1. Spirit Fanfics >
  2. Lírio >
  3. Demônios ou só lembranças?

História Lírio - Demônios ou só lembranças?


Escrita por: Maiakl

Notas do Autor


Se você abre a porta para o passado, ele entra.

Capítulo 15 - Demônios ou só lembranças?


Fanfic / Fanfiction Lírio - Demônios ou só lembranças?

No momento que meus joelhos bateram no salão principal do castelo, Cass me pegou no colo e eu apaguei. 
Quando acordei, as persianas que enfeitavam uma parte da janela brilhavam com a luz da lua cheia. 
Minhas costas quase não doíam, só incomodavam um pouco quando me mexia na cama. Nada que eu não pudesse aguentar. 
Varri meu olhar pelo quarto e encontrei Cassian cochilando em uma poltrona perto da cama.
- Cass?
Ele se mexeu rápido e olhou para mim. 
- Hey, você está bem? 
Olhei para o meu corpo, não tinha sinal de qualquer luta. A lama e a terra também já não estavam mais ali. 
- Estou, obrigada.
- Eu que agradeço, afinal, você conseguiu. 
Assenti devagar. 
- Por que você não entrou?- Perguntei olhando para ele. 
Suas feições mudaram para frustrado,depois confuso, ódio. 
- Aquela bruxa desgraçada encantou a casa, se eu entrasse, seria como disparar um alarme. 
- Mas eu consegui entrar, como isso é possível? 
Ele me olhou por longos segundos antes de responder.
- Não sei. 
                        ••
- Essa porcaria precisa de uma chave?- Bati o pé no piso. 
- Sim, à caixa está trancada.- Cassian falou. 
- Presumo que você já sabia disso, e presumo também que você sabe onde ela está. 
Ele sorriu.
- Tenho suspeitas.
Revirei os olhos. 
- Agora vamos.- Ele estendeu a mão. - Vamos treinar. 
- Não tem vinte quatro horas que eu levei uma chicotada, você não tem pena de mim?- Fiz bico. 
Nada estava doendo mais, creio que Cassian me curou com magia ou vai saber o quê.
- Nenhuma, amor. 
Fiz um gesto obsceno para ele antes de começar andar para fora.
- Onde você vai? 
- Treinar. 
- Não na neve, aqui dentro. Bem, mais especificamente no meu banheiro. 
Arqueei a sobrancelha. 
- O que infernos vou fazer no seu banheiro?  
- Pare de me questionar um pouco. Se eu quisesse fazer sexo com você poderia ser em qualquer lugar da casa. 
Senti minhas bochechas corarem.
- E por que você acha que eu iria aceitar?- Andei até ele e coloquei a mão no seu peito. - Eu não quero transar com você. -Falei bem devagar. 
- Ah, não? -Ele disse com uma voz que faria a maioria arrancar o vestido na hora. Não sou a maioria. 
Me afastei um passo e sorri docemente.
- Então... o que estava me dizendo sobre treinar? 
                          ••
- Eu não sei fazer isso! 
- Claro que sabe, eu vi você afogando uma menina de dentro para fora. 
- Ah, esqueci que você estava me perseguindo como um sociopata louco. 
- Só...
- Se concentre.- Terminei para ele. 
- Mande um comando para a água, molde animais, não sei, qualquer coisa.
- Como eu posso fazer tudo isso? Ninguém comanda dois elementos...
- Você não é todo mundo, e respondendo sua outra pergunta, eu não sei. Tudo que eu tenho conhecimento é que você é portadora de um grande poder.
- Que maravilha!- Ironizei. 
- Não se crucifique tanto. 
Quando ele disse isso, milhões de fragmentos de lembranças vieram na minha cabeça.
Jason era meu namorado aos 16 anos, ele me usou para o que queria e depois jogou fora. 
Ele me culpava por tudo, por seu dia ruim, sua vida ruim, e depois fugiu, levando consigo minha virgindade e o coração. 
- Aelin?- Cassian falou me tirando do transe. 
- Estou bem.- Passei com raiva a mão no rosto por causa das lágrimas que desceram sem permissão.
- Aelin...
- Estou bem! 
Ele ficou calado e eu me concentrei na água. 
Fúria, era tudo que eu sentia. Eu amava ele! Amava como nunca amei ninguém, e pensei que ele também me amava. 
Só era uma menina idiota apaixonada, e ele me feriu. 
Tentei tanto não pensar, mas sempre vem a lembrança de algum momento doloroso. 
Tudo que eu sinto por ele é raiva, raiva pura e antiga. 
E então a água da banheira explodiu. 
