1. Spirit Fanfics >
  2. Linhas Cruzadas >
  3. Capítulo 50

História Linhas Cruzadas - Capítulo 50


Escrita por: CinaraM

Capítulo 50 - Capítulo 50


Eu pulei da cama em um susto, fazendo o cara ao meu lado acordar resmungando. João. Ele sorriu ao me ver. 

- Bom dia! - ele sorriu.

- Bom dia! - respondi desconfiada. 

- Que cara é essa? Não lembra de ontem? - ele se sentou na cama. Eu fiz que não com a cabeça, ainda confusa. - Faz uma forcinha. - ele riu. 

Eu fechei os olhos, tentando recapitular a noite anterior. Flashes invadiram minha mente. Ecstasy. A gente na pista de dança, depois em um canto qualquer da boate se beijando. Muita bebida. Depois ele me colocando deitada na cama e sussurrando algo antes de tirar minha sandália e me cobrir.

- Nós não transamos? - perguntei surpresa. Ele riu. Pelo menos mais da metade dos caras que eu conhecia teriam se aproveitado do fato de que eu estava bêbada e teriam transado comigo.

- Tá achando que eu me aproveito de garotas bêbadas e drogadas? - ele se levantou da cama. - Olha pra você, ainda tá vestida. E eu também. Você ficou drogada demais pra lembrar seu endereço e eu te trouxe pra cá. 

Eu o agradeci mentalmente, se minha mãe me visse drogada ela teria um ataque histérico. 

- Thank you. 

- Quantos anos você tem?

- Dezenove.

- Ainda bem que não dei drogas pra uma criança. - ele riu. 

"A criança aqui já usou drogas que você nem imagina."

- Você pode chamar um táxi pra mim? 

- Eu te levaria, mas tenho que trabalhar daqui a pouco. - ele fez careta. 

- Tudo bem, só chama o táxi.

Eu ajeitei minha roupa e peguei meu celular e minha bolsa, ele desceu comigo quando o táxi chegou. 

- Eu te vejo? - ele perguntou. 

- Talvez. - sorri o beijei. - Obrigada. 

Quando cheguei em casa minha mãe não estava mais e eu dei graças a Deus por isso, teria tempo para inventar uma desculpa pra ela. 

Eu tomei um banho, liguei o ar e deitei. Meu celular tocou e eu me recusei a levantar para atender, então pus um travesseiro na cabeça e virei pro canto para dormir. Acordei quase 17h00, não sentia mais tanta dor de cabeça e comecei a pensar em pra onde eu iria aquela noite. Preparei o jantar e tentei comer, mas eu não conseguia. Nos últimos dias eu quase não comia nada, eu passava mais tempo bebendo. Minha mãe chegou quando eu estava terminando de limpar a cozinha. 

- Onde você dormiu essa noite?

- Na casa do Rafael. - dei de ombros, mentindo descaradamente. 

- Vai sair hoje?

- Maybe.

Enquanto ela jantava eu subi pro meu quarto e procurei uma roupa pra sair aquela noite. Peguei uma saia de cintura alta de couro e uma blusa azul de seda, peguei um salto preto e separei também alguns acessórios. Peguei meu celular e vi que haviam mensagens dos meninos perguntando como eu estava e duas ligações perdidas do Peeta, respondi os meninos e pus o celular de lado. Eu sabia que o Peeta queria conversar comigo, mas fosse lá o que fosse, podia esperar.

Eu esperei dar 21h00 e fui tomar um banho, me arrumei com a roupa que havia separado e chamei um táxi. Fiquei no quarto olhando da varanda e esperando, assim que ele chegou eu desci. 

Eu procurei pelo João assim que cheguei à boate, ele tinha o que eu precisava pra me distrair.

Ao invés do ecstasy novamente, eu preferi a anfetamina, porque eu sabia que ela dava uma sensação de bem-estar maior. Tomei uma e deixei uma na minha bolsa antes de começar a beber, eu sabia que quando o efeito passasse eu provavelmente iria querer outra. Esse é o lado ruim da anfetamina. Vinte minutos depois eu fui pra pista de dança. Um pouco depois o João apareceu e começou a dançar comigo. Por volta das 3h00 da manhã eu já estava quase fora de mim. Parei um pouco e sentei, João sentou ao meu lado. 

- Você quer mais alguma coisa? - João me perguntou. 

- Não, eu acho que ela já bebeu o suficiente por hoje. - ouvi uma voz atrás de mim e virei-me. Gale. 

- Gale! - sorri. - Não seja boring, a noite só está começando.

- Não, já são três da manhã, a sua noite está terminando. 

