Nossa história se inicia na festa de comemoração do meu décimo oitavo aniversário, para celebrar que finalmente eu poderia me juntar a guarda do reino, não que fosse muito difícil tal êxito, afinal eu era a princesa e como treinava desde pequena era mais como meu destino, mas o engraçado é que diferente de muitas que eu conheço eu estava muito ansiosa por isso, eu queria de todo o meu ser navegar e descobrir, nunca fui feita para governar (um reino pelo menos) sempre imaginei um pouco mais, algo como conhecer tantas coisas no mundo e na vida que meu cérebro entraria em colapso com tanta informação, sempre achei que o mundo era mais do que simplesmente governar Polis, um dos outros 13 reinos que existiam por ai, ou que pelo menos era o que conhecíamos.
Não que eu odiasse polis, pelo contrário, eu amava polis e todo o meu povo, amava a vasta relva que percorria toda a extensão da montanha que ficava próxima ao castelo, a floresta das ninfas que ficavam um pouco mais a frente, todo aquele mar azul que banhava a ilha e que um dia eu tanto quero velejar, mas a cima de tudo eu amo como aqui cada um podia ser o que quisesse e não simplesmente seguir todos os padrões, o que nos outros reinos era totalmente diferente.
- Saudações a todos. Escuto a voz de Titus, o que me tira de meus pensamentos. – Hoje estamos aqui para comemorar a nova comandante das tropas navegantes.
Todos abrem uma salva de palmas e eu me levanto sabendo que todo o reino que estava situado ali naquele salão do palácio esperava meu discurso.
- Agradeço pela presença de todos e digo que sempre que possível eu voltarei para casa, enriquecendo e vangloriando ainda mais nosso reino. Todos gritam em apoio – É meu dever também proteger e cuidar para que tudo aqui permaneça como está, unido e muito bem governado. Outro coro em apoio – E agora quero que aproveitem a festa. Todos já estavam embriagados na cerveja e no vinho que era uma das especialidades de polis, dançavam e bebiam como se nunca mais fossem fazer tais coisas e eu? Bem, eu já estava totalmente longe de toda essa bagunça, eu precisava falar com alguém antes de partir.
E mais uma vez estava eu a caminho da floresta das ninfas, precisava ver e esperava que não pela última vez, ver a ninfa mais bela e sábia de todas as outras.
- Droga de vestido! Eu disse tentando erguer sem êxito algum as barras do meu vestido que iam ao chão até que fosse impossível de ver meus pés – Devia ter trocado de roupa antes de vir. Eu praguejava contra o vestido sem nenhum pudor, como se ele fosse culpado por alguma coisa.
- Ei, princesa...
Vasculhei a minha volta com o cenho franzido a procura da voz.
- Eu preciso te dizer uma coisa, te alertar que o caminho que está a tomar não é qual está destinada a navegar.
- Agradeço pelo aviso, mas geralmente eu só sigo concelhos de quem eu consigo ver.
- Você não pode me ver, a menos que eu queira, eu tenho todo o poder, eu vejo o que ninguém mais vê
- Ora, pare de se vangloriar, é um ser todo poderoso, mas não aparece para uma simples princesa. Digo continuando meu caminho enquanto ergo as barras de meu vestido.
- Eu e você sabemos que não é apenas uma simples princesa, não é mesmo Alexandria?
- Muito bem, o que quer? Eu não tenho tempo, meu navio parte em algumas horas e como pode ver eu ainda nem me preparei. Disse jogando as barras do meu vestido no chão.
- Eu apenas vim lhe alertar, o caminho ao qual vai navegar não é o certo.
- Aliás, você é quem mesmo?
- Ora não seja insolente, estou de bom grado tentando te alertar, esse nem é meu trabalho, é trabalho para aquele ao qual você reconhece como Titus.
- Acho que já entendi...
- Muito bem, sem mais delongas aqui vai a mensagem...
“Quando a terra e o mar enfim se acabar, você encontrara, não sem o devido auxilio, o ser que um dia nasceu nas margens enfim irá regressar e mais uma vez descoberta será”
- Você está falando do que?
- Eu não sei, eu só entrego a mensagem.
- Ah, pois então é apenas um aprendiz. Digo sorrindo e zombando olhando para onde quer que seja, eu não via ninguém mesmo.
- Já me irritei com você, e quanto ao pergaminho com a mensagem você irá achar, quando assim eu desejar.
- Tudo bem ser que tudo vê. Falei com o um ar de deboche.
- Até mais Alexandria.
Eu parei não dando muita importância para a voz, para a mensagem ou para qualquer outra coisa que não fosse o quanto eu estava incomodada com as barras do meu vestido que agora estavam ensopas ou com a minha burrice em sair totalmente desesperada, despreparada, desarmada e caminhando, seria tão simples se viesse cavalgando e para completar eu acho que errei o caminho.
