História Baby - Hands

Respiro fundo e desligo a tela do meu celular e o guardo no bolso, me levantando da cama azul na qual eu estava deitado. Respiro fundo pensando na conversa que eu acabara de ter com aquela garota...

Ela... é tão linda... suas pernas... sua cintura... suas mãos... é tudo perfeito. Mas eu ainda não vi seus olhos, só fui capaz de imagina-los.

E involuntariamente sempre assimilo-os aos olhos do garoto mais lindo da escola. Rafael Lange.

Caminho até meu guarda-roupa, visto uma blusa preta com mangas longas, uma calça jeans cinza escuro e sapatos pretos. É, eu amo a cor preta.

Vou para a cozinha e esquento o prato que minha mãe deixou na geladeira ontem à noite. No prato continha apenas salada e alguns pedaços de peixe. Ela exagera na questão de "saúde"...

Me alimentei e depois escovei meus dentes, e então fui para o ponto de ônibus. O ônibus que me levava próximo da escola demorava uns 10 minutos pra chegar, o que me deixava entediado. Mas hoje algo me distraiu e fez meus pensamentos irem para outro mundo.

Rafael Lange estava no ponto de ônibus. Suas mãos se apoiavam no banco enquanto o garoto olhava para os lados várias vezes, parecendo estar ansioso. Ele usava uma calça branca, um tênis azul claro e uma blusa da mesma cor que seu tênis. Eu estava o admirando fazia bastante tempo, mas o pequeno não percebia. Ou fingia que não...?

Seus olhos eram a coisa mais linda do mundo. Tinham a cor azul celestial. Suas delicadas mãos eram brancas como a neve, e inevitavelmente eu as imagino me tocando. Droga, agora não... agora não...

Ouço o ônibus chegando, me levanto do banco e entro no veículo lotado. Me sentei na última cadeira. O garoto de olhos azuis estava em pé, sempre evitando olhar para mim, e depois de um tempo percebeu que não havia nenhum lugar para ele sentar, além do banco que estava ao meu lado.

Devagar ele veio andando e se sentou ao meu lado, ainda evitando o contato visual. Por quê ele estava tão tímido? Sua face suava, e tinha um tom levemente vermelho. Eu... até considerava a ideia de puxar assunto com ele, mas por algum motivo não a cumpria.

Depois de alguns minutos o ônibus parou próximo à escola, desci do veículo e Rafael veio ao meu lado, ainda sem me olhar. Entramos na escola e fomos aos nossos armários, pegamos nossos livros, e depois cada um começou a caminhar em direção ao corredor das salas.

Que... estranho. Ele me dá sensações que não consigo explicar direito...

Quando eu quase entrei na minha sala senti seu dedinho entrelaçar com minha mão, e o vi sorrindo corado. Esse momento durou por apenas um segundo... Não consegui reagir... apenas pensar...

Eu acho que gosto de você, Rafael.