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História Não Ignore O Item 13 - 06


Escrita por: Namjoonie30cm

Notas do Autor


Então, eu sou vestibulanda com sérios problemas, entre eles autoestima baixa, ansiedade e procrastinação. Passei meses me culpando por estar estudando pouco e postando muito, então acabei bloqueando tudo, mas se Deus quiser isso vai pra frente agora. Espero que possam me perdoar e que gostem do capítulo sz
Apoiem a história comentando e votando, nenês sz

Boa leitura!

Capítulo 7 - 06


Item 6 – Barraca

Equipamento para acampamento. Podemos ter tudo, incluído comida e carro, mas quando for à hora de dormir ao ar livre, ou procurar uma posição legal para descansar uma barraca é melhor quando for levantar acampamento em uma local seguro caso você não tenha um trailer ou algo do gênero. Não pense que êxodo urbano é único da Idade Média, a grande massa está nas grandes cidades, então a tendência é que no campo, por serem áreas menos habitadas, estas sejam também áreas mais seguras. Não ligue muito para luxo, busque uma leve que dê para você carregar de um lado para o outro sem muito esforço e de fácil armamento. Mesmo que você esteja em uma casa e a considere segura, tenha sempre uma barraca com você fazendo parte da Mochila de Emergência.

Caso não consiga ou siga todos os itens, ao fim dessa lista um de nós não estará mais vivo.

PDV Narrador

O Sol estava brilhante e quente como nunca antes. O céu assumiu um belíssimo tom azul que se tornava mais atrativo graças a uma brisa preguiçosa, aliviando o calor que parecia a cada hora mais insuportável. O dia estava agradável, Daryl concluiu.

As crianças do bairro que brincavam com ele o olharam com pena antes mesmo que ele percebesse: nada naquele cenário era justo.

Parecia uma piada de mau gosto passarinhos cantarem e pessoas elogiarem o tempo de suas varandas perfeitamente pintadas enquanto a casa em que ele cresceu era uma grande fadigas on fire exatamente no meio do quarteirão.

Os joelhos fraquejavam e o oxigênio lhe escapava  à medida que se aproximava de sua casa. Aquele não poderia ser seu lar em chamas, não deveriam ser suas coisas servindo de combustível pro fogo; seu carrinho favorito estava lá dentro, sua cama, suas roupas… nada daquilo deveria ser alimento para o fogo. Não deveria.

Bombeiros da cidade inteira faziam um semicírculo com suas mangueiras explodindo e tremendo com a força da água; vizinhos hipócritas taparam as bocas em choque, não conseguiam acreditar que a família que tanto criticaram e amaldiçoaram agora perdia a casa.

O monstro de mil línguas flamejantes era grande demais para satisfazer-se apenas com a casa, entretanto o maldito sequer conseguia passar pela porta. Decidido a tomar as matas e outras casas ao redor, ele usou sua gula insaciável como energia para escapar pelas janelas, explodindo vidro e madeira no processo, assustando a todos que presenciavam a grande fogueira dos deuses.

Os profissionais armados com suas mangueiras que pareciam ter água infinita se esforçaram pra conter o monstro, mas apenas o deixavam mais irritado. Ele, o devorador de casas, odiava que o molhassem daquela forma.

A cauda ou pé dele deve ter chegado a cozinha e encostado no fogão quando ele tentou fugir dos jatos de água, pois uma explosão veio logo em seguida. Ou pode ter sido apenas o rugido da fera que fez o chão tremer daquele jeito e levou Daryl a dar uns passos para trás como se uma barreira o houvesse empurrado. Ele não se importava em pensar sobre isso, onde dormiria agora que sua cama estava em chamas?

Uma piscada e todo o cenário mudou. Daryl jurou que Hershel estava bem a sua frente estendendo-lhenum copo de água e comprimidos, mas ao esfregar os olhos notou que não haviam cabelos grisalhos ou olhar avaliativo, apenas conhecidos moradores de sua rua encarando-o com descrença e pena.

Em choque, ele notou que sua mãe não estava em lugar algum. A senhora Maggs e seus milhares de filhos estavam amontoados ao redor de seu pai, sozinho. Seu irmão estava num reformatório, novamente, logo não havia nem chance dele aparecer, mas sua mãe estava em casa. Deveria estar. Ele lembrava de vê-la em seu quarto antes de sair.

Ela deveria estar ali ao seu lado chorando por suas coisas queimando.

Ela deveria estar do lado de fora da casa assim como seu pai estava.

A ambulância que foi chamada estava tão vazia agora quanto estaria se ainda na garagem do hospital regional.

Então… ela só poderia estar… meu Deus.

Daryl gritou. Ele gritou como nunca havia gritado antes, gritou como não gritava quando seu pai bebia tanto ao ponto de se tornar um monstro com todos que viviam sob o mesmo teto que ele. Sua garganta ardeu como se o próprio demônio das chamas estivesse apertando-a e nem a dor o fez parar de gritar.

Salvem minha mãe. Ela precisa de ajuda. Alguém, por favor.

Ele desabou.

O céu azul tornou-se escuro como casca de árvore e pode ter sido madeira adornada por tufos de algodão que ele viu antes que a sua casa em chamas torna-se a ser o foco.

Ninguém parecia disposto a se aproximar da casa e buscar sua mãe. Todos pareciam paralisados e o ignoravam enquanto ele chorava e ladrava para que alguém fizesse alguma coisa. Qualquer um. Ajudem. Mas eles só deixavam para os bombeiros a tarefa de domar a fera. Como podiam? Daryl não tinha tempo pra isso, ele tinha que salvar sua mãe.

Com esse pensamento, ele deu os primeiros passos. O demônio das mil línguas de fogo pareceu rugir em excitação a cada passo que Daryl dava e então ele correu. Pessoas de rostos escuros e desconhecidos tentavam segurá-lo, mas ele lutou pra se livrar das mãos que pareciam garras até que foi jogado no chão e não conseguiu dar nem mais um passo. Ele tinha que salvar sua mãe, por que não o soltavam? Era a sua mãe. Salvem ela!, ele berrava. Me deixem ir ou salvem ela.

Um grito soou a distância e parecia tanto com o dela. Ele lutou com mais força, fechou os olhos, mordeu e arranhou os braços que o seguravam, implorou e chorou para que lhes soltassem, gritou em plenos pulmões, mas as garras eram como ferro em seu corpo mantendo-o no chão.