- Não, eu quero ficar.

- Katniss, vem comigo. - ele segurou minha mão. 

- Aí cara, ela disse que quer ficar, solta ela. 

- Você sabia que ela é menor de idade? - Gale respondeu irritado. - Acho que a mãe dela não quer que ela fique aqui. Então sim, ela vem comigo. 

O João me encarou, provavelmente esperando que eu negasse que era menor de idade, eu fiquei quieta, não ia desmentir o Gale. Eu sentia minha cabeça girando pelas drogas e as bebidas, então não reclamei quando o Thigo pegou minha comanda e me tirou de lá. 

Ele me colocou no carro dele e fechou o cinto em mim. 

Quando acordei no meio da tarde no dia seguinte eu sabia que não estava na minha cama. Perdi aula de novo, foi o que eu pensei ao abrir os olhos. Meu corpo doía e eu me forcei a sentar na cama.

- Você se drogou, não é? - Gale perguntou, eu me assustei um pouco com o tom da sua voz.

- Why?

- Responde Katniss. Você se drogou? 

- Não importa. 

- Eu te fiz alguma coisa pra você falar assim comigo? 

- Você só disse que estava afim de mim e depois simplesmente sumiu. - respondi irritada, ele veio até mim e se sentou na ponta da cama. 

- Foi mal. Eu soube da sua amiga, fui à sua casa ontem pra te ver e sua mãe disse que você tinha saído.

- Eu precisava me distrair.

- Se drogando?

- E por quê não?

- Porque isso vai acabar com você.

- Ah, Gale, please!

- Toma um banho que eu vou te levar pra casa. 

Normalmente eu discutiria com ele, mas eu não estava bem para discutir. Sentia-me deprimida e sabia que isso era um dos efeitos colaterais da droga. Me arrastei até o banheiro e sentei no chão enquanto a água caia em mim. Imagens de Annie no caixão vieram a minha mente e eu levantei imediatamente, terminei o banho e me vesti. O Gale e eu fomos todo o caminho até a minha casa em absoluto silêncio. 

- Se cuida, Katniss. - ele parou no meu portão.

- Você vai sumir de novo?

- Não pretendo, mas não vou ficar assistindo você se drogando. 

- Gale! - resmunguei.

- Existem formas melhores de lidar com a dor do que usando drogas. 

"Não pra mim." 

- Eu decido isso, obrigada por me trazer. 

Em um gesto automático lhe dei um beijo antes de sair do carro. Eu me senti mal durante boa parte do dia, tanto no sentido emocinal quanto no físico. Meu organismo não estava mais acostumado com drogas. À noite eu só tinha vontade de continuar na cama, mas me obriguei a levantar. Eu precisava falar com o João.

Pus um vestido branco e um salto da mesma cor, deixei o cabelo solto e peguei minha carteira antes de descer, minha mãe estava na sala. 

- Vai sair?

- Yeah. 

- Você não vai faltar amanhã também, não é?

- No, bye. 

Eu faltei dois dias seguidos, o que significava que o Kauã devia estar muito irritado comigo. Peguei meu celular pela primeira vez no dia. Cinco ligações perdidas do Kauã, três mensagens perguntando se eu ainda estava viva. Retornei a ligação. 

- Que porra você tem na cabeça que te impede de te atender esse caralho? - ele disse assim que atendeu.

- Ressaca. 

- Que porra, Katniss! Eu fiquei preocupado. 

- Sorry.

- Não falte amanhã.

- Okay.

- Se você faltar eu vou te tirar da cama de pijama e te arrastar pro colégio. 

Eu ri e desliguei, liguei pro táxi e me sentei em uma mesinha na pracinha. 

- Katniss? - ouvi a voz do Peeta se aproximando.

- Hi.

- Você faltou hoje, fiquei preocupado.

- Perdi a hora.

- Ah. - ele disse. - Você está bem? - ele se aproximou mais de mim até ficar na minha frente e tocou minha bochecha. 

- Yeah.

Seu rosto estava tão próximo do meu que eu podia sentir sua respiração, então sem pensar em mais nada eu o puxei pra mim e o beijei. Suas mãos envolveram meu rosto me impedindo de me soltar.

Como se eu quisesse!

Pela primeira vez desde a morte de Annie, sem precisar de drogas ou bebidas, eu me senti realmente bem. 

- Meu Deus, que saudade! - ele sussurrou.

Eu sorri e o beijei novamente, desejando lhe mostrar através daquele beijo que eu estava com tanta saudades quanto ele.

Ouvi barulho de carro e me soltei dele, era meu táxi. 

