História Live A Dream - Como assim quase casando?

Gabriel Pov's

Cheguei na concentração em alguns minutos depois de descer do avião. Depois de desligar a ligação com a Cla, almocei rapidamente e voltei para o quarto, que eu dividia com Gabriel Jesus.

— Olha, eu tô bem cansado — Jesus disse deitando.

— Tu dormiu mais que eu — Falei rindo fraco e me sentando.

— Mas n... — Ele parou de falar e sentou na cama.

— Que foi? — Perguntei.

— Tu tá usando aliança? — Arqueou as sobrancelhas.

Eu olhei para a aliança dourada em meu dedo e sorri, me lembrando de Clarissa.

— Tô ué — Falei.

— Tá amarradão nela mesmo em, mano. Nunca te vi assim — Ele disse.

— Eu encontrei a mulher certa pra mim — Falei sorrindo.

— Você mudou mesmo. Não é mais aquele Gabriel que sempre ia para as baladinhas da vida, aproveitar. Que isso em — Falou e riu.

— Esse é efeito de se estar apaixonado. As pessoas mudam, menino Jesus — Falei.

— Perdi um parceiro de balada, mas fico feliz por você — Ele disse e eu ri — Quero conhecer ela.

— Se não for ficar de gracinhas com ela, em breve vocês podem se conhecer — Eu falei.

— Até parece que eu não respeito a mulher dos meus amigos — Ele disse.

— É bom mesmo — Falei e rimos.

Escutei alguém bater na porta do quarto e mandei entrar.

— E ai — Lucas Silva disse entrando.

— Fala molecão — Falei me levantando para cumprimentar ele.

Ele cumprimentou o Jesus e se sentou ao meu lado.

— O que vocês estão fazendo? Vagabundando?

— Se eu tivesse, Gabigol não ia estar junto. Esse ai já ta quase casando — Gabriel disse.

— Como assim quase casando?

— Que casando o que — Falei dando um tapa na cabeça do Jesus.

— Casar não é vida pra ninguém — Lucas falou.

— Falou o experiente — Gabriel devolveu.

— Também não é assim — Eu disse rindo — Eu gostaria de casar com a Clarissa, mas ainda é cedo — Eu falei.

— A coisa tá séria mesmo em, cara — Lucas disse. Eu assenti sorrindo — E você, Jesus?

— Deus é mais, eu tô bem assim — Ele respondeu — Só curtindo minha vida e vivendo meus sonhos.

— É bom ter alguém pra compartilhar os momentos felizes — Falei.

— É verdade — Lucas concordou, fazendo que nós olhassemos pra ele.

— Que papo é esse? Você acabou de falar que isso não é vida pra ninguém — Jesus perguntou o que eu tinha vontade.

— Só estou dizendo que é bom, e eu disse isso sobre casamento — Lucas falou levantando as mãos.

— Aham, conta logo — Eu falei achando aquilo engraçado.

— Eu conheci uma garota — Ele falei.

— Ah, mais um não! — Jesus disse.

— Cala a boca e me deixa terminar — Lucas disse e riu — Ela é espanhola, torcedora do Real e nos conhecemos em Valdebebas.

— Ai que papo chato — Jesus falou se jogando pra trás.

— Quero ver falar isso quando conhecer uma garota que mexe com você — Falei lhe acertando um travesseiro.

— Isso não vai rolar — Ele disse — Estão parecendo duas menininhas apaixonadas.

— Vá se ferrar — Lucas disse e nós rimos.

No dia seguinte...

— Bora — Jorge disse impaciente.

— Calma mano, tô acabando — Eu falei rindo.

— Vai ter que esperar, cara. Ele demora mais que mulher para se arrumar — Lucas disse e eles riram.

— Nossa como você é engraçado, Lucas — Falei passando o pente em meu cabelo — Terminei seus maricas.

— Vamos então — Lucas disse se levantando.

Puxei as mangas da camisa de treino pra cima e coloquei meu fone, ligando a playlist.

Estávamos indo agora para o Mané Garrincha para mais um dia de treino pesado, debaixo desse sol quente de Brasília. Esse sol me deixava com preguiça, confesso, mas eu sou tão apaixonado pelo o que faço, que a preguiça some.

— Ei Gabriel, não é a sua namorada? — Jorge me cutucou e apontou para a televisão da recepção.