Um braço estava estendido bem a frente de seu rosto quando abriu os olhos. Cheiro forte de suor não ofendeu ao seu nariz já tão acostumado com a sujeira humana. Mas ver Rick segurando seus braços realmente o levou a pensar que algo estava muito errado. Tudo no velho pesadelo parecia o mesmo, mas Rick jamais havia invadido suas memórias daquela forma antes.

Seus olhos se fecharam novamente para abrir Rick substituído por grama mal cortada e fogo. Não haviam mais gritos de sua mãe, apenas o fedor e carvão. Caiu de joelhos, sentou a dor lhe rasgar o peito e lágrimas cortaram seu rosto em três. Incessantes, quentes como as chamas que derrubaram sua casa, e, apesar das lágrimas serem tão inúteis ao ponto de secarem com o calor antes de tomar o chão como seu, ele as deixou escorrer, pois sabia que no primeiro quarto virando a direita estava o corpo carbonizado da única que um dia esteve ao seu lado.

Era um inferno relembrar daquele dia. As memórias o atacaram com a força de um furacão causando a mesma destruição que uma bituca mal apagada causou na construção que livrou seu corpo do frio cortante de muitas noites.

Sua garganta ardia seca e algum infeliz gritava tão alto que seus tímpanos tremiam dolorosamente. Na verdade, todo seu corpo doía. Às vezes era uma merda aquela dor ser a única forma de saber que estava vivo.

Mãos o sacudiam, vozes tentavam sobrepor os gritos e algo gelado caiu em seu rosto. Ele abriu os olhos para sua mãe que deixou o cigarro pender na mão para acariciar sua bochecha com um pano úmido. Ele piscou e o cigarro desapareceu, sua mãe foi substituída por uma menina desconhecida.

Sua boca esfriou com a invasão de água em sua língua quando ela passou o pano pelo seu queixo e ele engasgou surpreso. Não foi necessário muito tempo para que ele fechasse a boca entendendo enfim que os gritos dolorosos saiam de si.

Que vergonha era Daryl para todos os Dixons do mundo. Gritando por um pesadelo idiota assim como o maricas que Merle sempre o acusou de ser.

Assim como no sonho, olhos curiosos e assustados o cercavam. Daryl estava cansado de todos o olharem como uma aberração. Tão cansado.

Exausto da realidade, Daryl Dixon fechou os olhos a fim de voltar ao mundo utópico onde, se ele se esforçasse um pouco mais, poderia rebobinar sua mente para o momento em que sua mãe lhe ofereceu um beijo na testa antes dele sair pra brincar com seus amigos. Era um daqueles beijos raros que ela dava apenas quando estava sóbria o suficiente para se sentir mal por ser uma péssima mãe, mas aquele carinho era tão sincero e doce que sempre fazia valer a pena todo o resto.

(...)

Roxo, amarelo e branco algodão converteram-se em um teto de madeira quando Daryl enfim encerrou sua valsa na limiar que dividia a consciência e inconsciência. Felizmente, desta vez não houveram sonhos perturbadores com casas em chamas ou pessoas tocando-o mais que o necessário.

Seus olhos estavam fixados no teto enquanto ele forçava sua própria mente através de uma dor de cabeça irritante a lembrar de como havia desmaiado em grama seca e acabado numa ca macia. A sensação era de que havia tomado um porre daqueles que deixaria até mesmo Marle choramingando por sua mãe.

Infelizmente, assim como ocorria na maior parte das vezes em que exagerava com a bebida, suas lembranças estavam quebradas. Como se sua memória fosse um filme onde vários takes foram perdidos e resolveram lançá-lo sem aquelas importantes cenas que dariam uma guinada em todo o rumo da história. Não era uma sensação exatamente nova, de fato era uma velha conhecida, mas isso não quer dizer que era agradável ter partes de sua vida cortados ao acaso.

Quando finalmente pode abrir os olhos e sentiu mãos sacundindo seu corpo, toda resposta que a pessoa teve foi a sua resistência e imobilidade. Estava cansado demais para sequer se mover, ele lembrava-se vagamente das cenas pelas quais passou, como se realmente fosse um filme que havia visto a muito e atualmente não lembrava-se do começo ou meio. Ele sequer sabia se o sutiã roxo, o sol escaldante e a cama macia onde algodões flutuavam frente a sua visão haviam sido reais ou coisa de sua cabeça.

Fora as incertezas, havia o velho pesadelo. Chamas correndo na madeira e na grama, água de mangueiras e lágrimas. Estes flashes pareciam gravados a ferro em sua mente.

Hershel entrou pela porta e ele entendeu que não era algodão em sua visão, mas sim os cabelos do mais velho que eram tão brancos quanto o vegetal. Hershel não falou mais que o necessário e o tocou apenas o necessário para checar os ferimentos e testar a temperatura. Sentindo-se satisfeito, disse algumas palavras que para Daryl não significaram nada, deu-lhe água e, antes que pudesse sentir-se saciado, o caçador voltou a fechar os olhos certo de que morreria afogado.

Quando abriu os olhos novamente, era Carol quem lhe fazia companhia ao lado de um prato de comida e mais água. Infelizmente, a mulher não era tão silenciosa quanto Hershel, mas como ela estava falando e não chorando, Daryl resolveu não incomodá-la com seu mau-humor habitual, mas estava sendo difícil acompanhar os pensamentos da mulher enquanto tudo em sua mente ainda estava um pouco confuso.

- Como está se sentindo?

- Não dá para ver? - curto, grosso e sem paciência para ninguém.

- Eu trouxe o jantar, você deve estar faminto. - Carol o encarou, ele ainda olhava para a parede oposta ao seu lado então, movida pela gratidão que lhe transbordava o peito, deu um beijinho na testa do caipira.

- Cuidado, eu tenho pontos. - defendeu-de usando o lençol como barreira para que Carol não notasse que ele estava desconcertado por toda aquela atenção.

Mas ela não tomou cuidado. Não se afastou. Pelo contrário, sentou-se na cama e o assistiu comer com fúria comum de quem estava há muito sem se alimentar e soltou tudo o que ele havia perdido enquanto estava desmaiado a fim de deixá-lo por dentro de tudo, independentemente se ele queria realmente aquilo ou não.

