada! – Taylor exclamou, feliz por ter algo fácil para beber naquele momento. 

Enquanto abria meu refrigerante gelado, observei Akira empurrar a latinha levemente para o lado, como se a recusasse. Tomei um gole da bebida, levemente curioso com o seu comportamento. Ele não parecia se divertir mais com o jogo. 

- O que foi que eu fiz, afinal? – Ri descontraído, chutando levemente suas costas. 

Porém, ele não achou graça, desligando o videogame na mesma hora. Levantou-se, com a expressão indignada. 

- Como você me pergunta isso? 

Olhei dele para Taylor, buscando uma explicação para aquele comportamento repentino. 

- Os alunos do primeiro ano devem escolher um aluno do segundo ano como instrutor nessa fase... – Taylor explicou, coçando a nuca, sem graça. 

Admito que demorei alguns segundos para entender a situação como um todo. E Akira achou que precisava me explicar melhor: 

- Eu sou do segundo ano! – Ele disse, como se tivéssemos algum compromisso um com o outro. – E você sequer pensou em me pedir para ajudar! 

Semicerrei os olhos, confuso. A verdade era que eu nem sabia que Akira estava no segundo ano de Dança. Ele mesmo disse que não fazia Dança - ou foi, pelo menos, o que eu entendi-, e parecia não frequentar aula alguma ali. Não tinha como associá-lo a alguma opção quando a ordem de escolher um instrutor foi dada. 

Quando fui obrigado a pensar sobre o assunto, fiquei mesmo aliviado por Avery se oferecer. Apesar de achar estranho conseguir um instrutor tão rápido, preferi não ficar cismado. O homem me olhava de forma curiosa. Não era como se estivesse interessado em mim, sexualmente falando. Acreditei que era por eu ser o aluno mais bizarro da turma. Seria bom para a experiência dele, se ele conseguisse me transformar em um bom – ou só razoável – aluno na aula de coreografia. 

- Pensei que estivesse aqui para se divertir. – Justifiquei. – Não achei que iria gostar de uma responsabilidade dessas como professor. 

- E eu achei que você não queria se tornar um dançarino profissional. – O loiro respondeu, com um tom cínico de culpa na voz. 

Ele estava com raiva, e eu até entendia. Só não achava que era para tanto. Ainda mais por ele não ter me dito que era aluno do segundo ano. Ele voltou a ligar o videogame, trocando o jogo de futebol por um de guerra. Precisava dar alguns tiros para relaxar, ou algo do tipo. 

Fiquei quieto, olhando brevemente um Taylor sem graça, que me encarava, ainda no chão. 

Achei que precisava mudar de assunto, mas estava em dúvida se não era melhor ficarmos em silêncio por um tempinho. 
Por sorte, fui salvo por uma chamada no celular. Levantei e saí do quarto para atender. Estava no corredor quando percebi quem me ligava. Era tarde demais para recusar a chamada de vídeo, no caminho, já havia apertado o ‘aceitar’ na tela do aparelho. 

- Érr... – Não escondi a surpresa ao olhar o visor do celular. – Oi? 

- Oi, Yuu! Parece até que viu um fantasma. Está tudo bem por aí? 

- Matsumoto Takanori entra em contato comigo. Puxa conversar depois de meses. É algo para me assustar, não? – Senti um pouco de raiva em minha voz.

- Fiquei sabendo que você se mudou para o outro lado do mundo, então... 

Ele continuou a falar, mas eu não prestei atenção em palavra alguma. Por pouco, não desliguei a chamada sem avisar. Mesmo que fosse desrespeitoso. Foi a curiosidade que falou mais alto ao observá-lo melhor. Ele estava mais sério. Não o tom da sua voz, era o mesmo, até o seu jeito. Mas parecia usar roupas sociais, e estava em um restaurante diferente do que eu estava habituado a ver. 

As mesas à sua volta estavam vazias, apesar de haver um grande movimento de pessoas ao redor, atrás da grade que separava o restaurante da rua. 

- Onde você está? – Perguntei, não escondendo minha curiosidade. 

- Ahh... – Ele parou o que dizia, mexendo levemente em uma mecha do cabelo, que parecia mais curto. – Eu consegui um novo emprego, melhor. Estou em Fukuoka. 

Eu só queria saber o nome do restaurante, revelar o nome da cidade e o motivo de estar ali não era necessário. Não mesmo. Até porquê, aquilo significava uma coisa para mim. 

- O que está fazendo em Fukuoka, Takanori? 

- Eu consegui um trabalho, como disse... 

