História Live A Dream - Nossa segunda família

— Como você tá? — Eu perguntei sorrindo.

— Toda quebrada, mas bem — Soph respondeu rindo.

— Como é palhaça né?! — Eu ri fraco — Eu fiquei tão preocupada com você.

— Thiago me disse — Ela disse e me olhou sorrindo — Desculpa, eu não queria estragar seu fim de semana com o Gabi.

— Para de ser besta, Soph. Você não atrapalhou nada — Eu disse me sentando ao lado dela — O que importa é que você tá bem.

— O que importa é que eu tô é viva. Por que bem bem não tô não. Olha meu estado — Ela disse e gargalhou.

— Por que você fica rindo nas horas sérias? — Eu ri junto com ela.

— Ai amiga, sei lá. Eu nunca fui séria mesmo — Ela disse e rimos.

— Quando você sai daqui? — Eu perguntei.

— Acho que em quatro dias. Vou começar o tratamento na perna e depois a fisio — Ela disse.

— Eu queria poder vir ver você todos os dias, mas infelizmente não vou poder — Torci os lábios.

— Por que? — Ela perguntou. Sorri largamente e ela sorriu também — Fala logo, Clarissa.

— Eu vou ficar fora por uma semana e meia — Falei.

— Pra que? — Perguntou e rimos.

— Eu vou pra seleção brasileira. Fui convocada anteontem, Soph — Eu disse sorrindo largamente.

— Meu Deus — Ela arregalou os olhos sorrindo — Parabéns, meu amor. Você merece tanto — Ela disse.

— Obrigada — Sorri.

— Mas amiga, me conta, como foi o fim de semana com o Gabriel em? — Ela perguntou.

— Foi maravilhoso! — Eu sorri largamente me preparando para contar tudo.

Alguns dias depois...

— Eu vou sentir saudade, mas tenho certeza que você vai me dar muito orgulho — Gabriel disse me envolvendo em um abraço. Eu sorri.

— Obrigada meu amor. Vou sentir muito sua falta. Vai passar rápido — Eu disse e soltei uma risada fraca.

— Vai atrás dos seus sonhos, minha menina. Boa sorte — Ele disse.

— Obrigada. E você, moço, se cuida! Joga direitinho que eu vou estar te acompanhando — Eu disse e ele riu.

Gabriel também iria pra seleção olímpica masculina jogar dois jogos das eliminatórias para as Olimpíadas Rio 2016, ao contrário de mim que jogaria apenas dois amistosos.

— Pode deixar — Falou.

— Boa sorte, ídolo — Falei.

— Obrigada, princesa — Ele sorriu — Eu te amo.

— Eu te amo — Falei e ele selou nossos lábios.

— Quando chegar me liga — Falou.

— Pode deixar — Ri fraco e lhe dei um último selinho.

Depois disso, segui para o avião que iria em direção ao Rio de Janeiro.

Estava com uma sensação boa. Uma mistura de nervosismo e ansiedade. A mesma sensação de quando cheguei no Santos. Sentia minhas mãos soar frio e um friozinho na barriga. Estava pensando em como seria esse nova experiência. Sempre tive o sonho de vestir a amarelinha e agora ele se tornaria real. O que realmente me supeendia, eu voltei de lesão agora e sou bem nova. Era mais um sonho se realizando.

Conectei meu fone no celular e liguei minha playlist, então esperei até que eu chegasse ao Rio de Janeiro.

(...)

— Seja bem-vinda, Clarissa — O técnico Davão me recebeu na porta do hotel, me fazendo tremer dos pés a cabeça. Apenas sorri.

— Obrigada professor. E obrigada pela oportunidade — Eu disse.

— Você é talentosa garota, sei que posso contar com você — Ele disse sorrindo.

— Claro que pode — Falei sorrindo.

— Ótimo — Ele disse — A recepcionista vai dar pra você o número do seu quarto.

— Tudo bem, obrigada — Eu disse e entrei no hotel, arrastando minha mala.

Depois da loira insuportável que me olhava dos pés a cabeça me dar o número do meu quarto e o cartão, consegui subir. Ao chegar no quarto não reparei em muito coisa, eu estava feliz de mais pra isso. Apenas peguei a camisa de concentração da seleção, um short jeans e chinelos, então tomei um banho fresco e coloquei essa roupa.

Após fazer isso, deixei minha mala em um canto do quarto e peguei meu celular. Tirei do modo avião e algumas mensagens chegaram, mas eu ignorei todas e liguei pro Gabriel, como eu disse que faria.

— Oi minha princesa, já chegou? — Eu escutei sua voz levemente rouca.

