História Linhagem de Sangue - (Hiatus) - Vigésimo Primeiro Ato - Culpa!

[…]

– Querida… – Sai sorriu falsamente.

Ellena por outro lado, ficou olhando fixamente para a loira atrás de seu noivo. – És irmã de Lady Sakura, estou correta?

Ino se sobressaltou levemente pela princesa ter dirigido a palavra a si. – S-sim alteza. – Respondeu nervosa.

– Lady Ino...

A loira assentiu embaraçada.

Sai percebeu o embaraço de Ino, e logo tratou de arrumar uma desculpa qualquer. – Lady Ino estava a me ajudar com a procura de livros para meu entreterimento minha senhora, sabes bem como nossa vida pode ser tediosa às vezes.

Ellena sorriu fraco e entrelaçou os braços nos dele. – Bem, já que estou aqui, acho que posso lhe fazer companhia. – Sai lhe deu um sorriso forçado. – Pode retirar-se milady, ele terá a companhia da noiva por agora!

Ino nem ao menos tentou forçar um sorriso, apenas pegou as saias do vestido verde escuro que usava e saiu após uma breve reverência ao casal. Sai viu a loira sair rápida do recinto, e quase suspirou de frustração. – …então querido, que tipo de livros lhe são interessantes? – A morena a seu lado perguntou radiante.

Sai desvencilhou-se da noiva e segurou suas mãos depositando um beijo rápido ali. – Perdão querida, mas acho que já perdi muito tempo aqui. Mais tarde nos falamos… – Dito isso, o homem não esperou resposta da mulher, apenas seguiu a passos largos em direção por onde Ino havia passado.

Ellena sentiu-se frustrada, e logo raivosa. Era certo que seu noivo estava a flertar com a irmã de Sakura, e nem por um minuto desde que chegou ali, viu os olhos do homem brilharem em sua direção. Mas uma coisa era certa, ela iria regir aquele reino com Sai, e nenhuma puta qualquer tomaria seu lugar.

Nenhuma…

…

Sasuke mantinha-se estóico no lugar, enquanto o cheiro de Sakura era a única coisa deixada pra trás naquele corredor.

– Estás a divagar meu irmão? – A voz de Itachi lhe trouxe a realidade lentamente. – Sasuke, tu estás bem?

– Na verdade, não… – Respondeu sem ânimo.

Itachi soltou um suspiro pesado ao irmão. – Então somos dois meu caro.

– Ocorreu algo? – Perguntou o mais novo olhando diretamente para o mais velho agora.

– Não consigo responder-lhe a uma pergunta que nem eu sei a resposta.

Sasuke arqueou uma das sobrancelhas confuso. – És algo com Hinata?

– Tem haver com Sakura também, mas Hinata se recusa a falar sobre o assunto, nem ao menos gosta de tocar no nome da irmã e isso é deveras esquisito para mim.

Sasuke passeou a mão irritadiço sob os cabelos ébano e suspirou. – Vou tentar conversar com Sakura novamente, talvez ela me fal-

– Perca de tempo! – A voz melódica e rouca de Lady Leah, chamou atenção rapidamente dos irmãos Uchihas que a olharam em estranhamento. – Sei bem o porque de Lady Lianna, quer dizer, Hinata como vocês conhecem, estar desapontada com a irmã.

– Então digas de uma vez milady. – Itachi disse afoito.

Desde o baile que sua noiva estava estranha e melancólica, nem ao menos deixava ser tocada por ele. Aquilo era um verdadeiro suplício, ver sua mulher visivelmente triste e abatida e não saber o motivo por tal impropério.

– Lady Hinata tem um passado com vossa majestade o Rei da Inglaterra, assim como eu. – Sua voz era arisca e ambos os cavalheiros notaram. – Lady Sakura fez questão de esfregar meu passado em minha face na frente de todos, mas não contava trazer o da irmã na bagagem. Seria engraçado, se claramente não fosse trágico! – O sarcasmo transbordava por entre suas palavras.

Itachi só processou o fato de Hinata ter tido um caso com o Rei Inglês, e o fato dela o ter escondido isso de si. – Qual é a verdadeira face de Sakura e Hinata Dampierre? – Sasuke pensou alto.