Olhei rapidamente e vi Clarissa na entrevista coletiva. Sorri. Ela estava linda, como sempre esteve. Seu cabelo castanho longo estava solto e seus olhos brilhavam por estar realizando seu sonho. O uniforme verde caia perfeitamente bem para seu tom de pele e ela estava sem maquiagem, apenas sua beleza natural que já era o suficiente.

— Não é que ela é gata mesmo — Lucas disse, me fazendo olhar feio pra ele.

— Concordo, com todo respeito — Jorge disse.

— Dá pra vocês pararem?! — Falei e eles saíram do "transe", me olhando.

— Calma, foi só um comentário. Ninguém vai roubar ela de você não — Lucas disse rindo.

— Hahaha — Ri irônico — Vamos logo treinar — Empurrei os dois.

Dei uma última olhada pra trás vendo ela sorrir, sorri de volta, estava feliz por ela e saímos do hotel.

— Que cara ciumento. Como que ela te aguenta? — Jorge perguntou.

— A pergunta é: como eu aguento vocês?! — Falei andando na frente. Escutei a risada deles.

Eu fiquei incomodado com o que eles disseram sobre Clarissa, mesmo sabendo que eles são meus amigos e falavam com muito respeito.

Parei para tirar fotos com alguns torcedores que estavam ali na porta do hotel e depois entrei no ônibus, sentando bem no fundo, ao lado de Jesus. Após alguns minutos, seguimos para os gramados do Mané Garrincha.

Clarissa Pov's

— Bom treino, meninas. Excelente. Estão dispensadas — Vadão disse.

Suspirei um pouco cansada. Sentia o suor escorrer em meu rosto por conta do sol, então joguei um pouco de água e depois bebi um pouco dela também.

— Clarissa, você pode me acompanhar até a coletiva de imprensa? — Vadão perguntou.

— Claro, professor — Falei sorrindo.

— Ótimo, pode se trocar e ir até a sala de coletiva em vinte minutos — Ele me disse.

— Tudo bem — Sorri.

Caminhei para fora dos gramados e segui para o vestiário, aonde tomei um banho e coloquei o uniforme da concentração. Deixei meu cebelo solto mesmo e sai do vestiário.

— Vai aonde? — Andressinha perguntou.

— Pra coletiva de imprensa com o professor — Sorri animada.

— Cuidado com as perguntas — Ela disse gargalhando.

— Eu sei — Repondi também rindo.

Continuei meu caminho até a sala de coletiva e no caminho encontrei Davão, então seguimos juntos pra lá enquanto ele me dava algumas instruções. Finalmente chegamos, então sentei e em minutos começou.

— Boa tarde, Clarissa. Você teve a sua primeira convocação para a seleção feminina e vai disputar esses dois amistosos possivelmente como titular. O que você espera desses dois jogos? — Um repórter perguntou.

Limpei a garganta e suspirei antes de responder.

— Boa tarde, eu tô bem feliz com a minha primeira convocação para representar meu país vestindo a amarelinha. Espero que, se eu tiver chances, eu possa ajudar ao máximo as meninas, dar o máximo de mim e ajudar a seleção — Sorri.

— Clarissa, aqui — Um dos repórteres chamou minha atenção — O primeiro jogo, que já é amanhã, vocês jogam contra os Estados Unidos e tem alguns desfalques pra essa partida. Você espera a sua titularidade?

— Então, isso vai na verdade ser uma decisão do professor. Claro que se ele me der a chance de ajudar o time eu vou realmente ficar muito feliz. Eu já me sinto preparada para jogar, então só espero essa oportunidade para poder ajudar a seleção dentro de campo — Eu disse.

— Boa tarde. Clarissa você tem apenas dezoito anos, daqui a três meses faz dezenove. Foi revelada pelo Bragantino a pouco tempo e assim contratada pelo Santos, aonde só tem cinco meses de clube e tem a sua primeira convocação na seleção brasileira feminina principal. O que isso significa pra você?

— Boa tarde — Falei e umideci os lábios — Bem primeiramente eu acho que tudo isso que está acontecendo, são méritos de todo meu esforço e trabalho para chegar até aqui. Dês de as categorias de base do Bragantino até ser contratada pelo Santos e graças a Deus seguir fazendo um grande trabalho. A convocação pra seleção brasileira sempre foi uma das minhas metas, acho que é a meta de todo jogador conseguir representar seu país. Sempre foi um sonho e graças a Deus estou conseguindo realizar. E como já disse, espero poder ajudar o máximo as meninas dentro de campo, dar o máximo de mim e honrar a amarelinha que sempre foi meu sonho.

