História Little Ghoul - Apenas o início dos problemas

3 ANOS ANTES

​​   Meus avós estavam mortos. Morreram hoje pela manhã em um acidente de carro. Como eles me criaram, eles eram o mais próximo de pais que eu tinha. Não, meus pais não morreram. Eles só são ocupados demais pra se lembrar que uma filha de 15 anos que precisa de pai e mãe, pelo menos de vez em quando. Às vezes é como se eu não existisse. Minha mãe é médica e ama tanto a profissão que se esquece de sair daqueles malditos plantões. Meu pai é um grande empresário, dono de uma empresa de carros, ele até se importa comigo quando não está trabalhando ou bebendo, mas é tão raro de acontecer que eu nem espero por suas ligações. Sou filha única e até gosto disso, se for pra ter outro filho e jogá-lo na casa dos únicos familiares vivos, melhor deixar quieto.

   Bem, meu nome é Melanie Chase e agora estou indo ver meus pais pelo pior motivo que poderia causar nosso encontro, o funeral dos meus avós. Como sempre, sai com um dos meus livros em mãos, isso me deixava mais segura. Estava com um moletom de American Horror History, meus cabelos negros e longos presos em uma trança e uma calça jeans rasgada. Por que um moletom com a temperatura de 25 graus? Porque a última coisa que eu quero é que meus pais vejam meus pulsos sangrentos e comecem mais uma discussão sobre o assunto.

   Quando chego a capela, percebo que minhas malas estão ali como eu já esperava e minha filhote labrador está incrivelmente irritada por estar presa. Eu morava no interior, em uma fazenda, então ela não estava acostumada com aquela coleira incômoda, mas ela não era a única que teria que se adaptar a essa forma de vida daqui em diante. Eu estudava em casa, odiava pessoas e qualquer barulho que não fosse das minhas músicas e não era boa em fazer amizades. Bem, sinto que vou ter muitos problemas daqui em diante.

   E com lágrimas nos olhos eu deixo toda minha vida pra trás...

​HOJE

​   Fiz 18 anos ontem e não vejo a hora de entrar na faculdade. Terminei meus estudos em casa, como sempre foi. Mas por incrível que pareça, a ideia de estudar com outras pessoas me anima. Não vou mais morar com meus pais, assim me livro das brigas e das broncas. Sabe, eles querem que eu seja uma pequena princesa mergulhada em um potinho de glitter cor de rosa e como eu me recuso a ser algo que eu não sou, sempre estamos brigando e graças a isso, eu e minhas lâminas já somos íntimas, como melhores amigas de longa data. E como se não fosse o suficiente terem se esquecido de mim por uma vida e exigir a minha perfeição, tenho um novo nome pra eles, Desastre. É o único nome pelo qual eles chamam, e não nego, já que desejam me chamar assim, faço questão de ser um grande problema pra eles, ou melhor, ela. Meu pai está mais dependente do álcool do que nunca, sai da empresa direto pro bar e minha mãe me culpa por isso.

   Desde que cheguei eu tenho tido mais intimidade com as empregadas do que com o resto da casa, então enquanto meus pais apenas mandaram um adeus por e-mail, elas que durante 3 anos estiveram ao meu lado, neste momento estão em frente a minha nova faculdade, Athena School, onde cursarei artes (coisa que meus pais não aprovaram, já que queriam que eu seguisse a sombra deles), dando o adeus mais caloroso que eu poderia pedir. Beth, a governanta me deu um último abraço e me entregou o seu colar, em forma de uma bailarina.

   -Querida, eu ganhei esse colar quando tinha a sua idade e fiz um curso de ballet nesta escola, seus professores o reconhecerão e a ajudarão em tudo na medida do possível, ou até mais. Venha nos visitar de vez em quando e nos ligue toda sexta a noite ou viremos atrás de você -Ela concluiu com uma risadinha, mas eu sabia que ela falou sério. E assim elas partiram.

   Assim que eu entrei, percebi quão bem escolhi onde me formaria. Por ser domingo, eu era uma das poucas pessoas que quiseram usar o último dia de descanso se confinando antes do que se necessitava. Achei meu quarto, eu havia optado por ficar sozinha em um quarto só meu. Sabe, New York era ótima, mas as pessoas não. Castell, minha cachorra entrou no quarto e foi direto a varanda observar o pôr do sol. Ela havia me feito companhia durante esses três longos anos com meus pais, e eu era imensamente grata a ela. Admirei seu pelo dourado e lustroso em contraste com o sol.

   -Ei garota, eu vou tomar banho, qualquer coisa solte um latido poderoso.

   Tomei um banho demorado. Quando sai arrumei o quarto, que rapidamente abandonou seu branco sem graça e se tornou um lugarzinho com um toque só meu. Livros por toda parte, a cama com pelúcias da Disney e a parede coberta de pôsteres de filmes geeks. Fechei minha cortina de galáxia e mandei Castell pra cama.

   -Boa noite garota, amanhã teremos um longo dia...

   Durmi como uma pedra.

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