Leah que se divertia internamente com aquilo, pegou uma das mãos de Sasuke e sorriu falsamente. – Creio que milord não gostará muito da verdade…

– Foi exatamente o que ela me disse. – Respondeu olhando em direção por onde Sakura havia passado a alguns minutos atrás. – E talvez, eu deva descobrir!

Aquela afirmação fez a morena olhar em questionamento para Sasuke. – O que farás com a verdade descoberta? – Sasuke soltou-se educadamente da mão da moça e sorriu de canto.

– Darei rumo à minhas escolhas.

…

Sakura sentia-se estranhamente sozinha ali naquele lugar. A côrte certamente lhe recordava coisas que ela gostaria muito tentar esquecer, pelo menos por alguns segundos desde que chegou.

Curiosamente e para sua total infelicidade, somente uma pessoa conseguia fazê-la perder-se por outros pensamentos, mas até mesmo Sasuke depois da última conversa, tem evitado sua companhia, e mesmo sem admitir, sentia muita falta dele.

Queria chorar, como queria transbordar em lágrimas tudo aquilo que a perturbava, mas sentia-se tão desamparada que chorar parecia um luxo inalcançavel para si naquele momento.

– Senhora? – A voz doce da serva de Sasuke lhe tirou rapidamente de seus devaneios.

– Tenten! – Disse sem tentar expressar muito ânimo.

A morena que sempre mantinha seus longos cabelos presos em dois coques firmes na cabeça, reparou que Sakura estava abatida, e todas as pessoas que a ela elogiavam e a rodeavam, pareciam não enxergar o quão perdida e triste ela estava. Com bastante coragem e complacência pela rosada que sempre fora tão boa consigo, ela abaixou em sua frente e tomada pela ousadia, segurou ambas as mãos de Sakura fazendo a mesma lhe olhar confusa.

– Me perdoe pela falta de modos minha senhora mas, queres conversar? – A rosada arregalou os olhos e quase involuntariamente apertou as mãos de Tenten.

– A questão é saber se eu conseguiria falar sem desatar-me a chorar querida. – Sua voz já estava embargada e Tenten não pensou muito, apenas lhe sorriu de maneira tão terna e inocente que Sakura não conseguiu segurar e abraçou-a. – E-eu só queria t-ter sido uma p-pessoa melhor… – Tenten sentiu seu ombro molhar rapidamente e apertou Sakura naquele abraço, lhe passando conforto, mesmo sem entender o porquê.

– Chorar as vezes alivia a dor da alma, então chore minha senhora para que sua dor passe… – Sakura não segurou seus soluços, apenas se deixou levar por aquele carinho de uma serva.

Carinho que não estava encontrando em mais ninguém.

Hinata a odiava, Ino por mais que não admitisse em palavras, sentia o mesmo. Karin apesar de ser uma boa irmã, nunca notou os problemas dos outros para agir, ou pelo menos não gostava de interferir. Sasori estava preso em um mundo só seu, e nem sua noiva conseguia penetra-lo, então à quem recorreria? Seu pai não sabia que ela e Hinata eram diplomatas do Rei Danzou, até porque ele nunca teria aceitado. Ela e Hinata haviam feito uma escolha, agora tinham que arcar com as consequências dessa escolha.

O Barão Hyuuga que por ali passava, não pôde deixar de ouvir o choro sofrido da pequena boneca de Lord No Sabaku, e acarretado de curiosidade, caminhou graciosamente até as damas que estavam abraçadas sem notar-lhe.

– Algo estas a acontecer aqui milady? – Direcionou a palavra diretamente a Sakura, que sobressaltada pelo susto, soltou Tenten imediatamente.

– B-Barão Hyuuga? – Limpou as lágrimas rapidamente.

– Lady Dampierre, sente-se bem?

Sakura sorriu forçada. – Sim milord, estava apenas…

– Chorando no ombro de uma serva qualquer? – Tenten sentiu vontade de revirar os olhos a Neji, mas limitou-se a abaixar a cabeça.

Sakura tensionou a mandíbula sem saber como preceder, e enviado por Deus em sua opinião, Gaara vinha a passos curtos na direção dos três.

– Lord Gaara... – Disse alto para que Neji o notasse também.

Gaara sorriu contido. – Minha senhora estava a procurar-lhe. – Desviou o olhar a jovem ao lado de Sakura e a cumprimentou. – Senhorita Mitsashi...