- Ela simplesmente chegou, lhe entregou e falou que tinha que ir logo pois achava que seu irmão teria uma hemorragia. Andrea atirou nele achando que era uma daquelas coisas lhe atacando. Obviamente, Hershel prestou os cuidados médicos ao garoto, mas foi ela quem fez tudo antes mesmo dele terminar de analisar os teus sinais vitais. Seth ficará com uma bela cicatriz no ombro e não poderá mais andar por um tempo até sarar. Hannah tentou levar eles, mas os Greene não os deixaram sair nessa escuridão.

- Hannah?

- É, a garota morena de olhos castanhos. Irmã da fofa da Lana, a menina me lembra tanto Sophia quando tinha aquela idade... – então, após o curto silêncio ela deu um beijo na bochecha de Daryl que não sabia se a empurrava ou corria. Ou os dois. – Eu queria dizer obrigada, o que você fez pela minha Sophia hoje... foi mais do que o pai dela fez por toda vida.

Daryl se sentiu desconcertado com a afirmação. Ele era o cara que faz o trabalho sujo, o que é olhado de esguelha e nunca é repreendido pelas merdas que faz porque todos já esperam isso dele. Não sabia se queria ser o cara bom agora que era visto com olhar tão doce pra num futuro próximo ela voltar a lhe fitar com olhares atravessados dd medo ou nojo.

Eu não sou digno desse olhar carinhoso, então pare de me olhar assim. Eu sou um inútil cuja vida não tem real importância, então não me olhe como se isso fosse mentira.

- Não fiz nada que o Rick ou o Shane teriam feito.

Carol sentiu pena por ele naquele momento. Daryl parecia ser incapaz a reagir bem a um elogio ou agradecimento, estava sempre na defensiva. O quanto aquele homem a sua frente deve ter sofrido para chegar ao ponto de não acreditar que merecia os créditos pelas coisas boas que fazia?

- Eu sei, você é tão bom quanto eles. Sabia disso?

Não, ele não sabia. Ninguém nunca o disse algo como aquilo e ninguém voltaria a dizer. Ele quase xingou Carol para que ela parasse com aquilo. Ele nunca seria bom. Nenhum Dixon era conhecido por ser bom e aquele era o pecado que ele deveria carregar pelo resto de sua vida inútil, pecado que o maculava tanto ao ponto de não haver esperanças para si.

- Ela está bem, Sophia é uma garota forte. Vou compensar o dia perdido de hoje.

Ele prometeu antes que pudesse refrear a língua. Uma parte de si, a mesma que afirmava que logo Carol voltaria a ter medo dele, o xingou por agir como se fosse bonzinho. Daryl Dixon não era e nunca seria bonzinho, por que diabos estava agindo como se fosse?

E como não prometer e fazer o possível para corresponder as expectativas quando os grandes olhos azuis de Carol o encarava com uma confiança tão pura? Como mandá-la se catar quando ela o encarava de forma tão doce fazendo-o até mesmo acreditar em si mesmo por alguns segundos.

Após aquele dia ele realmente estava acreditando em suas promessas, talvez realmente ele pudesse ser capaz de cumpri-las. Talvez se continuasse a o olhar como se ele fosse capaz, ele realmente se tornaria isso.

Mesmo que tentasse se manter são, assim que Carol fechou a porta ele caiu no travesseiro para mais sonhos com orquídeas roxas e madeira de lei.

(...)

- Vamos, caçador idiota. Acorda! – ele estava feito, até em seus sonhos a voz da demônia sem nome cantarolava o perturbando. – Qual é? Achei que você fosse mais resistente, caçador. – ela estava zombando dele?

- Vou enfiar uma flecha em sua bunda se você não calar a boca. – Daryl resmungou ainda meio sonolento, seu corpo se arrepiou quando um riso soou nos ouvidos ao mesmo tempo que o hálito quente acariciava seu pescoço.

- É esse o espírito. – ela murmurou em contato com a pele fazendo-o arrepiar tanto que Daryl jurou que todos os pelos de seu corpo saltaram de sua pele.

Daryl abriu os olhos e notou três coisas importantes: (a) estava na casa de Hershel, então boa parte de suas lembranças poderiam ser verdadeiras, (b) ele estava sem camisa e uma ataduras cobriam-lhe o lado esquerdo do abdômen e (c) tinha uma morena quase em cima dele.

Dando-se conta da situação, Dixon prontamente correu as mãos para o lençol buscando se cobrir. Não se sentia confortável com alguém vendo seu corpo e muito menos as marcas da violência que o decoravam. Ela riu novamente e suas mãos pararam as dele. Seus olhos diziam que estava tudo bem, e ele deveria estar ainda agora de si, pois simplesmente acreditou e confiou nela, permitindo que fosse seguro pelas mãos pequenas enquanto os olhos curiosos se prendiam aos detalhes do corpo feminino.

Hannah havia tomado um banho e trocado a jaqueta por um par de jeans limpo e uma regata branca que não escondia em nada seu sutiã roxo, sua pele branca quase reluzia sob a luz bruxuleante. Ele estava novamente sendo traído por seus pensamentos nada puros.

- Oi. – ela falou, seu hálito cheirava a canela e algo mais forte, conhaque talvez? Com certeza uma mistura perigosa.

- Oi. – ele respondeu, sua voz soou rouca e rasgada aos seus ouvidos. Novamente a garganta ardeu lembrando-o de que tempos antes ele deveria estar dando um show para todos.

- Você está bem?

Ele assentiu uma vez, articular palavras não estavam entre as coisas que ele era capaz de fazer naquele momento, estava encantado pela forma como seus lábios avermelhados se moviam. Talvez o álcool que emanava do hálito dela tenha afetado seu cérebro ou ele não tenha se recuperado como achou que havia o feito.

Ela estava tão próxima que se inclinasse um pouco para frente poderia beijá-la.

– Bom, porque depois de ter salvado meu irmão você simplesmente teve uma droga de uma crise convulsiva que me assustou mais que o inferno. Seth está meio envergonhado de ter tentado lhe matar enquanto você se debatia no chão.

- Ele não é o primeiro, nem será o último. – falou dando de ombros e ela sorriu, os olhos fechando quando as bochechas fartas empurravam as pálpebras. – por que diabos está em cima de mim?