- Preciso ir. - o empurrei levemente para afastar-me, ele segurou minha mão. 

- Você me beija e vai embora?

- Não foi a primeira vez que nos beijamos.

Ele riu. 

- Eu espero que não seja a última. 

- Eu também. - disse automaticamente e ele sorriu. 

"Cala a porra da boca Katniss!"

- Bye, bom moço! - eu lhe dei um selinho e corri até o táxi. 

Assim como na noite anterior eu fui direto procurar pelo João, eu o encontrei no bar. 

- Hey? - chamei e ele virou-se pra mim. Normalmente ele sorri ao me ver, dessa vez ele ficou sério. 

- Você é menor de idade?

- A gente tem que conversar aqui?

Ele disse algo pro outro barman e deu a volta. 

- Vem.

Ele me guiou até o canto onde havíamos ficado na noite anterior.

- Você é menor de idade?

- Yes.

- Por que não me disse?

- Eu nunca digo.

- Eu te dei drogas. - ele rosnou.

- Não foi a primeira vez que eu usei.

- Mas foi a primeira vez que eu dei drogas pra uma menor de idade porra. 

- Foi mal. 

- Eu acho melhor você não me procurar mais. 

- What? Só por que sou menor de idade?

- Por isso também. Você é gata pra caralho e muito gostosa, pra mim é muito fácil ficar com você, mas pelo que eu vi ontem você é problema. E eu já tenho o suficiente. 

Eu parei processando suas palavras. Eu nunca havia ouvido nada assim. 

- Okay. 

Eu virei as costas e fui embora, entrei em casa sem fazer barulho e vi minha mãe no celular.

- Eu estou com medo do que ela pode fazer... Eu não sei... Ela não fala no assunto, você
sabe como ela é... Eu estou com medo que ela faça as mesmas coisas de quando Liam e Lauren... 

Fiz barulho na porta propositalmente para que minha mãe achasse que eu havia acabado de entrar. Ela virou-se pra mim assutada. 

- Minha filha chegou, depois conversamos Max, beijo. 

Eu sabia que não era o Max, ele não sabia sobre Liam e Lauren, minha mãe não contava pra ninguém sobre aquilo. Fingi meu melhor sorriso. 

- Hi mom, eu vou subir, estou cansada. 

Eu subi e troquei de roupa, sentei na varanda e lembrei-me do Peeta. Os poucos minutos que eu havia passado com ele foram os melhores os últimos dias. Peguei meu celular e rolei a lista de contatos, pensando se deveria ou não ligar pra ele. Por fim decidi não ligar. Desci e minha mãe não estava mais na sala, tomei um copo de suco e voltei pro quarto. 

Deitei e dormi rapidamente, o meu corpo estava cansado. No dia seguinte eu me obriguei a levantar-me da cama, lembrando das palavras do Kauã. Tomei um banho frio e me arrumei, deixei o cabelo solto depois de fazer uma maquiagem leve e desci, minha mãe não estava, mas meu café estava pronto. Eu ainda não estava conseguindo comer muito, então peguei uma maçã. Lembrei-me do Kauã dizendo que eu precisava me concentrar nas aulas, então peguei minha garrafinha de água e pus Red label com energético, coloquei na minha mochila e saí. 

Quando cheguei na escola fui direto pra sala, um pouco depois o Kauã chegou. 

- Eu estava pensando que ia ter que ir te buscar. - ele riu.

- Como você é engraçadinho.

- Não estou brincando. - ele deu de ombros e se sentou. 

Logo em seguida a professora chegou e começou a aula. Peguei minha garrafinha na mochila e bebi um pouco. 

- O que é isso? - Kauã questionou.

- Remédio. - dei de ombros, tentando ignorar o fato de estar mentindo pro Kauã

- Pra quê?

- Ajudar na concentração. 

- Ah.

O Peeta faltou aquele dia, o que foi estranho já que ele nunca faltava. Depois da aula eu fui pra casa e passei o dia jogada no sofá assistindo a filmes de terror. 

Na sexta-feira na escola eu me dei conta de quê não havia visto o Finnick nenhum dia durante toda a semana. Ele não havia aparecido na escola e nem esteve na pracinha com o Peeta e considerando que ao menos uma ou duas vezes por semana eles jogavam bola juntos, aquilo era estranho. Depois da escola passei na casa dele, pois eu fiquei preocupada, toquei a campainha e ele veio atender. 

Eu me assustei ao vê-lo, não lembrava em nada o garoto que eu conheci na praia e convivi durante todo aquele tempo. 

