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História Linhas Cruzadas - Capítulo 48


Escrita por: CinaraM

Notas do Autor


Desculpem o sumiço, eu fiquei sem internet...

Capítulo 48 - Crise.

Capítulo 48 - Capítulo 48


Foi insuportável. A coisa toda, cada mísero segundo. Eu passei o tempo todo ao lado do James, John, Finnick e o Cato, apesar de não estarmos muito próximos nos últimos meses porquê eu ainda estava com ciúmes da Isa, naquele momento todas as nossas divergêncas haviam sumido. Eu cheguei a escrever o elogio fúnebre de Annie, mas eu simplesmente travei pra falar, então apenas os meninos fizeram. Inexplicavelmente eu nem consegui chorar, embora sentisse vontade. As lágrimas simplesmente não saiam. Eu fiquei parada o tempo todo ao lado do caixão dela segurando sua mão, assim como os meninos. Nenhum de nós saiu do lado dela. Nem mesmo a mãe de Annie parecia tão devastada como eu, o Finnick e os meninos.

Haviam muitas pessoas do colégio ali e a maioria, por saber da minha proximidade com a Annie veio me cumprimentar. A cada um que dizia "Meus pêsames, eu sei o que você está sentindo." eu tinha vontade de gritar "Não, você não sabe! Agora cala essa boca!" Vi pessoas com quem Annie não tinha a menor intimidade dizerem o quanto sentiriam falta dela, MENTIROSOS! Embora houvessem pessoas ai que eu sabia que estavam verdadeiramente tristes, eu estava com muita raiva do universo e queria socar a todos. Aquilo tudo era tão injusto.

Todos os meninos se despediram de Annie, eu entendi pouca coisa do que eles disseram já que todos estavam chorando e suas vozes estavam um pouco roucas, o pouco que eu entendi só me deu mais vontade de chorar, já que eles relembraram alguns momentos em que estávamos todos juntos, depois cada um deles deu um beijo na testa e um na bochecha dela. O Finnick foi o que demorou mais tempo, repetindo o quanto a amava e que não saberia o que fazer sem ela e beijando seu rosto.

Embora o Finnick e a Annie não se conhecessem há muito tempo, eles se amavam como poucas vezes na vida vi alguém amar outra pessoa. Por ele ela tinha largado as baladas toda noite para conversar com ele pelo skype ou celular, ela não pegava mais várias caras diferentes a cada noite, ela simplesmente estava bem com ele. E eu vi o mesmo acontecer com ele... ele não tinha olhos para mais ninguém desde que se apaixonou por ela. Por vezes eu vi a Carla dando em cima dele e ele recusando, assim como ele recusava as meninas do colégio. Ele amava Annie, tanto quanto cada um de nós ali amávamos, e por isso era como se cada soluço dele doesse em nós também.

O cara disse que eles precisavam fechar o caixão para e eu me desesperei. Ela ia ser enterrada.

- Não, please! - implorei e o cara me olhou com pena.

Eu odiava que me olhassem assim, mas naquele momento eu não me importei. Tudo bem se ele sentisse pena de mim, portanto que ele me desse mais cinco minutos segurando a mão dela.

- Please, please... - implorei.

Ele assentiu e recuou um pouco, com os outros dois caras. Eu agarrei a mão de Annie com todas as minhas forças, pedindo a Deus que ela abrisse os olhos e me xingasse por estar machucando sua mão.

Isso não aconteceu.

- Annie, please... - sussurrei. - I love you, I love you... - repeti vezes seguidas beijando sua testa e sua bochecha.

O cara voltou e eu fui obrigada a soltar Annie, assim como os meninos. Eu gritei pedindo que eles esperassem mais um pouco e os braços de John me envolveram, me deixando contra seu corpo, enquanto o caixão de Annie era fechado. Eu me debati o máximo que pude, mas ele não me soltou e os caras não esperaram.

Eu vi Annie ser enterrada enquanto eu esmurrava o peito de Cato para que ele me soltasse. Eu queria me jogar naquele burraco com ela. Quando meus braços perderam as forças eu agarrei a corrente no meu pescoço, sabendo que Annie havia sido enterrada com a dela. Na parte de trás do pingente dela havia meu nome e no meu o nome dela, e em ambos havia um desenho de pequeno par de asas, porque sempre brincamos dizendo que uma era o anjo particular da outra.

