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História Não Ignore O Item 13 - 03.1


Escrita por: Namjoonie30cm

Notas do Autor


Como prometido temos mais um capítulo e eu, completamente sem controle, tive que dividir o capítulo em dois, se derem sorte, posto a outra parte ainda hoje. Quem sabe o que pode acontecer?
Se não rolar a parte dois ainda hoje, vamos ter atualização dia 07 de março, nenês
Ai gente nas notas finais eu quero ter uma discussãozinha com vcs vamo conversa
Boa leitura sz

Capítulo 3 - 03.1


Item 3 – Kit Preservação de Vida

Uma bolsa sem muito estofamento e com muitas divisões no interior, feita de lona ou forrada com lona para evitar que seu interior molhe. De preferência que seja uma mochila - este modelo possui facilidade carregar coisas e manter os braços livres ao mesmo tempo. Dentro dela deve ter tudo que é essencial para sobrevivência a curto prazo, você sempre deve ter uma pronta consigo para o caso de fugir, por exemplo, de um abrigo e precisar de mantimentos até conseguir estocar comida, artigos de higiene e remédios. A indicação é que prepare ela com suprimentos que durem por 3 dias.

Dentro dessa bolsa deve ter artigos de higiene pessoal (mais explorados no item 11); roupas; caixa de primeiros socorros (mais explorado no item 02); alimentos (mais explorado no item 5); água (calcule 2 litros por dia e multiplique pelo número de pessoas que farão uso dela- acredite, você não vai querer desidratar); artigos de emergência (mais explorados no item 12) e artigos de outdoor (mais explorados no item 19).

A mochila deve ter coisas que você usaria numa situação de emergência, mas não deve ficar muito pesada. Lembre-se: a quantidade de artigos nela deve ser calculado para um uso de três dias para que evite que ela fique muito pesada e você tenha liberdade de movimento, sem muito cansaço quando sair carregando ela por ai.

Se conseguir sobreviver sem qualquer uma das coisas ou precise de algo que não esteja listado, fique a vontade para adaptá-la ao que for melhor para você.

Caso não consiga ou siga todos os itens, ao fim dessa lista um de nós não estará mais vivo.

PDV Narrador

- Meu nome não é "Caçador Idiota", é Daryl Dixon. - resmungou desviando o olhar do corpo da garota, sentia que se não o fizesse sequer conseguiria pensar.

E a culpa era toda da porcaria daquele sutiã roxo que o atrapalhava na tarefa de pensar racionalmente. Como diabos uma peça poderia contrastar tão bem contra o tom de uma pele? E por qual razão isso parecia tão importante e, pior, atraente para ele?

Ela já havia terminado de trabalhar com os dedos ágeis em seus pontos, Dixon decidiu que estava a tempo demais na companhia daquela garota estranha e isso já estava mexendo com seu psicológico. Ele não se sentia confortável tão próximo de alguém, a sensação de estar atraído por uma pessoa tão estranha e que mal conhecia o dava comichão. Ele sentia que estava sendo arrastado para ficar frente a frente com um grupo de walkers sedentos por devorá-lo.

- Eu tenho que ir. - correu os olhos pelo quarto a procura de sua besta apenas para ver que os dois mais novos, assim como sua arma, já não estavam no quarto pouco iluminado já que o sol havia baixado consideravelmente. Estranho, ele costumava ser atento, mas sequer havia percebido quando os outros saíram do quarto.

Droga de sutiã roxo.

- Deus, você é mais idiota do que eu pensei, Caçador! – ela exclamou e logo o empurrou novamente para se deitar, ele deveria estar mais fraco do que pensou, pois ela o fez com extrema facilidade. – Já está anoitecendo, você está ainda meio dopado pelas drogas que ministrei para a dor. Também tem um grupo de coisas zanzando por aí a menos de dois quilômetros. Não vai conseguir se mover nem por dois metros adentro da mata antes de ser pego. Além do que todas as suas armas estão comigo e não pretendo devolver. Deita na cama, se quiser durma e descanse. - sem pausas para respirar ou dar chances para ele a interromper, ela novamente o metralhou com as palavras, deixando Daryl tonto.

Ela se levantou e virou-se para sair do quarto, mas parou repentinamente dando meia volta. Ela sorriu marota para Dixon antes de puxar algo do bolso.

- Eu acho que isso é seu, – falou em tom brincalhão balançando um fio em mão, era o colar artesanal de orelhas. - só mantenha longe de Lana, ok? Ela se assusta com facilidade.

