Se duas pessoas realmente se amam, nada pode mantê-las separadas.
Nada.
Sarah.
O cheiro de roupa nova era exuberante no lugar, todos os ternos perfeitamente alinhados um ao lado do outro – brilhantes e cuidados. Eram ternos de diferentes cores, tamanhos e tipos, uma variedade tão grande que qualquer ser poderia se ver indeciso em meio a todo aquele mar de luxuria.
Castiel passava os olhos em todos os eles de forma totalmente superficial, aquilo não o interessava, era o oposto, o fatigava. Ver todas aquelas gravatas com todas aquelas estampas poderia deixar alguém facilmente tonto. E o brilho reluzente dos sapatos lustrosos poderia cega-lo.
Lembrava-se perfeitamente da última vez que entrara em uma loja como aquela, e por coincidência, possuía a mesma companhia que agora. Dean Winchester o arrastara para comprar uma roupa adequada para quando fosse, pela primeira vez, tocar em uma orquestra.
Embora não fosse mesmo de fato uma orquestra, mas era o show de talentos da escola, ele deveria estar apresentável para tocar lá, uma vez que seria seguido por violas, violoncelo, alguns outros violinos e o piano.
Mas agora não era ele quem iria comprar um terno, mas sim Dean.
O de olhos verdes parecia apreensivo em meio a todas aquelas opções de combinações, não sabia o que escolher, não tinha a mínima ideia na realidade. Ele não sabia que esse tipo de coisa era tão chato e estressante, e agora que havia descoberto se amaldiçoava por ter dito a Amara que ele mesmo queria comprar seu terno para o casamento.
E a presença de Castiel apenas o apavorava, ele havia convencido o moreno a ir até ele nesta procura e lógico o outro havia aceitado, mesmo que Dean pudesse notar certo receio em sua afirmativa.
- Então, gostou de algum? – o moreno perguntou, passando levemente os dedos sobre alguns ternos de tons cinzas.
Dean olhou ao seu redor confuso e indeciso, e certamente arrependido por aquela estupida escolha.
- São todos iguais para mim. – disse, sincero.
O Novak sorriu de canto e o encarou como se tentasse decifra-lo, ou encontrar qualquer vestígio para suas paranoias, porém desviou o seu olhar e voltou-se para uma prateleira de gravatas coloridas e estampadas.
- Acho que você consegue ver diferenças nas gravatas. – bricou e o Winchester riu pouco alto, parando ao seu lado em frente aquela prateleira.
- Olhe aquela. – apontou para uma que possuía listras coloridas em tons quentes. – É extremamente gay.
- Então deveria compra-la, combinaria bastante com você Winchester. – disse em tom brincalhão e os dois não deixaram de rir, mesmo que aquela frase fosse de fato verdadeira.
- Vem, vamos escolher primeiro um terno. – o loiro o chamou.
- Correção Winchester, você irá escolher um terno. – apontou o dedo para o mais velho que sorriu divertido.
Era bom ter Castiel novamente ao seu lado, apenas agora reparava o vazio que o moreno havia deixado no seu coração. A falta que aquelas íris azuis tão intensas e misteriosas fazia na sua monótona vida, e como aqueles olhos coloriam seu mundo.
Sorriu de lado para aquele pensamento, agora Cas voltara para sua vida e ele não o deixaria ir novamente.
- Dean, venha cá. – o Novak fez um sinal com as mãos para que ele fosse lá, e bom, Dean foi sem hesitar.
- O que foi?
- O que acha desse? – perguntou amostrando um terno negro, com riscas cinzas. Seu corte era acentuado na cintura, e sua gola era forrada de um cinza escuro que dava um novo contraste de cor para a roupa.
- É bonito. – respondeu
- Ótimo. – falou e jogou a vestimenta no loiro que lhe lançou um olhar confuso.
O Novak apenas revirou os olhos em tamanha lerdice do outro.
- Você irá experimenta-lo. – explicou. – Mas ainda precisamos encontrar uma camisa e uma gravata adequada.