Quando por fim tudo acabou eu e o Finnick nos despedimos dos meninos e da mãe da Annie, pegamos um táxi e voltamos pra casa de Joshua em absoluto silêncio. Nós demos um pequeno sorriso um pro outro quando entramos, eu entrei no meu quarto e ele entrou no quarto de hóspedes.

Parada no centro do meu antigo quarto, eu ainda não coseguia acreditar que havia acabado de chegar do enterro da minha melhor amiga. A imagem de Annie dentro de um caixão veio a minha mente, e eu, cegamente arranquei o abajur que ficava ao lado da minha cama da tomada e o arremessei contra a parede. O som do objeto se partindo não foi o suficiente para me fazer parar. Logo outros objetos tiveram o mesmo destino. Dois porta-retratos, várias da minhas caixas com intens pessoais que ficavam cuidadosamente arrumadas, os travesseiros da cama, os lençóis, até algumas gavetas eu tirei do lugar. Enquanto destruía meu quarto, eu gritava descontroladamente que queria morrer e que aquilo não era justo, mas depois eu mal conseguia ouvir minha voz em meio o barulho de objetos se partindo.

Eu estava destruindo o quarto, mas eu só queria destruir a mim.

Sem mais forças, acabei caindo no chão. Ouvi o barulho da porta sendo aberta com força e braços fortes me envolveram.

- NÃO! - gritei me debatendo.

Eu não queria abraços, não queria que me vissem naquele estado, não queria que cuidassem de mim e me consolassem. Eu só queria ficar ali e esperar que a morte chegasse e me levasse para perto da Annie.

- Katniss, olha pra mim!

Em meio as lágrimas que estavam nos meus olhos e, inexplicavelmente, não haviam caído, eu reconheci os cabelos ruivos e o olhar preocupado.

- Finnick?

Seu abraço se intensificou ao meu redor.

- Isso, sou eu...

- Por que ela me deixou? Por quê? Por quê?

ל

Acordei com um dor de cabeça insuportável. Esforcei-me para sentar na cama, e minha cabeça girou mais com esse pequeno movimento. Eu não me lembrava de ter ido deitar e também não sabia porque haviam curativos em minhas mãos. A única coisa que eu sabia naquele momento é que a dor que consumia era mais que física.

Ignorei a pequena dor que senti quando estiquei o braço para ligar o abajur e fiquei confusa ao constatar que não estava no meu quarto e sim em um dos quartos de hóspedes.

Saí do quarto, disposta a ir procurar um remédio para dor. Passei na porta do quarto de Joshua e parei onde estava ao ouvir vozes vindas do local.

- Temos que esperá-la acordar.

Espiei pela fresta da porta entreaberta para ver quem estava ali: Minha mãe, Joshua e Finnick, que tinha um olhar ligeiramente perdido. Minha mãe e Joshua se entreolhavam. Eu conhecia aquele olhar... Eu o vi inúmeras vezes quando fui presa ou roubei o carro deles. Mas dessa vez havia algo mais... havia pena.

- Esse calmamente é muito forte? - Finnick questionou, visivelmente preocupado. - Digo, ela já está dormindo há muito tempo.

Minha mãe deu um pequeno sorriso.

- Esta tudo bem, não é a primeira vez que precisamos dá-lo à ela. Ela deve acordar daq...

Eu não estava entendendo do que eles estavam falando, mas sabia que era de mim. E por que me deram um calmante?

- Não é a primeira vez? Ela já ficou assim antes?

Joshua suspirou, parecia estar pensando em como responder ao Finnick sem revelar demais.

- Digamos que a Katniss não seja uma pessoa que lide bem com a perda de pessoas que ela ame.

"A perda de pessoas que ela ame." "A perda de pessoas que ela ame." "A perda de pessoas que ela ame." "A perda de de pessoas que ela ame."

A frase ecoou na minha mente á medida que as lembranças me invadiam em uma velocidade assustadora. Acidente da Annie. A morte dela no hospital. Seu enterro horas antes. Eu destruindo meu quarto.