Em outros tempos Daryl teria colocado o colar no pescoço apenas pelo prazer de irritá-la, mas assentiu e enfiou sua lembrancinha macabra no bolso. Estava indisposto demais para bancar a criança.

- Por quê? – sua voz soou estranha até para seus próprios ouvidos. Ela o examinou com os olhos lentamente, com cautela.

Daryl novamente sentiu vontade de desviar o olhar. Ela não apenas olhava, ela o observava. Examinava o seu corpo como se tentasse ver o que havia por dentro, como se fosse capaz de analisar cada movimento e, por eles, entender o que havia em seu interior. Aquilo era completamente desconcertante. Deixava-o consciente até demais de seus defeitos.

Como uma pessoa que sequer conhecia podia surtir tanto efeito em si?

- Você que fez, não me leve a mal, apenas não gosto muito da moda a lá necro. Além do mais, não combinou com meu tom de pele. - que porra ela estava falando?

- Não foi isso que perguntei, Boneca. – O tom dele foi de escárnio. Ele ainda não confiava nela e, apesar de estar muito interessado em se perder nas curvas dela, tentava afastar esses pensamentos. Não perderia a cabeça por um rabo de saia qualquer.

Sem expressão alguma em seu rosto redondo, ela apenas o encarou. Ele ficou tremendamente desconfortável com a encarada, mas não desviou o olhar ou abaixou a cabeça, desafiando-a, tentando mostrar que jamais estaria abaixo de qualquer um.

Ela sorriu sem mostrar os dentes, como se ele fosse um mascote fazendo gracinha.

- O mundo precisa de pessoas como você. Não acho que você tenha medo daquelas coisas, vi lutar com alguns e mesmo machucado e praticamente com mãos limpas saiu quase ileso. Eles estavam na nossa cola. – ela sorriu, dessa vez com amargura e balançou a cabeça, como se sentisse culpa pelo o que aconteceu. – Mesmo sem saber, você nos salvou.

- Não fiz por querer, acredite nisso. - ele resmungou assim como faria uma criança birrenta, a comparação feita em sua mente fez o sorriso dela se abrir mais.

- Eu sei que não. Mas eu posso me cuidar, por isso acho que você não é um perigo muito grande para nós. – ela disse de forma calma, seu tom baixo era atraente e o deixava vidrado, quase hipnotizado. - Seth trará sua comida, será sua chance de se desculpar pelas marcas no pescoço dele. - Escondeu as mãos atrás do corpo e se dirigiu até o vão onde deveria estar antes a porta do quarto.

Ele pensou que finalmente se veria livre da presença dela e estava quase agradecendo a todas as divindades possíveis por isso, até que ela parou na batente e se inclinou minimamente para olhar bem no rosto dele.

- A propósito, meu nome é Hannah e se você chegar perto de qualquer um dos meus irmãos, fizer um movimento errado ou checar novamente a minha bunda, farei questão de seguir o seu conselho e não bobear no gatilho, ok? - piscou com um último sorriso irônico. Como quem sabe que o deixava tonto, ela saiu deixando um Daryl atônito para trás.

Era incrível como uma pessoa tão pequena conseguia o deixar sem palavras e tão rápido. A única conclusão que conseguia chegar era: ela é louca.

Não se passou meia hora quando Seth entrou no quarto com três enlatados em mãos e uma cara de quem comeu merda.

- Feijão e salada. – ele resmungou e Daryl assentiu, mas não pegou as latas.

Considerou rapidamente se deveria ou não aceitar, mas acabou cedendo a fome e os pegou das mãos do menor. Dixon sabia que estava com fome, mas não havia notado o quão faminto estava até colocar a primeira colherada na sua boca e começar a beber o feijão quente direto na lata sem se importar se queimaria a língua ou não.

Havia pensado que o garoto tinha saído do quarto até o ver ainda a sua frente sentado na cadeira antes ocupada por sua irmã, em suas mãos estava sua própria lata de feijão.

- Minha irmã acha que você nos salvou, mas ela também acha que o deveria perdoar por ter tentado me sufocar. – o garoto riu sem humor e Daryl pensou em ignorá-lo. – Ela é minha única família, além de Lana. Sobrevivemos a muita coisa e quero que entenda: se você tocar um dedo nela eu acabo com tua raça. - Dixon quase deixou uma risada escapar. Ter o garoto magrelo o ameaçando era tão engraçado. - Se você nos ajudar, ótimo. Se não ajudar, ótimo também. Me pediu para avisar que amanhã iremos lhe ajudar a ir para, bom, seja lá para onde você quer ir.