— Cheguei sim, amor. Você estava dormindo? — Perguntei.

— Na verdade eu acabei de chegar em Brasília. Estava dormindo durante o vôo — Ele riu fraco — Você tá bem?

— Eu tô, cheguei no hotel tem uns minutos — Falei — E você?

— Eu tô com fome, mas isso vou resolver agora — Ele disse e eu ri — Ah e você moça, se alimenta direito em.

— Pode deixar, pai — Eu disse e nós rimos.

Ficamos mais alguns longos minutos conversando, até eu escutar alguém entrar no quarto, então encerrei a ligação.

— Oi — Escutei uma voz feminina.

— Oi — Eu me ajeitei na cama, vendo a jogadora que eu já conhecia. Sorri.

— É Clarissa, né? — Ela se aproximou.

— Sim — Falei.

— Prazer, Clarissa. Me chamo Andressa, mas conhecida como Andressinha — Ela disse esticando a mão.

— O prazer é meu — Eu disse sorrindo.

— Parece que vamos dividir o quarto — Ela riu se jogando na cama — Eu já vi você jogar no Santos. Você é boa de verdade.

Eu jamais me cansaria de escutar aquilo. Era tão bom.

— Obrigada — Sorri tímida — Aliás, você parece ser tão novinha também.

— Eu tenho vinte anos — Ela disse e riu fraco — E você tem...?

— Tenho dezoito — Falei me deitando.

— Demais! — Falou e suspirou, provavelmente cansada — Tá ansiosa pra sua estréia?

— Muito — Falei e sorri — Eu tô bem nervosa na verdade.

— Isso é bom — Ela disse se levantando — Apesar de não ser tão experiente nisso pois também cheguei a pouco tempo, eu me sai bem pela primeira vez.

— Tá brincando? Você saiu super bem na sua primeira vez na seleção — Eu disse e ri.

Sentei-me na cama e cruzei as pernas.

— A ansiedade de um modo até ajuda. Você só precisar saber controlar pra não fazer uma cagada na hora — Ela disse e sentou na minha cama — A seleção é mais que um clube qualquer sabe? Não é só a torcida daquele clube, é o Brasil inteiro com você e até olheiros de outros clubes. É preciso jogar com amor, raça e garra. Mostrar para todos que futebol não é apenas coisa para homens. E acima de tudo, mostrar para o povo brasileiro que podem contar com a gente para fazer historia com a nossa seleção, vestindo a amarelinha.

— Isso é tudo que eu mais quero e sempre sonhei — Falei e sorri — E vou me dar por inteira para que não falte nada disso.

— Tenho certeza que sim, Clarissa. Você vai se sair bem — Ela sorriu — As meninas chamaram pra ir lá na sala de jogos, vamos?

— Vamos sim — Sorri nervosa.

— Nós somos todas amigas aqui tá bom? Você não precisa se preocupar com nada. Além de parceiras de jogos, somos quase irmãs. É a nossa segunda família e agora você faz parte dela — Ela disse sorrindo — Seja bem-vinda, tenho certeza que seremos ótimas amigas Clarissa.

— Obrigada, de verdade — Eu disse sorrindo. Ela sorriu de volta e me deu um breve abraço.

— Eu vou me trocar e a gente vai pra lá, tá bom? — Ela perguntou.

— Tudo bem — Sorri.

Ela abriu sua mala pegando alguma coisa e seguiu para o banheiro. Peguei meu celular de novo e abri algumas mensagens. Respondi Soph, minha mãe Thiago.

— Tá falando com quem? — Levei um susto quando Andressinha se jogou ao meu lado.

— Ai que susto — Falei e ela gargalhou.

— Tá aprontando? — Ela perguntou rindo.

— Jamais, só estava distraída — Eu disse rindo.

— Tava falando com o seu namorado? — Perguntou.

— Não — Eu sorri.

— Você está mesmo namorando com o Gabigol? — Perguntou.

— Sim, por que? — Perguntei um pouco confusa.

— Eu vi algumas notícias, mas a mídia mente muito. Queria saber se era verdade — Ela riu fraco — Eu acho que vocês fazem um casal muito bonito.

— Obrigada — Falei sorrindo.

— Vamos? — Ela perguntou se levantando.

— Uhum — Murmurei.

Me levantei também colocando celular no bolso do short jeans e então saímos do quarto, entrando no elevador.

— A sala de jogos fica aonde? — Eu perguntei.

— Lá em baixo no hall — Ela respondeu. Assenti — Psiu! — Chamou minha atenção.