Pela primeira vez eu o vi de barba, seu cabelo estava grande e sem corte, seus olhos estavam fundos e haviam muitas olheiras, sem contar nas marcas de lágrimas pelo seu rosto que estava incrivelmente vermelho. 

Eu o abracei imediatamente, entendendo seu sofrimento. Por dentro eu estava como ele. Esse era o efeito de perder Annie.

ל

Já eram quase 22h00 e eu estava entendiada, então liguei pro Diego e peguei novamente o endereço que ele havia me dado uns meses antes. Eu não queria correr, precisava de algo que eu sabia que encontraria lá. Pus um short jeans e uma bota preta de salto, uma blusa cinza, fiz uma maquiagem forte, deixei o cabelo solto e pus alguns acessórios. 

Quando desci minha mãe não estava em casa, saí no portão e fiquei esperando pelo táxi que chegou logo. Dei o endereço ao motorista e ele me olhou sério.

- Menina, tem certeza? É uma área perigosa. 

- Yeah, eu tenho. 

O caminho durou uma hora até o táxi parar, paguei e saí do carro. 

- Olha olha, quem e vivo sempre aparece. - ouvi uma voz e virei para olhar. 

Eu me lembrava dele, lembrava dele ter ficado com ele, mas não do seu nome. O encarei. 

- Marvel, caso não se lembre. 

- Katniss. 

- Eu não esqueci. - ele sorriu.

- Não me diga que pensou em mim nos últimos months.

- Eu não esqueci do seu cabelo roxo. 

Eu ri e ele também. 

- Vai correr?

- Na verdade eu vim atrás de outra coisa. 

- Tipo?

- Droga.

- O quê?

- You heard me.

- Não vou deixar uma menor de idade se drogar. 

- Um monte de pessoas aqui são menores de idade.

- Mas eu não acho que elas sejam tão lindas quanto você. - ele deu de ombros e eu ri antes de me afastar.

Andei por um tempo e parei pra comprar uma cerveja e o cara me ofereceu "algo mais eficaz", lembrei-me dele da outra vez em que estive ali e ele me ofereceu. Eu aceitei prontamente e pedi dois ecstasys e um LSD.

Eu estava a ponto de ingerir o primeiro comprimido quando o mesmo foi arrancado da minha mão. 

- Eu disse pra você não fazer isso.

- Sai daqui, Marvel! Você não é nada meu.

- Não sou mesmo, nesse momento eu sou só um cara que vai te impedir de fazer merda.

- Don't touch me!

- Eu não tenho paciência com criança, então vem logo comigo.

A minha diferença de força com o Marvel era imensa, então sem a menor dificuldade ele me arrastou até seu carro e me pôs sentada em cima do capô e pegou seu celular. 

- O que você tá fazendo? 

- Procurando o número do Diego. 

- Não, please! - segurei sua mão. - Ele vai me levar pra casa.

- Essa é a intenção.

- Please. - pedi novamente, forçando meu sorriso mais convincente. Ele suspirou e pôs o celular no bolso.

- Por quê você ia se drogar?

- Pra esquecer.

- De quê?

- Da morte da minha melhor amiga. - respondi irritada. 

- Acha que se drogar resolve?

- Ficar sóbria também não.

Ele desviou o olhar, e eu soube naquele momento que ele entendia o que eu queria dizer. 

- Entra no carro. 

- What?

- Entra no carro, vou te levar pra casa.

- Eu não quero ir. 

- Ou você entra nesse carro e me diz a porra do teu endereço ou eu ligo pro Diego. 

Ligar pro Diego seria pior, ele me daria uma bronca. Suspirei irritada e entrei no carro e disse à ele meu endereço. Ele parecia conhecer bem o caminho e por ser bem tarde não havia trânsito, então foi bem rápido. Ele parou na minha casa, eu abri a porta do carro pra sair mas ele me segurou. 

- Eu te trouxe porque é melhor. 

- Shut up! 

- Vou calar, mas a sua. 

Ele me beijou de leve, como se perguntasse se podia continuar. 

- Idiota! - sussurrei antes de aprofundar o beijo. 

Nós ficamos no portão da minha casa por uns vinte minutos e depois ele foi embora. 

Eu me joguei na cama e logo peguei no sono.

Acordei atrasada no dia seguinte, minha maquiagem estava borrada e minha roupa totalmente amassada. Corri pro banheiro e tomei um banho rápido, me arrumei rapidamente e sentei na cama. Eu não queria ir pra escola, eu não queria fazer nada na verdade. Subitamente eu me lembrei dos comprimidos que comprei na noite anterior, eu comprei três, um o Marvel tomou de mim e jogou fora, dois ainda estavam no meu bolso. Corri até o meu short, os comprimidos ainda estavam lá. Peguei os dois e pus na minha mochila, desci e passei na cozinha para pegar minha garrafinha de Red Label com energético, todo dia eu a levo pra escola. 

