História Live A Dream - Minhas meninas.

Estava deitada na cama do Gabriel, fitando o teto. Sentia seu cheiro inalado por todo aquele quarto, era um cheiro bom, seu cheiro amadeirado e gostoso, aquele que eu nunca enjoava. Eu já estava ali a aproximadamente trinta minutos, esperando Gabriel sair daquele banheiro pra gente finalmente poder ir comer, mas acho que ele se afogou debaixo do chuveiro.

Me levantei de sua cama já impaciente. Eu não gostava de esperar quando estava com fome e Gabriel demorava para se trocar. Isso que dá ter um namorado vaidoso. Mais uns minutos e Gabriel saiu do banho. Ele usava apenas uma box preta, enquanto algumas gotas de água ainda escorria pelo seu peito e ele tinha uma toalha que secava o cabelo nas mãos.

— Até que em fim — Falei revirando os olhos.

— Calma pimentinha, eu sei que você fica estressada quando tá com fome. Mas eu tô acabando — Ele riu fraco.

— Pimentinha? — Fiz uma careta. Ele riu.

— Eu vou acabar rápido, prometo — Ele disse e se inclinou para me dar um selinho.

Suspirei e voltei a me jogar na cama dele, enquanto o observava se trocar. Ele vestiu um jeans escuro e um tanto apertado, uma camisa simples preta, sem nenhuma estampa e um tênis também preto. Ele penteou seu cabelo e colocou um boné preto de aba reta, por fim, passou seu perfume e desodorante, então estava pronto e estava lindo, o que não era nenhuma novidade.

— Você já pode parar de ficar babando em mim — Gabriel disse se virando, me dando uma visão mais perfeita dele.

— E pararia se conseguisse — Eu disse e sorri.

— Cadê a minha namorada e o que você fez com ela? — Ele perguntou se aproximando.

— Por que? — Eu ri me levantando.

— A minha Clarissa não diria isso, ela ficaria com vergonha — Ele disse. Achei engraçado, soltei uma risadinha.

— Talvez eu esteja mudando. Você acha isso ruim? — Eu perguntei.

— Não. Acho que isso vai ser muito bom — Ele disse. Eu sorri — Vamos então?

— Vamos — Eu sorri.

Ele se inclinou para me dar um selinho e entrelaçou nossos dedos, então seguimos para fora do seu quarto.

— Tem certeza que não quer ir com a gente? — Bi perguntou para Dhiovanna.

— Tenho — Ela sorriu fraco.

— Dhio, você vai ficar sozinha. A gente vai dar um passeio, comer alguma coisa, vamos, vai ser legal e nem vamos demorar — Eu disse sentando ao seu lado.

Os pais do Gabriel não estavam em casa e Dhiovanna estava meio chateada desde mais cedo. A gente nem sabia o por que, ela não contava, mas tentávamos anima-la. Principalmente Gabriel, que estava mal por vê-la assim.

— Não tô muito afim — Ela disse e suspirou.

Olhei pro Gabriel e ele pareceu entender, logo em seguida ele saiu da sala e seguiu pra cozinha.

— Você quer conversar? — Eu perguntei — Eu prometo não contar nada pro seu irmão. Nós somos amigas, lembra?

— Tá — Ela suspirou se levantando — É o garoto que eu gosto — Disse confirmando o que eu desconfiava.

— O que ele fez? — Perguntei.

— Ele tá com outra garota — Ela disse e revirou os olhos.

— Ô Dhio...

— Eu nem sei por que tô assim, Clarissa. Eu nunca fui de ficar assim por garotos — Ela disse.

— Você gosta dele de verdade — Eu disse — Vocês não estavam juntos?

— Não. A gente estava se conhecendo, saindo — Ela disse.

— E o que aconteceu? — Perguntei.

— Tivemos uma briga boba. Mas ele é orgulhoso e eu também, pelo visto ele preferiu partir pra outra — Ela disse e revirou os olhos — Ai mais que raiva desse idiota!

— Você viu ele com a outra menina? — Perguntei.

— É, eles estavam conversando bem próximos na cantinha — Ela disse revirando os olhos.

— E ele te olhava? — Perguntei e ela assentiu.

— Cheguei a pensar que tinha alguma coisa errada em mim — Ela disse. Eu ri — Que foi?

