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História Lírio - Tecer ou morrer?


Escrita por: Maiakl

Notas do Autor


Para Vitória, que não me deixou escrever uma palavra sem encher meu saco. Amo você, vadia.

Capítulo 14 - Tecer ou morrer?


Fanfic / Fanfiction Lírio - Tecer ou morrer?


- Então é só entrar e pegar o livro?- Perguntei.
- Se estiver lá.- Freya disse.
- Claro que está lá.- Indagou Cassian. 
- E como diabos você sabe que eu vou conseguir achar esse livro? - Falei direcionado meu olhar para Cassian. 
- Ah querida, Aelin, você saberá. 
Bufei resmungando e sentei no sofá ao lado de Morgan que estava tranquila lixando as unhas. 
O livro de feitiços mais poderoso que já existiu, Cassian disse que está com a Tecelã a muito tempo, e que talvez, isso seja só um mito. 
Eu vou arriscar meu pescoço por causa de um mito! Porcaria. Ele tem muito mais chances que eu, será que não poderia pelo menos roubar um objeto simples? 
Recebemos notícia de um abate em uma vila próxima a corte da primavera, ele trucidou todos, tinha crianças lá. Que tipo de mostro é esse que estamos lidando? 
Uma armadura feita de pele de dragão cobria cada centímetro do meu corpo. Bom, se fosse para morrer, pelo menos ia dificultar o processo. 
- Certo, qual é o plano?
- Você entrar, pegar o livro, e permanecer respirando.- Cassian respondeu. 
- Você fala como se fosse fácil.- Falei trançando meu cabelo. 
- Não vai ser fácil, ela é um demônio.
Pulei quando Aaron falou, e me dei conta que era a primeira vez que ele abrira a boca. 
- Não coloque medo na menina, Ron!- Freya exclamou -Não tem nada para se preocupar, Cass não vai deixar ela machucar você. 
O Grã-lider deu de ombros e se colocou na minha frente. 
- Você sempre pode desistir.- Ele disse. 
Todas aquelas crianças...
Mexi a cabeça. 
- Nem pensar. 
                          ••
Cassian nos levou até um pântano nojento e molhado, muito molhado. 
Enquanto andávamos lada a lado em silêncio o único foco que eu tinha era de não me atolar na lama escura e densa. 
Paramos atrás de algumas árvores quando avistamos a casa.
Ela era simples e sua tinta que um dia fora verde musgo estava descascando, janelas com barras de ferro mandava uma mensagem clara: Não se aproxime. 
- Cuidado. 
Me virei para a voz que estava jorrando sinceridade em uma só palavra. 
- Meu nome do meio.- Pisquei para ele. 
- Só pegue e corra para fora, estarei aqui. 
Assenti e segui na frente antes que perdesse a coragem. 
A porta estava aberta e empurrei suavemente rezando para não zunir, mas a porta estava terrivelmente silenciosa. Como
Um túmulo deveria ser. 

Não pense essas coisas, Aelin.   
A casa só tinha um cômodo e uma velha de cabelos longos estava tecendo em uma roca de madeira e murmurando algumas palavras sem sentido. 
Que abrem-se os olhos de minha alma,
que vejam os horrores da escuridão à noite,
Que ouçam bem os meus ouvidos,
porque ouviram os gritos do desespero.

Tentei não dar ouvidos a velha e comecei e me virar para procurar o livro.
Venha sobre mim o vento da madrugada,
E me encubra com seu mistério,
E quando estiver na amarga solidão,
O medo me prenda ao seu segredo.

Tinha tantas velharias na sala que foi difícil me locomover e quase tropecei em um baú de ouro maciço. 
 Senti um pequeno toque no meu ombro e quase ouvi alguém sussurrar atrás de mim: Estou aqui.  
Me virei e vi, em uma estante quase caindo, estava uma pilha de livros com folhas amareladas. 
Calam-se as vozes da coragem,
Gritem o mais alto que poderem,
Pelas sombras não à saida,
E trancadas estão as portas da verdade.