Fiquei ali mais alguns longos minutos, foram quase quarenta minutos. Era a primeira coletiva de imprensa desde que chegamos e eles estavam visivelmente curiosos e cheios de perguntas.

Após isso, me levantei e segui para o ônibus da comissão técnica. Lá encontrei as outras jogadoras e me sentei ao lado da Bárbara, nossa muralha.

— Já me abandonou? — Andressinha perguntou aparecendo atrás de mim.

— Não — Respondi rindo.

— Me esqueceu então? — Falou.

— Também não — Respondi me divertindo — Ainda sou sua companheira de quarto, vai ter que me aturar durante essa semana todinha — Falei.

— Palhaça — Ela riu — Pede lá o Davão pra trocar o seu quarto.

— Não, Andressa. Para! — Eu comentei rindo.

— Tá bom — Falou e riu, em seguida se sentou.

Peguei meu celular e conectei meus fones, ligando uma playlist, assim seguimos de volta para a concentração.

(...)

Já era noite e eu estava deitada na cama do hotel, enquanto Andressa tomava banho. Eu esperava ela para que a gente pudesse descer para jantar, depois disso iria tentar dormir, apesar de ser cedo amanhã temos um grande jogo.

Estava distraída e escutei meu celular tocar. Era Gabriel. Sorri com isso e tratei de atendê-lo.

— Oi — Falei sorrindo.

— Oi, princesa. Como você tá?! — Ele perguntou.

— Bem nervosa e ansiosa — Eu comentei e escutei sua risada fofa.

— É amanhã em! Você sabe que eu vou estar na torcida por você e assistir tudo — Ele disse, fazendo meu sorriso se alargar.

— Obrigada, meu amor. Fico muito feliz com o seu apoio — Eu disse — E você, como está?!

— Um pouco cansado, mas bem — Ele disse e eu ri — Eu vi uma parte da sua coletiva hoje.

— Sério?!

— É. E os caras ficaram olhando pra você — Ele disse e provavelmente revirava os olhos. Gargalhei — Não é engraçado, Clarissa.

— Eu acho fofo você ser tão ciumento — Falei rindo.

— Mas não é fofo eles ficarem olhando assim pra você — Ele disse.

— Amor, para. Eles são seus amigos — Eu ri fraco.

— Eu sei, tudo bem — Riu — Mas me diz, como está sendo por ai?

— Incrível — Sorri — É tão bom poder realizar meus sonhos. Espero que eu tenha minha primeira oportunidade amanhã.

— Você vai ter, amor. Fica calma e tenha fé — Ele disse.

Após dizer isso, ficamos alguns segundos em silêncio. Eu já estava bem só por escutar a voz dele, mas sentia sua falta. Isso por que nos vimos ontem! Acontece que Gabriel se tornou essencial na minha vida, aquela pessoa que você quer ver todos os dias, poder dizer que ama e o quanto ela te faz bem. Aquela pessoa que seus dias sem ela não são mais os mesmos, passam a perder a graça. O tipo de pessoa que você não quer que saia do seu lado, por que te trás uma paz e uma felicidade inexplicável. Esse é o Gabriel na minha vida.

— Cla? — Escutei a voz dele, me resgatando dos meus pensamentos.

— Oi — Respondi.

— Eu te amo — Falou me arrancando mais um sorriso.

— Eu te amo, Gabriel Barbosa — Eu disse.

— Vou precisar desligar. Se cuida viu? Amanhã tento te ligar antes do jogo — Ele disse.

— Ok, se cuida, amor — Falei e sorri.

— Tchau.

— Tchau! — Ri fraco e encerrei a ligação.

Após encerra-la, Andressa saiu do banheiro já vestida.

— Tava falando com quem?

— Com o Gabriel — Falei sorrindo.

— Poxa eu nunca pego uma conversa de vocês. Deve ser tão fofo — Ela disse e eu ri.

— Vamos descer logo. Tô com fome! — Falei me levantando e calçando os chinelos.

— Vamos gorda — Ela disse pulando nas minhas costas.

— Desce, louca — Falei rindo.

Ela riu também e desceu das minhas costas, então saímos do quarto em direção ao refeitório.