História Little Death - Two

um grito ensurdecido por imensos outonos,

pela entreaberta e úmida escuridão das folhas.

- Pablo Neruda

Eu corria entre as linhas paralelas dos meus pensamentos, meus olhos observavam o nada e o tudo ao mesmo tempo. Buscava por inspiração para os meus poemas, mas tudo o que eu sentia era uma repleta confusão. Muitas coisas habitavam em mim, coisas que não sabia que tinha. Talvez, eu seja assim. Uma confusão.

Novak escrevia cada uma dessas palavras, tentando expelir tudo o que ele sentia naquele momento, o que parecia ser impossível. Suas emoções estavam emaranhadas e inexplicáveis. Suas mãos transpiravam, como todo o seu rosto. Os olhos azuis estavam vermelhos, devido a insônia e a noite virada.

Naquele momento, os primeiros raios de sol diziam ola para todos. A cor purpura e alaranjada coloria todo o céu, cobertos por algumas nuvens. Castiel assistia aquele fenômeno, sorrindo. Ver o sol nascer era lindo e deprimente, porque significava que era mais um dia sem sua mãe e mais um dia que ele teria de viver na sua rotina sem alegria.

Ele passou os dedos pálidos dentre os fios de cabelo que caíram desajeitadamente sobre sua face, suspirou tristonho. Ainda era cedo, muito cedo. A brisa da manhã soprava calma.

Castiel estava assentado na cadeira de balanço que tinha na varanda de seu quarto. Ele estava sentado com as pernas cruzadas, com seu pequeno caderno de poemas sobre as pernas. Puxou as mangas do fino tecido do seu casaco, aquela era sua mania.

Ficou ali por mais um tempo apenas vendo as pessoas acordarem e fazerem suas corridas matinais ou suas idas ao trabalho. Pessoas iam e viam, um ciclo sem fim. Pessoas de ternos e gravatas. Pessoas de roupas de malha. Pessoas. Era aquilo que o intrigava.

Voltou para dentro do seu quarto, olhou para o relógio do criado mundo, ainda era cedo. Deu um longo suspiro, tinha muito tempo para ir para a escola.

Seus passos eram arrastados até o banheiro, onde se despiu e entrou de baixo da água quente apenas deixando que a mesma relaxasse seus músculos e deixasse seu ânimo um pouco melhor. Durante o banho, massageava seus cabelos formando espessa espuma que possuía um agradável cheiro de mel.

Terminou seu banho e logo se enrolou na toalha, voltando até seu quarto. Olhou novamente para o relógio, não estava atrasado. Nunca estava.
 

Novak foi até a ara de roupas que ficava exposta no canto do cômodo, pegou um casaco de Game Of Thrones e uma calça jeans justa. Depois seguiu para algumas gavetas do seu guarda roupa, e vestiu uma cueca, para logo em seguida, vestir o restante da roupa. Assim que terminou, se virou para o espelho arrumando seus cabelos em um tope lateral.

Arrumou sua mochila, colocando o livro que estava lendo, era de poesia “Cem sonetos de amor”, os poemas naquele livro o fazia refletir sobre o amor de outra forma, e ele gostava disso.

Estava basicamente tudo pronto, checou todas as coisas e desceu os degraus da escada rapidamente seguindo a passos largos para a extensa cozinha, pegando uma maçã verde que estava na fruteira e saiu de casa, indo diretamente para a escola.

Para muitos, aquele horário era muito cedo, mas ele gostava pelo fato que o lugar de tornava muito pouco movimentado. O trajeto até o local era rápido, ele sorria educadamente para algumas pessoas que lhe dirigiam o ato. Não demorou muito para ver a grande fachada da escola, nos gramados verdes pode ver alguns de seus amigos conversando como o habitual costume. Passou por eles mantendo uma certa distância e colocou os fones no ouvido.

[...]

- Sammy, anda logo! – Dean gritava do andar de baixo da casa, odiava o atraso do irmão.

- Pronto. – o moreno apareceu no topo da escada, a descendo rapidamente, depois foi até a cozinha pegando um sanduiche que tinha preparado antes.

Dean o olhou impacientemente.

Sam passou por ele como o vento, abriu a porta e saiu indo direto para o impala e deixando um Dean transtornado.

O loiro entrou no carro dando partida e indo para a escola, ou seu inferno particular. Ele e o irmão falavam sobre coisas idiotas e faziam brincadeiras tocas, como todas as manhãs. Naquele dia, eles tinham de chegar mais cedo a escola por ordem de Gabriel que com seu poder de persuasão sempre fazia todos cederem.

Ele parou em um sinal vermelho, e observou o garoto de olhos incrivelmente azuis atravessar a rua, apressadamente.

- Aquele não é o Castiel? – Sam perguntou apontando para o garoto que passava.

- Acho que sim. – ele respondeu ainda avaliando o moreno que se dirigia para a escola.

Sam apenas deu de ombros com indiferença, os amigos gostavam daquele garoto pálido e estranho, ele não o conhecia. Mas talvez, o de olhos azuis fosse alguém legal. Sammy não sabia dizer.

O Winchester mais velho logo estacionou na vaga de sempre, saindo do carro jogando a mochila sobre os ombros e o outro fazendo o mesmo. Os dois andaram juntos e silenciosamente para perto de uma árvore onde se encontrava Lúcifer, Charlie e Gabe. Os três estavam calados, apenas seguindo um ponto fixo que ele logo identificou como o Novak.