Encostei na parede, levando as mãos a cabeça, a dor estava se intensificando. Eu ainda ouvia a voz deles no quarto, mas não conseguia entender o que estava sendo dito. Respirei fundo e obriguei-me a levantar. Voltei alguns passos até meu quarto e estanquei na porta ao ver seu estado. Estava uma bagunça. Muito vidro espalhado pelo chão, já que eu havia quebrado as duas janelas e o enorme espelho que ocupava quase uma parede inteira. Não era a primeira vez que eu quebrava algo quando estava emocionalmente descontrolada, mas era a primeira vez que eu chegava àquele ponto. Ouvi barulho de porta e a passos rápidos e silenciosos voltei para o quarto de hóspedes onde eu estava mais cedo. Deite-me na cama e fingi dormir. Segundos depois ouvi o barulho da porta sendo aberta e a luz do quarto foi acesa, logo em seguida o colchão afundou um pouco.

- Katniss? - Finnick me chamou. - Ei, Katniss, acorda. - ele mexeu no meu cabelo carinhosamente.

Me remexi na cama, fingindo acordar naquele instante. Pisquei seguidas vezes, como se estivesse me acostumando com a claridade.

- Oi. - falei baixo.

- Você tá legal?

- Minha cabeça está a ponto de explodir.

- Vou buscar um remédio.

Ele saiu do quarto e minutos depois voltou com uma bandeja. Havia um sanduíche, um copo de vitamina, um copo de água e um comprimido.

- Você precisa comer. - ele disse ao ver minha cara feia pro sanduíche.

- Você comeu? - devolvi, sentando-me na cama e ficando apoiada na cabeceira. Ele pôs a bandeja no meu colo.

- Comi. - ele desviou o olhar e eu sabia que ele estava mentindo. Ele tirou algo do bolso e me deu, meu celular. - Achei no seu quarto.

O vidro estava um pouco rachado, eu provavelmente o arremessei contra a parede também.

Desbloqueei o celular e vi que haviam inúmeras mensagens e mais de quinze ligações perdidas do Kauã, haviam algumas mensagens do meu pai também. Digitei uma resposta rápida pro Kauã, dizendo apenas que estava bem e que depois ligaria para ele.

- Não conte a niguém, por favor. - pedi.

- O quê?

- Não conte à ninguém sobre minha crise, nem mesmo o Kauã e o Peeta.

- Katniss...

- Por favor, Finnick, eu não quero que eles sintam mais pena do que já devem estar sentindo. - ele ficou em silêncio por um tempo, parecia estar ponderando minhas palavras, então assentiu. - You promisse?

- I promisse, portanto que você se comporte.

Eu sorri percebendo o quanto ele estava sendo incrível. Seu rosto ainda estava vermelho e os olhos inchados pelo choro, mas ele estava ali cuidando de mim. Ele ficou ali até que eu tomasse toda a vitamina de morango e eu agradeci pelo fato dele não ter feito perguntas sobre minha crise.

Por mais que eu tentasse eu não conseguia dormir. Peguei o celular e olhei a hora, bufei ao perceber que haviam se passado apenas vinte minutos desde que Finnick havia saído do meu quarto.

Eu queria que o tempo voasse e com ele a minha dor.

No dia que voltamos pro Brasil os meninos foram ao aeroporto conosco e despediram-se prometendo passar as férias no Brasil, o que me fez sorrir verdadeiramente em dias. Sentia falta de tê-los por perto.

ל

A campainha tocou e eu desci correndo para atender, era o Kauã. Eu pulei nos seus braços assim que o vi. Ele entendeu que eu não queria falar nada e não ficou me fazendo perguntas, o abraço dele era o suficiente pra mim. Nós entramos e nos sentamos no sofá, peguei uma almofada e pus no colo do Kauã, deitando minha cabeça ali. Ele ficou fazendo carinho no meu cabelo por um bom tempo.

- Você já comeu alguma coisa hoje? - ele perguntou calmamente e respondi um "não" quase inaudível. - Você quer que eu faça algo pra você? - murmurrei outro não e o ouvi rir. - Foi uma pergunta retórica, você precisa comer.

Ele me fez levantar e me levou até a cozinha, eu puxei uma cadeira e sentei. Ele foi até a geladeira sem cerimônia alguma.

- Vou fazer um sanduíche. - ele anunciou e eu não respondi.

Ele preparou dois sanduíches do jeito que eu gostava e pegou um copo grande de fanta.

- Come. - ele pediu e eu fiz que não com a cabeça. - Katniss, você tá com o olho fundo, cheia de olheiras, já que você não está dormindo ao menos coma.

- Kauã...

- Por favor Katniss, por mim, tenta comer.

Ele sorriu e eu comi um dos sanduíches, e tomei um pouco de refrigerante.

- Come o outro também.

