POV MILLIE
Acordei com a claridade batendo no meu rosto.
Droga, Sadie tinha que escolher logo aquele canto para dormir?
Abrir os olhos com dificuldade, a luz do sol batendo bem no meio do meu rosto não estava ajudando em nada. Demorei alguns segundos para realmente abri-los e perceber que eu estava sozinha no cômodo. Palpitei o colchão onde eu e S havíamos dormido (muito mal por sinal), até finalmente encontrar meu celular.
13:44
— Merda!
Levantei-me rapidamente tentando localizar a minha mochila, precisava está no mínimo com bom hálito antes de encontrar o Finn. Avistei-a de baixo de um amontoado de almofadas e dirigi-me o mais rápido possível para o banheiro, onde lá realizei minhas higienes matinais.
Tentar localizar cinco adolescentes não foi nada difícil, o barulho que meus amigos estavam fazendo certamente iria render uma boa multa de condomínio ao Gaten.
Todos eles estavam na varanda da cobertura, aproveitando a bela tarde de sol na piscina.
— Buongiorno principessa! – Noah disse aproximando-se de mim, claramente fazendo referência ao filme “A vida é bela” que havíamos assistido na última vez que nos encontramos. —Dormiu bem, majestade? – imitou uma reverência muito mal feita, o que me fez rir.
— Bom dia, palhaço. – apontei o dedo do meio para ele elegantemente, imitando uma princesa.
— Nossa, Mi, você acorda todos os dias assim com esse humor maravilhoso? – Ouvi a voz do Gaten atrás de mim.
— Não, só quando eu divido o colchão com uma abóbora chutante! Sadie provavelmente me deixou com hematomas essa noite.
— HEEEEEEEEEEEY! - gritou - Eu não te chutei de noite, deixa de mentir! – Disse Sadie saindo da piscina.
Sink estava vestida com um biquíni cavado vermelho, que destacava ainda mais seu belo corpo e o tom da sua pele. Ela, apesar da pouca diferença de idade ela já apresentava um porte de mulher: quadris largos, peitos grandes, cintura fina. Era realmente uma deusa ruiva.
Eu invejava a autoconfiança que ela tinha, desinibida e sem vergonha de mostrar o que era bonito, mas sem parecer vulgar e oferecida. Ela apenas sabia que era bonita e fazia de tudo para se sentir assim o tempo todo.
Percebi que assim como eu, todos os meninos estavam com os pensamentos e olhares direcionados a mesma pessoa que eu.
S, era realmente de parar qualquer um.
- Vamos, Mi. Você precisa se trocar. – ela me puxou animadamente- Voltamos já, trouxas.
(....)
— NÃO, SADIE! De jeito nenhum que vou usar isso. – Olhei fazendo careta para o biquíni que a ruiva depositava nas mãos. — Eu definitivamente não tenho o SEU corpo para usar esse tipo de coisa, além do mais.. eu nunca teria coragem.
S revirou os olhos. Ela odiava quando eu não me valorizava. Mas fazer o quê? É a mais pura realidade.
— Mulheres gostosas que não percebem que são gostosas me irrita, sabia? – falou jogando o biquíni em mim. — Além do mais, nós estamos em um prédio muito alto, na co-ber-tu-ra! Nenhum paparazzi ou fã vai nos ver, deixa disso Mi. Usa, por favor. – fez fazendo biquinho.
Eu bufei, Sadie sempre consegue o que quer.
— Tá! Eu visto, mas com as minhas condições.
— Já estou vendo que vou ter raiva. – ela me encarou fazendo uma cara séria. — Quais as condições?
— Eu vou vestir uma camisa do Noah por cima. – dei um sorrisinho maléfico, sabia que isso irritaria minha melhor amiga, ela sempre tenta me convencer de como sou linda, e termina me envolvendo em situações assim.
— Eu desisto de você Millie Bobby Brown. – falou com irritação. — Não quero te forçar a nada, mas cara.. não tem nada demais e você é muito gata.
Entrei no banheiro rapidamente antes que ela mudasse de ideia e arrancasse a tshirt das minhas mãos.
— Você sabe que eu te amo, não é? Mas eu não sou como você, eu não me sint..
Fui interrompida com o barulho da porta abrindo. Ouvi abafadamente uma voz que eu conhecia muito bem.
Não acredito que a Sadie o chamou aqui.
