História Little Death - Twelve

E se você está apaixonado, então você é um sortudo

Porque a maioria de nós está sofrendo por alguém

Incendiando nosso interior por diversão

Pra distrair nossos corações de sentir saudades deles

Mas eu sempre sentirei a falta dele

- Daugther

“Caro Dean

Essa é apenas mais um dos e-mails que você jamais irá ler, palavras escritas apenas para um vislumbre do que você foi você em minha vida, com sua forte influência sobre mim e sobre minhas atitudes. E sim, eu o culpo pelas minhas bobas idiotices recentes pois você foi a causa delas. Mas eu não posso te culpar pelas minhas grandes idiotices pois eu sei que possuo única culpa.

Você me encantou com seu brilho esplendido de ser, com sua alma purpura e escarlate que gritava comodidade, e eu a aceitei sem hesitar. Me arrependo, porém não por você Dean. Jamais poderia me arrepender por você ter cruzado com a minha infeliz alma. Me arrependo por não ter feito disso o suficiente, me arrependo por não ter dito coisas que agora, entalam na minha garganta e me retiram o ar. Me arrependo de não ter feito tantas coisas ao seu lado, como por exemplo, me arrependo por nunca ter contado as estrelas ao seu lado na grama verdejante.

Me arrependo de tudo o que não fiz ao seu lado, me arrependo das palavras não ditas, me arrependo de não ser bom o bastante para fazer você feliz, e espero que um dia você possa me perdoar por ter sido tão tolo, e também espero me perdoar por isso.

Soube que você está com outra pessoa, fico feliz Dean. Quer dizer, não de verdade, mas as pessoas parabenizam as outras para não parecerem tão mesquinhas. Eu sei.

Quando você mesmo me contou sobre essa novidade, sentado no meu sofá e com os olhos baixos para o carpete vermelho de aspecto renascentista, eu não pude evitar de te olhar e esperar que você me olhasse também e dizer que era apenas uma pegadinha.

Isso foi cruel, Dean.

Ainda não soube muito bem o motivo da sua visita, disse-me coisas doces e meigas como sempre fez comigo, mas agora me pergunto se sou exclusivo de tais dizeres. Minha mente paranoica já não sabe mais o que pensar. Talvez você tenha vindo ao meu encontro apenas para dizer “eu também posso seguir minha vida sem você”.

Você me deixa confuso Winchester, estou a escrever durante horas e ainda penso na nossa conversa, e observo seu semblante sereno enquanto dorme na minha cama. Isso dói.

Eu não sei o que você quer Dean, então me diga, o que você quer? O que você quer que eu faça?

Quanto mais eu penso, menos soluções me aparecem.

Você simplesmente aparece no meu apartamento, diz que sente a minha falta e então anuncia seu noivado. Como devo reagir a isso? Pegar o convite que está jogado em cima do sofá e procurar um presente para você e sua noiva?

Se é isso que espera, se quer mesmo que eu seja seu padrinho você só pode ter perdido a cabeça Winchester, e eu vou precisar lhe internar em um hospício para que você se livrar dessa loucura.

Perdi as contas de quantas vezes li e reli esse e-mail, e percebo que realmente possuo certa bipolaridade, mas você desperta isso em mim! E eu odeio isso, eu odeio o fato de você avivar sensações e emoções que eu não compreendo, que eu não sinto. Mas você me faz sentir, todas elas.

Entretanto, os primeiros parágrafos leio-os agora com angustia, pois fui tolo em me deixar ser manipulado por esses sentimentos bons que se aguçaram. Mantenho minhas palavras duras, pois são verdadeiras e as verdades são como um soco em nosso estomago. Ninguém as aceita muito bem, ela machuca na maioria das vezes, porém temos que aprender a lidar com a dor que ela causa.

E a minha conclusão é que você é um idiota, e eu mais ainda por continuar a te amar, por continuar a te idolatrar e fazer de você a peça central da minha vida. Longe ou perto de mim, você sempre será importante, e meu interior sempre irá pedir por você porque sinto que você é parte de mim. E eu estou me deixando levar mais uma vez por meus estupidos sentimentos.

Sem dúvidas alguma, de todas as palavras que eu já dirigi a você essas são as mais sinceras, sentimentais e idiotas.

Então peço apenas que ignore caso algum dia esse e-mail chegue a você, espero que não se lembre mais do nome Castiel ecoando em sua mente e apenas o apague dizendo que erraram o destinatário.

Castiel.”

Após terminar aquela ridícula carta virtual o Novak dirigiu-se novamente a janela que estava quando a sombra iluminada do Winchester apareceu ali, no seu presente, para assombra-lo do seu passado.

A verdade era que Castiel jamais havia voltado a escrever seus contos e poemas suicidas, pois sua mente focava apenas em escrever declarações para o loiro, confissões que o Winchester jamais leria ou sequer saberia de sua existência se dependesse de Cas.

Naquela janela, o sol irradiava os primeiros brilhos nítidos da manhã. Era incrível, ele passara mais uma noite acordado e atordoado por causa daquele idiota.

Castiel virou-se lentamente, deixando suas costas se apoiaram na parede e no batente de madeira da janela, uma brisa soou atrás dele, batendo nas suas costas e nos seus cabelos negros. Porém, seus olhos azuis se voltaram para um envelope branco com detalhes dourados e uma fita dourada que estava posta de qualquer maneira no mesmo.

Ele andou até o pequeno papel e o analisou novamente, sua textura era agradável na sua pele. Retirou a delicada fita e então o abriu, e não importasse quantas vezes lesse aquelas palavras, ele sentiria a mesma sensação de devastação dentro dele, sentiria a perda do amor de sua vida.

Convidamos você para celebrar nosso noivado

E fazer parte dessa nova era para nós dois

Atenciosamente

Amara Shurley e Dean Winchester

Se alguém negou que as palavras não podem nos destruir, tal pessoa estava errada. Porque aquelas simples palavras, que alegravam a todos, despedaçava Castiel por inteiro.

Não se sabe quanto tempo ele ficou ali, apenas observando aquilo que soava como uma afronta contra ele, talvez fossem segundos, minutos, horas, dias.

Todavia, ele logo tratou de se recompor, pegou a fita e colocou-a novamente envolta do envelope branco, e depois o guardou no mesmo lugar onde deixava suas cartas. Deixando-o ali, foi até a cozinha e logo pegou uma chaleira para colocar água e levou-a até o fogo que flamejava no seu pequeno fogão.

Deixou a chaleira ali, não tinha uma cafeteira ainda então fazia o seu café de forma tradicional. Após ferver a água, pegou o seu bule e deixou ali um coador a qual fora preenchido por colheres de café. Depois de ter filtrado o pó, acrescentou pouco açúcar e estava pronto.

Um café quente, forte e amargo.

- Bom dia, sunshine. – a voz rouca de Dean entoou logo atrás de si, e por pouco Castiel não derrubara o café em si próprio.

Tinha esquecido que Dean dormira na sua casa aquela noite, mesmo passando horas a escrever sobre aquilo e sobre seu repentino sentimentalismo e nostalgia.

Quando virou para encarar o loiro, seus olhos se encontraram. Verde no azul.

E os dois tiveram uma sensação de que estavam se vendo pela primeira vez quando uma onda de espasmos e calor se passou pelos seus corpos, seus olhos pareciam estar conectados ou hipnotizados um pelo outro, pois eles não queriam terminar aquela troca de olhares nunca.

Pois ali, durante aquele período, eles se sentiam finalmente completos.