- Não. – Recostei minhas costas na parede do corredor, virando meu rosto ao encará-lo de uma forma tão séria que o fez se encolher. – O que foi fazer em Fukuoka, Takanori? 

- Bom, - Ele começou a se explicar, tentando aceitar que tocaríamos no assunto. Ele devia saber que falaríamos sobre aquilo desde que realizou a chamada, ou nunca teria tocado no assunto de Fukuoka. – eu realmente arranjei um emprego por aqui, se quer saber. 

- Como chegou aí, pra começar? – Repeti a pergunta mais uma vez, com urgência.

- Sabe, - ele desviou o olhar do seu ultrabook, procurando coragem e palavras certas. – eu não achei justo te deixar na mão com aquela pesquisa. Achei que, se descobrisse mais sobre Kouyou, vocês pudessem se resolver. É claro que não fui exatamente bem sucedido na pesquisa. De novo. Me desculpe. Isso não me agrada, claro. Mas, acabei ficando por aqui. Afinal, eu consegui um emprego melhor... 

Eu estava perplexo quando neguei levemente com a cabeça, ainda sem acreditar que Ruki havia feito aquilo. 

- Achei que descobriria mais coisas por aqui, ou até mesmo que conseguisse falar com Kouyou. Mas, isso é bem complicado de se fazer quando ele não quer, sabe? E a cada dia que passa, acredito que fica mais difícil de ajudar vocês a voltarem... 

- Escuta, Ruki. – Chamei sua atenção, interrompendo ele de continuar com aquelas baboseiras. – Eu não preciso da sua ajuda com isso. Eu “não quero” sua ajuda com isso. Nós terminamos, não tem mais volta! Nem eu fui à Fukuoka atrás dele! Tira isso da cabeça! 

- Tsc, que desperdício com sua alma gêmea... – Ele resmungou, lamentando baixinho e voltando a olhar para o monitor. 

- Ele não é minha alma gêmea. – Revirei os olhos. 

- Pode achar que não, mas resetou você, fez uma lavagem cerebral! Não fez nada bem pra você. O Kai disse que você não ficou com mais ninguém direito depois que terminaram. Isso é um péssimo sinal... E se você nunca mais se sentir bem com ninguém além dele? 

Gravei mentalmente o dever de dar uma bronca no Kai por estar fofocando sobre mim pelas costas para o Ruki. 

- Isso não é verdade, Ruki. - Revirei meus olhos, impaciente diante daquele assunto. 

- Ele não fez por mal! – Ruki, rapidamente, defendeu Kai. – Eu não tinha coragem de falar com você, então, perguntava para ele sobre como você estava. 

- Isso não é necessário. Eu não mordo, pode falar comigo.

Embora estivesse irritado com ele – admiti mentalmente. 

- Mas é sério, me preocupo com você, Yuu. 

- E é sério, não precisa se preocupar. Estou bem. – Sorri, tentando parecer convincente. 

Pois eu estava bem mesmo. Pelo menos, achava que sim. 

- Ah, fala sério, Yuu!? – Ele indagou, ignorando a confusão de pessoas atrás de si. – Quando foi a última vez que você transou com alguém e quis repetir com a mesma pessoa? 

- Há algumas semanas, com o Reita... – Admiti. 

Eu falei sem pensar. 

Primeiro, chamei ele de Reita. E lembrava dele com esse nome com uma certa frequência, embora ele nunca tivesse se apresentado assim. 

Segundo: “eu estava com vontade de repetir?” 

- Você transou com quem...? – Ele pareceu confuso, pendendo a cabeça levemente para o lado e quase fechando os olhos para raciocinar. 

Sacudi levemente a cabeça antes de continuar: 

- Com o Akira, meu colega de quarto. É uma longa história. 

- Akira é o cara do pano no rosto? 

De repente, ele parecia confuso, e eu parecia mais confuso ainda. Tentei lembrar sobre tudo o que falei com o Kai, e tentei adivinhar sobre tudo o que ele falaria com o Ruki. 

Não era para eu estar surpreso, Ruki investigava muito bem as coisas. 

- Ruki, o quanto você sabe sobre a minha vida aqui? – Finalmente, perguntei. 

- Não muita coisa... – Ele admitiu, ainda parecendo confuso e olhando para um ponto aleatório no nada. 

- Então, como sabe do Akira? 

- Eu não sei nada sobre ele. 

Ele olhou o monitor, franzindo o cenho. 

- Você falou do Reita algumas vezes. – Explicou. – Dormindo, sabe? Às vezes, pedia para ele tirar o pano do rosto. Era estranho... Mas não tão estranho quanto isso. – Completou baixinho, para si mesmo. 

