Não escolhemos com quem se importar,
simplesmente acontece.
Pedricovick
Era louco a forma como as coisas funcionavam no mundo, como por exemplo uma pequena sementinha que depois de alguns anos iria se torna uma árvore, e a cada dia ela iria ficar mais forte e maior. Até que ela fosse envenenada por pragas, ou que o próprio ser humano a cortasse ao meio, retirando a sua vida.
E foi isso o que aconteceu com o menino de olho azuis, que escrevia textos e poesias dolorosas e tocava melodias tristes. Aquele quem ouvia jazz e blues na sua vitrola enquanto apenas olhava para o nada tragando seu cigarro barato.
A alma que a vida crucificou com tanta dor, e que esteve por muito tempo repleta de amargura e pura infelicidade. É difícil seguir em frente e esquecer o passado quando simplesmente você perde tudo aquilo que era o motivo para você continuar.
Foi quando Castiel pensava que estava à margem do fim que aquele garoto loiro dono do sorriso mais radiante que o Novak já vira, cruzou a sua vida trazendo paz a mesma.
Já fazia duas semanas em que eles se falavam, duas semanas que se conheciam e durante aquele pequeno período de tempo muitas coisas aconteceram em suas vidas. O moreno se viu em uma encruzilhada quando aqueles olhos verdes fitaram o seu com tamanha intensidade que Dean poderia ver através da sua alma, seus sentimentos mais obscuros.
- Qual é a sua cor favorita? – perguntou, os dois estavam fazendo um jogo de perguntas e respostas sobre coisas banais.
- Azul. – respondeu, encarando os olhos do outro. – E a sua?
- Verde. – sorriu de lado, bebericando um pouco do seu café.
Os dois estavam na cafetaria que gostavam de frequentar, estavam sentados no habitual lugar perto da janela, observando a chuva fraca que caia lá fora. O céu possuía as nuvens cinzentas e sol já não os contemplava naquela tarde.
Naquele dia chuvoso, os dois brincavam com as poças de água como duas crianças. Eram apenas eles ali, na rua sendo dois idiotas, e bom, pegar aquela chuva intensa o deixou com um grande resfriado, e Dean foi visita-lo no dia seguinte quando deu por falta do Novak durante as aulas.
- Um lenço? – falou assim que o garoto abriu a porta, Castiel tinha os cabelos emaranhados e o nariz, assim como seus olhos, possuía certa vermelhidão. Os lábios delineados, estavam rachados e o rosto inchado.
O garoto estava mal.
O mais novo sorriu para o outro a sua frente abrindo mais a porta e indo mais para o lado, deixando espaço para o loiro passar.
- O que faz aqui? – indagou após um leve espirro.
- Vim te ver. – respondeu simples. – Você não foi a aula hoje, e depois da chuva de ontem achei que poderia estar doente. – completou.
- Ponto para você Winchester. – falou se jogando no sofá logo em seguida.
- Cara você ta péssimo. – o de olhos verdes repetiu o ato do Novak.
- Suas palavras me consolam. – ironizou.
- To aqui pra isso. – o moreno não pode evitar de revirar os olhos quando o Winchester lhe lançou um sorriso sarcástico. – Então, o que tem pra comer?
O mais alto perguntou, levantando do sofá e indo em direção para a cozinha, e tudo o que Castiel foi capaz de fazer era ficar com sua maior cara de indignação. Eles se conheciam a pouco tempo, mas Dean fazia parece como se fossem íntimos e grandes amigos desde sempre.
O de olhos verdes abriu a porta da geladeira, agachando um pouco para conseguir ver todo contudo ali presente, e seus olhos brilharam quando viu uma torta dentro da mesma. Ele pegou a mesma sem hesitar, e depois pegou um prato que estava a sua esquerda e colocou os dois na bancada da cozinha.
- Onde estão os talheres? – perguntou enquanto abria todas as portas do armário.
- Segunda gaveta à sua esquerda. – respondeu o moreno ligando a TV.
- Achei! – exclamou como se houvesse encontrado um tesouro escondido.
Dean cortou um pedaço da torta e a colocou no prato, pegou os talheres e seguiu para a sala de estar onde ainda estava Castiel, o moreno via algum desenho aleatório que o Winchester não deu muita importância, pegou o controle remoto da mão do mais novo e mudou o canal para um filme clássico que passava.
- Ei. – o tom de indignação era visível da voz do outro.
- O que foi? – falou com a boca cheia.
- Você entra na minha casa, come a minha comida e ainda quer se apropriar da minha tv?
A revolta era explicita, seus olhos azuis cerrados e a testa franzida, sua boca se formou em uma linha reta, era evidente que aquilo não agradava ao moreno, porém tudo o que Dean fez, foi se limitar a dar de ombros e voltar sua atenção para o filme.
- Sim. – respondeu colocando mais um pedaço gigante do doce na boca.
O Novak podia se lembrar claramente que naquele momento ele queria bater no garoto até que ele percebesse que era um completo idiota, mas a forma como ele ficava quando estava focado vendo “O Poderoso Chefão”, ou como ele amava comer tortas e o seu sorriso ao ver a sua frustração, fizesse o moreno ceder facilmente.
O Winchester tinha um poder sobre ele que era incompreensível, sua lábia e o seu sorriso fazia com que Castiel aceitasse fazer qualquer coisa estupida demais.
E por isso o Novak se afastou, pois ele sabia que aquilo não iria durar muito. Sabia que ele próprio ia foder com tudo, com Dean, com sua felicidade e com ele mesmo.
Ele se afastou pois queria preservar a sanidade do outro, mas Dean era mais insistente demais, ele não desistia tão fácil. E todos os dias, ele tentava alcançar Castiel e faze-lo conversar com ele e tentar o convencer que todas as suas paranoias não se concretizariam.
Mas na medida que o Winchester era teimoso, o Novak era três vezes mais.
E atualmente, Dean corria atrás de Cas, e quando finalmente o alcançou, pegou levemente no seu braço fino, fazendo-o o moreno encarar seus olhos verdes.
- Cas, não fuja. – pediu, arfando
- Essa é a minha maior habilidade. – seu tom era gélido.
- Não, não é. – se aproximou vagorosamente do outro. – Você tem mais habilidades do que imagina.
- Eu sou uma grande merda humana, Dean. – disse. – E eu vou foder com tudo.
- Para de se diminuir! Isso não é verdade. – a voz do loiro era calma e suave.
- Você não entende, Winchester. – tentou recuar, porém foi impedido pelo maior que em uma atitude inesperada, o abraçou.
O envolveu fortemente em seus braços o impossibilitando de sair, ele queria cuidar do Novak, queria pegar toda aquela tristeza e transferi-la para si, e ajudar ao moreno a carregar aquela cruz tão pesada.
E Castiel, cedeu.
Deixou todo seu ego e orgulho de lado e chorou como uma criança que perdeu seu brinquedo favorito, as suas lagrimas caiam na jaqueta do de olhos verdes que parecia não se importar com aquilo, e entre seus soluços tristes, ele balbuciava cosias desconexas.
E assim que o loiro o soltou, suas mãos grandes enxugaram aquelas lágrimas abundantes.
Mas Cas, recuou alguns passos, se virando rapidamente e correndo em direção à sua casa, se tinha um fato que o Winchester aprendeu sobre o garoto era que Castiel Novak não sabia reagir a abraços.
leiam as notas finais
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