Abrir a porta impaciente, encarando uma Sadie com cara de vingativa e o meu melhor amigo de braços cruzados me encarando.
— O que é isso? Um complô?
— Tive que chamar reforços. Noah certamente vai te convencer a deixar de ser besta.
Antes mesmo que ele pudesse falar alguma coisa eu prontamente disse, olhando para meu amig,o que ainda permanecia no mesmo lugar desde que saí do banheiro.
— Nem adianta, eu definitivamente não vou andar sem a camisa. – Noah abriu a boca, sinalizando que iria me rebater. – Shiiiiu, nem fala nada. – Mas aproveitando que o bonde está aqui, eu preciso falar com vocês, e é urgente. Novidades da operação cara de sapo.
Aquele era o código que usamos para nos referirmos ao Finn. Sadie que inventou, referencialmente ao apelido do Mike na série.
— Não me diga que finalmente vocês se resolveram. São cinco anos aguentando suas lamúrias, ninguém aguenta mais – Disse Noah.
— Não! Não foi isso. Mas tenho novidades. Mas é uma looonga história, e não quero correr o risco de alguém nos ouvir. Já imaginou se Caleb ou Gaden soubessem do meu amor platônico pelo Finn? Seria um desastre! – Falei tentando tirar essa imagem da cabeça. — Não, definitivamente não podemos falar aqui. Que tal no meu hotel, hoje? Só nós três.
— Levo comida? – Sadie finalmente se pronunciou.
— E desde quando eu nego comida, meu bem?
(...)
O resto do dia, assim como o outro, foi maravilhoso. Passamos a tarde fazendo briga de galo, guerra de água e competição de quem ficava mais tempo de baixo d’água sem respirar.
O sol já estava se pondo, nos trazendo a realidade que em poucas horas nossas vidas estariam uma loucura.
Sentamo-nos no chão, formando um círculo, cada um enrolado em uma toalha. Felizes por terem tido a sorte de serem amigos. Caleb falava alguma coisa sobre direção e filmagem, ele era muito inteligente, e provavelmente um dia, além de um grande ator, seria também um grande diretor.
Prestando atenção na conversa de Cal, não percebi que Finn tinha saído, e fui surpreendida quando ele apareceu do meu lado com um violão. Fazia muito tempo que eu não o ouvia tocar.
— Eu toco e você canta, tá? Como nos velhos tempos. – Ele falou baixinho no meu ouvido.
Não tinha como negar um pedido assim.
Não dele.
O leve toque dos dedos dele começaram uma melodia que eu sabia muito bem qual era. Thinking Out Loud, uma das minhas músicas favoritas no mundo inteiro.
When your legs don't work like they used to before
And I can't sweep you off of your feet
Will your mouth still remember the taste of my love
Will your eyes still smile from your cheeks*
*(Quando suas pernas não funcionarem como antes
E eu não puder mais te carregar no colo
A sua boca ainda se lembrará do gosto de meu amor?
Os seus olhos ainda sorrirão em suas bochechas?)
Comecei a cantar, olhando aqueles olhos negros que me tiravam de órbita. Quantas foram as vezes que essa música me fez lembrar dele?
Darlin' I will be lovin' you
Till we're seventy
Baby my heart could still fall as hard
At twenty three*
*(Querido, eu te amarei
Até que tenhamos 70 anos
Amor, meu coração ainda se apaixonará tão fácil
Quanto quando tínhamos 23)
Dei um sorriso no canto da boca, ainda cantando.
Como era possível caber tanto amor dentro de uma pessoa? Como ele nunca percebeu todas as vezes em que eu demonstrei meu amor? O mundo inteiro parecia saber, menos ele.
I'm thinkin' bout how
People fall in love in mysterious ways
Maybe just the touch of a hand
Me, I fall in love with you every single day*
*(Estou pensando em como
As pessoas se apaixonam de maneiras misteriosas
Talvez apenas o toque de uma mão
Eu, me apaixono por você a cada dia)
Meus pensamentos foram interrompidos quando todos começaram a cantar comigo. E eu provavelmente estava fazendo uma cara bem trouxa e estranha para o Finn. Corei com a possibilidade de alguém perceber meus sentimentos.
Droga, preciso ser mais.. discreta.
E as horas posteriores foram nesse mesmo ritmo: Finn tocando e todos nós cantando.
Se eu pudesse aquele dia jamais acabaria.
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