Revirei os olhos de leve, achando que ele estivesse ficando um pouco louco. Apesar da sensação de dejá-vù ao estar com Akira, só podia acreditar que Ruki estivesse emendando histórias em sua mente, para que a ideia de eu ter sonhos com minha “vida passada” parecesse mais sensata. 

E eu estava cansado de tudo aquilo. Cansado dos sonhos, que estavam finalmente ficando mais raros desde que fui para os Estados Unidos. E eu queria deixá-los ainda mais raros, quem sabe, extintos. Retornar com aquele assunto não me parecia saudável. 

- Tanto faz, Ruki... Afinal, o que é que está acontecendo por aí? – Questionei quando percebi alguns carros de imprensa aparecerem atrás dele. 

Embora ele parecesse não ligar para a movimentação na rua atrás de si, deu de ombros e respondeu:

- Um acidente grave aconteceu. Um dos aviões da empresa Takashima explodiu no ar, e estão especulando sobre de quem foi a culpa... 

- Espera aí! – Interrompi sua resposta, ignorando o fato dele se distrair com o seu smartphone. Parecia esforçado para conseguir alguma coisa. Algo mais importante que o problema atrás de si. – Você está trabalhando perto da empresa da família Takashima, Ruki?! 

Apesar do meu tom de bronca e desespero, ele deu de ombros de leve, como se o assunto não fosse importante. 

- Na verdade, estou trabalhando "para" eles... – E continuou com seu trabalho no celular, como se aquilo fosse a coisa mais importante do mundo. 

- Você...? – Eu tinha como ficar mais abismado aquele dia? – Ruki, você não podia fazer isso! Não pode ficar fazendo essas coisas assim! É muita loucura, ir atrás...

Mas a reação dele atrapalhou meu raciocínio, cortou minha fala. 

- Meu Deus do céu! – Ele pareceu ter descoberto o segredo da humanidade, ou algo do tipo, pois estava de olhos arregalados ao encarar a tela do smartphone. 

- “Meu Deus”, o quê, Ruki? – Suspirei, tentando ter paciência. – O que foi que descobriu agora? 

- Logo você vai saber. Agora, eu preciso ir! – E fechou a tela do dispositivo, encerrando a chamada. 

Se ele pensava que eu não retornaria com aquela conversa, que não brigaria com ele por ser tão folgado e louco, estava enganado.

Mas, por enquanto, desviei a tela do meu celular e olhei a paisagem à frente. A janela, naquele corredor, deixava a luz solar entrar leve sobre as paredes. Tudo brilhava, mas não chegava a esquentar minha pele, pois era fim de tarde. E o verde ao longe me acalmava ao refletir sobre toda aquela conversa anormal que havia acontecido. 

Mal lembrava como era falar com Ruki.

Tão entretido, estava com meus pensamentos. Quase me assustei quando Taylor saiu do dormitório, tocando meu ombro ao avisar: 

- Ele não está num dia bom. – Suspirou ao voltar a andar, virando o rosto enquanto falava. – Se eu fosse você, escolheria outro lugar para passar algumas horas... 

Mas, ele não era eu, e eu não ficaria com medo de ficar perto de Akira. Mesmo que ele estivesse todo raivozinho perto de mim, só porque não o escolhi para ser meu instrutor. Não permitiria aquela frescura, e logo ele entenderia e voltaria a falar normal comigo, eu sabia, sentia que sim. 

Então, respirei fundo mais de uma vez e entrei em nosso quarto. Mas, não o vi de imediato. 

Percebi que estava no banho e optei pela calmaria em minha poltrona. Voltaria à posição de antes, tão confortável, só eu e minha revista. Mas, não tive tempo para tanto. O telefone de Akira vibrou na escrivaninha ao meu lado, com o visor verde aceso, uma chamada me chamando atenção. 

E não foi por mera curiosidade que, de repente, estava com o smartphone dele em mãos. Estava atônito quando encarei as palavras no visor. 

“Takashima chamando... Recusar – Aceitar Chamada.” 

Senti como se não tivesse respirado por um segundo. "Eu devia ter dado uma Googada!”, pensei, arrependido. E, quando dei por mim, já estava no banheiro, puxando a cortina que separava eu e o banho de Akira, ainda segurando seu celular. 

E, apesar dele me olhar confuso, sem a faixa em seu rosto, não tive medo pela ousadia de perguntar, em um momento tão inoportuno:

- Afinal, quem é você, Suzuki Akira?! 


Notas Finais


Até a próxima, amorzinhos! <3


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