- Achei confortável aqui. - ela se aconchegou em seu colo fazendo-o sentir todo o seu corpo. Oh, droga… - Como se sente? Seu sistema entrou em pane, caro Caçador. – o sorriso dela poderia iluminar a casa inteira, com certeza ela estava se divertindo com a situação. – Não foi nada legal ter te visto desmaiar do nada.

- Isso tem acontecido bastante desde que sua bunda branca cruzou meu caminho, Boneca. – falou se lembrando das outras duas vezes que ela o fez desmaiar. Ela riu novamente.

- Tenho esse efeito sobre as pessoas. - ela deu de ombros e riu novamente.

Formando uma cortina ao redor dos rostos deles, os cabelos dela se espalharam, soltos e limpos exalando um cheiro doce que o convidava a esfregar o nariz e se embebedar com o aroma. Mas aquilo seria ridículo, então ele se controlou tentando analisar as chances de ficar tão embriagado com aquele cheiro quanto ela parecia estar.

- O quanto você bebeu?

- O suficiente para parar de tentar furar o chão da sala achando que eu posso ter te matado. – foi à vez dele de rir.

- Há uma fila de gente tentando fazer isso, não seria alguém pequenininha que nem você que conseguiria, Menininha. – ela lhe lançou um olhar irritado passou a perna pela cintura dele a fim de que estivesse literalmente sentada no colo masculino em movimentos tão rápidos que ele sequer conseguiu reagir.

- Pareço uma menininha para você, Caçador? – sussurrou em seu ouvido apenas para em seguida chupar o lóbulo de sua orelha e rebolar contra seu quadril. - Acha que sou uma menininha quando estou sentando em você?

Daryl engoliu em seco e segurou nos quadris de Hannah no intuito de retirá-la de cima dele, mas quando ela esfregou seu sexo contra o dele sobre as roupas ele perdeu toda a força de vontade que havia juntado. Fazia tanto tempo, era tão bom...

- Estou entrando, crianças! – ouviu a voz de Hershel enquanto o mesmo batia na porta.

- Pode entrar, querido. – a morena gritou de volta e pulou do colo de Daryl, riu quando ouviu o mesmo soltar um bufo e puxar o lençol até seu pescoço.

- Você deu um susto em Carol e nos outros. - Hershel falou em tom de comentário, o olhar frio de nojo mal disfarçado em cima de Daryl.  – Como se sente? – perguntou enquanto colocava a pequena tira de medir a pressão cardíaca no braço queimado de sol de Daryl.

- Pronto para outra.

- Tão pronto que mal consegue andar um quilômetro sem desmaiar. – Hannah resmungou, mas eles conseguiram ouvir muito bem, a pressão de Daryl subiu repentinamente e Hershel tentou segurar o riso.

- Acalmem os nervos. Hannah, por que não vai procurar Beth? Acho que a ouvi perguntar por você antes de vir aqui. – Hershel falou e logo a menina se levantou e deu um beijo na bochecha de Hershel antes de correr porta a fora.

Seus olhos estavam tão arregalados demonstrando seu choque pela clara demonstração de carinho que Daryl sequer teve que oralizar a pergunta.

- A garota é um anjo, nem mesmo Maggie conseguiu ser indiferente ao jeito das duas irmãs. O menino está meio nervoso e querendo sair, mas está ferido e mal consegue andar. Andrea atirou nele. Ofereci a cama de um dos quartos para eles dormirem a noite e irem quando estiverem em condições.

Hershel que era tão frio com os convidados e tentava a todo custo expulsar todos daqui o mais rápido possível estava mesmo chamando gente para dormir em sua casa?

- São crianças sozinhas e precisam de um teto. Darei isso a eles, se lhe incomoda sabe onde é a porta. – e aí estava o velho Hershel. – A garota realmente ficou preocupada com você, achou que o havia matado. Mas só precisa de descanso e beber muito líquido. Pode ficar dentro da casa até melhorar se preferir. – e com essas palavras deixou Daryl sozinho no quarto com seus pensamentos.

Aquela fora a maior conversa que já teve com o velho homem e provavelmente a única visto que o olhar de advertência de Hershel era mais que suficiente para Daryl saber que deveria de manter longe.

Só havia uma certeza: Daryl não ficaria deitado naquele colchão até melhorar, assim que se sentir melhor voltaria para sua barraca do lado de fora. Não suportava o olhar que os Greene lhe davam toda vez que o via.

No meio da noite Daryl se levantou da cama e seguiu para a porta da frente. Passando por um quarto que havia na sala encontrou Seth roncando com Lana deitada ao seu lado. A garota não estava à vista, provável que estivesse em um quarto só dela. Hershel era mesmo um molenga.

Você também se tornaria um molenga se tivesse que encarar as duas ao mesmo tempo. Uma vozinha soou em sua cabeça, ele se lembrou de ter que encará-las na floresta e não resistir à vontade de fazer tudo o que elas queriam apenas para sair de baixo daqueles olhares pidões. Um arrepio lhe desceu pela espinha, esperava que nunca mais tivesse que passar por aquilo.

Abriu a porta e saiu para a varanda, o vento frio fez com que a sonolência o abandonasse, tornando-o superconsciente de que seus pontos e várias contusões ainda doíam.

E Hershel não tinha a mão leve como Hannah.

- Vai ficar ai a noite inteira? – uma voz perguntou, ele se virou e viu a sombra já conhecida de Hannah sentada no banco aéreo.

- Não é da sua conta. – ela colocou uma mão sobre o peito e fez uma cara de falsa indignação.

- Nossa assim você me magoa. Te salvei de uma hemorragia e é assim que agradece? – ele rolou os olhos em resposta. Ele sabia que ela brincava, pois as bochechas rosadas estavam contraídas querendo se abrir em um sorriso. - Mas, vem cá, é uma nova tática de sobrevivência? Se for quero aprender.

- Ah claro. Finja-se de estátua e eles não conseguirão distinguir se é uma ou não.

Ela sorriu. Ele tremeu.

- Não conseguiu dormir? – ele perguntou após um tempo em silêncio.

- Não, na verdade sou sonâmbula. – ela respondeu no mesmo tom que ele havia falado antes.