Cheguei no colégio e fui direto pra sala, peguei minha garrafinha da mochila e um compromido, o engoli com um gole da minha bebida. Quase entrei em pânico ao perceber que ao invés do ecstasy eu havia ingerido o LSD. Eu queria tomar o ecstasy porque me ajudaria a ter ânimo, mas o LSD era alucinógeno. O colégio era um péssimo local para ingerí-lo. 

- Dá licença. - ouvi a voz do Kauã. Antes que eu pudesse pensar ele pegou a garrafinha da minha mão e bebeu um gole. - Remédio legal esse. 

- Ah Kauã! - peguei a garrafinha da mão dele.

- Você tá maluca, Katniss? Bebendo na escola? Já pensou se te pegam? 

- Me expulsam. - respondi como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

- E você acha legal?

- Deixa de ser chato.

Eu dei de ombros e bebi mais um pouco. 

- Puta que pariu, Katniss, para de beber essa porra!

- Você não manda em mim. 

- Eu não quero mandar em você, eu só estou querendo ajudar. 

- Não ajude, então. Não faça nada. 

- É claro que eu vou fazer, eu sou seu amigo, sua irresponsável. 

- Então esquece que eu existo. - bati na mesa, irritada. - Esquece que eu preciso de ajuda! Eu não preciso de ninguém agindo como minha babá, então some da minha vida.

Eu me arrependi no momento em que terminei de proferir tais palavras. Ele me olhou incrédulo. Me levantei para ir até ele e ele recuou dois passos pra trás. 

- Kauã. - chamei me levantando. 

Ele recuou dois passos pra trás. 

- Fica longe, Katniss!

Ele saiu da sala e eu me sentei novamente, enquanto me xingava mentalmente. Um pouco depois o sinal tocou e o pessoal entrou na sala. Kauã entrou também, mas ele nem me olhou, simplesmente pegou sua mochila e se sentou em outro lugar. Eu quis ir até lá e me desculpar, mas senti o LSD começando a fazer efeito. Finnick entrou também e sorriu pra mim, eu havia o incentivado a voltar a frequentar as aulas, seu rosto estava bem menos vermelho e as olheiras haviam diminuído consideravelmente, mas ele ainda estava abatido, sorri de volta pra ele e ele se sentou. Respirei fundo, me sentindo melhor e tentei prestar atenção na aula, o que foi em vão. Durante a aula acabei tomando tudo que ainda restava na minha garrafinha.

O sinal do intervalo tocou e o Kauã saiu da sala sem olhar pra trás, eu imaginei que ele estaria mais calmo, mas me enganei. Levantei-me rapidamente.

- Ei, Katniss? - Peeta me chamou, virei-me para ele.

- Hi bom moço. 

- A gente pode conversar agora?

- Of course. 

- Te espero lá em baixo. - Finnick disse e saiu da sala. 

Me encostei na mesa dos professores, tentando parecer o mais normal possível. 

- Você tá legal?

- Yeah. 

- Já tem um tempo que eu quero conversar com você, mas muita coisa aconteceu. Eu nem sei por onde começar a falar. - ele fez uma careta e suspirou. - Eu terminei com a Delly, terminei no dia que nos beijamos na sala. Eu fui um idiota quando você me contou sobre Londres, eu fui idiota na maior parte do tempo desde que nos conhecemos, e eu sei que a gente tem um monte de problema, todo mundo tem... Enfim, o que eu tô querendo dizer é que eu te amo. Eu ainda sou completamente louco por você. Volta pra mim?

Eu tentei permanecer séria e dar uma resposta à ele, tentei dizer que sim e pular nos seus braços. Me aproximei um pouco dele e toquei seu maxilar, ele sorriu pra mim. Semicerrei os olhos quando seu rosto começou a tomar formas diferentes e confusas, vi sua boca se mover quando ele disse algo que eu não pude entender. Fechei os olhos ao sentir a mão do Peeta na minha e tentei encontrar palavras para dizer que o amava. Mas ao abrir a boca o que saiu foi uma grande gargalhada. 

Peeta soltou minha mão bruscamente, como se minha mão queimasse a sua e me olhou como se eu fosse a pior pessoa do mundo antes de sair da sala batendo a porta.


Notas Finais


Sei que todos estão odiando a Kat agora, mas tentem entendê-la... Perder a Annie foi complicado demais. Volto meio de semana, beijos!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...