Sai andando até lá abrindo espaço nas bugigangas espalhados pelo chão com o pé. 
Toquei nos livros e achei um com caixa de ferro, peguei ele e senti um aperto diferente dentro de mim, era esse o livro. 
Fácil, fácil demais
Que sonhe com o escapar da maldade,
E que durma unidos as feras,
Que no espelho vejas o refletir do mal,
E pelo telhado subirá à morte.

Andei para trás com o peso da caixa e me choquei em uma lâmpada que caiu no piso de madeira. 
A Tecelã parou de entoar seu cântico e se virou para mim, olhos sem vida e boca cheia de dentes afiados.
- Quem está aí?-
Olhei para os lados freneticamente a procura de uma saída mas a casa só tinha uma porta que agora tinha se trancado com um clique. 
A Tecelã puxou um machado com uma força sobre-humana para seus braços fracos com pelancas e andou até onde eu estava imóvel. 
- Quem ousa rouba de mim?- Ela gritou estridentemente e eu contive o impulso de soltar o livro e proteger meus ouvidos. 
Vi um armário velho e joguei para frente, por um momento, só se enxergava poeira na pequena sala. 
Algo estalou no ar e eu percebi que era um chicote feito de vinha do pântano. 
Procurei pela sala mais uma vez a saída e meus olhos encontraram uma chaminé antiga. 
Tinha que servir. 
Sai correndo até lá mas o chicote estalou mais uma vez, dessa vez nas minhas costas, uma dor que eu nunca tinha sentido na vida me fez cair no chão e gritar de agonia.  
Me forcei a levantar e meu corpo reclamou me trazendo uma onda de náusea e serrei a boca para não vomitar.    
 Me virei de barriga para cima ignorando o ardor insuportável nas costas. 
Ela estava em cima de mim com o pedaço de vinha espinhosa na mão me olhando como se eu fosse um jantar apetitoso. 
Tentei achar algum sinal de magia dentro de mim mas a dor estava me cegando, ao invés disso, girei minhas pernas e lhe dei uma rasteira fazendo-a se desequilibrar e cair para trás. 
Coloquei toda a minha força para levantar e peguei a caixa que tinha caído a alguns metros na sala e entrei na chaminé coberta de gordura.
Tinha algumas pedras sobrepostas perfeitas para escalar, comecei a subir, com minha respiração fraca, estava suando frio e minha armadura pingava sangue. 
- Onde você vai pequena menina?- A Tecelã gargalhou.
Eu não olhei para trás e continuei subindo.
- Não fuja, querida. 
A voz veio mais perto e percebi que ela estava começando a me seguir.
Arranquei uma pedra solta quebrando minhas unhas da mão e joguei para baixo.
Gritei tão alto que até eu me assustei com minha voz rouca, tirei o cabelo do meu rosto com a mão trêmula ensanguentada e continuei  subindo, gritando em cada passo que eu dava, minhas pernas já estavam pesadas e incômodas, minhas visão escurecia. 
Coloquei minha cabeça para fora e depois o corpo segurando firme o livro no peito. 
Alcancei o telhado e saltei para chão rolando nas folhas e na lama. 
Sai cambaleando para a floresta meio correndo, meio caindo pelos arbustos até que mãos me firmaram no lugar. 
- Aelin.-
 Não tinha forças para responder então me joguei em seus braços.
Ele apalpou meu corpo e eu gritei mais uma vez. 
- O que ela fez com você?- Ele sussurrou e eu nunca tinha ouvido falar tão suave. 
Quando ele olhou minhas costas seus olhos brilharam de forma selvagem. 
- Vou matá-la. 
- Cassian, não...-Puxei seu pescoço forçando-o olhar para mim. - Me leve para casa. 
Ele me agarrou e murmurou várias vezes:
- Desculpe, me desculpe...
E então a escuridão surgiu.
 


Notas Finais


Toda fechadura precisa de uma chave...


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