Ele riu, se surpreendeu ao ver que o som saia de si. Era estranho como ela respondia com sarcasmo e ironia, seu tom e expressões lhe divertia. Ele entendeu o porquê de todos gostarem de Hannah, ela era uma provocadora que levava tudo na esportiva, não dava para ficar muito tempo com raiva dela.

A não ser que ela o nocauteie e em seguida o drogue até você ter uma convulsão.

- Sua delicadeza me toca, Boneca. – ela sorriu, dessa vez um sorriso verdadeiro. Ele a achou linda sorrindo e se perguntou porque estava tão perdido em pensamentos que sempre levavam a mesma temática: ela.

- Você deveria sorrir mais vezes, fica mais atraente. E também deixar o cabelo crescer, posso ver como ficaria charmoso com o cabelo maior. – ela falou, por um tempo achou que ela estava brincando, mas algo dentro dele pensou que deveria ter um fundo de verdade. Ele poderia se iludir, certo?

Ela tinha uma colcha de retalhos sobre si, puxou-a revelando um canto no banco e bateu ao seu lado para ele sentar. Ele retesou.

Era um convite claro de aproximação. Não. Ele não deveria se iludir a esse ponto, ela não era para ele.

Isso ele nunca admitiria, mas no fundo ele tinha medo de que se a tocasse ela desaparecesse. Tinha medo de que ela fosse uma alucinação, ou um sonho muito bom, pois ele saberia que ela era muito boa para dividir o mesmo espaço que ele. O modo como ela cuidara dele, de um desconhecido, o jeito como se jogou contra um walker para salvar seus irmãos, e ele próprio. O modo como ela o olhava agora. Ele não merecia isso, ele não a merecia.

Ele teve medo de se aproximar, por isso se manteve em pé na soleira da porta.

- Medo, caçador? Pode respirar sossegado, eu não mordo. – ele bufou, mas resolveu se sentar, seus pontos estavam começando a voltar a doer graças ao esforço e teria que estar inteiro no dia seguinte se quisesse ir à procura de Sophia.

- Não tenho medo de você, menininha. – ele disse, sua voz saiu tão baixa e carregada por seu sotaque que pensou na possibilidade dela não ter escutado.

- Tenho que te provar novamente que não sou uma menininha, Caçador? – por um momento ele ficou sem palavras.

Quem era aquela garota?

- O que faz aqui a essa hora? – ele mudou de assunto, era mais fácil do que admitir que ela mexia com ele.

- Não conseguia dormir.

- Se quiser posso te dar feijões com calmante, ou te nocautear, ou...

- Ok, certo. Não é necessário, só estou preocupada. – ela se calou, ele, que estava esperando a diarreia verbal começar. Ficou sem ação ao vê-la morder os lábios parecendo indecisa se falava ou não.

Deu de ombros, ele gostava de silêncio, então se ela resolvesse mantê-lo, bastava aceitar e agradecer.

Infelizmente sua felicidade só durou até ela se virar e jogar suas pernas sobre as coxas dele. – Folgada.

- Não consigo confiar em certas pessoas que estão por aqui. Na realidade, não confio em Shane e acredito que Rick esteja meio cego para as decisões que seu braço direito o leva a tomar, e olha que não estou aqui nem há um dia inteiro. - ela fez uma pausa para tomar respiração. – Seth já passou por feridas piores, então ficaremos bem, basta eu arranjar um pouco mais de querosene ou diesel. Posso encontrar um pouco na estrada, acho que não...

- Limpamos os carros, você não vai encontrar combustível por lá. Se quiser lhe arranjarei um galão. – isso, Dixon. Continue assim se quiser mais uma vadia desesperada no seu pé até o dia de sua morte.

- Você está se oferecendo para me ajudar, caçador? Milagres realmente acontecem.

- Engraçadinha – ele rolou os olhos. – Vai aceitar ou não? Não farei a oferta outra vez.

- Claro que vou, muito obrigada. – movida pela alegria de algo estar dando certo ela o abraçou. - Você não sabe o quanto isso me faz bem.

Daryl congelou em seu lugar no banco.

Ele não era um homem que desconhecia contatos físicos. A maior parte do que recebeu de seus pais, irmão e desconhecidos possuíam um toque de violência ou interesses egoístas por trás. Algo simples como um abraço aleatório em amigos apenas pelo prazer de abraçar ou motivado pela excitação da alegria não era algo comum de seu mundo. Como reagir a algo que não se conhece?

Daryl nunca recebeu um abraço, não um de verdade. Na realidade, ele nunca teve muito afeto, cresceu sem saber disso e agora estava sem saber o que fazer.

- Me desculpe. Intimidade demais? – ela perguntou se afastando. Ela sorriu como se tentasse dizer que estava bem, mas ele podia ver em seu olhar. Aquilo ele reconhecia de longe, era mágoa e tristeza.

Ele não conseguiu terminar uma frase que fizesse sentido em sua cabeça. Como dizer a uma pessoa que parecia viver em um mundo feliz que ele nunca soube como é tal sentimento?

- Você não é fã de abraços, ou não é acostumado? – ela era direta ao mesmo tempo que amenizava as coisas, ele gostava disso nela.

Ela era o tipo de garota que sempre via o lado bom, o tipo que cresceu em uma casinha com cerca branca e paredes cor-de-rosa enfeitadas com pais amorosos e irmãos que realmente se importavam.

Sentiu-se envergonhado naquela hora.

Desviou os olhos para as árvores, não queria que ela visse em seu rosto o quão quebrado ele realmente era.

O modo como ela agia com seus irmãos não era nem de longe parecido com o modo que ele e Merle se tratavam. Ele e seu irmãos eram companheiros de casa, Merle foi embora e o deixou sozinho com o pai alcoólatra na primeira chance que teve. Ele nunca esteve realmente lá, mas ao mesmo tempo, era tudo o que ele tinha.

O silêncio dele pareceu ser tudo o que ela precisava saber.

- Estende os braços e coloca ao redor do tronco. Pensa rapidamente o quanto você gosta da pessoa, se for, digamos, zero por cento, mal a toque. Se for algo como noventa e nove por cento a aperte como se dependesse de sua vida para isso, mas sem machucar. – ela falou tão rápido que ele teve que pensar um pouco nas palavras para entender.

- O que?

