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História Lírio - Filha de todas as cortes


Escrita por: Maiakl

Notas do Autor


Será ela nossa salvação?

Capítulo 19 - Filha de todas as cortes


Fanfic / Fanfiction Lírio - Filha de todas as cortes

Os sinos da torre badalaram avisando que uma nova festa no castelo acabara de começar.
Cass me envolveu com suas sombras e nos trouxe até aqui em um piscar de olhos, não havia movimentação estranha, o que me indica que Jules ainda estava bem. 
E respirando. 
Sai de trás de uma moita tropeçando nos saltos e já estava começando a me desesperar de novo. 
— Pronta?—Cass perguntou pegando meu braço e eu assenti.
A festa era de máscaras, o que ajudava passar despercebida. Meu rosto estava coberto por uma máscara branca encrustada de joias e o cabelo preso elegantemente. 
—Você só precisa relaxar os ombros e me seguir.—Ele continuou e eu assenti novamente incapaz de falar. 
Chegamos na portaria e Cassian iluminava onde passava, o seu poder e beleza deixada todos de boca aberta. 
Ele não teve problemas para passar, era um dos líderes das cortes e podia frequentar quantas festas quisesse, mas era sempre bom se manterem longe uns dos outros para não se matarem. 
— E quem é a moça?— Um guarda que estava posicionado perto da parede de pedra perguntou. 
Cassian me puxou para seus braços e fundiu a boca na minha de forma apaixonada. 
— Ela é minha. —Respondeu em um tom possessivo e o guarda mexeu a cabeça. Eu também não ia querer mexer com ele se fosse eu. 
Suspirei de alívio enquanto fomos passando e arrancando olhares demorados da multidão. Era notável que estávamos um casal lindo essa noite. 
Cassian trajava um terno inteiramente azul marinho e sua máscara preta cobria só a metade esquerda do rosto; meu vestido era uma combinação de luxuria e beleza. O seu corpete era colado e descia uma linda saia feita de penas multicoloridas.  
Olhei freneticamente a sala procurando Jules mas não encontrei. Não podia arriscar falar com Archie sem ter certeza se ele ia ou não me entregar. 
Tudo estava parado, parado demais. Certo, tinha música, pessoas dançando, rindo, estava alegre como deveria estar, porém sem perigo. Será que eu tinha me enganado e isso não aconteceria hoje? 
Batemos palmas quando uma dúzia de dançarinas com seus vestidos felpudos entraram para fazer uma apresentação, na mão de cada uma delas pendia uma cestinha pequena enrola com fios de cetim. 
Uma série de movimentos, giros e passos sincronizados tomou a atenção de todos, era esplêndido. 
Quando as pessoas se levantaram para aplaudir as meninas de pé, elas abaixaram suas mãos na cesta e tiraram um pó preto que foi lançado ao ar. 
Caos. 
Pessoas gritavam e tentavam sair, umas pisando por cima da outras. Não conseguia enxergar nada, minha visão estava tomada por aquele pó miserável. Xinguei e tentei achar Cassian, sem sucesso. 
Escorreguei em uma poça no chão e o cheiro de ferrugem me deixou tonta, sangue. 
Arranquei a máscara e corri às cegas pelo salão. Do meu lado pessoas gritavam e caiam, mortas. 
Cass podia cuidar de si mesmo, sabia o que precisava fazer. 
Comandei a escuridão que clareasse minha visão e foi isso que aconteceu. Sem olhar para mais nada achei as escadas enormes e comecei a subir, corredores, corredores... estava perdida. 
Parei subitamente e fechei meus olhos, me concentrei. 
Tum, tum, tum...
Escutei o coração dele batendo, meus pés fizeram o que eu mandei e começaram a seguir o som. 
Algo me puxou pela perna me fazendo cair no chão, gritei de dor, mãos me seguraram. 
— Mhaksaatrei.— A voz grave de um homem me saudou. —Você vem conosco. 
— Não mesmo. 
Pensei em fogo e minhas mãos se incineraram instantaneamente. 
Queime
O homem gritou e me soltou indo para o chão. Me levantei mancando com a perna machucada, abaixei até a saia do vestido que pesava cheia de sangue e rasguei. 
Corri como consegui até o nível superior, minha visão estava escurecendo de novo, dessa vez eu não conseguia fazê-la me obedecer, estava fraca e desesperada. 
Uma dor aguda na perna me fez segurar a respiração para não gritar, continuei me arrastando e apalpando as paredes. 
Minhas mãos tocaram na porta de Jules e dessa vez não estava aberta iluminando o corredor como no pesadelo, estava trancada. 
Arranquei os prendedores de cabelo fazendo ele cair em ondas que impaciente joguei para os ombros e comecei fazer o trabalho na fechadura. 