Tenten sorriu alegre e reverenciou o ruivo. – Milord…

Neji bufou. – Como uma serva se refere a um nobre como se fosse uma dama?! Isto é um ultraje.

Sakura revirou os olhos. – Ultraje é esse vosso preconceito senhor.

– A Escócia é bem liberal ao meu ver, com seus servos. – Retrucou o moreno irritadiço. – Não acho adequado para sua noiva Lord Gaara, ficar chorando no ombro de criadas.

Gaara ignorou o orgulho imbecil de Neji e focou na face avermelhada da noiva, notando os resquícios de lágrimas ali presentes, fazendo Sakura desviar de seu olhar questionador.

– O que aconteceu Sakura? – Perguntou sério.

A mulher tentou sorrir para conforta-lo. – Não fora nada demais meu senhor, o Barão estas a exagerar.

Neji negou com a cabeça. – Vi e ouvi claramente vosso choro milady, fiquei até preocupado.

Gaara olhou feio para Sakura. – Vamos conversar milady, me acompanhe. – Disse passando rápido na direção oposta à dama e Sakura mesmo frustrada, o seguiu deixando Neji a sós com Tenten.

– E tu? O que ainda fazes parada aí?

Tenten suspirou. – Não quero lhe faltar ao respeito senhor, mas eu claramente não sou vossa serva. Portanto, ignore a mim e siga vosso caminho sem represálias por minha causa.

O homem expressou surpresa e irritação pela resposta maldosa da moça, e a pegou pelo braço fortemente. – Quem pensas que és para dirigir-se a um nobre desta forma petulante?

Tenten sentiu seu braço latejar e debateu-se. – Me solte seu bruto!

Neji intensificou o aperto e Tenten gemeu sôfrega. – Da próxima vez que faltar ao respeito comigo, juro por Deus que eu lhe quebro o braço.

Dito isso, soltou a moça e saiu a passos pesados dali. – Grosso! – Exclamou a jovem olhando a silhueta do homem desaparecer por entre os corredores.

…

O badalar do sino anunciando o fim do dia, fez Ino fechar o livro que lia com tanto afinco e fechar as janelas do quarto rapidamente para descer para o jantar.

Toc Toc!

Duas batidas surdas na porta a fez estranhar e caminhar até lá.

Para sua surpresa, ou nem tanto, era o príncipe novamente. – Posso lhe falar?

A loira suspirou cansada e concedeu passagem para que o nobre entrasse. – Em que lhe posso ser útil vossa alteza? – Perguntou sem ânimo.

Sai esperou que Ino o olhasse nos olhos por alguns segundos, antes de se pronunciar. – Não estou aqui para descutirmos novamente milady, apenas gostaria de pedir perdão por minha intromissão em sua vida, e graceja-la com um humilde presente. – Estendeu um fino tecido que recobria o objeto, uma provável jóia.

– Aceito suas desculpas alteza, mas não posso aceitar seu presente. – Declarou firme.

Sai sorriu cansado. – Deixarei aqui, ao menos veja antes de fazer-me tamanha desfeita. – O príncipe curvo-se rapidamente e saiu deixando a loira estagnada atrás.

Talvez vencida pela curiosidade, Ino pegou o tecido e finalmente olhou o colar simples ali repousado. A corrente de prata, assim como o pingente oval que consigo carregava uma foto.

A loira sorriu involuntariamente e beijou o colar. – Obrigada!

…

Gaara estava sério.

Sakura estava chorando novamente. – Não me odeie p-por favor… – Ela suplicou agarrando a camisa do homem.

O ruivo não expressou nada, tudo o que ela havia lhe contado parecia não fazer sentido algum. O rosto angelical, o sorriso doce e cativante…

Tudo teatro! – Vosso pai sabe? – A voz glacial dele, fez a moça sentir-se pior ainda. – Responda!

– Não! – Respondeu firme. – Não, ele não sabe de nada… ninguém além de Hinata e você sabe disso. E por Deus eu lhe imploro, não diga nada à ele.

Gaara suspirou em negação. – O pior é que eu estava gostando verdadeiramente de ti… – Declarou decepcionado.

Sakura sentiu seu coração falhar. – O que quer dizer com isso?