Dean suspendeu as sobrancelhas e observou o terno em seus braços, era de fato bonito, mas havia algo que o fazia hesitar, ele só não sabia o que.
Horas haviam se passado desde que os dois adentraram aquela loja, fora uma tremenda busca achar algo que agradasse o loiro, entretanto com a ajuda de um jovem atendente ficou mais fácil de achar algo que servisse.
E lá estava Castiel, sentando em um dos pequenos sofás vermelhos em frente ao provador esperado Dean sair para que ele pudesse avaliar melhor todo o conjunto.
Assim que o loiro saiu de lá de dentro, o moreno ficou espantado com a beleza que apenas um único ser poderia ter. Mesmo que a face de Dean estivesse contorcida em uma expressão de desprazer, continuava simplesmente lindo. A verdade era que Dean Winchester jamais poderia reclamar de sua beleza, pois ela era infinita e radiante.
- Ficou perfeito. – disse, seus olhos brilhavam de excitação.
- Mesmo? Achei que ficou estranho. – falou, indo se avaliar no espelho de moldura dourada que havia no ambiente.
Castiel revirou os olhos.
- Você disse a mesma coisa nos últimos 6 ternos. – levantou-se e se colocou na frente de Dean para auxilia-lo com a gravata.
- Eu odeio isso.
- O que?
- Usar terno, gravata, calça social. Essas coisas pinicam a minha pele. – respondeu, e o Novak não pode evitar de jogar sua cabeça para trás em uma risada.
- Será o dia do seu casamento, deve estar apresentável Winchester. – disse passando a gravata em um laço.
- Foi a mesma coisa que eu te disse a alguns anos atrás, mas não era seu casamento.
- Era o show de talentos. – completou, e os dois sorriram de forma cumplice.
- Sim, você estava nervoso. – riu com a lembrança.
- Não ria da minha desgraça, tinham varias pessoas lá, não tinha como não ficar nervoso. – rebateu ainda sorrindo.
- Você foi esplendido. – falou como se fosse um segredo, algo intimo entre eles e que ninguém poderia ouvir.
- Você me disse a mesma coisa naquela época. – riu.
- É porque é a verdade, você está sempre esplendido Castiel. – sussurrou a ultima parte.
Cas havia acabado de dar o nó na gravata quando Dean proferiu aquelas palavras, ele levantou sua cabeça para encara-lo e foi apenas ali que percebeu o quanto estavam próximos, próximos demais. No entanto, nenhum dos dois queria que aquela proximidade acabasse, eles só queriam sentir-se cada vez mais colados um ao outro.
- Obrigada. – sua voz falhou, e ele se amaldiçoou por isso.
- Cas. – o loiro o chamou, sua voz era calma e melancólica como se relembrasse de momentos únicos.
- Está pronto. – se afastou do outro, dando-lhe espaço para se ver melhor.
- Não faça isso.
- Isso o que? – tombou sua cabeça para o lado quase tocando seu ombro.
Por deuses, como o Novak ficava adorável com aquela expressão estampada em sua face pálida e bela.
Como alguém poderia ser tão apaixonante como Castiel conseguia ser? Tão amável e complacente.
O loiro não pode resistir ao impulso de tê-lo novamente perto de si, e como em apenas um golpe um agarrou pela cintura e suas mãos vagaram até seus cabelos negros acariciando os fios macios e então, sua boca de forma rápida e feroz arrebatou os lábios vermelhos do outro.
Inicialmente, o Novak hesitou, sabia que não poderia fazer aquilo, era totalmente errado. Mas a saudade daqueles lábios juntos aos seus o fez vacilar e então ceder. O beijo era calmo e lento, suas bocas se mexiam de forma vagarosa e apreciativa. Foi apenas ali, no meio daquela loja que os dois se sentiram completos novamente, relembrando os seus beijos da adolescência e o frescor de uma paixão que jamais os abandonara.
Foi ali que eles se redescobriram seu amor.
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