Escutei um arquejo de supresa e continuei parada, olhando para a banheira, não realmente olhando, minha cabeça estava em outro lugar. Água descia pelo meu nariz, olhos, minha roupa estava pingando, mas eu não ligava, não se importava. 
Mãos frias tocaram meu rosto, mas eu não ligava, não se importava. 
Alguém gritava meu nome, mas eu não ligava, não se importava.
Sua boca encontrou a minha, não beijando, jogado ar para meus pulmões. 
- Puta merda, Aelin! Não me assuste assim. 
Coloquei a mão no peito, tossindo. 
- Você não estava respirando! 
Quando não falei nada ele se colocou em minha frente. 
- Estou vendo suas memórias, eu sinto muito. 
- Por favor, não faça isso. 
- Isso o quê?
- Sinta! -Explodi- Só me deixe sozinha. 
Ele saiu eu eu me encostei na parede soluçando, isso era difícil demais, difícil demais. 
Quando meus soluços diminuíram para lágrimas silenciosas eu olhei para o banheiro. 
A banheira estava destruída, a pia de ouro branco tinha o encanamento solto que rojava água como uma cachoeira para o chão quadriculado preto e branco. 
Cassian não tinha culpa do meu surto repentino, mas isso foi tão bem guardado dentro de mim, e com algumas palavras desencadeou tudo, um furacão.
Me levantei e cruzei a sala correndo, olhei os quartos próximos, cozinha, banheiros, nem sinal dele.
Quando eu saí para fora batendo os dentes que eu o vi, sentado no parapeito da janela central, que dava visão para as árvores e montanhas com os picos cheios de neve. 
- Desculpa por isso.-Eu disse.
Ele não se virou mas me chamou com a mão para sentar ao seu lado. 
- Tudo bem, todos nós temos nossos demônios. 
Mordi o lábio. 
- Quer me contar os seus?
Ele hesitou e depois me olhou. 
- Um antigo rei mortal à quase quinhentos anos atrás matou meus pais.
Pedi para que continuasse, ele engoliu em seco como se a memória ainda o cortasse por dentro.
- Eu tinha um pouco mais de onze anos quando eles invadiram minha casa no alto de uma colina aqui no sul. Os guardas vieram à noite, cortaram a garganta da minha mãe e empalaram meu pai em uma estaca na frente da casa. -Ele fez uma pausa.- Antes disso, meu pai me trancou no armário do quarto e me mandou ficar quieto até a manhã seguinte. Quando acordei, sai correndo pelo quarto procurando minha mãe mas tinha tanto sangue, sangue para todo o lado, eu vomitei no chão e comecei a gritar meu pai, mas ele não respondia então sai para fora. Seu corpo estava empalado do lado da cabeça decepada, seus olhos azuis estavam encarando o nada. 
Lágrimas rolavam pelo meu rosto e ele secou com o polegar. 
- Com o tempo eu cresci, fiquei mais forte, vingança pulsava em cada célula do meu corpo. Entrei no castelo e matei todos, matei todos eles. -Ele pausou e olhou para o vale branco, quando pensei que não ia continuar, falou:
- Ninguém podia me conter, minha magia brilhava com sua força e glória recém descoberta, mal podia controla-lá. Voltei para cá e comecei minha corte como meu pai queria. Nos livros de história, sou conhecido como o próprio maligno, por causa desse acontecimento, todos me acham um monstro, mesmo tendo passado quase cinco séculos. 
Toquei seu braço.
- Eu não acho você um monstro. 
Ele riu, rouco. 
- Ainda não, me deixe continuar. -Ele tirou minha mão gentilmente- Minha vingança só foi boa até um certo ponto, depois me senti completamente vazio e comecei a matar, torturar pessoas por pura diversão. 
Encolhi o corpo. 
- Encontrei minha nova família e eles me obrigaram a parar com isso, e eu parei. 
 O silencio dominou tudo até que eu dei de ombros e falei, repetindo o que ele disse para mim:
- Todos nós temos nossos demônios, alguns são só maiores que outros. 
Cassian olhou para mim e sorriu. Toquei seu braço de novo. 
- Sinto muito por seus pais e pela vida que você teve que seguir, ninguém merece passar por isso. 
- Agora eu tenho você.- Ele sussurrou baixinho e as palavras foram levadas pelo vento. 

 


Notas Finais


Obrigada! <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...