- Não preciso de ajuda. – foi a vez do garoto suprimir a risada enfiando mais um monte de feijão na própria boca.

- Você provavelmente não duraria muito por causa da perda de sangue, - engoliu a comida mal mastigada e elevou uma das sobrancelhas, apontou a daril sua colher de metal como se fosse uma faca. - e tivemos que matar três coisas que surgiram para arrastar sua carcaça até aqui. Cara, você não consegue dar dois passos sem ficar tonto. Você precisa de nós. Não faz mal precisar de alguém um dia, cara, todos precisam. Até mesmo os lobos solitários.

- Seth. - Hannah chamou e, como um cachorrinho bem treinado, foi atrás da irmã.

- Pense com carinho, ok? - piscou para Daryl antes de se retirar, sempre ostentando um sorriso zombeiro.

Bundão.

Dixon devia reconhecer que o garoto, mesmo com marcas de suas mãos em seu pescoço começando a arroxear tinha coragem de falar essas coisas para ele.

No fim, não importava nada do que ele havia dito. Bastava esperar eles caírem no sono e sairia na calada da noite. Poderia ser perigoso andar na floresta durante a noite, mas se ele fosse silencioso o suficiente conseguiria chegar a fazenda antes de o sol nascer. Apenas precisava de algo para se defender, qualquer coisa. Talvez as crianças deixassem algo bobeando na sala, ele deveria ser silencioso quando saísse. Poderia pegar uma faca e escapar pela janela, mesmo que doesse deixar a besta para trás, ele tinha uma missão a cumprir, não podia mais brincar de casinha com eles aqui.

Seu olhar recaiu para a porta e lá estava ela. Ele quase bufou, qual a graça de ter menos pessoas na terra se ele não podia passar dois minutos sozinho?

– Seria uma boa aceitar nossa ajuda. Desde que você não dê nenhum passo em falso, nós não teremos motivos para atacar. - ela lhe estendeu uma garrafa de água e ele a aceitou, tomou longos goles antes de a colocar de lado. - Tem a minha palavra de que não encostaremos em você ou em qualquer um que esteja contigo com o intuito de lhe ferir e nem molestar de qualquer forma.

- E o que você ganha com isso? - todos sempre esperam algum retorno, nada nunca era de graça. Daryl aprendeu isso da pior forma possível e em seu corpo haviam provas de que a lição lhe fora bem ensinada. - Me ajudar, o que dá a você?

Novamente estava ali, aquela encarada desconcertante. Dessa vez ela não pareceu divertida com a insistência dele em encará-la, estava séria, tentando mostrar que a oferta não era uma brincadeira.

- Apenas a mesma cortesia de volta, nada mais e nem nada a menos. Temos um acordo?

Hannah ficou calada no aguardo de sua resposta, o que teria sido muito complicado para sua natureza se ela não estivesse hipnotizada pelos olhos azuis. Ela sentia que não podia parar de olhar para ele, estava perdida nos olhos dele que sustentavam uma expressão que beirava a selvageria. Ele realmente parecia um animal quando a encarava de volta, como se estivesse sempre pronto para ter que se defender, sem piscar, sem se mover, assim como um felino o faria em seu habitat natural. Era uma disputa por poder que ninguém estava realmente disposto a perder.

Ele permaneceu calado com a boca formando um único risco de tão apertado que os lábios estavam, apenas a olhou com desconfiança, como se ela fosse pular nele a qualquer momento e rasgar sua garganta. Uma voz em seu interior lhe informou que ele estar tão arisco era ridículo - se ela quisesse realmente matar, o teria feito na floresta ou mesmo quando ele estava desacordado, poderia deixar a carcaça dele para ser devorada por andarilhos e teria saído ilesa com as crianças. Mas ela não o fez, pelo contrário, o colocou sob um teto e cuidou de suas feridas.

Por mais que soubesse que não era certo confiar em qualquer pessoa, ele sentia que ela falava a verdade sobre não querer lhe ferir, apenas ajudar e sem pedir nada em troca. Era isso que o deixava mais desconfiado. Ela ainda não pediu nada realmente. Nem suprimentos, armas, a localização de seu acampamento, ela não parecia querer nada em troca. Antes mesmo do mundo se tornar essa merda que é hoje ninguém nunca lhe teria estendido a mão sem pedir um pagamento, por que agora era diferente?