Estava começando a suar e tinha certeza que estava com febre, quando a porta fez um clique, sem esperar, me joguei nela que rangeu e se abriu. 
Um corpo pulou da cama assustado e eu demorei um tempo para assimilar tudo, ele estava vivo.
Risadas vinham do corredor e eu sabia que estavam próximos. 
Peguei Jules pela camisa e perguntei:
— Tem outra porta aqui?
Ele me olhou assustado e desorientado. Repeti com pressa:  
— Jules! responda-me, vamos morrer! 
Ele correu até o seu armário e o empurrou para o lado mostrando uma porta velha de madeira, sem precisar falar, puxei ele para dentro e fechei a porta atrás de mim no exato momento que a da frente se abriu num solavanco.
Quando ele fez menção de parar e perguntar algo, gritei descontrolada:
— Corra, só corra! 
Não sei o que ele viu na minha expressão, ou talvez foi a urgência na minha voz, porquê continuou correndo.
Passei dias estudando aquele maldito livro, feitiços e cânticos para agora ser tudo um branco na minha cabeça. 
Jules tropeçou e caiu no chão. 
—Tudo bem?—Perguntei firmando ele para se levantar. 
— Estou aterrorizado—Ele disse tremendo— O que você está fazendo aqui? Pra onde foi? O que está acontecendo?
A dor nas suas palavras me fizeram fechar os olhos com força.
— Precisamos fugir.— Falei por fim quando ouvi passos ficarem mais nítidos. 
Flechas zuniram no meu ouvido e voltei a gritar: 
— Cole seu corpo na parede!
Jules cambaleou até a pedra e me olhou, seus olhos quase saltando das órbitas. 
Prohibere.— Falei firme e as flechas pararam no ar. Ergui as mãos e virei suas ponta para o lado contrário. — Lorem.— A palavra dançou na minha língua e elas foram lançadas. 
Sem parar para ouvir os gritos segurei Jules e saímos correndo até tombarmos em outra porta. 
— Essa vai dar para os jardins.— Ele falou baixinho. 
Minha perna estava começando a me incomodar e eu gemi. 
Andei até a porta empoeirada e quando já estava com a mão na maçaneta uma voz sibilada me parou. 
— Venha comigo, isso não é um pedido.
Me virei devagar e vi uma mulher ruiva com um par de olhos vermelhos me encarando, ao seu lado, estava Feyre acorrentada e sangrando. 
— Solte ela!
A mulher riu e estalou a língua, mas não foi a sua voz que eu escutei responder. 
— Minha mestra manda, você obedece.— O rei deu um passo para frente e eu andei de costas até Jules que estava parado, incrédulo. 
— Como você pode querer matar seu próprio filho?— Gritei enfurecida e a temperatura do túnel caiu. 
— Impressionante— A mulher sibilou como uma cobra. — Nunca na história ninguém teve o dom de controlar todos os poderes das cortes assim. 
Me virei e falei para Jules: 
— Saia daqui, ache Cassian.— Ele hesitou e eu gritei. — Agora! 
— Entregue nos o livro, garota. Talvez eu deixe você viver. 
 Dei de ombros tentando encobrir meus nervosismo e abri um sorriso amarelo. 
— Não estou com nenhum livro. 
O rei fez menção de andar até mim mas a mulher o parou com a mão. No seu lugar, ela que andou na minha direção. 
Fiz uma varredura na minha cabeça procurando algum feitiço que pudesse me ajudar. 
Levantei a mão e virei a palma para ela que pareceu hesitar.
 — Aequaliter Nubila.— Falei e a mulher deu um passo para traz. 
Flocos de neve delicados começaram a cair pousando suavemente no meu rosto. — Constringitur!— Gritei entredentes. Minha cabeça estava começando a girar. 
Todos exceto eu e Feyre tinham parado no lugar, congelados, só seus olhos se mexiam loucamente. Sabia que não ia durar muito tempo, ela era forte e eu estava perdendo a consciência. 
Andei até Feyre e toquei seu rosto ensanguentado. 
— Querida? Você consegue me ouvir?
Sua pele estava branca como papel. Apoiei seu braço no meu pescoço e comecei a andar.
O gelo estava derretendo e eu fiz esforço para não cair com o peso do corpo quase desacordado de Feyre. 
Abri a porta e meus joelhos cederam na grama. 
Chequei sua respiração e a deixei no chão, me levantei devagar com medo de uma nova onda de tontura me pegar desprevenida. 
Olhei para os lados e achei uma roseira, puxei uma flor e com seus espinhos fiz um corte no dorso da mão.
Coloquei meus dedos manchados de sangue na porta e fechei os olhos. 
Clauditis.— Sussurrei quase sem forças, os feitiços tomavam muito minha energia vital. Meu corpo latejava. 
Quando escutei as engrenagens da porta se trancando, deixei me levar pela exaustação, torcendo para que Cassian não demorasse. 
Vi o céu, os gritos que cortavam à noite eram agonizantes. 

 



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