Olhei pra Andressinha que estava com celular em mãos e com a câmera ligada. Estávamos em frente o espelho, então apenas sorri e ela bateu uma bela foto, que ficou linda. Logo a notificação " andressinha95 marcou você em uma foto" chegou no Instagram. Eu abri a foto e ela havia ficado bem linda, segui Andressinha e curti a foto, em seguida voltei a bloquear a tela.

— Me conta mais sobre você — Andressinha disse saindo do elevador.

— Okay — Eu disse saindo do elevador também — Meu nome é Clarissa Goulart, eu tenho dezoito, quase dezenove anos. Nasci em Bragança Paulista e comecei a jogar nas categorias de base do Bragantino. Tenho quase cinco meses no Santos e agora minha primeira convocação na seleção brasileira — Eu sorri.

— Apenas cinco meses no Santos? — Ela arqueou as sobrancelhas.

— Sim — Falei e ri fraco — Eu joguei contra o Santos à duas semanas, não vi você.

— Eu tava lesionada, voltei tem uma semana — Ri fraco.

— Então Vadão já estava observando você a um tempo — Ela disse pensativa. Assenti.

Ao passarmos pela recepção, novamente a loira insuportável ficou me olhando e percebi que estava olhando pra Andressinha também.

— Qual é o problema dela? — Eu perguntei.

— Eu sinceramente não sei — Ela disse e riu — Mas ignora, vamos logo — Falou entrelaçando nossos braços. Eu ri.

Continuamos nosso caminho até a sala de jogos, então entramos lá. Algumas das meninas estavam jogando videogame e eu percebia ser FIFA. Algumas outras estavam apenas sentadas conversando. Quando entramos a atenção parou em nós duas. Elas ficaram me olhando e isso me fez corar.

— Oi — Eu disse e elas pareceram sair dos pensamentos.

A primeira a se levantar para vir em minha direção, foi Cristiane.

— É Clarissa né? — Perguntou.

— Isso — Sorri nervosa.

— Seja bem-vinda, menina — Ela me abraçou.

— Obrigada — Eu disse feliz.

Andressinha me puxou para conversar com as outras meninas que já haviam chegado e eu consegui rapidamente me enturmar com ela. Fiquei um pouco decepcionada por Marta não estar ali ainda, mesmo assim me diverti muito com as meninas que estavam ali.

(...)

Já era noite. As meninas estavam todas no refeitório da concentração para jantar, eu estava no quarto. Estava sem fome, tinha comido a poucos minutos.

Senti meu celular vibrar, era uma ligação da minha mãe.

— Oi mãe — Me sentei de pernas cruzadas na cama.

— Oi meu amor, como você está?!

— Nervosa, ansiosa. Mas bem — Eu disse e ri — E você?

— Eu tô bem — Ela riu — Eu queria conversar com você um pouquinho, pode ser?

— Pode mãe. Aconteceu alguma coisa? — Perguntei.

— Não, na verdade só vou conversar com você por que o seu pai pediu — Ela disse — Eu sei que você é muito tímida, mas você pode falar comigo.

— Mãe, fala logo — Eu disse curiosa.

— Eu tentei explicar pro seu pai que isso não é coisa que se converse por telefone, mas ele insistiu — Falou.

— Mãe! — Eu disse já impaciente.

— Tudo bem — Ela riu — Você e o Gabriel já estão juntos a um tempo...

— Sim — Falei desconfiando de onde ela queria chegar.

— Então, e vocês sempre dormem juntos...

— Mãe pergunta logo o que você quer saber — Eu ri.

— Vocês já tiveram relações?

— Não, mãe — Eu disse — Eu e Gabriel dormimos juntos sempre, mas ele me respeita muito e não tivemos nenhum tipo de relação sexual — Eu disse com certa timidez.

— E mesmo se tivesse não teria nenhum problema, amor. Você é bem grandinha e sabe o que faz, só não deixa de se cuidar — Ela diz.

— Mãe, a gente pode mudar de assunto? — Perguntei e ela riu — Eu não sei o por que disso assim, do nada.

— Já disse, é coisa do seu pai — Ela disse.

— Então diga pro papai que ele pode ficar super tranquilo. Se já tivesse acontecido alguma coisa eu te contaria — Falei.

— Tá certo — Ela riu.

Rapidamente mudamos de assunto e isso me deixou bem confortável, depois de me sentir tímida por minha mãe tocar naquele assunto. Não entendia esse medo todo do meu pai, mas resolvi não tocar mais no assunto. Fiquei longos minutos conversando com a minha mãe, quando desliguei já era meio tarde, então decidi dormir, amanhã teria treino bem cedo.