O olhar dele já respondia sua pergunta, e sem dizer ou esperar mais nada, Sakura saiu arrastando seu vestido preto dali.

– Sakura! – Gaara chamou, mas ela não virou e nem parou de andar. – INFERNO!

Do outro lado escutando tudo, estava Leah.

Gaara bufou visivelmente irritado. – Então ela teve coragem de contar-lhe a verdade?! Corajosa Lady Dampierre. – Riu em escárnio. – Julgou a mim, e nem conhecia a cobra que tinha como noiva.

– Cale sua maldita boca! – A voz de Gaara era fria e raivosa, e Leah sabia que não devia mais abrir a sua. – Tu não és diferente. A única coisa que a faz diferente de você, é que ela fez por algo maior.

A mulher não disse nada, e Gaara saiu na direção onde Sakura havia acabado de passar.

A rosada andava completamente sem rumo, enquanto seus olhos transbordavam toda culpa que sentia no peito.

No dia em que o cardeal Tobirama veio até ela e Hinata no monastério a quatro anos atrás, pensou que seria uma honra servir como diplomata a mando do Rei Danzou, mas o tempo se passou, assim como o conhecimento que não tinha no começo.

Hinata sempre fora frígida e talvez aquilo tenha a ajudado, enquanto Sakura sempre doce demais, gentil demais, não conseguia fazer o que lhe era pedido. Sempre pensando com o coração, nunca usava a cabeça…

Pelo menos até aquele dia…

O dia em que tudo mudou, o dia em que matou um homem e fora responsável pela morte de uma rainha.

– Sakura?

– Quero ficar sozinha Karin! – Declarou limpando a face.

Chega de chorar.

– Porque estas a chorar? – A ruiva perguntou apoiando a mão na barriga crescida de grávida.

Sakura fechou os olhos com força e saiu sem nada a dizer a irmã, em direção a sala de jantar. Tudo o que menos desejava agora era lidar com alguém, nem mesmo ela. A única que poderia lhe dar uma luz naquela escuridão, estava sentada ao lado de Itachi completamente silenciosa, enquanto todos a mesa comiam e riam a vontade.

Mal fora notada, e ela agradeceu internamente por aquilo.

Viu Gaara chegar com Leah logo atrás de si, e evitou trocar olhares com ambos. – Boa noite à todos. – A morena disse sorridente.

Falsa! – Sakura disse mentalmente a medida em que Leah tomava um lugar ao lado de Gaara.

Karin tomou seu lugar ao lado de Naruto logo a seguir e juntos olharam preocupados em direção a rosada, que em resposta deixou os talheres caírem sonoramente sobre o prato, chamando atenção de todos.

– Gosta de chamar atenção não é mesmo Lady Sakura? – A voz irritante de Leah fez com que todos olhassem espantados para Sakura, que em resposta levantou-se da mesa.

– Vá para o inferno! – Leah sorriu em escárnio e isso atiçou a fúria contida na mulher.

– Pare de ser infantil milady, esses anos fora em um "monastério" não lhe ensinaram nada? – Sua voz era carregada de sarcasmo.

– E seus anos como puta pessoal, também não lhe ensinaram nada querida? – Aquilo fora a gota d'água para o Rei que escutava tudo atônico.

– Chega! – Declarou fazendo todos olharem em sua direção, menos as duas mulheres que se fuzilavam pelo olhar. – O que diabos está acontecendo com vocês?

Leah sorriu de canto. – Sua querida diplomata que não sabe lidar com a verdade.

Sakura arregalou os olhos e sem muito a pensar, pulou (literalmente) sobre a mesa e agarrou o pescoço de Leah fortemente.

– SUA VADIA! – Lhe estapeou fazendo o pescoço de Leah virar para o lado. – VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO DE DIZER ISTO. NÃO TINHA!

Kakashi só havia processado a parte em que sua filha havia sido diplomata, e sentiu-se completam perdido olhando friamente para o Rei.

Todos estavam chocados demais para dizer ou fazer alguma coisa, exceto Sasuke que tirou Sakura de cima de Leah com muito custo, e Gaara que pegou a outra completamente vermelha no chão.

– SUA BRUTA! – Leah gritou tentando agarrar os cabelos de Sakura, que ofegante era segurada por Sasuke.

A noite estava só começando…