- Não consigo.

Ele suspirou.

- Tudo bem, ao menos um você comeu. Mas me promete que vai comer depois?

- Eu vou tentar.

- Tudo bem, vou deixar no microondas.

Ele pôs o outro sanduíche no microondas e nós voltamos pra sala.

- Você vai à aula segunda?

- I don't know.

Eu me deitei novamente com a cabeça no seu colo e ficamos assim por um tempo, ele puxou uns assuntos leves para me distrair e eu agradeci a Deus por tê-lo em minha vida. Por volta das 17h00 ele foi embora, logo em seguida minha mãe chegou. Ela preparou o jantar, mas eu não conseguia comer, então simplesmente subi pro quarto. Quase uma hora depois minha mãe bateu na porta e entrou antes que eu respondesse.

- Você se incomoda que eu saia com o Max? Eu posso ficar lhe fazendo companhia se prefeir.

- Não mom, divirta-se!

- Tem certeza?

Eu assenti e ela sorriu antes de sair do quarto. Peguei um livro e tentei ler, mas tudo que eu conseguia enxergar eram palavras embaralhadas, então deixei o livro de lado. Meu celular tocou, Kauã.

- Me diga que já comeu seu sanduíche. - eu ri. - Estou falando sério, já comeu?

- Claro.

- Mentirosa, desce e come. Vou ficar no celular com você enquanto isso, põe no viva voz ou põe um fone.

Na segunda-feira eu fui à aula, quando cheguei vi o Kauã no pátio com umas meninas, ele sorriu ao me ver e mandou beijo, eu mandei de volta e fui pra sala. Uns dez minutos depois o Kauã apareceu e se sentou ao meu lado. Deitei a cabeça no ombro dele e ele passou o braço pelo meu ombro e ficou alisando meu ombro. Um pouco depois o sinal tocou e o pessoal começou a entrar, o Peeta entrou por último, mexendo distraídamente no celular. Só depois que ele se sentou ele me viu e sorriu, ele ia vir falar comigo quando a coordenadora entrou na sala avisando que era pra irmos pro auditório, eu e o Kauã pegamos nossas mochilas e esperamos que a maior parte das pessoas saíssem da sala para sairmos.

- Eu posso falar com você? - Peeta se aproximou calmamente.

O Kauã estava ao meu lado e encarou o Peeta por alguns instantes antes de se virar pra mim.

- Vou guardar lugar pra você.

Ele pegou minha mochila e saiu da sala, encarei o Peeta.

- Como você está?

- My best friend is dead, como eu posso estar? - respondi automaticamente e respirei fundo ao perceber que eu havia sido muito grossa. - Foi mal, não é nada com você.

- Foi uma pergunta meio idiota. Eu queria conversar com você.

- Não leve a mal, mas eu não estou com cabeça, Peeta.

- Tudo bem, eu vou esperar até que esteja melhor e então nós conversamos. - ele deu um sorriso leve, eu forcei um sorriso de volta e saí da sala.

Já havia quase duas horas que eu estava sentada na varanda olhando pro nada quando eu comecei a ver as fotos do meu celular. Haviam muitas da viagem de férias. Annie e Finnick na praia sorrindo, Annie e Finnick fazendo careta, nós três juntos, um vídeo do Finnick me jogando no mar, fotos de quando fomos conhecer a cidade, fotos da noite que eu ajudei Annie a pintar o rosto do Finnick depois que ele dormiu. Eu sorri me lembrando daquilo, mas logo em seguida tive vontade chorar. Ainda era 21h00 e eu sabia que só havia uma coisa capaz de me distrair naquele momento. Tomei um banho rápido e peguei um vestido preto no armário, pus um salto preto também e fiz uma maquiagem forte. Procurei pela minha identidade falsa e a pus na carteira junto com um dinheiro, soltei o cabelo e estava pronta. Fui até o quarto da minha mãe.

- Eu vou dar uma volta, tá? - falei da porta.

- Uma volta? - ela me analisou, vendo como eu estava maquiada.

- É mom, uma volta. Eu quero me distrair.

- Tudo bem, você precisa mesmo se distrair! - ela sorriu pra mim e eu sorri de volta, fechando a porta do seu quarto em seguida.

"E que jeito melhor do que uma balada e álcool?"

 


Notas Finais


Vou tentar responder aos comentários ainda hoje. Sei que odiaram a morte dela, mas foi necessário. Sorry.


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