- Olá vadias. - a ruiva disse alegremente.

- Bom dia. – disse o Winchester mais novo.

Lúcifer e Dean bufaram em sincronia, resmungando coisas desconexas.

- Vocês dois são muito reclamões, credo. - repreendeu Gabriel fazendo uma bola de chiclete que foi estourada prontamente por Dean, arrancando alguns risos.

- Idiota. – o loirinho disse tentando retirar o excesso de chiclete que ficou no seu rosto.

- Hello boys. – a voz familiar de Crowley ecoou atrás dele, fazendo-os tomar um leve susto.

- Fala ae, diabão número 2. – Charlie o cumprimentou como sempre, e moreno apenas revirou os olhos.

Conversa vai, conversa vem. Logo o grupo já estava completo ou quase.

- Tudo bem, tudo bem. – disse Jô entre os risos. – Minha vez. – ela disse levantando as mãos.

A loira tentou controlar o riso e contar a piada, mas a cada tentativa uma falha.

- Que deus olhe por mim. – ela dizia aquela frase pela milésima vez – E o Celso Portiolli. – ela finalmente completou a frase.

De primeira, poucos riram. Alguns não entenderam, mas quando todos finalmente associaram foi uma grande explosão de risos. Atraindo alguns olhares tortos, que eles não davam a mínima.

Todos pararam de rir, quando viram a expressão pavorosa de Lúcifer e o modo como o menino levantou bruscamente.

Depois de alguns segundos, quando todos olharam para onde o loiro se dirigia com fúria nos olhos, ficaram estáticos. Era Castiel, rodeado de dois caras grandes e fortes que faziam parte do futebol americano.

Todos seguiram Lúcifer, estáticos, com raiva, aflição. Cada um possuía um sentimento diferente, o de Dean era do mais puro ódio que qualquer outro ser vivo poderia sentir.

A medida que se aproximavam, eles puderam ver mais nitidamente a situação. O moreno estava sendo empurrado todas as vezes que tentava se desvencilhar dos covardes que o atacava, provavelmente com palavras de preconceito e de ignorância. No pátio, havia muitas poucas pessoas, eram só eles e algumas duas ou três a mais.

- Ei, vocês. – Lúcifer gritou para eles, que logo vidraram seus olhos no loiro que tinha os pulsos fechados.

- Oooh, parece que a sua namoradinha ta com raivinha. – disse um deles em deboche, os outros riram. Mas aquilo só aumentou a ira de todos.

- Por que não brigam com alguém do seu tamanho. – o Winchester mais velho cuspiu as palavras.

- Deixe ele em paz. – Charlie mandou, tirando risinhos dos babacas.

- Nossa Cas, parece que você tem aqui um pau de ouro não é mesmo. – um deles, ruivo com os olhos verdes intensos, se aproximou do moreno que sibilou algumas ameaças não compreendidas pelos outros.

O ruivo deferiu um soco certeiro no maxilar de Novak, aquilo foi a gota d’água. Lúcifer avançou furiosamente em cima de um moreno que olhava a situação do amigo e ria.

O loiro lhe deu um chute na canela, seguido por um soco no seu nariz. A atitude inesperada, surpreendeu os jogadores que apenas o observaram com ódio.

- Olha o que a sua namoradinha fez. – ele disse indo em direção do moreno, que tinha os olhos arregalados.

O outro tentou dar mais um soco em Castiel, que conseguiu desviar a tempo, recuando alguns passos e dando um ponta pé nas parte intimas do garoto que andava até ele. O mesmo, caiu de joelhos com os olhos estatelados.

Uma briga se iniciou, os outros dois que continuaram no lugar de antes, foram para cima de Lúcifer e Dean. Os dois loiros se defenderam muito bem, revidando o ataque, mas mesmo assim foram golpeados. O Winchester mais velho estava em cima de um deles, ele sentia o sangue pulsar enquanto socos eram distribuídos fortemente no rosto do outro. Ele podia ouvir vozes o chamando, mas não conseguia entender nada.

Sammy o agarrou o tirando de cima do garoto agora com o rosto ensanguentado, ele tentou se levantar, mas em vão. A dor era gigante.

Quando os dois loiros finalmente acordaram do seu transe de raiva, viram toda a cena. Lúcifer olhou para o garoto a sua frente que escorregava pelo tronco da árvore, quase desacordado, com sangue em todo o seu rosto e que pingava nas suas roupas. O garoto extremamente machucado tentou dizer algo, mas não conseguiu. Olhou para trás e viu, o ruivo que atacara Castiel, o estado dele era melhor do que o do outro dois. Este, também estava com o nariz sangrando e com hematomas evidentes no rosto.

Aquela cena, atraiu algumas pessoas que observavam tudo aquilo espantadas.

Castiel estava abraçado com Charlie e Gabriel, os dois o envolviam fortemente.

- Cas. – Meg disse indo em direção ao garoto, interrompendo o ato de carinho.

Seus olhos azuis olharam intensamente para a garota que mordeu levemente os lábios, vendo os machucados no rosto do amigo.

- Vamos cuidar disso. – ela disse passando levemente o polegar pela face do outro.

- Sem dúvidas vamos cuidar disso. – uma voz família disse, todos eles estremeceram. Era Rowena a diretora da escola.

Todos eles engoliram em seco, tendo apenas um único pensamento.

Fodeu.

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