De alguma forma ele sentia que podia confiar, então, ignorando todos os avisos em seu cérebro lhe dizendo que era errado e, se ele resolvesse confiar, deveria sempre manter os olhos bem abertos nela, ele assentiu lentamente com a cabeça e ganhou um sorriso. Estavam num acordo.

- Ótimo. Então, como amigos, você poderia me perdoar por isso, não é? Sabe, foi antes do acordo e de sabermos que você não iria matar alguém na primeira oportunidade, e não havia como jogar a comida fora, então… me desculpe. - ela lhe deu tapinhas nos ombros, seus lábios estavam comprimidos e olhos penosos. - Beba muita água, ok?

O que?

Mas as palavras morreram na sua garganta, ele mal pode xingar ela quando ela se virou e o deixou sozinho sem qualquer outra explicação. A língua estava pesada parecia grande demais para sua boca, seus membros formigavam e ele sentia que o mundo girava lentamente.

Olhou para a outra lata para comer alguns vegetais que havia deixado e viu duas latas em sua mão. Franziu a testa ao notar que ele tinha quatro mãos, rolou os olhos e, antes de desmaiar, ele sacou.

O haviam drogado.

(...)

- Qual é, Caçador Idiota. Não é como se fossemos matar a todos e roubar sua comida. – Hannah estava certa. Afinal, qual é o tamanho do estrago que duas crianças e uma adolescente podem fazer?

Ah, é claro. Dopar um adulto de 36 anos com quase o dobro do tamanho deles duas vezes deixando-o completamente a mercê.

O sol ainda não havia começado sua lenta subida pelo horizonte quando Seth o despertou jogando água em seu rosto com um sorriso demoníaco. Dixon sequer ficou surpreso ao notar que estava novamente amarrado pelos pulsos e ainda sem sua blusa ou suas armas em seu campo de visão. Irritado com a sua situação ridícula, Daryl estava dando um tratamento de silêncio assim como faria uma criança birrenta. Não comeu mais nada que eles ofereceram e só havia aceitado deles sua blusa e um poncho, e apenas porque lhe tiraram o lençol que o protegia do clima frio e também era deles, então ele sequer pode retrucar quando Seth e levou com um sorriso malicioso.

Aquela situação era completamente ridícula, Dixon oficialmente odiava o fim do mundo.

Olhou a sua volta, apesar do ambiente ir clareando gradativamente revelando mata verde e úmida ainda estava bem escuro. Agora que estava mais descansado, sua mente estava a mil criando mil planos e rotas em sua cabeça, apenas esperando a chance certa de pegar suas coisas e fugir.

Deus, o quanto um homem pode cair para ter que fugir de três crianças?

– Estamos tentando te ajudar, basta apontar para uma direção, sim?

- Nem fodendo, Boneca. – ele falou e cerrou os lábios, tinha que aprender a parar de responder a tudo que Hannah falava. Ela sorriu com seus dentes idiotamente brancos e brilhantes, ela sabia que bastava falar com a voz mansa para ele fraquejar em sua greve silenciosa e se divertia com isso.

- Não fale palavrões perto da bebê. - ralhou consigo, mas o sorriso permanecia lá, zombando dele.

Longe da tontura das drogas que o haviam dado, ele pode avaliar o trio direito. A Hannah era a mais velha dos três e visivelmente protetora com seus dois irmãos mais novos, já que sempre os mantinha bem longe de Daryl. Seus cabelos castanhos já não estavam mais sujos como na noite anterior e havia trocado de roupas, agora usava uma regata branca que deixa a porra do sutiã roxo marcado.

Daryl ainda se perguntava como diabos foi derrubado por aquela criatura minúscula e cheia de curvas cujo topo da cabeça mal alcançava seus ombros. Ele acabou distraído com o vislumbre de uma tatuagem em sua nuca, mas logo a tinta preta foi coberta pela gola de uma jaqueta de couro marrom que foi puxada pra cima.

- Cara, nós só vamos te deixar na porta e voltar pro nosso caminho. Não é como se quiséssemos passar muito tempo em sua presença. – Daryl desviou seu olhar para o rapaz e apenas o ignorou, a voz de Seth conseguia ser mais irritante que a de Glenn.

Seth parecia ainda mais jovem e mais magro que na tarde passada, como se fosse uma tripa andante. Suas ameaças ainda soavam nos ouvidos de Dixon o dando uma vontade alucinante de rir a cada minuto. Ele tinha os mesmos cabelos e olhos castanhos da irmã, mas o formato de seu rosto era diferente e ele era uns bons centímetros mais alto que ela.