- Perdida mais uma vez Alexandria...
Era ela, eu iria conseguir me despedir afinal.
- Eu só me perco quando preciso te encontrar não é mesmo.
- Jamais pensei que conseguiria chegar a tempo.
- Estava duvidando também, mas parece que você me achou
- Muito bem, há tempo para um chá?
- Sempre há tempo para você.
- Ótimo, me acompanhe.
Caminhávamos em direção a sua casa que era mais aconchegante do que qualquer quarto em meu castelo, não sei como isso era possível, ela dizia que eram as azaleias e os lírios que cobriam o teto de sua casa que era um pouco a baixo do solo com o telhado recoberto com flores as quais eu já citei, uma janela azul e uma porta da mesma cor e não tinha nada mais do que quatro ambientes, mas era perfeita.
- Entre, vou preparar o chá, descanse um pouco.
Me sentei esperando pelo chá, quando pronto tomamos e conversamos sobre como estava pretendendo seguir viagem, primeiro eu passaria pelo décimo terceiro reino, o mais longe, precisava conversar com seu rei, algo que andava me preocupando muito, mas entre as frases e risadas anasaladas eu percebi que um tom sério e desconfiado pairava na face da ninfa a minha frente, mas eu sabia que se me prolongasse no assunto eu iria me atrasar.
- Estava tudo ótimo, agradeço pela companhia e declaro que agora sei que minha viagem será ótima só pela energia que compartilhamos. Ela deu um sorriso com o canto dos lábios
- Alexandria, antes que parta eu preciso te dizer, te alertar sobre tudo o que está prestes a acontecer, existe um mal Alexandria um mal tão grande capaz de desfazer tudo de bom que existe aqui e em qualquer outro lugar ele está pairando nosso reino, observando e esperando o momento em que finalmente poderá se sobressair, você foi a escolhida para findar tudo o que se prolonga e devasta, pegue isso...
Ela entrega um pergaminho para mim
“Quando a terra e o mar enfim se acabar, você encontrara, não sem o devido auxilio, o ser que um dia nasceu nas margens enfim irá regressar e mais uma vez descoberta será”
Essa era a mensagem contida no pergaminho, deve ser algum tipo e brincadeira.
- Eu já ouvi isso antes, aliás eu já ouvi isso a poucas horas.
- Ela está mais adiantada do que de costume.
- Ela?
- Não posso te dizer mais nada, agora é por sua conta, você deve seguir.
- Confesso que não entendi nada e continuo sem entender tudo o que está acontecendo.
- Na hora certa você vai descobrir, essa é a sua missão, esse é seu destino.
Eu sabia que já estava na hora de partir, então apenas me despedi, agradeci pelo chá e caminhei de volta ao palácio onde a festa ainda continuava e continuaria pelos próximos três dias, mas que acabava ali para mim. Subi até meu quarto onde minha mãe se deslumbrava com a armadura em suas mãos.
- Sua armadura está pronta, você está pronta!
Eu apenas a abracei, sentiria muito sua falta.
-Vamos, vista! Eu quero ser a primeira a ver.
Apenas obedeci e vesti minha armadura rapidamente, era exatamente como eu havia pedido, leve e muito bem planejada.
-Muito bem filha, eu sei que esse é o seu destino.
- Hoje todos estão citando meu destino, eu estou até curiosa para saber que tal destino é esse que todos falam.
- Você vai descobrir.
- Falam isso também. Eu disse com os olhos arregalado arrancando gargalhadas de minha mãe.
Estava na hora de partir e como planejado eu iria de encontro ao décimo terceiro reino, minha tripulação estava toda no navio, eu podia avista-los da janela do meu quarto.
- Está na hora.
- Eu sei, promete que volta logo?
- Mãe, já te disse que sim... depois de alguns anos, quero ficar um tempo sem ver o rosto e as tatuagens que rondam a cabeça sem pelos de Titus.
Rimos e nós direcionamos para o navio, era incrivelmente grande com velas tão brancas se destacando nos mastros de madeira em um marrom intenso, eu subi a bordo e olhei a diante, o mar tão convidativo e o sol que parecia se afundar em todo aquele azul, soube que ali era onde eu iria me encontrar, então acenei para o povo, para minha mãe, olhei mais uma vez para a floresta das ninfas e para a relva em cima das montanhas, eu estava partindo, mas não para sempre, era um “até logo” enfim fitei novamente o horizonte, então o navio começou a navegar, se distanciar do porto de Polis e eu só conseguia fitar o amarelo do sol se misturando ao azul do mar era tudo o que eu precisava, os ventos em meus cabelos os balançando como se fossem penas e é claro que o medo estava me consumindo se olhassem em meus olhos poderiam ver os tons que estremecem minha espinha... Décimo terceiro reino, eu estou a caminho.
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