- É assim que se abraça. Podemos tentar novamente se você quiser. – ele voltou seu olhar para ela. Ela prendia os lábios entre os dentes com força exagerada. - Serei sua cobaia com todo prazer.

Hannah liberou o lábio inferior de seus dentes apenas para voltar a castigá-los.

Sem pensar muito ele levantou sua mão calejada e tocou o rosto dela. Delicado, leve, como se ela fosse um animal acuado com o qual ele tentava fazer contato sem que ela saísse correndo ao primeiro sinal mal interpretado como ameaça. Se sentiu satisfeito ao ver que ela não tremeu ou recuou a seu toque. Com o polegar retirou o lábio inferior dela daquela prisão e o massageou com leveza. Ela respirou profundamente, ele se sentiu tentado a chegar um pouco mais perto, mas recuou. Ele queria, como queria tocar seus lábios nos dela, conhecer o gosto, sentir.

A dúvida retornou. Ela merecia algo melhor que ele. Aquilo era um território novo para ele, tocar alguém dessa maneira, ter alguém confiando nele.

Ele também imaginava que deveria ser algo novo para ela.

O que diabos estava acontecendo consigo?

- Espero que seja paciente. – ele murmurou e a soltou.

- Ah, com certeza eu sou muito paciente. - ela sorriu. - Você estava indo para onde?

- Minha barraca. Odeio ficar na casa de pessoas estranhas.

- Hershel não é estranho, ele é bem legal na realidade. – ela o defendeu como se estivesse realmente ofendida. – Além do mais ele lembra meu avô.

- Seu avô deveria ser um psicótico então. – estavam sérios se encarando para ver quem venceria aquela briga infantil. Hannah foi a primeira a rir, abafando o som com sua mão.

- Não, meu avô era super normal. Menos em certos dias do mês, às vezes ele esquecia dos remédios e saia na rua pelado gritando como o Tarzan. No final eu tinha que correr atrás dele com uma toalha para tentar cobri-lo. Já fomos presos umas duas vezes por atentado ao pudor. – Daryl riu baixo, ele tentava imaginar Hannah correndo atrás de um velhinho tentando convencê-lo de que não era o rei da selva.

Hannah o observava, caçador já deveria ter algo entre trinta ou trinta e cinco anos, era um homem calejado pelo tempo, mas, mesmo com as marcas, cicatrizes e queimaduras, ele ainda era o que Hannah considerava atraente. Como ele conseguia ser tão charmoso mesmo no meio de um apocalipse? Ela o estava examinando quando viu que ele estava com a blusa meio levantada no lado esquerdo onde os machucados sangravam.

- Droga, caçador! Desse jeito você não vai melhorar nunca. – exclamou.

Ela logo se levantou para correr para dentro da casa, teria que pegar seu kit de primeiros socorros. Foi e voltou rapidamente e sem fazer barulho, o sono de Seth era incrivelmente pesado, mas ela não queria arriscar.

– Não consigo ver direito, tem uma lanterna por ai? – falou quando tentou ver como estava o ferimento, mas as sombras a impediam.

- Na minha barraca. – ele falou já se preparando para levantar, ela assentiu, na cabeça dela ela repassa um mantra cantarolado.

Sozinha com ele, local fechado e muito pequeno. Sozinha com ele, local fechado e muito pequeno...

Seguiram em silêncio até uma barraca mais afastada de uma fogueira recentemente apagada, a fumaça ainda subia e algumas brasas ainda ardiam teimosamente e ao seu redor outras barracas estavam armadas. Daryl apontou para sua das barracas e coçou a nuca sem jeito só agora notando que ela iria entrar em sua barraca, todos estavam dormindo, apenas eles dois sozinhos.

- É essa a minha, se quiser pode limpar aqui mesmo...

- Está com medo de ficar sozinho comigo? – ela provocou para esconder o nervosismo. Ele não a queria por perto?

- Vamos logo. – caçador endureceu a expressão e entrou em sua barraca, se deitou em seu colchonete e esperou.

Ela entrou com cautela, era território estranho estava acostumada a ser cautelosa quando não tivesse certeza de onde pisava. Daryl quase sorriu com aquilo, a garota parecia mais um gatinho assustado do que com a leoa que o derrubou várias vezes.

Nenhum dos dois falou nada. Ela se ajoelhou ao seu lado e abriu a maleta retirando tudo que iria precisar e o olhou nos olhos, ele a observava. Ela tocou o primeiro botão de sua camisa quadriculada e com mangas rasgadas, ela teria sorrido se não estivesse tão nervosa. Tipicamente caipira, como ele. Ela esperou, o encarando como se pedisse permissão, ele a deu e ela abriu lentamente os botões da camisa.

Ela respirava superficialmente, já ele tentava controlar sua respiração.

Não era a primeira vez que ela tirava sua roupa, mas da última vez que ela o fizera ele estava inconsciente – e não a encarando como se tentasse ver sua alma. Aquele olhar a deixou quente e mais nervosa, suas mãos tremulas, esbarraram na pele em chamas dele e ela se preocupou que ele estivesse com febre ou uma infecção, mas ao voltar a olhar para seu rosto, o modo como ele a olhava. Com certeza não era infecção.

Antes, ele estava inconsciente, agora ele sentia as mãos quentes dela tocando sua pele, a respiração descompassada e o modo como ela explorava seu corpo com os olhos. Ele não tinha um corpo que poderia ser considerado bonito e as cicatrizes deixadas por seu passado só o causavam vergonha e revolta, sabia muito bem disso, mas Hannah não parecia se importar enquanto o olhava com cobiça. Ele se perguntou se ela realmente não se importava com o quão defeituoso ele era ou se ela apenas fingia muito bem.

- Vire-se. – ela pediu com a voz mínima, ele obedeceu. - Sortudo, não quebrou os pontos, apenas sangrou um pouco. Colocarei um pouco de álcool em cima, no três, ok? – ela avisou e sem esperar resposta derramou o líquido frio no tronco dele, ele grunhiu.

- Não ia contar até três, sua doida? – ele gemeu se contorcendo buscando fugir do aperto dela.

– Bem feito! Você deveria ter descansado e não ficar descendo e subindo escadas, caçador estúpido!

- Não preciso de você me dizendo o que devo ou não fazer, vaca idiota. – ela colocou as mãos em sua própria cintura e semicerrou os olhos para ele.