Os olhos de Dixon desceram para o pescoço do menino onde haviam marcas de suas mãos e ele viu algo que não tinha notado na noite anterior: havia uma cicatriz em seu pesçoco que parecia iniciar na linha da mandíbula e seguia até o pomo de adão ainda em desenvolvimento, mas Daryl nem pode examinar por muito tempo, logo ela foi escondida pelo casaco que o garoto vestiu. Pelo formato do corte e as bordas limpas, provavelmente foi causada por alguma lâmina afiada. Daryl se perguntou como o garoto tinha conseguido aquilo.

Avaliando o poder de fogo deles Daryl se surpreendeu com a quantidade de armas que os dois irmãos possuíam. A maioria das pessoas andava com apenas uma arma nos dias de hoje e principalmente eram vistas armas de fogo, mas eles foram espertos ao preferir lâminas para a defesa. Além do coldre com a pistola na perna esquerda da garota, ela também ostentava um cinto com sete adagas de aço penduradas que refletiam mesmo na baixa iluminação. O menino possuía uma machadinha em mãos e um facão preso a coxa direita que, mesmo a distância, Daryl pode constatar que estava muito bem afiado.

Também havia a sua besta nas costas da garota maldita.

Algo esbarrou em suas pernas, seu olhar caiu para baixo e ele encontrou uma bolinha loira com olhos inchados de sono que logo foi puxada pela Tripa para longe. É claro, não podia esquecer que também havia a minúscula Lana. Ela tinha os mesmos olhos dos outros irmãos, mas seus cabelos eram mais claros e estavam presos em uma trança apertada que segurava sua juba; usava pequenas botas de solado grosso para caminhada e uma miniatura da jaqueta de couro da irmã, sua raposinha marrom estava fortemente preso em suas mãozinhas e havia uma bolsa jeans pendurada em seu corpo.

A criatura pequena bocejou e se encostou no corpo do irmão, ele prendeu a machadinha numa argola que pendia em seu cinto e pegou a sonolenta no colo. Lana era um caso sério era a única que as perguntas ele não conseguia não responder. Ela o olhava com tanta expectativa inocente encostada no ombro do irmão que ele simplesmente não conseguia estragar isso para ela.

Ela parecia não se lembrar que em menos de vinte e quatro horas ele tinha suas mãos ao redor do pescoço de seu irmão pela forma como sorria com os olhos sonolentos, infernalmente fofa. Talvez não guardasse mágoas, bem o contrário de Seth que sempre lhe mandava encaradas ameaçadoras.

Daryl pode ter gostado um pouco da atenção da pequena Lana sobre si. Mas foi só um pouco, depois que ela percebeu que ele falava tudo que ela quisesse, ela virou seu inferno pessoal.

Pufavo? – Daryl teve que desviar o olhar dos olhos pidões e sonolentos. Infernalmente fofa. Com certeza ele estava ficando mole. – Po favozinho, tio? A gente pomete que não vai fazê mal. - ele cometeu o erro de olhar para ela novamente.

- Seguimos ao leste naquela direção. – disse sem conseguir controlar a boca e quase se chutou ao perceber o que havia feito. Teve que balançar a cabeça para se impedir de sorrir junto com as duas meninas, Seth apenas suspirou falou baixo algo sobre "manteiga derretida".

Daryl assumiu a frente da fila silenciosa e seguia apontando o caminho com Hannah bem as suas costas, em seguida Lana e, por fim, Seth com a machadinha em mãos. Todos mantinham seus olhos atentos, tanto na floresta a sua volta quanto a uns nos outros.

Daryl conseguiu se localizar bem mesmo que sua mente estivesse presa em como sair daquela situação constrangedora. Podia ouvir o baixo tilindar das adagas contra a coxa da garota atrás de si a cada passo que ela dava, como um aviso constante de que o inimigo estava bem as suas costas e que havia prometido uma trégua, mas pelo visto ela possuía vários “contando que” suficientes para fazê-lo se arrepender de ter aceitado. Ele não poderia se arriscar estando tão desprotegido desarmado e amarrado, havia acabado de se recuperar e com certeza não desejava outro furo em seu corpo.