— Dhio, tenho quase certeza que ele queria te fazer ciumes — Eu disse rindo.

— Não é engraçado, Clarissa. Ele é ridículo — Ela disse e eu parei de rir.

— Ok, tudo bem. Desculpa — Eu disse.

— O que eu faço? — Perguntou.

— Paga na mesma moeda — Eu disse e ri — Você tem um amigo bem bonito, que você seja bem próxima?

— Tem o Gui, ele é lindo, é carinhoso, um fofo. Séria bem mais fácil se eu gostasse dele — Ela disse me fazendo rir.

— Então faça ciumes com esse seu amigo — Dei os ombros.

— Não quero usar o Gui — Ela torceu os lábios.

— Ele gosta de você?

— Não, nós somos melhores amigos. Ele gosta de outra garota e eu do mó força pra eles — Ela disse sorrindo.

— E ele sabe sobre você e o outro menino? — Perguntei e ela assentiu — Então tenho certeza que ele vai querer te ajudar.

— Cla, você é a melhor. Muito obrigada — Ela sorriu e me abraçou — Mas será que vai dar certo?

— Claro que vai — Eu sorri — Agora levanta e se troca por que você vai comigo e com seu irmão.

— Ah Clarissa — Ela murmurou se jogando no sofá de novo.

— Anda, Dhiovanna. Levanta — Eu disse puxando ela, que riu.

— Tá. Já volto — Ela disse e correu pra subir as escadas. Sorri satisfeita.

Sentei relaxada no sofá e logo vi Gabriel saindo da cozinha, ele não tinha uma cara muito boa.

— Que foi? — Perguntei.

— Minha irmã não tem idade pra namorar — Ele disse. Ri.

— Escutando a conversa dos outros, Gabriel Barbosa? Que coisa feia — Eu neguei com a cabeça.

— Minha irmã estava mal. Eu precisava saber o por quê — Ele deu os ombros.

— Gabriel, não fala nada com ela.

— Clarissa, eu preciso ter uma conversa com ela. É a minha irmã — Ele disse.

— Eu sei, amor. Mas agora não. Deixa ela um pouco. Se não der certo, vocês conversam — Eu disse

— Eu vou ver minha irmã se machucando e não vou fazer nada? É isso? — Ele perguntou.

— Não, Gabriel. Você precisa dar um espaço pra ela, assim você vai sufocar a menina. Para de ser esse irmão ciumento — Eu disse e sorri fraco — Eu sei que você não quer ver ela se machucando, mas infelizmente isso é impossível de ser evitado. Você querendo ou não, ela é muito nova, precisa aprender sozinha.

— Cla...

— Gabriel, você sabe que ela não vai se abrir com você, ela vai ficar com vergonha. Você nem sabe se isso vai dar certo. Dá um tempo pra ela, tá?! — Falei.

Ele suspirou e ficou alguns segundos sem me responder, por fim revirou os olhos e bufou.

— Tá — Concordou — Mas me mantenha informado que eu dou uns cascudos nesse moleque se ele fizer alguma coisa com a minha irmã — Ele disse e eu ri.

— Pode deixar — Eu disse me levantando.

— Afinal, minha irmã confia mais em você do que em mim — Ele disse.

— Para de ser ciumento, Gabriel — Eu soltei uma risada me aproximando.

Ele apenas deu os ombros e me selou, com um selinho longo.

— Se eu for com vocês pra ficar de vela me fala que eu fico em casa — Dhio disse descendo as escadas. Eu e Gabriel rimos.

— Não vai ficar de vela coisa nenhuma, vamos — Eu disse puxando ela.

— Aonde vamos em? — Ela perguntou.

— Primeiro vamos comer por que eu não tô mais aguentando — Falei e eles riram.

— Vamos matar o monstro que tá na barriga da Cla e depois sei lá, podemos ir ao shopping — Gabriel disse me fazendo rir.

— Vocês prometeram não demorar — Dhio disse enquanto a gente saia de casa.

— E não vamos, relaxa — Gabriel disse.

Depois de trancar a porta, nós seguimos para o carro dele. Conversamos bastante durante o caminho, era um clima super legal e descontraído. Em poucos minutos chegamos em um Subway. Eu sabia que a nutricionista do Santos me mataria depois, mas entramos assim mesmo.