- Caipira idiota, lunático das orelhas podres, - ele se virou para ela. - Estou mais próxima do bisturis do que você, acho bom ser mais educado se não quiser um buraco em suas costas. – deu um leve aperto ao redor do machucado, ele segurou o gemido de dor.

- Está me ameaçando, garotinha? Ainda sou mais forte do que você. – ele se sentou ereto, o movimento rápido deve ter doído na ferida, pois ele fez uma careta.

- E daí? Ainda sou a mais leve e rápida. – ela empinou seu queixo como se isso a fizesse maior.

- Estou mais perto das armas. – falou, sua besta estava a apenas cinco centímetros de sua mão. O olhar dela se desviou para a arma, mas os dois sabiam que ele nunca a usaria contra ela.

- Garanto que sou melhor na luta corpo a corpo. Ou só se garante atrás de um cano metálico, caçador caipira? – ela o estava provocando, ele sabia, mas não podia evitar procurar ter a última palavra. Ele estava de volta a seus anos de criança perto dela.

- Sou maior, consigo te ver sob mim facilmente com arma ou sem. – rosnou, ele não notou o duplo sentido de sua frase, mas nada nunca escapava de Hannah.

- Ah, disso eu não duvido. – ela respondeu com um sorriso malicioso, ele repassou suas palavras em sua mente e a imagem mental que lhe surgiu fez a raiva ser substituída por excitação.

Hannah, sob si, completamente nua. Ela estava tão próxima e ao mesmo tempo tão distante.

Precisava dela mais perto.

- Na verdade sou super a favor de sua ideia, caro caçador. – ela sussurrou se inclinando.

E novamente a leoa se tornava uma gatinha manhosa. Ela mordeu seu lábio inferior repentinamente indecisa se esse era o caminho certo. Não temia estar fazendo as escolhas erradas, temia ser rejeitada.

Tão próximos e tão distantes.

Ele viu desejo no olhar dela como se refletisse o dele próprio. Não sabia explicar o que sentia, mas sabia que a queria.

Ele a puxou pelos braços a colocando em seu colo, ignorou a fisgada em sua ferida e tomou os lábios dela para si. Não era um beijo profundo, apenas um encostar de lábios agressivo assim como a relação dos dois.

- Seu idiota! Eu permiti? – ela lhe deu um tapa os afastando ambas respirações ofegantes pelo surto de adrenalina se fundindo no ar que ocupava o curto espaço entre eles.

Ele paralisou, ela não o queria. Ele a tentara beijar e ela não o queria, o pensamento calou fundo. Aquilo era errado, ele não era para ela. Meu Deus, o que estava acontecendo?

- Como ousa me atacar desse modo? – ela resmungou com raiva, mas seus olhos não desviavam dos lábios dele.

Então foi a vez dela o atacar. Ela o pegou pela gola da camisa que ele ainda usava e o puxou com violência. Ela se aproximou lentamente, como um caçador observando sua presa antes de atacar e encostou seus lábios nos dele antes de prender o inferior entre os dentes e chupá-lo antes de morder em seguida, suas mãos migraram para os ombros largos e em seguida para a nuca buscando retirar a camisa que a atrapalhava tocar nele como desejava.

Ele esperava dela todas as reações, menos essa.

Mais rápido que era possível ele se recuperou do choque e correspondeu a altura.

Ela sorria entre os beijos quando a pele dele se arrepiava ao roçar de suas unhas na pele dele. Ele acabou deixando um gemido escapar quando ela mordeu seu lábio superior com um pouco mais de força. Eram como fogo e gasolina

Se com palavras eles se xingavam com os lábios eles lutavam. Chupões, mordidas eram trocados com tal vontade que parecia realmente que eles brigavam com os lábios ao invés de estarem se beijando. Ele desceu beijos molhados pelo queixo dela quando se separaram em busca de ar, ela ofegava enquanto ele explorava seu pescoço com a língua, lábios e dentes testando suas reações, buscando seus pontos fracos, sorrindo contra a pele arrepiada dela quando ela soltava algum som que o agradava.

- Daryl... – ela praticamente gemeu seu nome.

Voltou para cima e se permitiu observá-la, ela tinha olhos fechados, sua respiração descompassada escapava pelos lábios extremamente vermelhos por causa da violência entre os beijos. A imagem do êxtase, ela nunca esteve tão linda. A testando sem resistir ele lambeu o canto do lábios dela como se pedisse permissão, que para ele foi concedida, ele língua dele se infiltrou na boca dela, testando até onde ela o deixaria ir. Ela não o fez se arrepender o beijando com voraz necessidade. Ela precisava dele como quem precisava de ar.

A briga pareceu se acalmar, como se eles decidissem que não haveria vencedor no final, ditando o ritmo de uma dança lenta e sensual contra os quadris dele. Ela puxou os cabelos da nuca dele com um pouco mais de força quando este lhe chupou a língua. As mãos calejadas se infiltraram na blusa dela parando na base das costas e na parte baixa das costelas, explorando a pele do mesmo modo que um dia ela vira um cego lendo braile. Sem deixar um pedaço faltar a deixando arrepiada a cada novo dedilhar dos dedos. Ele a tocava com a intimidade e possessão como se ela já fosse dele sem nunca deixar de respeitar o espaço dela.

Já estava decidido, ela era dele.

Assim como ele já era dela, só não sabia ainda.

Ela se sentiu poderosa quando ele permitiu que ela ficasse no comando ao deixa-la o deitar continuando por cima dele sem nunca deixar de tocá-lo, sem nunca separarem os lábios. Ela abriu os olhos e o viu a olhando de volta com tal desejo e paixão que deveriam estar imprimidos em cada movimento dela. Quando pareceu recobrar o juízo notou que ambos estavam sem camisa e os dedos dele brincavam com seus mamilos sob o sutiã preto enquanto ela rebolava com força contra o membro rijo dele.

- Se quiser parar agora é a hora. – ele murmurou contra o pescoço dela, os quadris ainda se movendo um de encontro ao outro em busca de uma libertação que só encontrariam na pessoa dentro da barraca.

- Ótima hora de bancar o responsável, caçador. – falou, o fino tecido de sua calça permitia o atrito que ela precisava, ele segurou a carne macia da bunda dela a empurrando contra ele com força até sentir o corpo pequeno começar a tremer. Ela estava perto, tão perto...