Poderia seguir com eles até a estrada, mas havia o risco de uma outra horda como aquela aparecer. O jeito seria levá-los até a fazenda e lá deixaria que Rick ou Shane decidissem o que fazer com os três. Não deveria haver muitos problemas nisso, já que as crianças não pareciam estar com um grupo maior, mas de qualquer forma seria ridículo ele chegar lá amarrado, só que ele não via outra opção no momento, não uma menos problemática, além de que era impossível que aqueles nanicos subjugarem toda a fazenda.

Quando o sol finalmente apareceu eles fizeram a primeira parada para comer e se hidratar na margem de um rio, Daryl rapidamente se lembrou de seu achado e se perguntou se a boneca de Sophia estava escondida em alguma das mochilas que eles carregavam, mas sequer pensou em quebrar a quietude para perguntá-lo. Ele estava surpreso com o silêncio que eles faziam, lembrava-se de Sophia e Carl no acampamento e eles não calavam a boca um segundo sequer. Na verdade, ninguém por lá aguentava mais que dez minutos sem falar alguma asneira, era quase estranho ver que até mesmo a mais nova dos três irmãos permanecia quietinha enquanto andavam, deixando apenas os sons da floresta a sua volta.

Mas quando pararam para comer Daryl se arrependeu completamente por ter pensado que eles eram admiráveis por ficarem tanto tempo calados, pois Lana não calava a boca.

- Tio, ‘cê pode me conta uma história? - Lana perguntou e ele a encarou, o desespero de não saber o que falar minando a paz que havia dentro de si.

- Contar, bebê. Contarr - o Tripa corrigiu e enfiou um pirulito meio mole na boca da irmã, puxando-a para seu colo, sempre mantendo distância.

- Não, mano. Eu não sou “bebê”. - ela tirou o pirulito de sua boca e olhou para Seth com pena, como se ele fosse muito burro para entender. - Eu já sou criança. Olha aqui ó, minha mão é de criança. - ela estendeu sua mão para que ele visualizasse bem a mãozinha pequena de palmas rosadas.

Apesar do R de criança sair um pouco enrolado por ela não ter muito controle da língua, Seth ficou atônito olhando para sua irmã. Quando ela começou a falar como uma adulta e ele não percebeu?

- Ora, sua prematura.

Hannah riu com vontade e Dixon teve que se controlar para não o fazer também. Seu olhar foi dirigido a ela, estava fuçando na mochila que Seth carregava antes e tirou de lá vários pacotes de biscoito e garrafas de água, deixou algumas com Seth e estendeu um pacote de bolachas e uma garrafa de água para o caçador, abrindo-os antes de entregá-los. Daryl aceitou os dois, foi difícil comer com as mãos amarradas, mas não impossível.

Enquanto mastigava ele conseguia ouvir a pequena conversando ao seu lado. Lana usava um tom de voz baixo e fofo, falando com todos e com ninguém ao mesmo tempo. No início de seu monólogo, Seth tentava consertar suas falas erradas, mas depois de um tempo ele desistiu. Dixon se sentia confortável ouvindo as besteiras que a menina falava, até sentia uma vontade mínima de sorrir porque ela tinha uma risadinha muito fofa. Uma graça.

A menina parecia estar totalmente desperta dessa vez, porque só parava de falar quando tinha comida na boca, no resto do tempo ficava atacando qualquer um com ouvidos com as palavras. Mesmo que não desviasse sua atenção da floresta ao seu redor, de vez em quando Hannah respondia as frases de Lana, o que fazia a mesma se animar um pouco mais para continuar falando, sem nunca elevar muito seu tom de voz - provavelmente recebeu muitas prensas dos irmãos para saber que não deveria chamar atenção.

Quando desistiu dos irmãos, ela se virou para Daryl e contou muita coisa a ele: como fazer fogo com os "pauzinhos mágicos", sempre carregar uma mochila com tudo o que precisa e como assar uma marmota sem deixá-la com gosto de fumaça.

Quando achou que haviam parado o suficiente, Hannah recolheu o que sobrou do café da manhã e o lixo deles e seguiram em frente. Eles passaram quase metade da manhã apenas caminhando com os sons da floresta ao seu redor e a voz baixinha de Lana soando de vez em quando, apontando um animal numa árvore ou uma ave no céu. Daryl nessas horas estava espumando de raiva, poderia ter pego todos aqueles esquilos e marmotas que viu se estivesse com sua besta, eles dariam um ótimo almoço. Por enquanto eles trilhavam os quilômetros que faltavam até a fazenda dos Greene sem grandes surpresas, mas a cada passo Daryl se tornava mais tenso, ele se sentia muito exposto com as mãos amarradas e sem suas armas consigo.