— O que vocês vão querer? — Gabriel perguntou enquanto a gente sentava.

— O de sempre — Dhio disse.

— Pega o mesmo pra mim — Eu disse.

Ele assentiu sorrindo e se afastou. Enquanto ele não voltava, eu e Dhio ficamos conversando. Ela me contava mais sobre o tal garoto e como era quando eles saíam. Eu achava bem fofo, já que na idade dela eu só queria saber de jogar futebol. Chegava a ser até engraçado, eu sempre fui uma molequinha mesmo.

— O papo tava bom? — Gabriel perguntou sentando ao meu lado.

— Uhum — Dhio murmurou bebendo um pouco da sua coca-cola.

— E eu posso participar?

— Papo de garotas — Eu disse e percebi ele revirar os olhos.

— Minhas meninas com segredinhos e escondendo de mim. Tá certo — Ele murmurou e nós rimos.

— Isso é ciumes? — Dhio perguntou.

— Tenho certeza que sim — Eu disse novamente Gabriel revirava os olhos.

— Era só o que me faltava — Ele disse nos fazendo rir.

Ficamos ali minutos conversando enquanto a gente comia. Não foram muitos minutos, depois disso pagamos a conta e saímos, indo em direção ao shopping. Lá tomamos sorvete, a noite estava quente em Santos. Ficamos andando lá por um tempo também, estávamos nos divertindo muito, rindo e brincando.

Horas depois, decidimos voltar pra casa por já ser tarde. Eu iria pra casa do Gabriel também por insistência dos dois. Os pais deles não dormiriam em casa, foram viajar, então podíamos passar a noite vendo filme e essa era a ideia. Entramos no carro do Gabriel e seguimos o caminho de volta pra casa dele.

Quando chegamos, Dhio me emprestou uma roupa – sim, a roupa dela dava em mim, era o mesmo número – e eu fui tomar um banho. Deixei meu cabelo preso em um coque frouxo e colocou o short e a camisa que Dhio me emprestou. Sai do banheiro e Gabriel esperava no quarto.

— Ah, até que em fim — Ele disse guardando o celular.

— Eu nem demorei, Gabriel — Eu disse e ri.

— Claro que não — Ele respondeu irônico — Minha vez, já volto tá?!

— Tá — Sorri.

Ele selou nossos lábios rapidamente e passou rápido por mim, deixando seu cheiro por ali. Suspirei aquele seu perfume e sorri, eu amava tanto.

Me joguei na cama dele e mais uma vez nesse dia, fiquei esperando ele sair do banho.

No dia seguinte...

Já estava no CT, tinha vindo com o Gabriel direto da casa dele. Já tinha treinado e já tinha ido para a coletiva de imprensa. Agora estava saindo do vestiário, já com tudo o que era meu, Gabriel me esperava no estacionamento. Ao passar por um corredor, senti alguém me puxando.

— Oi Clarissa.

— Hum, oi Bruno — Eu disse me afastando, percebendo que estávamos próximos demais.

— Tudo bem? — Perguntou, me lançando aquele olhar estranho.

— Tô ótima — Suspirei meio nervosa — E você?

— Tô bem — Ele disse.

— Que bom — Falei pronta para me afastar dele.

— Aonde vai com tanta pressa? — Ele me puxou novamente.

— Pra casa?! — Falei como se fosse óbvio, e era — O que você quer comigo em?

— Você sabe o que eu quero — Ele disse colocando a mão no meu rosto.

— Não — Eu ri sem humor tirando a mão dele dali — Você está confundindo as coisas, Bruno.

— Eu acho que é você que não está entendendo de verdade — Ele disse segurando meu braço.

— Você sabe que eu namoro com o Gabriel — Falei.

— Ele nem precisa saber — Falou.

— O que? Eu não acredito, Bruno Leonardo. O que você ta pensando? Que eu sou essas maria chuteiras que você acha por ai? Se liga! Eu namoro com o Gabriel e amo ele, nós nunca vamos ter nada, ouviu? — Eu disse com raiva.

— Não é assim que funciona — Ele disse segurando meu braço com mais força.

O olhar dele me assustava e ele me machucava daquele jeito. Eu sentia que precisava de ajuda, mas estava sozinha e com medo.