- Daryl, por favor...

– O que quer, Boneca?

- Me faça gozar. - pediu em um gemido sôfrego colando seus lábios novamente aos dele para abafar o gemido alto que soltou quando chegou ao ápice do prazer.

- Até que você serve para algo, Caçador. – ela o provocou com um sorriso grande no rosto, ele segurou a vontade de bufar a provocação dela. – Aposto que serve muito bem para outras mais... – murmurou juntando novamente os lábios com os dele. Eles não passaram disso.

- Achei que tínhamos passado da fase do "caçador". – ele brincou a retirando de seu colo e a deitando em seu lado para que ela não notasse que ainda estava excitado.

Porra. Ele estava brincando. Ele estava agindo como alguém normal. Que remédios Hershel havia dado para si?

- Nunca vamos passar dessa fase, meu caro Caçador.

Em algum momento eles se acalmaram e apenas ficaram deitados na barraca olhando um para o outro na luz branca da lanterna. Hannah se entretia brincando com o cabelo de Daryl enquanto ele se concentrava em não ataca-la. Pensava em tudo menos na sensação dos seios rijos dela contra sua mão, ou dela rebolando no colo dele, ou na maciez dos lábios dela...

Ele sacudiu levemente a cabeça para espantar os pensamentos nada puros e o sono, ele estava cansado, o dia havia sido difícil, mas não queria dormir. Tinha medo de que tudo aquilo fosse um sonho de sua mente doente e que quando acordasse ela não estaria ali. Há muito tempo ele não sentia aquele incomodo que era sofrer por antecipação, mas hora ou outra deveria encarar a realidade.

Mesmo que esta fosse Hannah indo embora.

- Você deveria dormir. – ela falou baixo quando ele bocejou pela terceira vez e se levantou para desligar a lanterna. – Não se importa que eu fique aqui, não é mesmo?

- Se eu dissesse que me importo, você iria? – falou com o mesmo tom sisudo ao qual era acostumado, ela sorriu e alegremente negou. – Como suspeitei – ela voltou a se deitar, mas agora havia uma ruguinha de preocupação em sua testa. - Hm? – ele perguntou em seguida levantou a mão e com o polegar massageou a pele até que aquela ruguinha sumisse.

Hannah deitou a cabeça no peito do caçador e se calou, ele já estava sonolento quando ela resolveu responder.

- Tenho que ir embora. Sinto que meus irmãos não estão seguros aqui. – ele sabia que ela não estava falando da barraca e sim da fazenda.

Caçador sentiu como se tivessem chutado seu cachorro. Mas o que ele esperava? Um pedido de casamento? Quando havia ficado tão mocinha?

- Quando planeja ir? – seu tom era frio como gelo, ele tentou se afastar, mas ela o prendeu em seus braços o impedindo de se soltar.

Ele já estava com um pé nesse mundo e outro no mundo dos sonhos, seu corpo necessitava de descanso e não tinha vontade de se soltar dela. Acabou relaxando contra o pequeno corpo quente, estava sem forças para lutar. Ao contrário dele, Hannah estava bem desperta e avaliando o caçador, ela não tinha o mesmo sono como antes de aquela loucura toda começar. Quando assumiu a responsabilidade de cuidar de seus irmãos também perdeu a vontade de dormir a noite para ter certeza que nada os machucaria.

- Assim que Seth conseguir mover o braço. Voltarei à rodovia a pé, pegarei meu carro e apenas retornarei para buscar meus irmãos. – falou, sua mão estava sobre o peito dele sustentando o peso que seu queixo imprimia. Ela conseguia sentir o coração do caçador batendo contra sua palma, forte e constante.

- Não deveria ir sozinha, da última vez em que estive lá uma manada daquelas coisas passou. – ele resmungou lutando contra o sono para evitar que ela mantivesse essa loucura de ir embora.

Talvez fosse efeito dos remédios, talvez fosse ela que o deixava bêbado, mas o seu cérebro só conseguia seguir para uma única certeza: Ele a queria ali, consigo.

- Chamarei alguém para ir comigo, talvez eu chame Glenn ou T-Dog.

- Eu posso ir.

- Você mal se aguenta em pé sem sangrar, Caçador. E não quero que piore seu estado por culpa minha, deve descansar, esqueceu?

Aquilo o pegou de surpresa, ele não sabia como reagir às pessoas se importando com o quão machucado ele poderia estar. Ele não resistiu, sorriu e fechou os olhos por fim. Ela teria que voltar de qualquer modo para pegar seus irmãos, ele pensaria em algo que evitasse que ela fosse embora. Hannah, Lana e até mesmo Seth já eram parte dele, mesmo que ele não soubesse.

- Já passei por coisas piores.

- Eu sei, mas desejo que você continue assim: bem e inteiro. Agora durma, meu caçador.

Ele ainda a ouvia, mas sua consciência já estava longe sonhando com um mundo onde toda aquela loucura não passava de um sonho distante.


Notas Finais


Então, coméquevão?

Gente, realmente tivemos uma barraca armada nesse cap - se é que me entendem kkkkkk

gostaram do capítulo? Eu pensei que talvez mostrar que ele não é tão caipira sem jeito com a mulherada seria uma das ideias mais legais nessa fic, então é isso... o que acharam? Sinto dizer que amei esse capítulo pq O DARYL É MTO COISADO, UMA HR ELE TA FOFO, OUTRA QUERO MATA-LO E OUTRA DÁ VNTD DE ARMAR UMA BARRACA PARA NOS PRENDER JUNTOS DENTRO.

Certo, parei. Quem gostou, já sabe que eu amoooo comentários, então coloquem esses maravilhosos dedinhos para funcionar que eu continuo colocando os meus para ralar, ok? Ok! Como algumas pessoinhas do core já devem saber posto essa história também no Spirit e no Nyah, o link está no meu perfil, as vezes eu esqueço de postar aqui, mas podem ter certeza que sempre que tiver capítulo novo terá em um dos dois sites, ok? Ok!

Perguntinha do dia: alguma de vocês já pensou em como seria a vida de Daryl Dixon pré-apocalipse? se vocês derem suas respostas ai embaixo eu conto a minha capítulo que vem, certo? Certo!

Beijos e até a próxima!!

A ♥


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