Andavam devagar por causa das pernas curtas Lana e em alguns trechos Seth tinha que pegá-la no colo para ajudar a passagem e Hannah assumia as mochilas. Daryl não reclamava do ritmo em que seguiam, apesar de internamente achar que estavam devagar demais, ele ainda estava meio nas nuvens graças as drogas que haviam o empurrado no dia anterior e sinceramente sentia suas mãos dormentes.

- Vamos ter que desamarrá-lo. - Ela falou e se virou para Daryl. O homem permaneceu parado a encarando enquanto os dedos rápidos desfaziam os nós, os olhos caíram para as alças do sutiã e ele engoliu em seco.

- Eu não acredito que estamos confiando no cara que devorou Tico e Teco - Seth reclamou, Lana o encarou sem entender, mas permaneceu quietinha.

Hannah teve que se segurar para não rir, mas ignorou o irmão. Para que e Dixon pudesse subir e ajudar aos outros na escalada precisaria dos braços soltos pois, apesar de pequena, tinha inclinação suficiente para ter que fazê-lo praticamente engatinhando. O caçador teve muitas chances durante essa caminhada curta de se livrar deles, mas até agora não havia tido um movimento em falso e eles não poderiam andar na mata inteira tendo que arrastá-lo por elevações, se proteger e ainda manter ele vivo, pois não poderia lutar. Assim ela desamarrou seus braços e esperou que, seja lá o que ele fosse fazer, que fosse rápido.

Mas ele não deu nenhuma indicação de que tentaria apelar para a violência e sair correndo, como Seth esperava. Pelo contrário, ele apenas reclamou foi por não terem aceitado dividir o peso das mochilas quando ele o pediu ao darem de cara com um declive que era pequeno e imaginou Hannah com tamanho peso em suas costas virando para o lado e rolando por todo o caminho.

- Se você arrebentar os pontos novamente a única coisa que vai poder fazer é sangrar até a morte. – ela falou. – E eu dançarei em cima de seu corpo, vou te fatiar e lhe atirar às coisas antes que me diga "ai" se fizer isso, entendido? Não gastei parte dos meus suprimentos médicos para nada. As minhas linhas de sutura acabaram, cara. Você sabe no quão fiquei chateada com isso?

O olhar dele recaiu para as facas presas na cintura feminina, brilhando de uma forma que era quase ameaçadora. Ele se perguntou quantas vezes ela afiava os metais por dia para as lâminas parecerem tão brilhantes em suas extremidades, mas achou melhor não tocar no assunto.

As ameaças, é claro, não o impediram de checar a bunda da garota enquanto ela se segurava numa raiz para vencer a encosta e nem outra vez quando eles acabaram invertendo as posições na trilha que faziam. Ou talvez tenha sido vezes.

- Olha por onde anda. – Seth esbarrou propositalmente nele quando Daryl começou a ficar para trás, ele escondeu a vergonha sob a raiva. Quando foi a última vez que agiu desse modo com alguma garota?

A única coisa que lembrava era das vezes que Merle lhe perguntou se era gay.

Bom, ele não era gay, apenas não se interessava por qualquer rabo de saia que cruzava seu caminho. Mas com certeza, a morena que parecia não perder o sorriso do rosto lhe interessava.

Ela era tão pequena e parecia tão inofensiva a luz do dia, ele ainda se perguntava como um ser tão minúsculo conseguiu o apagar duas vezes sem ele ter notado.

- E agora? Por onde, Caçador Idiota? – ele estava quase se acostumando a ser chamado assim, olhou ao redor e voltou a liderar seu novo pequeno grupo.

Já estavam no fim da manhã e o sol ardia no alto de suas cabeças, tornando o ambiente úmido insuportável. Os irmãos tiraram os casacos e os guardaram junto com o poncho, naquele momento Daryl notou que estava quase ficando confortável com a presença daqueles estranhos perto de si. Caminharam por mais duas horas antes da primeira complicação aparecer.

Estavam andando rente a uma queda d'água forte. Líquido cristalino e gelado respingava em seu corpo e trazia certo alívio do calor infernal que fazia de manhã. Lana falava em voz baixa com Seth quando Daryl ouviu resmungos e grunhidos e levantou o dedo pedindo silêncio. Todos pararam e esperaram, enquanto ele ainda dava alguns passos cuidadosos para olhar em volta.

- O que? - Lana não pode resistir a perguntar. Ela se sentia tão segura com Daryl por perto que esqueceu de todas as vezes que foi avisada para ficar quieta quando fosse pedida.

Sua voz infantil e viva atraiu a criatura. Houve silêncio antes de um walker aparecer por entre as árvores sendo seguido por outros. Eles estavam há bons sete metros de distância, mesmo assim foi o suficiente para o quarteto, sentindo a ameaça, dar passos para trás ficando o mais afastados possíveis das criaturas. Pararam quando estavam ficando próximos demais da beirada.

E assim, Dixon se viu preso entre cerca de nove walkers e uma queda d’água possivelmente perigosa com uma menina de três anos e dois adolescentes estranhos.


Notas Finais


E então? O que acharam?

Ai gente sobre o sutiã roxo tem algo MUITO iMPORTANTE PARA FALAR

então, na série, o ninho onde a personagem Daryl Dixon nasceu, ele é muito… assexuado. E, como uma boa fanfiqueira fã de smut, resolvi mudar isso, pois a nossa fanfic vai se passar durante a segunda temporada e parte da terceira num momento muito confuso para todas as personagens e que se passa muito rápido. A ideia original era que essa fanfic se passasse em menos de duas semanas, se fossemos contar os dias, mas ai resolvi que iria desenvolver um pouco mais o relacionamento deles pq é um casal que eu amo muito nossa Hannah aparece na série e muDA A VIDA DO DARYL POR FAVOR

Falando nisso a Danai também saiu do cast de TWD… lágrimas. Acho que todas as piadas sobre no fim só ficar o Daryl e os walkers no fim eram uma premonição né non?

Voltando ao assunto: Eu tenho uma teoria de que o Daryl é demissexual, pois, as únicas vezes que ele pareceu mais propício a ter algum envolvimento, atração ou interesse por mulheres, ocorria sempre quando ele conseguia construir um laço com elas, algo que os ligava de alguma forma, sacam? Eu acho isso muito da personalidade dele (tudo no Daryl grita AUTOPRESERVAÇÃO, ele é muito forte em suas ideias e tem um baita sistema de defesa quando se trata de outros seres humanos e a possível demissexualidade é uma forma de defesa, assim como a timidez e introversão, até mesmo as crises de raiva e nossa essa personagem é tão complexa pq tão perfeito, Daryl Dixon?) e fiquei bem triste comigo mesma por ter mudado isso, mas se não alterasse o jeito dele ia ficar bem random tipo “agora n gosto dela, mas bastou amanhecer o dia e já to apaixonado” n sei se gosto tanto desses personagens que agem como uma pedra perto do outro e DO NADA mudam completamente um pensamento de ANOS e, pela fanfic ter uma cronologia muito curta (no máximo vai ter uns 20 capítulos sofridos, vai acontecer muita coisa, mas num período de 2 semanas) n sei se mesmo mantendo essa característica eu respeitaria ela na fanfic, então achei melhor tirar

se n vai ter verossimilhança eu nem boto

eu ia falar outra coisa, mas esqueci

Seguindo, essa é a principal e eu juro que estou fazendo o possível para ser a única alteração na personagem Daryl Dixon. Vocês tem alguma pergunta sobre a Hannah ou podemos seguir firmes?

Ainda tem alguém aqui que lê desde a primeira vez que postei?

Qual a morte mais desnecessária que ocorreu em TWD? E a mais sem sentido? Para mim foi a do Coral (ai desculpa vai), ele podia muito bem continuar vivo e levando a série nas costas já que nosso querido ANdy não podia fazer isso, os desgraçados simplesmente exterminaram todo mundo, mano. E a mais sem sentido… eu nem sei dizer, estou revendo a série (atualmente na sétima temporada) e a sexta foi tão… cheia de conflitos que para mim não tinham sei lá é complicado tentar explicar como a sétima e sexta temporada estão sendo para mim, pois… ah, cara. Vocês entendem.

não esqueçam de deixar o seu comentário, são eles que me animam a continuar viva e postando. No kidding

Espero que tenham gostado até a próximaaaaa

ah lembrei. Vão ter mortes dos principais sim estejam avisados e não estou falando da galera que já morre na série, somos canon, mas nem tanto, quem sabe a presença da Hannah até salve ou mate alguém? Quem sabe ela mesma não morra?

E outra, a Hannah tem um problema sério e é diagnosticada. Vocês conseguiram, por esse capítulo, adivinhar o que é?

Nana


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